Profeta Malaquias fala da vinda de um Castigo por causa do relativismo, então os ímpios prosperando se verão em apuros

Santo Profeta Malaquias, rogai por nós!
 

Anterior deste capítulo: Profeta Malaquias profetiza um castigo para os sacerdotes: "vós ofereceis sobre o meu altar um pão imundo"
 
Para entender diversos conceitos daqui, recomendamos a leitura prévia:

Escritura e os Doutores da Igreja dizem que Elias e Enoch virão no fim dos tempos na época do Anticristo (parte 1)

Hipótese Teológica da divisão das Eras da Igreja. Apreciação das divisões de S. Agostinho, S. Boaventura e outros

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Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. IV)".

Profeta Malaquias da Sagrada Escritura, tradução da Vulgata do Pe. Matos Soares.

Antes, é preciso notar que
S. Bernardo e muitos exegetas dizem que as Sagradas letras, quando falam de amor entre esposos, querem simbolizar o amor de Deus, amor à Igreja. E quando elogiam uma mulher, falam da Virgem Maria, ou da própria Igreja.

Cap. 2, 10-14 - Porventura não é um mesmo o pai de todos nós? Não foi um mesmo Deus que nos criou? Por que razão, pois, despreza cada um de nós o seu irmão, violando a aliança de nossos pais? Judá prevaricou e a abominação foi cometida em Israel e em Jerusalém; porque Judá contaminou o povo consagrado ao Senhor, o qual ele amava, e casou-se com a filha de um deus estranho. O Senhor exterminará das tendas de Jacó o homem que fizer isto, quer seja mestre, quer discípulo, e o que oferece qualquer dom ao Senhor dos exércitos.

Ainda fizestes mais isto: Cobristes de lágrimas, de prantos e de gemidos o altar do Senhor, de modo que eu não olharei mais para vossos sacrifícios, nem receberei da vossa mão coisa que me possa aplacar. E dissestes: Por que causa? Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a esposa da tua juventude, a qual desprezaste, sendo ela a tua companheira e a esposa da tua aliança.

A aliança primeiramente mencionada critica alguns que desprezavam os pagãos no começo. Atualmente, e segundo a dimensão interpretativa que avaliamos, significa o desprezo aos povos pagãos por meio do ecumenismo e outras falácias progressistas que os desprezam e os deixam fora da aliança com Deus, por isso, o versículo diz: "violando a aliança de nossos pais". Não falamos de um índio isolado no mato: na sociedade neopagã atual falamos de uma massa enorme de pessoas que vivem ao nosso lado, amigos de trabalho, jornalistas, etc. Todos vivem como pagãos, mas com tecnologia. Atualmente, a imoralidade chega a ser maior nos grandes centros do que entre índios que vivem isolados.


Por isso, Judá prevaricou, porque casou-se com um povo estranho, o povo neopagão. Também essa profecia se refere ao tempo do Messias Jesus Cristo, quando os Reis e Sumo Sacerdotes eram estrangeiros e estranhos aos seus cargos, isto é, não pertenciam a tribo que deveriam pertencer, conforme conta Eusébio de Cesaréia. Assim, o Castigo Mundial é anunciado para grandes e pequenos que vivem assim, "quer seja mestre, quer discípulo": não fará distinção o Senhor Deus dos Exércitos.

"Cobristes de lágrimas, de prantos e de gemidos o altar do Senhor": o altar ficou profanado, isto é, o culto profanado, do qual já comentamos no artigo interior. Representa a infiltração de elementos externos à religião dentro da Igreja, que nos antigos tempos eram idolatrias pagãs. Mesmo assim, nessas profecias não vemos tanto a idolatria ser mencionada, mas uma "abominação cometida em Israel", isto é, não necessariamente uma abominação de idolatria.

"Não olharei mais para vossos sacrifícios, nem receberei da vossa mão coisa que me possa aplacar", pois o novo culto deixa Deus irado, mas há aqueles que não sabem que vivem a abominação por terem nascidos no tempo destas. A cólera de Deus não é aplacada porque todo o novo culto não consegue compensar a cólera Divina acendida, isto é, aplacar os pecados cometidos em uma semana, seja porque são muitos, seja por deficiência no oferecimento do sacrifício. Além disso, outros fatores acessórios podiam haver no culto de então.

15-16 - Porventura não a fez aquele que é uno e não foi o seu sopro que a animou? E que pede este único senão que saia de vós uma linhagem de Deus? Guardai, pois, o vosso espírito e não desprezeis a mulher que recebestes na vossa mocidade. Direis: Quando tu lhe conceberes aversão despede-a, diz o Senhor Deus de Israel; mas a iniquidade de quem tal fizer, lhe cobrirá o seu vestido, diz o Senhor dos exércitos. Guardai, pois, o vosso espírito e não as desprezeis.

