A forma da Eucaristia é só "isto é o meu corpo"/"este é o meu sangue"? Análise pelas liturgias tradicionais, Papas, Santos e teólogos

S. Afonso Maria de Ligório,
rogai por nós!

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados: manual do tradicionalista contra-revolucionário: Bíblia, Papas, Santos e Teólogos (Volume II, 2a edição)".

Alguns sede-vacantistas, soberbamente sedentos por reduzir a doutrina multissecular da Igreja Católica à justificativa de que frequentam (ou assistem online) o último reduto católico do globo, afirmam, com poucas frases da Tradição, que a forma da Eucaristia foi debilitada pelas reformas litúrgicas do século XX, logo, ou elas são inválidas, ou são suspeitas. Tais alegações deveriam ser causa de riso para aqueles que sabem como a Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo precisa ser visível e, além disso, conhecem a enormidade de seitas diferentes entre os cismáticos (seja na prática, ou na teoria), prova de que não possuem nenhuma credibilidade quando tentam afastar as pessoas da legítima hierarquia eclesiástica. Tal cenário é ainda mais triste quando se verifica que a própria estrutura eclesiástica não faz nenhum esforço para dirimir tais confusões, ocasionando ainda mais dispersão do rebanho entre os lobos.

Porém, para espíritos mais lógicos (e de boa vontade) a noção de que a fórmula da Eucaristia é curta e não reforça ilusões cismáticas merece atenção. Cabe defendê-la, portanto, com textos da Tradição, uma posição final e tratamento das objeções.


1 - A transubstanciação do pão em corpo Divino de Nosso Senhor Jesus Cristo

Sagrada Escritura

As palavras de Nosso Senhor na última ceia:

"Accipite et comedite: Hoc est corpus meum" [Tomai e comei: Isto é o meu corpo] S. Mateus XXVI, 26.

"Sumite, hoc est corpus meum" [Tomai, isto é o meu corpo] S. Marcos XIV, 22.

"Hoc est corpus meum, quod pro vobis datur" [Isto é o meu corpo, que é dado por vós] S. Lucas XXII, 19

"Accipite et manducate: hoc est corpus meum, quod pro vobis tradetur" [Tomai e comei: isto é o meu corpo, que será entregue por vós] I Cor XI, 24

Da onde se conclui que em todos os evangelhos e nas palavras do Apóstolo, se encontra a frase "Hoc est corpus meum" [isto é o meu corpo], sendo esta frase a essencial para a consagração. Além disso, a Igreja introduziu o "enim", o que não muda o sentido, ficando portanto "Hic est enim corpus meum".

São Tomás de Aquino

"Quanto ao primeiro artigo, assim se procede: parece que não é a forma deste sacramento, "isto é o meu corpo", e "este é o cálice do meu sangue" (...).

Respondo (...). Como a forma deve ser apropriada à realidade, por isso a forma deste sacramento difere da dos outros em dois pontos. 1 - as formas dos outros sacramentos implicam o uso da matéria, por exemplo, batizar ou ungir. Mas na Eucaristia a forma consiste unicamente na consagração da matéria que se realiza pela transubstanciação, a saber quando se diz: "Isto é o meu corpo" ou "Este é o cálice do meu sangue"" [1].

"Quanto ao segundo, parece que esta não é a forma adequada da consagração do pão: "Isto é o meu corpo" (...).

Em sentido contrário, o Senhor usou esta forma na consagração, como relata o Evangelho de S. Mateus (26:26).

Respondo. Esta é a forma adequada para a consagração do pão. Com efeito, esta consagração consiste na conversão da substância do pão no corpo de Cristo. A forma do sacramento deve significar aquilo que ele realiza. Por isso, a forma da consagração do pão deve significar precisamente a conversão do pão no corpo de Cristo. Aí aparecem três elementos: a própria conversão, o termo inicial e o termo final" [2].

2 - A transubstanciação do vinho em sangue Divino de Nosso Senhor Jesus Cristo

Sagrada Escritura

As palavras de Nosso Senhor na última ceia:

"Hic est enim sanguis meus novi testamenti, qui pro multis effundetur in remissionem peccatorum" [Porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado por muitos para remissão dos pecados] S. Mateus XXVI, 28.

"Hic est sanguis meus novi testamenti, qui pro multis effundetur" [Isto é o meu sangue da nova aliança, que será derramado por muitos] S. Marcos XIV, 24.

"Hic est calix novum testamentum in sanguine meo, qui pro vobis fundetur" [Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que será derramado por vós] S. Lucas XXII, 20.

"Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei a vós, que o Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão e, dando graças, o partiu e disse: Tomai e comei; isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Igualmente também, depois de ter ceado, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue [Hic calix novum testamentum est in meo sanguine]; fazei isto em memória de mim todas as vezes que o beberdes" I Cor XI, 23-25.

