Santa Teresinha tinha indignação contra a dança

Do depoimento de Soeur Geneviève de Sante-Thérèse (Celina Martin) no Processo de Beatificação de Santa Teresinha:

Um dia em que, por ocasião de um casamento, eu deveria estar presente a um baile familiar, a Serva de Deus alarmou-se de tal modo que chorou, disse-me ela, como jamais havia chorado, e fez-me chamar ao locutório para dar-me instruções. Como me parecia que ela exagerava um pouco, pois não se podia "cair no ridículo", mostrou-se indignada e me disse com força: "Oh Celina ! Considera a conduta dos três jovens Hebreus, que preferiram ser lançados a uma fornalha ardente, a dobrar os joelhos diante de um ídolo de ouro; e tu, esposa de Jesus (eu havia feito voto de castidade), tu queres pactuar com o século, adorar o ídolo de ouro do mundo entregando-se a prazeres perigosos ! Lembra-te do que te digo da parte de Deus ! E vendo como Ele recompensou a fidelidade de seus servidores, trata de imitá-los".

Eu não tinha nenhuma vontade de adorar o ídolo de ouro do mundo, porque detestava naturalmente esse gênero de divertimentos. Assim, mantive durante muito tempo a resolução indicada, à custa de não poucos dissabores, melindrando mesmo muitas pessoas; até que, já no fim da reunião, fui literalmente arrastada por um jovem. Mas, oh surpresa ! Não nos foi possível executar um só passo de dança. Em vão tentávamos acompanhar a música, pois eu fazia o possível para não o humilhar; enfim, cansados das nossas tentativas, tivemos que nos contentar com andar pelo salão num "passo muito religioso", e o pobre moço, tendo-me reconduzido ao meu lugar, afastou-se vermelho de vergonha, e não mais apareceu. Nenhum de meus conhecidos jamais viu coisa semelhante, nem eu tampouco, e atribuo às orações da Serva de Deus essa estranha impossibilidade


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Fonte: Revista Catolicismo, seção verdades esquecidas em direção de Plinio Corrêa de Oliveira
P.A. Bayeux, tom. II, fol. 471 ro e vo, 472 ro - apud Manuscrits autobiographiques de Sainte Thérèse de L'Enfant-Jésus, tome II, Notes et tables - Carmel de Lisieux, 1956, pp. 56-57