"Não desprezeis a mulher que recebestes na vossa mocidade": em uma dimensão interpretativa significa Nossa Senhora, pois o versículo cita que Deus "a fez". Ora, Deus não animou ninguém mais singularmente com Seu sopro do que Aquela que retribuiu com o "magnificat anima mea Dominum".

"Guardai, pois, o vosso espírito e não desprezeis a mulher". Assim, p
ara guardar a própria alma é necessário não desprezar esta mulher: a Virgem Santíssima.


Já na dimensão interpretativa da mulher da mocidade como a mulher da lei natural, no contexto dos versículos anteriores, Deus diz para não desprezar a mulher, o que ainda não tinha sido confirmado no tempo dessa profecia, só vindo a ser com Nosso Senhor Jesus Cristo, que ordenou aos Apóstolos a pregação por todo o mundo. Então, podemos interpretar: a mulher que não pode ser desprezada aqui é o povo pagão, ou neopagão, como o atual. Por Eva veio a idolatria no mundo, isto é, começou a perda da aliança, mas em Cristo a mulher é redimida por causa da Virgem Maria Co-Redentora. Então, Eva significa, em um sentido, a lei natural (relacionada ao paganismo), e por isso está escrito a "mulher da mocidade". O "seu sopro a animou" também é um paralelo com a criação de Adão.

Assim, este povo, esta mulher, esta Eva, não pode ser deixado de lado da nova aliança, pois precisa ser catequizado. Não pode ser como estranho, não pode ser desprezado sob pretexto de ecumenismo, etc. Se não fizerem o que Deus manda, "a iniquidade de quem tal fizer, lhe cobrirá o seu vestido", pois estará coberto de castigos. Assim, serão adornados pela iniquidade na qual deixaram cair esta mulher desprezada, e por isso se fala de vestido. Exemplo claro disso é a falta de educação religiosa aos filhos por alguns pais: anos depois esses filhos voltam-se contra os pais. 

17 - Vós fatigastes o Senhor com os vossos discursos, e dissestes: Em que o temos nós fatigado? Nisso que dizeis: Todo o que faz o mal passa por bom aos olhos do Senhor, e este lhe é agradável; ou, se assim não é, onde está o Deus de justiça?

É o relativismo, isto é, Deus não é mais a Justiça, pois é considerado indiferente tal como os denunciados por essa profecia.

Cap.3, 1-2 - Eis que mando eu o meu anjo, o qual preparará o caminho diante da minha face. E imediatamente o Dominador que vós buscais, e o anjo do testamento que desejais, virá ao seu templo. Ei-lo, aí vem, diz o Senhor dos exércitos. E quem poderá considerar no (que sucederá no) dia da sua vinda, e quem poderá ter-se à sua vista? Porque ele será como o fogo que derrete (os metais), e como a erva dos lavandeiros.

Nesse contexto de corrupção litúrgica, aumento do paganismo, e relativismo,
"eis que mando eu o meu anjo": São João Batista, conforme Nosso Senhor Jesus Cristo diz em S. Mateus XI. O santo precursor do Salvador foi uma prefigura de S. Elias, que virá no fim do mundo, antes da segunda e derradeira vinda de Nosso Senhor para julgar os vivos e os mortos, como mostrado no capítulo I. E no fim de seu livro, Malaquias Profeta cita Elias nominalmente, o que interpretamos como um modo de indicar uma prefigura. Ele "preparará o caminho diante da minha face" quando o Salvador estiver no mundo, isto é, o verdadeiro Dominador e anjo do testamento virá ao templo, a Santa Igreja.

Avaliemos a profecia em outra dimensão interpretativa, quando ainda profetiza o futuro, sem negar o cumprimento desses versículos no tempo do Salvador. Entendendo como se cumpriu uma profecia no passado, hipotetizamos como será no futuro se há um paralelo. Assim, sustentamos que essa profecia se refere também às três testemunhas do Apocalipse: Santos João Apóstolo, Elias e Enoch, também símbolos daquele que prepara o caminho, o Dominador, e o anjo do testamento, respectivamente.
 