Vemos nestes versículos como a forma dita por Nosso Senhor parece diferente quando, na verdade, é uma mudança inspirada pelo Espírito Santo para indicar que todas as frases são válidas, por possuírem sentido igual, mas a fórmula do Rito Latino antigo, que inclui "cálice", entre outras palavras, encerra maiores mistérios, e vem da Tradição Apostólica. Por isso, ela é: "Hic est enim calix sanguinis mei novi et aeterni testamenti: mysterium fidei: qui pro vobis et pro multis effundetur in remissionem peccatorum" ["Este é, pois, o cálice do meu sangue, da nova e eterna aliança: mistério de fé: que será derramado por vós e por muitos em remissão dos pecados].

Liturgia de São João Crisóstomo no Rito Greco-Melquita

Consagração: "Tomai, comei, isto é o meu corpo que é partido por vós, para a remissão dos pecados (em grego: lávete, fághete, tutó mu estí to soma, to ipér imón klomenon is áfesin amartión).

Do mesmo modo o cálice, depois de ter ceado, dizendo: Bebei todos dele, isto é o meu sangue, o da nova aliança, que é derramado por vós e por muitos, para a remissão dos pecados" (em grego: Píete ex aftú pándes, túto estí to ema mu, to tis kenís dhiathíkis, to ipér imón ke pllón ekchinómenon is áfesin amartión).

Liturgia de São João Crisóstomo no Rito Maronita

Consagração do pão: "...Sab akhul menêh culkhúm, hóno den itáu faghro dil. Dahlufaicún uahlôf saguiiê meteksêh umnetihêb lhuçôio dháube ualháie daloolamm olmín" (Tradução:....Tomai, comei disto todos, este é o corpo meu, que para vós e por muitos é partido e dado para o perdão dos pecados e a vida pelos séculos dos séculos).

Consagração do vinho:

"Hookháno aál kóço damzigho mén hámro umén máiô, bárekh + Ukadech uiáb ltalmidáo kád omár: sáb ichtáo menêh culkhúm: hôno den itáu dmô dil, diatíkih hdátô, dahlufaicum uahlôf saguiê metechêd umetihêb lhuçôio dháobe ualhaie daloolammolm" (Tradução: Do mesmo modo sobre o cálice, misturado de vinho e de água, abençoou e santificou e deu aos seus discípulos dizendo: tomai, bebei disto todos: este é o sangue meu da aliança nova, para vós e por muitos é derramos e dado para o perdão dos pecados e a vida pelos séculos dos séculos).

Catecismo de São Pio X

598) Qual é a forma do Sacramento da Eucaristia ?

A forma do Sacramento da Eucaristia são as palavras usadas por Jesus Cristo: Isto é o meu Corpo: este é o meu Sangue.

São Boaventura

"A respeito do sacramento da eucaristia, deve-se admitir o seguinte: Neste sacramento o verdadeiro corpo de Cristo e seu verdadeiro sangue, não somente são significados, mas estão verdadeiramente contidos sob as duas espécies do pão e do vinho, formando não dois, mas um só sacramento. Isto acontece depois da consagração feita pelo sacerdote, que tem lugar ao ser pronunciada a fórmula vocal instituída pelo Senhor, a qual é a seguinte para o pão: "Este é o meu corpo", e para o vinho: "Este é o cálice de meu sangue" [Hoc est corpus meum: super vinum vero: Hic est calix sanguis mei]. Pronunciadas estas palavras pelo sacerdote, com a intenção de realizar o sacramento, verifica-se a transubstanciação de ambos os elementos no corpo e no sangue de Jesus Cristo, permanecendo as espécies sensíveis, em cada uma das quais está contido o Cristo inteiro, não em uma forma circunscrita, mas sacramental" [3].

São Pedro Julião Eymard

"Faz-se grande silêncio, os Apóstolos acham-se atentos e olham. Jesus recolhe-Se em Si mesmo, toma o pão em suas santas e veneráveis mãos, ergue os olhos ao Céu, rende graças a seu Pai por esta hora tão desejada, estende a mão, abençoa o pão. E enquanto os Apóstolos, penetrados de respeito, não ousam perguntar a significação desses símbolos tão misteriosos, Jesus pronuncia as arrebatadoras palavras, tão poderosas quanto a palavra criadora: "Tomai e comei, isto é o meu Corpo. Tomai e bebei, isto é o meu Sangue".

Está consumado o mistério do amor. Jesus cumpriu a sua promessa. Nada mais tem a dar, senão a sua vida mortal na cruz. Ele a dará e ressuscitará, para tornar-Se nossa Hóstia perpétua de propiciação, Hóstia de comunhão, Hóstia de adoração" [4].

