Bíblia, Papas, Santos e Teólogos sobre a luta entre duas forças, sendo a Igreja a Direita. Refutando "direita e esquerda são ruins"

Pe. Garrigou-Lagrange, Frei Boaventura,
Frei José, o diretor do "Legionário",
Plinio Corrêa de Oliveira, e outros.
Antes de partir ao Rio, o eminente
teólogo francês deu entrevista sobre
direita e esquerda (veja abaixo)
S. Luís Maria Grignion de Montfort, rogai por nós! 

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Volume II, 2a edição)". 

Muitos dizem que direita e esquerda são termos inadequados, que não se deve usá-los, ou que se deve apoiar uma "terceira via", ou algo do gênero. Citam também a frase de São Paulo "não faça nada por partidarismo" (Fl II, 3) como se "direita e esquerda" fossem conceitos meramente partidários, de administração temporal e disputa passageira, e não de ideologia envolvendo uma cosmo-visão metafísica, a qual, segundo os textos a seguir, a da direita, bem entendida, é a da Igreja, e a da esquerda, a do Diabo. 

A Cidade de Deus e a Cidade do Demônio.

Erram aqueles que recusam os conceitos de "direita e esquerda" por descontentamento com as encarnações atuais de direita ou esquerda. Eis a falha de raciocínio: recusar os conceitos por causa de falsas-direitas é o mesmo que recusar falar em "família", ou recusar aceitar uma só definição de família porque a sociedade neopagã diz que família também consiste em dois homens, ou duas mulheres e um homem, etc. 

A luta católica é também por símbolos, é também contra a torre de babel que ainda se ergue nas nações.

Outra falha é a imediata queda em novo dualismo. Afinal, recusando "direita e esquerda", a pessoa se põe na chamada "terceira via", isto é, em um dualismo novo, visto que ainda subsiste a pergunta: quem garantirá que a terceira via também não é ou não será pervertida? Mais vale precisar o sentido de direita, como disse o eminente teólogo Garrigou-Lagrange, conforme visto abaixo. Não o fazendo, faz-se a vontade da Revolução, que deseja que sejamos confundidos em nova Babel, alienígenas a própria língua, para que sejamos nunca compreendidos, sempre exilados.


Se não escolhermos as definições dadas por Deus, de novo se repetirá a velha e trágica conversa: "A serpente disse à mulher: Vós de nenhum modo morrereis" Gn III, 4. Antes morrer a acreditar nos conceitos que Satanás quer impor para escravizar o mundo.

Sagrada Escritura

"Quando pois vier o Filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se sentará sobre o trono da sua majestade. Serão todas as gentes congregadas diante dele, o qual separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à esquerda" S. Mateus XXV, 31-33.

"Então, o rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo," S. Mateus XXV, 34


"Então dirá também aos que estiverem à esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que foi preparado para o demônio e para os seus anjos" S. Mateus XXV, 41.

"Todas as coisas se acham aos pares, e uma oposta à outra, e nada fez que fosse incompleto" Eclo XLII, 25.

A destra na Escritura sempre foi a mais nobre:

"E disse ao pai: Não está assim bem, pai, visto que este é o primogênito, põe a tua direita sobre sua cabeça. Ele, porém, recusando, disse: Eu o sei, meu filho, eu o sei, este também será chefe de povos, e se multiplicará, mas seu irmão mais novo será maior do que ele, e a sua descendência se dilatará em nações" Gn XLVIII, 18-19.

Leão XIII (1878-1903) citando Santo Agostinho (354-430)

"1. O Gênero Humano, após sua miserável queda de Deus, o Criador e Doador dos dons celestes, "pela inveja do demônio," separou-se em duas partes diferentes e opostas, das quais uma resolutamente luta pela verdade e virtude, e a outra por aquelas coisas que são contrárias à virtude e à verdade. Uma é o reino de Deus na terra, especificamente, a verdadeira Igreja de Jesus Cristo; e aqueles que desejam em seus corações estar unidos a ela, de modo a receber a salvação, devem necessariamente servir a Deus e Seu único Filho com toda a sua mente e com um desejo completo. A outra é o reino de Satanás, em cuja possessão e controle estão todos e quaisquer que sigam o exemplo fatal de seu líder e de nossos primeiros pais, aqueles que se recusam a obedecer à lei divina e eterna, e que têm muitos objetivos próprios em desprezo a Deus, e também muitos objetivos contra Deus.