Como já sustentamos no capítulo III com outros autores, S. João Apóstolo prepara o caminho porque é o bispo sagrado por Jesus Cristo, é a linhagem sacerdotal que não acabará até o fim. Por isso, sagrou Elias e Enoch no paraíso terrestre onde vivem os três. Ademais, prepara "diante da minha face", isto é, ele vê a Deus, porque está ressuscitado. S. Elias pode simbolizar o Dominador, pois este nome é mais próprio ao seu significado de vida, pois ele mandou cair fogo do céu sobre os inimigos, etc. E o anjo do testamento simboliza S. Enoch, porque confirma o testamento inicial, o "testamento" pré-diluviano, a testemunha viva e única daquele tempo. Esses três virão ao templo (a Igreja) tomado pelo anticristo.

Tratemos agora da dimensão interpretativa do conjunto próximo na sexta Era vindoura, conforme sustentamos com outros autores no capítulo III. Avaliemos também as primícias, ou prefiguras das três testemunhas.

A terceira vem antes e prepara o caminho: na nossa opinião, é um profeta com as prováveis características tratadas mais adiante neste capítulo. Então, chegarão os dois, não necessariamente ao mesmo tempo, mas não entre intervalos grandes de tempo. Eles virão ao templo também, isto é, um significado para a intervenção na Igreja Católica, que está submersa na Crise terrível e atual que a desfigura, prefigura do tempo do anticristo.


Alguns dirão que os versículos finais desse trecho sagrado se referem a uma pessoa só, pois usa-se o singular para referir-se a ela. Portanto, "Dominador" e "anjo do testamento" são suas duas características. A isto respondemos que não é assim, porque se lemos "Ei-lo, aí vem, diz o Senhor dos exércitos", aqui há uma pessoa só, o que indica a plenitude da profecia: uma pessoa só, Nosso Senhor Jesus Cristo. As múltiplas faces são os seus santos, os quais cumprem as profecias parcialmente, e só parcialmente, porque a Glória é sempre toda de Deus. Assim, entendemos que não há redundância ou escuridão em "Ei-lo..", dita logo em seguida, pois é um versículo reservado ao Senhor dos exércitos, só Ele pode anunciá-lo completamente. Segundo essa singela exegese, vemos a clareza da plenitude da profecia. Se não estiver certa nossa interpretação, que possa pelo menos ser uma ato de glorificação das obras de Deus, pois não nos movemos por curiosidade, antes pelas maravilhas que Deus deixou para nos fazer conhecê-Lo.
 
Então, o profeta fala de dois grupos de pessoas: quem pode considerar o que sucederá, e quem pode tê-lo à sua vista, o que separa a terceira testemunha das outras duas, Elias e Enoch, como salientamos que o parágrafo todo quer significar em uma dimensão só entendida por meio de exegese.

"Porque ele será como o fogo", "e como a erva dos lavandeiros": fogo destruidor e ao mesmo tempo cura, porque (se falamos somente das testemunhas) eles, representando Ele, destruirão as heresias, causarão a ruína da civilização impiedosa, e salvarão a muitos da má influência que esta civilização causa.

3-4 - E sentar-se-á como um homem que senta para fundir e refinar a prata; purificará os filhos de Levi, refiná-los-á como o ouro e como a prata, e eles oferecerão sacrifícios ao Senhor em justiça. E o sacrifício de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos séculos passados e nos primeiros anos.

Serão purificados os "filhos de Levi" por essas ações proféticas, isto é, os sacerdotes serão purificados e
"oferecerão sacrifícios ao Senhor em justiça".

Essa parte não pode se referir ao tempo do anticristo, quando acaba o mundo, pois os sacerdotes que vêm depois não podem oferecer sacrifícios na terra em reparação pelos pecados, uma vez que o mundo não existirá mais como conhecemos. Então, o único jeito de entendermos o sentido profético dessa parte é admitir uma prefigura em nosso tempo. E por que ainda há sentido profético? Pois a palavra de Deus tem a plenitude da profecia. Ela não perde seu poder para tornar-se só uma curiosidade histórica, uma profecia passada realizada. Em suma, depois dessa purificação, o sacrifício será como nos "primeiros anos" e "séculos passados", ou seja, a abominação será substituída pela tradição, e
não durará mais de um século, caso contrário, a noção de "séculos passados" não será cumprida.

5-6 - Então aproximar-me-ei de vós para exercer o juízo e serei uma testemunha pronta contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os perjuros, contra os que defraudam o salário do trabalhador, as viúvas e os orfãos, oprimem os estrangeiros e não me temem, diz o Senhor dos exércitos. Porque eu sou o Senhor, e não mudo; por isso é que vós, ó filhos de Jacó, não tendes sido ainda consumados. 


Os feiticeiros são os que usam da tecnologia para maus fins, pois a tecnologia, segundo alguns, parece magia a quem pouco compreende seu funcionamento. Os adúlteros representa a parte impura da sociedade, a luxúria. Os perjuros e fraudes nos salários, a parte injusta, que nos lembra as doutrinas confiscatórias e totalitárias.

