Nosso Senhor profetiza a abominação da desolação no lugar santo, a crise na Igreja e castigos como nunca antes vistos pela humanidade

Nosso Senhor do Apocalipse, tende piedade de nós!

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. IV)".

Anterior deste capítulo:
Hipótese Teológica: a missão de Elias Profeta como prefigura das Eras do mundo desde as Antigas às Cristãs

Exegese. Os números seguintes indicam o versículo comentado. Bagarre é o Castigo Mundial, já mencionado nos capítulos precedentes.

"Estando sentado sobre o monte das Oliveiras, aproximaram-se dele seus discípulos à parte, dizendo: Dize-nos quando sucederá isto, e qual será o sinal da tua vinda e do fim do mundo?" S. Mateus XIV, 3

S. Mateus diz que foram os discípulos que perguntaram, mas S. Marcos (Cap. 13) diz que foram S. Pedro, S. Tiago, S. João e S. André, ou seja, é um paralelo com os três apóstolos principais, do qual já falamos em capítulos precedentes, além de um outro, S. André. Ora, os três significam as testemunhas do Apocalipse que já falamos: Elias e Enoch e o próprio S. João (e suas prefiguras na Bagarre), como sustentado no início do capítulo anterior. Porém, também concerne ao apóstolo S. André por ser de interesse também daqueles que não estarão entre os principais, mas foram os primeiros a acreditar no Senhor, a manter a fé no tempo de crise, e a chamar os outros para essa fé, como S. André fez quando conheceu o Salvador: foi logo chamar o irmão S. Pedro, dizendo "encontramos o Messias".

Os discípulos fazem três perguntas sobre: a destruição de Jerusalém, a segunda vinda de Nosso Senhor ou o juízo, e o fim dos tempos. Portanto, a resposta engloba as três perguntas. O "sinal da tua vinda e do fim do mundo" são a mesma coisa? O Filho do Homem vem no fim do mundo, então, o fim do mundo e o sinal da volta parecem a mesma coisa. Mas não é esse o sentido da Escritura, porque ela não é redundante, senão para mostrar uma verdade mística impressionante. Assim, "fim do mundo" significa também "fim de uma Era", isto é, de um período em semelhança com o fim do mundo. Se as três coisas não tivessem relação não teriam sido respondidas juntas. Elas são uma prefigura da outra, assim como os hábitos antigos dos judeus e suas provações foram prefiguras do Cristianismo.

"Respondendo Jesus, disse-lhes: Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e seduzirão muitos. Porque ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras. Olhai, não vos turbeis, porque importa que estas coisas aconteçam, mas não é ainda o fim. Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, pestilências e terremotos em diversos lugares. Todas estas coisas são o principio das dores. Então sereis sujeitos às tribulações e vos matarão, e sereis odiados por todas as gentes por causa do meu nome. E muitos então se escandalizarão, e uns aos outros se entregarão e se odiarão. Levantar-se-ão muitos falsos profetas, e seduzirão a muitos. Por causa de multiplicar a iniquidade, se resfriará a caridade de muitos. Mas o que perseverar até o fim, este será salvo" S. Mateus XIV, 4-13.

Antes de tudo, é preciso tomar cuidado com aqueles que são prefiguras do Anticristo: os hereges e os demais que levarão muitos. Em primeira dimensão exegética, Nosso Senhor não fala de guerras, porque essas matam o corpo, já os falsos-profetas e heresiarcas que virão matarão as almas, um dano muito maior. Afinal, é a confusão que semearam durante os séculos, no fim das contas, que traz as guerras.

"Guerras e rumores de guerra": rumores de guerra são os conflitos internos, as tensões. Mas não será o fim do mundo, isto é, o Salvador avisa que são prefiguras do fim. Guerras e desgraças naturais, isso será o "princípio das dores": um castigo maior estará por vir.

"Nação contra nação, reino contra reino". Naquele tempo as nações serão mais importantes, porque vem em primeiro, já que a maioria das nações não serão reinos monárquicos. Essa parte parece indicar uma guerra tão espantosa que muitos pensarão ser o fim do mundo, por isso, o Salvador adverte, "mas ainda não é o fim". Os "rumores de guerras" mostram uma confusão geral sobre o que realmente está acontecendo, reforçando o elemento apocalíptico para essa guerra universal profetizada.

Os tormentos não são necessariamente um martírio corporal, pois podem ser de isolamento. Porém, depois dos tormentos virá o martírio de fato, e por todo o mundo serão odiados os herdeiros verdadeiros de Cristo. Sucumbirão a esses tormentos, trairão a tradição, e trarão o martírio dos outros, primeiramente espiritual, e depois corporal. Disso, virá o ódio mútuo.

Falsos profetas aproveitarão a situação. A Revolução chegará ao auge, e a caridade, sem a qual o apóstolo diz que não é nada, "se resfriará". É de notar também que o cisma é um pecado contra a unidade, isto é, contra a caridade. Logo, pode significar um cisma grande, ou vários cismas. Será salvo aquele que "perseverar até o fim" fiel, e não se entregar a nenhum hábito do mundo no auge da Revolução.

