Papa Francisco diminuiu os títulos Papais no Anuário Pontifício, continuando Bento XVI, que suprimiu o título "Patriarca do Ocidente"



O anuário Pontifício de 2020 foi publicado com uma modificação nunca antes vista. Marco Tosatti foi quem primeiro notou:

"Olhe atentamente para as duas fotografias anexadas a este artigo. O primeiro mostra o
Anuário Pontifício do ano passado. A página que apresenta o Papa abre com grandes letras maiúsculas indicando o primeiro e mais importante de seus títulos:

VIGÁRIO DE JESUS CRISTO.

Porque você é Pedro e nesta rocha...

E então vem o resto: Sucessor do Príncipe dos Apóstolos; Sumo Pontífice da Igreja Universal; Primaz da Itália; Arcebispo e Metropolitano da Província de Roma; Soberano do Estado da Cidade do Vaticano; e, finalmente – mas talvez eles poderiam ter colocado isso um pouco mais alto na lista – Servo dos Servos de Deus.

E agora dê uma olhada na segunda foto, que mostra o Anuário que acaba de ser impresso. No topo há apenas um nome:

JORGE MARIO BERGOGLIO.

Em seguida, há a biografia dele, que leva dois terços da página.

E finalmente, mais abaixo, lemos: títulos históricos, temos vigário de Jesus Cristo, etc. Talvez seja apenas eu, mas isso me pareceu estranho. Eu não sei; a velha fórmula parecia mais apropriada para mim. Dizia a coisa mais importante para a Igreja Católica imediatamente, no topo: existe um vigário de Jesus Cristo na terra, alguém a quem as chaves foram confiadas. Depois disso, o anúncio de quem é esse papa em particular é essencialmente uma questão secundária; de fato, houve mais de algumas centenas ... mas o ponto principal é que existe um vigário.

E relegá-lo como apenas o primeiro de seus títulos históricos implica que é algo que remonta a tempos distantes (...) seria consistente com as hipóteses e teorias que proliferaram entre os jesuítas anos atrás, e em particular na Universidade Gregoriana, inspirada por Karl Rahner [1].


Papa Francisco meramente continua o trabalho de Bento XVI, que suprimiu o tradicional título de "Patriarca do Ocidente" do anuário Pontifício

Entretanto, esse pequeno gesto de desvalorização da grandeza do Papado, em nome de alguma razão ainda obscura, é menos notável do que aquele feito no pontificado de Bento XVI, em nome do ecumenismo: a supressão do tradicional e contra-revolucionário título de "Patriarca do Ocidente".

A revista ultra-progresssita dos jesuítas notificou esse gesto
ba publicação de uma entrevista em 2013, não deixando de reclamar da ausência de outros gestos rompendo com a tradição:

"Em dezembro passado, o Conselho das Igrejas Cristãs da França (CECEF) – que reúne os responsáveis pelas famílias eclesiais anglicana, armênia, católica, ortodoxa, protestante – entregou a C. Delaigue um prêmio por essa investigação sobre a história e os textos [inclusive o título que então tinha sido suprimido].

(...) Por que você começou essa investigação?

Em março de 2006, os jornalistas descobriram, dissecando o Anuário Pontifício, que o título de Patriarca do Ocidente já não fazia mais parte dos atributos do soberano pontífice. A partir da surpresa inicial, seguiu-se um espanto entre os ortodoxos, ou no mínimo interrogações... O papa se considerava novamente chefe de toda a Igreja universal, pondo-se acima dos bispos e das Igrejas do Oriente? Os ortodoxos interpretaram essa supressão como uma espécie de "golpe" de Roma contra todo o mundo cristão.

O Vaticano explicou esse gesto?

Diante de um clamor geral, e visivelmente precipitado, o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos expressou duas motivações. No seu comunicado, a Igreja Católica considera o título de Patriarca do Ocidente como "obsoleto" e sem sentido. Em seguida, anunciou que essa supressão poderia abrir novos caminhos ecumênicos. No entanto, há sete anos: silêncio! O papa nunca se pronunciou sobre a questão. É como se Roma tivesse perdido o mapa dessas novas estradas...
[2].

Salmo em reparação (Salmo 6)

"Senhor, não me arguas no teu furor, nem me castigues na tua ira. Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou enfermo; sara-me, Senhor, porque meus ossos estremeceram. E a minha alma turbou-se em extremo, mas Tu, Senhor, até quando? Volta-te, Senhor, e livra a minha alma, e salva-me pela tua misericórdia.

Porque na morte não há quem se lembre de Ti, e na habitação dos mortos, quem Te louvará? Estou esgotado à força de tanto gemer, lavarei meu leito com lágrimas todas as noites, regarei com elas o lugar do meu descanso. 

Os meus olhos se turbaram por causa do furor, envelheci no meio de todos os meus inimigos. Apartai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade, porque o Senhor ouviu a voz do meu pranto.

O Senhor ouviu a minha súplica, o Senhor ouviu a minha oração. Sejam confundidos, e em extremo conturbados todos os meus inimigos, retirem-se e sejam num momento cobertos de vergonha".

 
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[1] Link: https://www.marcotosatti.com/2020/04/02/vatican-yearbook-vicar-of-christ-is-just-a-historical-title/
[2] Reportagem de Hugues Lefèvre, publicada na revista francesa La Vie, 18-01-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto. Link: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/517218-bento-xvi-e-o-chefe-de-todos-os-cristaos