Santo Afonso Maria de Ligório

"220 - Sobre o vinho, esta é a fórmula: "Hic est enim calix sanguinis mei, novi, et aeteri testamenti, mysterium fidei, qui pro vobis et pro multis effundetur in remissionem peccatorum". Embora seja a mais verdadeira, e mais comum a opinião de S. Boaventura, Suarez, S. Roberto Bellarmino, e outros contra a de S. Tomás e Tomistas, a qual somente são elementos essenciais: 'Hic est calix sanguinis mei', ou 'Hic est sanguis meus', ou um equivalente (...).

221 - I. A consagração é válida, mas ilícita: I. Se o consagrante diz: "Este alimento", "essa bebida", "esse cálice", ou "essa coisa", ou "o conteúdo dessa espécie", [e em seguida] "é o meu corpo" ou "é o meu sangue" [Hic cibus, hic potus, hic calix: vel haec res, vel contentum sub his speciebus, est corpus meum, vel sanguis meus]. Bon. l. c. p. 1. II. Se diz: 'Hic est calix novum testamentum in sanguine meo', como está em S. Lucas. c.22. (...) [5].

Teodoro Torre Del Greco citando Arregui, Capello

"Para a consagração do pão são essenciais somente estas palavras: 'Hoc est corpus meum'. A omissão da partícula 'enim' segundo alguns é somente pecado venial; segundo outros não é pecado (Capello, l. c. n. 287).

Para a consagração do vinho as palavras essenciais, são: 'Hic est calix sanguinis mei'; as outras palavras são integrantes, mas obrigam sob culpa grave, como também as palavras "Haec quotiescumque", etc. e 'Simili modo' (Arregui, n.537)" [6].

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Posição defendida


A fórmula da consagração do pão e do vinho deve ter as seguintes características para a validez de cada uma.

1 - Devem indicar a matéria nas mãos do celebrante (pão ou vinho, pela palavras "este", "isto" ou outra de igual sentido na língua litúrgica), mas não podem dizer o nome da matéria ("pão" ou "vinho") porque no momento da consagração ambos não são mais "pão e vinho".


2 - Deve incluir a palavra "meu" ou palavra de sentido idêntico na língua litúrgica para indicar o ato "in persona christi" do celebrante.


3 - Deve declarar a substância da Eucaristia, isto é, deve conter na fórmula da Eucaristia para o pão a palavra "corpo", e para o vinho a palavra "sangue".


4 - A fórmula deve ser coesa, quer dizer, fica difícil saber se houve a consagração quando foi dito "este meu corpo" para o pão, invés de dizer "isto é o meu corpo", dado que a frase é errônea nesta língua, embora se entenda o que se quer falar, então é uma questão de intenção, a qual só Deus e o padre sabem. Por isso, e também por um amor à tradição (salutar contra inovações que levam ao erro), a fórmula não deve fugir da tradição da liturgia celebrada, mesmo sabendo que 
no momento da consagração nem toda a frase dita na narração atribuída a Nosso Senhor efetua a transubstanciação propriamente. Não proferir a integridade da forma em seu rito específico é pecado mortal, mas se se mantém a essência da forma com as características descritas, a consagração é válida.

- Objeções

Objeção 1: Só a fórmula do Rito Latino Tridentino, inteiramente proferida, efetua a transubstanciação do vinho.

Resposta: Essa objeção é respondida pelos textos acima para as diversas liturgias tradicionais, as quais não possuem idêntica forma da consagração, mas encerram o mesmo sentido indicando as características delineadas na nossa posição. Dizer o contrário é afirmar que toda a tradição esteve errada e com missa inválida durante séculos, o que é absurdo.

Objeção 2: Já definiram infalivelmente a fórmula no Concílio de Florença: "No entanto, como nenhuma explicação foi dada no mencionado decreto dos Armênios sobre a formúlas das palavras em que a Santa Igreja, baseando-se no ensinamento e autoridade dos Apóstolos Pedro e Paulo, sempre usou na consagração do corpo e sangue do Senhor, nós concluímos que deve ser inserido o presente texto. Ele usa a seguinte forma na consagração do corpo do Senhor: "Isto é o meu corpo". E para o sangue: "Este é o cálice do meu sangue, da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por muitos para a remissão dos pecados" [7].

E também São Pio V através do Catecismo Romano ou de Trento e sua proibição de um trecho do Cardeal Cajetano defendendo tese diversa:

"Pelas mesmas razões, já alegadas, deve o sacerdote ter uma perfeita noção da forma para consagrar o vinho, que é a segunda matéria deste Sacramento. Devemos crer, com inabalável certeza, que ela está contida nas seguintes palavras: "Este é o Cálice do Meu Sangue, da nova e eterna Aliança, Mistério da fé, o qual por vós e por muitos será derramado, em remissão dos pecados" [8].

