Necessidade da comunhão frequente, por Plinio Corrêa de Oliveira

Sublimidade da Eucaristia

"Naquela noite em que foi entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: Tomai e comei; isto é o meu Corpo". Comentando estas palavras, diz Santo Afonso: "Enquanto os homens lhe preparavam açoites, espinhos e cruz para dar-lhe morte crudelíssima, o nosso amante Salvador quis obsequiá-los com o penhor mais sublime do seu amor".

Nosso Senhor, em vez de nos castigar pela morte injusta que lhe demos, como que nos premiou, permanecendo conosco sob as espécies do pão e do vinho. Serviu-se da Eucaristia para criar este Mistério do Amor.

Ele já se havia dado como nosso mestre, nosso guia, nosso exemplo. Agora se dava como nosso alimento. Foi de tal modo inesperado, que os próprios Apóstolos tiveram dificuldade em compreender as palavras "comei minha carne e bebei o meu sangue". Santo Agostinho dizia que isto parece loucura, para os homens. Isto que os homens não compreenderam, o Amor de Nosso Senhor concebeu e realizou. É obra de suma bondade. Ele quis permanecer conosco após Sua morte e ressurreição.

Necessidade para a vida espiritual de todo homem

Existe uma certa analogia entre a subsistência do corpo humano e a da alma. Ambos são sujeitos a deteriorações, a corrupções. O corpo é sujeito ao enfraquecimento, às doenças, à morte. A alma é suscetível de ser tentada, de se enfraquecer pela tibieza, de morrer para a graça pelo pecado.

Para garantir sua subsistência, o homem se alimenta. Só assim ele adquire a força necessária e os meios que lhe garantem a continuidade da vida. Quando as doenças o ameaçam, ele chama um médico, segue as instruções e toma os remédios indicados. Evita de todos os modos a morte.

Para defender sua alma da morte eterna, deve também aplicar métodos semelhantes. Tem necessidade de se alimentar espiritualmente, para que sua alma possa viver das coisas de Deus, para que possa lutar contra o vício na conquista da virtude. Quando as tentações se aproximam, deve tomar os remédios necessários para se livrar das doenças da alma. Para preservar o corpo, o homem emprega todos os meios. Não é tão cuidadoso, entretanto, quando se trata da preservação da vida sobrenatural.

Alguém poderia perguntar: isto tudo é muito fácil de se dizer e de se escrever, mas, na realidade prática da vida, em que consistem este alimento e estas doenças da alma? O alimento é a Eucaristia, as doenças são as tentações e o pecado. Jesus Cristo, distribuindo a Graça pela Eucaristia, é o único capaz de nos fazer viver eternamente.

Em que consiste este alimento? Para que o homem persevere na luta pela virtude, deve exercer um trabalho constante de domínio do seu orgulho e das más tendências da sensibilidade. O trabalho do demônio consiste em excitar as más paixões, fazendo com que o homem venha a pecar. A alma deve receber o alimento necessário para esta luta. Deve receber o alimento espiritual, que é a graça. Só Ela sustenta o homem na virtude. É na Eucaristia que a recebemos em abundância. 


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Fonte:
Extraído de Vida Espiritual (livro inédito) - Plinio Corrêa de Oliveira