2. Este reino dividido Sto. Agostinho penetrantemente discerniu e descreveu ao modo de duas cidades, contrárias em suas leis porque lutando por objetivos contrários; e com sutil brevidade ele expressou a causa eficiente de cada uma nessas palavras: "Dois amores formaram duas cidades: o amor de si mesmo, atingindo até o desprezo de Deus, uma cidade terrena; e o amor de Deus, atingindo até o desprezo de si mesmo, uma cidade celestial" [1]. Em cada período do tempo uma tem estado em conflito com a outra, com uma variedade e multiplicidade de armas e de batalhas, embora nem sempre com igual ardor e assalto" [2]
São Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716)

"2° - Os Dois Partidos

A) O partido de Jesus e do mundo

7. Eis aqui, meus caros Confrades, eis aqui dois partidos que se defrotam todos os dias; o de Jesus Cristo e o do mundo.

O de nosso amável Salvador está à direita, em aclive, num caminho estreito e que assim cada vez se tornou devido à corrupção do mundo.

Caminha à frente o bom Mestre, os pés descalços, a cabeça coroada de espinhos, o corpo todo ensanguentado, e carregando uma pesada Cruz. Apenas algumas pessoas, e das mais corajosas, o seguem, porque sua voz tão delicada não se ouve no meio do tumulto do mundo; ou então, não se tem coragem para segui-lo em sua pobreza, suas dores, suas humilhações e suas outras cruzes, que necessariamente é preciso carregar, a seu serviço, todos os dias da vida.

8. À esquerda está o partido do mundo, ou do demônio, que é o mais numeroso, o mais signífico e o mais brilhante, pelo menos na aparência. Todos os indivíduos mais brilhantes correm para ele; apressam-se, apesar de serem os caminhos largos, mais largos, do que nunca em virtude das multidões que por eles passam como torrentes, e de estarem juncados de flores, marginados de prazeres e divertimentos, cobertos de ouro e de prata" [3].

Santo Inácio de Loyola (1491-1556)

"136 - QUARTO DIA

MEDITAÇÃO DAS DUAS BANDEIRAS UMA DE CRISTO, CHEFE SUPREMO E SENHOR DE TODOS NÓS, A OUTRA DE LÚCIFER, INIMIGO MORTAL DE NOSSA NATUREZA HUMANA

A oração preparatória habitual.

137 - O 1º preâmbulo é recordar a história. Será aqui como Cristo chama e quer a todos os homens sob a sua bandeira. E Lúcifer, ao contrário, debaixo da sua.

138 - O 2º preâmbulo é a composição do lugar. Será aqui ver um grande campo em toda aquela região de Jerusalém, onde o supremo chefe dos bons é Cristo, nosso Senhor. Outro campo, na região de Babilônia, onde o caudilho dos inimigos é Lúcifer" [4].

Frei Reginald Garrigou-Lagrange (1877-1964), O.P.

Em entrevista para o jornal "O Legionário", então dirigido por Plinio Corrêa de Oliveira:

"Pessoalmente, sou um homem de direita, e não vejo porque o haveria de esconder. Creio que muitos daqueles que se servem da fórmula citada, fazem uso dela porque abandonam a direita para se inclinar à esquerda, e querendo evitar um excesso, caem no excesso contrário como aconteceu em França nos últimos anos. Creio, também, que é preciso não confundir a verdadeira direita com as falsas direitas, que defendem uma ordem falsa e não a verdadeira. 

Mas a direita verdadeira, que defende a ordem fundada sobre a justiça, parece ser um reflexo do que a Escritura chama a direita de Deus, quando diz que Cristo está sentado à direita do seu Pai e que os eleitos estarão à direita do Altíssimo" [5].

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[1] De civ. Dei, 14, 28 (PL 41, 436).
[2] Encíclica Humanum Genus, 20 de Abril de 1884.
[3] Carta aos Amigos da Cruz, Primeira Parte.
[4] Exercícios espirituais de Santo Inácio.
[5] O Legionário, n° 313 (11 de Setembro de 1938). Na ocasião o padre veio para a "Primeira Semana de Estudos Tomistas", no Rio de Janeiro. Em seguida viajou depois a São Paulo, onde visitou a equipe do Legionário e seu diretor, Plinio Corrêa de Oliveira.