7-9 - Desde os dias de vossos pais vos apartastes das minhas leis e não as guardastes. Voltai para mim, e eu me voltarei para vós, diz o Senhor dos exércitos. Porém dissestes: Como nos voltaremos nós? Deve um homem ultrajar o seu Deus como vós me tendes ultrajado? E dissestes: Em que te temos ultrajado nós? Nos dízimos e nas primícias. Portanto vós fostes amaldiçoados com a penúria; e vós, a nação toda, me ultrajais.


A recusa da Igreja como ela sempre foi. As oferendas foram ultrajadas porque Deus quer um espírito contrito como oferta e sacrifício, o que já não há mais.

10-12 - Levai todos os vossos dízimos ao (meu) celeiro, haja alimento na minha casa, depois disto ponde-me à prova, diz o Senhor, (e vereis) se não vos abro as cataratas do céu, se não derramo a minha bênção sobre vós em abundância. Por vós afugentarei o inseto devorador, o qual não estragará os frutos da vossa terra; nem haverá nos campos vinhas estéreis, diz o Senhor dos exércitos. Todas as nações vos chamarão ditosos; porque vós sereis um país de delícias, diz o Senhor dos exércitos.


Depois que levem as verdadeiras ofertas, o Senhor dará as maiores bênções, porque terá chegado o tempo do Reino de Maria, conforme sustentado nos capítulos precedentes. Aqui também se refere aos que não sofrerão na hora do Castigo, não carecendo de fome (já falamos do significado do "inseto devorador", ou gafanhoto, na livro do profeta Joel). Por isso, as nações (estrangeiros, fora daquela bênção) chamarão estes poupados de ditosos. "Todas as nações" indica a universalidade da situação.

13-18 - As palavras que tendes tendes proferido contra mim, têm-se multiplicado cada vez mais, diz o Senhor. E dizeis: Que temos dito contra ti? Tendes dito: É em vão que se serve a Deus; que temos nós ganhado em guardar os seus preceitos e termos andado tristes (ou penitentes) diante do Senhor dos exércitos? Por isso, nós chamamos agora ditosos aos homens arrogantes, pois que eles prosperam vivendo na impiedade; eles provocam a Deus, e ficam salvos. Então os que temem o Senhor falaram uns com os outros. E o Senhor se pôs atento e ouviu. Na sua presença foi escrito um livro de memória a favor dos que temem o Senhor e pensam no seu nome. E eles, no dia em que eu hei de proceder, serão para mim, diz o Senhor dos exércitos, um bem particular; tratá-los-ei benignamente, como um pai trata seu filho que o serve. Vós mudareis então de parecer e vereis que diferença há entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não o serve.


O tempo do utilitarismo, do ateísmo, do materialismo como nunca houve, pois os ímpios prosperam e fazem as multidões perderem a fé. O Senhor promete a reviravolta de tudo. Mas o que é o livro "escrito de memória"? No âmbito profético do passado, o novo testamento. Já no contexto do juízo é "o livro da vida", de que fala o Apocalipse. E no contexto do Castigo Mundial? São os decretos contra o mundo moderno vindos do Papa Santo, que terá o poder de decretar contra esse mundo, e que terá seus decretos postos em prática pelo Grande Monarca, pelo Grande General, e pelos apóstolos de todos estes.

Cap.4 - Porque ele que virá um dia semelhante a uma fornalha acesa; e todos os soberbos, todos os que cometem a impiedade serão como a palha; este dia, que está para vir, os abrasará, diz o Senhor dos exércitos, sem lhes deixar nem raiz, nem germe. Mas para vós os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça e estará a salvação sob as suas asas; vós saireis então e estareis como novilho de uma manada. Calcareis os ímpios, quando estiverem como cinza debaixo da planta de vossos pés, nesse dia em que eu hei de proceder, diz o Senhor dos exércitos.

Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, a qual eu lhe dei em Horeb para todo o Israel, (a qua contém) os meus preceitos e mandamentos.

Eis que vós enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia grande e horrível do Senhor. Ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para não suceder que eu venha e fira a terra com anátema.

 

Para este dia, Deus pede para lembrar da lei como era para Moisés, isto é, a lei de Deus, a mesma que foi deixada de lado nesse tempo. Elias virá para converter a muitos, e como prefigura o Grande Monarca fará o mesmo, assim como o Papa Santo. Depois da ruína dos ímpios o sol nascerá para os que temem o Senhor, isto é, o Reino de Maria.


Próximo: Os Salmos falam de um castigo divino? Análise dos Salmos 73 e 74