"Será pregado este Evangelho do Reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então chegará o fim" S. Mateus XIV, 14

O Evangelho é chamado "do Reino", entendemos, por causa do Reino dos céus, e por causa do Reino de Maria, mencionado nos capítulos anteriores, o qual estará próximo em tempos que parecem apocalípticos. Essa frase Sagrada parece falar não só do Evangelho pregado pelos apóstolos em toda nação no início da Igreja, como do Evangelho que será pregado na vinda de Elias e Enoch, pouco antes do juízo.

Por que há de ter pregação por toda a Terra nesses tempos, e não em outros? É necessário que o reinado da palavra do Salvador esteja sobre toda a Terra. "Céu e terra passarão, mas minhas palavras não passarão". A Palavra do Salvador permanece eternamente.

Quando Ele parecer destronado e esquecido, é preciso nova pregação, que agora virá a ser pregado com o segundo reinado, o Reino de Maria, que durará até a vinda do Anticristo. Então, será pregado novamente só que junto do vinda do verdadeiro Reino de Cristo, que é o dos Céus, o Eterno.

"Quando, pois, virdes a "abominação da desolação", que foi predita pelo profeta Daniel, "posta no lugar santo", o que lê entenda, então, os que se acham na Judéia, fujam para os montes, o que se acha sobre o terraço, não desça para tomar coisa alguma de sua casa, e o que está no campo, não volte atrás para tomar o seu manto. Ai das mulheres grávidas e das que tiverem crianças de peito naqueles dias! Rogai para que não seja a vossa fuga no inverno, ou em dia de sábado, porque então será grande a "tribulação, como nunca foi, desde o princípio do mundo até agora", nem jamais será" S. Mateus XIV, 15-21

A "abominação da desolação" é a crise na Igreja. O termo sempre foi, na Escritura, o símbolo de abusos no culto: no templo e na atitude dos sacerdotes da lei antiga. Também significa o tempo depois da paixão de Nosso Senhor.

"Fujam para os montes...": a destruição de Jerusalém, mas também da Bagarre ou Castigo Mundial, conforme a multiplicidade de dimensões interpretativas não contraditórias mencionadas no capítulo I (Adendo da 3a edição: tais palavras não estimulam a correr para os montes segundo a própria consciência do que será a Bagarre. Antes, é melhor estar atento aos que serão enviados, como Deus o faz sempre na história da Igreja).

As casas serão saqueadas. S. Beda entende como aquele que subiu espiritualmente: na hora da destruição não deve voltar a pensar no que era antes, nem tentar voltar fisicamente para quem está "em baixo". Quem está no terraço vê mais longe. Deus tomará tudo naquela hora para provar os bons e punir os homens. Não se apegue o homem ao sensível.

"porque então será grande a "tribulação, como nunca foi, desde o princípio do mundo até agora", nem jamais será. Se não se abreviassem aqueles dias, não se salvaria pessoa alguma, porém, serão abreviados aqueles dias em atenção aos escolhidos. Então, se alguém vos disser: Eis aqui está o Cristo, ou ei-lo acolá, não deis crédito, porque se levantarão falsos profetas, e farão grandes milagres e prodígios, de tal modo que, se fosse possível, até os escolhidos seriam enganados. Eis que eu vo-lo predisse. Se pois vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais, ei-lo no lugar mais retirado da casa, não deis crédito. Porque, assim como relâmpago sai do Oriente e se mostra até ao Ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem. Em qualquer lugar, em que estiver um cadáver, juntar-se-ão as águias. Logo depois da tribulação daqueles dias, "escurer-se-á o sol, a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão" do céu, "e as potências dos céus" serão abaladas." S. Mateus XIV, 21-29. 

A tribulação será como nunca antes vista, o maior castigo que a humanidade já viu e verá. A iniquidade será tanta que clamará a intervenção divina. 

"Eis aqui está o Cristo, ou ei-lo acolá": se refere mais ao tempo do Anticristo, quando haverá prodígios, falsos-profetas e o próprio homem da perdição. Também no castigo podem haver demônios levando homens atrás de si. Na época apostólica eram os magos.

"Escurecer-se-á o sol, a lua não dará a sua luz": fenômenos meteorológicos depois da tribulação. Na dimensão interpretativa do Juízo Final, isso significa literalmente a destruição do mundo. No Castigo Mundial, as estrelas serão os sacerdotes, o sol é a Igreja, a lua é Nossa Senhora, que não mais pedirá clemência. Então, virá o flagelo sobre a Terra.

Por que "castigo" após a tribulação? O castigo não é uma tribulação? Entendemos que essa parte se refere à tribulação da destruição de Jerusalém.

"Então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu, e todas "as tribos da terra chorarão" e verão o Filho do homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade". S. Mateus XIV, 30

O fim dos tempos propriamente. Porém, o "sinal" do Filho do Homem é mencionado primeiro porque, segundo vemos em outra dimensão interpretativa não contrária à principal, é um modo de indicar castigos meteorológicos no Grande Castigo antes da vinda de Nosso Senhor.

 

Próximo deste capítulo: Nosso Senhor diz que aqueles dias serão como foram nos dias de Noé. Exegese

 

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