"1. Podem surgir defeitos com respeito à forma, se algo falta para completar a integridade das palavras da consagração. As palavras da consagração, que são a forma deste Sacramento, são as seguintes: "Porque isto é o Meu Corpo", e "Pois este é o cálice do Meu Sangue do Novo e Eterno Testamento: Mistério da Fé: que será derramado por vós e por muitos em remissão dos pecados". Se qualquer omissão [diminueret] ou alteração [immutaret] é feita na forma da consagração do Corpo e Sangue, envolvendo uma mudança no significado, a consagração é inválida. Uma adição feita sem alterar o significado não invalida a consagração, mas o celebrante comete um pecado grave" [9].

Resposta: No caso do Concílio fica claro que é uma ordem pontifícia para colocar aquele texto, no entanto, outros ritos usam texto ligeiramente diferente, como vimos, mas com o mesmo significado. Já o catecismo romano sustenta que a forma está contida nas palavras citadas, mas não diz se fala da integridade da forma ou da essência, de modo que se pode interpretar. A essência é a que efetua a consagração propriamente. O mesmo diz o decreto de São Pio V: "uma adição sem alterar o significado não invalida a consagração", ou seja, pode-se dizer de outra forma, embora ilicitamente, e ainda haveria transubstanciação. Por isso o decreto diz que só "envolvendo mudança no significado, a consagração é inválida".

Objeção 3: Santo Tomás sustentou na Suma Teológica Parte III, Questão 78, Art.3 (resp.) que a forma da Eucaristia para o vinho é a completa: "Este é o cálice do meu sangue, do novo e eterno testamento, mistério da fé, que será derramado por vós e por muitos para remissão dos pecados", porque ele diz: "Por isso, outros dizem, com mais razão, que pertencem à substância da forma todas as palavras seguintes, até o que vem depois: 'Todas as vezes que fizerdes isto'. Com efeito, estas últimas palavras fazem parte do uso do sacramento, mas não são da substância da forma. E, por isso, o sacerdote pronuncia todas estas palavras com um mesmo rito e modo, isto é, segurando o cálice com as mãos. O próprio Evangelho de S.Lucas intercala depois das primeiras palavras as seguntes: 'Este cálice é a nova Aliança em meu sague derramado por vós'.

Resposta: Não parece que S.Tomás tenha sustentado que a fórmula toda é essencial, pelos seguintes motivos:

Há disputa entre os teólogos sobre se ele estava falando da integridade da forma ou da essência.

Além disso, no mesmo artigo citado pela objeção o Doutor Angélico escreve: "Por conseguinte, deve-se dizer que todas estas palavras pertencem à substância da forma. Pelas primeiras palavras "Este é o cálice do meu sangue" vem significada a própria conversão do vinho no sangue da maneira como se explicou acima, a respeito da forma da consagração do pão". Ou seja, ele se refere ao artigo 1, pois no 2 não se comenta nada disso. Mais especificamente se refere ao trecho: "Mas na Eucaristia a forma consiste unicamente na consagração da matéria que se realiza pela transubstanciação, a saber quando se diz: 'Isto é o meu corpo' ou 'Este é o cálice do meu sangue'" [10].

De qualquer forma, como S. Afonso sustenta, citado acima, esta opinião, se é que é de São Tomás mesmo, é errônea pelos motivos mostrados, e menos comum entre os teólogos. Aliás, nesse ponto de vista a questão divide os dois luminares da Igreja no século XIII: São Boaventura e São Tomás. Entre dois luminares da Igreja, o conjunto da Tradição Católica merece mais atenção.

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[1] Suma Teológica, III Parte, Q.78. Art.1
[2] Suma Teológica, III Parte, Q.78. Art.2 
[3] Brevilóquio VI Parte, Cap.IX - A Integridade da Eucaristia
[4] A presença Real, Sermões de S.Pedro Julião Eymard: A Instituição da Eucaristia
[5] Theologia Moralis, Livro IV, Tratado VI, Cap.I, Dubium VI
[6] Teologia Moral, Torre del Greco, No.436
[7] Bula de União com os Coptas. Sessão 11, 4 de Fevereiro de 1442. Denzinger 1352
[8] Catecismo Romano, no.383
[9] De defectibus in celebratione missarum ocorrentibus (Defeitos ocorridos na celebração da missa), Missale Romanun de São Pio V.
[10] Suma Teológica, III Parte, Q.78. Art.1, Resp.