Papas indicaram que tipos de música devem ser evitadas na liturgia (intemperante, sentimental, ininteligível, etc)?

Pio XII
S. Pio X, rogai por nós!

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados" (vol. II, 2a edição).


Bento XIV

"6 (...) Os padres do Concílio de Toledo (reunido no ano de 1556), depois de haverem falado da qualidade do canto a ser impregado na Igreja, concluíram: "É necessário evitar absolutamente que o som musical tenha no canto do louvor divino qualquer coisa de teatral, ou que evoque amores profanos ou ações bélicas, como faz a música clássica".

9 (...) Mas Nós que nos contemos em recordar, tendo presente as prescrições dos Sacros Concilios e a sentenças dos escritores de autoridade, que o canto musical dos teatros é feito de tal modo (como foi referido) que o público presente, escutando estes cantos musicais, se delicia, goza dos artifícios da música, se exalta pela melodia, pela música ela mesma, tendo gosto pelas diversas vozes, sem perceber, na maioria das vezes, o exato significado das palavras. Não deve ser assim o canto eclesiástico. Na verdade deve se procurar o oposto.

No canto eclesiástico se deve primeiro procurar obter uma audição perfeita e fácil das palavras. Na Igreja, de fato, a música é escutada para elevar a mente dos homens a Deus, como ensina Santo Isidoro no livro I de "De Ecclesiasticis Officiis", no cap. 5: "A Igreja usa as suaves melodias dos cantos e do salmodiar para induzir mais facilmente as almas à contrição". Isto não se obtêm se não se entende as palavras" [1].

São Pio X

"9. O texto litúrgico tem de ser cantado como se encontra nos livros aprovados, sem posposição ou alteração das palavras, sem repetições indevidas, sem deslocar as silabas, sempre de modo inteligível.

16. Como o canto tem de ouvir-se sempre, o órgão e os instrumentos devem simplesmente sustentá-lo, e nunca encobri-lo.

17. Não é permitido antepor ao canto extensos prelúdios, ou interrompê-lo com peças de interlúdios.

18. O som do órgão, nos acompanhamentos do canto, nos prelúdios, interlúdios e outras passagens semelhantes, não só deve ser de harmonia com a própria natureza de tal instrumento, isto é, grave, mas deve ainda participar de todas as qualidades que tem a verdadeira música sacra, acima mencionadas.

23. É condenável, como abuso gravíssimo, que nas funções eclesiásticas a liturgia esteja dependente da música, quando é certo que a música é que é parte da liturgia e sua humilde serva" [2].


Pio XII
Pio XII

Contra o polifônico túrgido (dilatado, cheio de reviravoltas) e empolado (cheio de palavras de modo a impossibilitar o entendimento do que se canta):

"27. Destarte sucede que, nas basílicas, nas catedrais, nas igrejas dos religiosos, podem executar-se quer as obras-primas dos antigos mestres, quer composições polifônicas de autores recentes, com decoro do rito sagrado; antes sabemos que, mesmo nas igrejas menores, não raramente se executam cantos polifônicos mais simples, porém compostos com dignidade e verdadeiro senso de arte. A Igreja favorece todos estes esforços; realmente, consoante às palavras do nosso predecessor de feliz memória São Pio X, ela "sempre favoreceu o progresso das artes e ajudou-o, acolhendo no uso religioso tudo o que o engenho humano tem criado de bom e de belo no curso dos séculos, desde que ficassem salvas as leis litúrgicas". Estas leis exigem que, nesta importante matéria, se use de toda prudência e se tenha todo cuidado a fim de que se não introduzam na Igreja cantos polifônicos que, pelo modo túrgido e empolado, ou venham a obscurecer, com a sua prolixidade, as palavras sagradas da liturgia, ou interrompam a ação do rito sagrado, ou, ainda, aviltem a habilidade dos cantores com desdouro do culto divino.

29 (...) Aliás, acerca das melodias musicais inadmissíveis no culto católico já falamos claramente na encíclica Mediator Dei. "Quando eles não tiverem nada de profano ou de destoante da santidade do lugar e da ação litúrgica, e não forem em busca do extravagante e do extraordinário, tenham também acesso nas nossas igrejas, podendo contribuir não pouco para o esplendor dos ritos sagrados, para elevar a alma para o alto, e para afervorar a verdadeira piedade da alma". É o caso apenas de advertir que, quando faltarem a capacidade e os meios para tanto, melhor será abster-se de semelhantes tentativas, do que fazer coisa menos digna do culto divino e das reuniões sacras.

30 (...) A fim de que semelhantes cânticos religiosos proporcionem fruto espiritual e vantagem ao povo cristão, devem ser plenamente conformes ao ensinamento da fé cristã, expô-la e explicá-la retamente, usar linguagem fácil e melodia simples, fugir da profusão de palavras empoladas e vazias, e, finalmente, mesmo sendo breves e fáceis, ter uma certa dignidade e gravidade religiosa. Quando esses cânticos sacros possuem tais dotes, brotando como que do mais profundo da alma do povo, comovem fortemente os sentimentos e a alma, e excitam piedosos afetos; quando se cantam como uma só voz nas funções religiosas da multidão reunida, elevam com grande eficácia a alma dos fiéis às coisas celestes.

32 (...) Desse modo pode-se esperar obter mais outra vantagem, que está no desejo de todos, a saber: a de que sejam eliminadas essas canções profanas que, ou pela moleza do ritmo, ou pelas palavras não raro voluptuosas e lascivas que o acompanham, costumam ser perigosas para os cristãos, especialmente para os jovens, e sejam substituídas por essas outras que proporcionam um prazer casto e puro, e que, ao mesmo tempo, alimentam a fé e a piedade; de modo que já aqui na terra o povo cristão comece a cantar aquele cântico de louvor que cantará eternamente no céu: "Aquele que se senta no trono e ao Cordeiro seja bênção, honra, glória e poder pelos séculos dos séculos" (Ap 5, 13) [3].

Bento XVI (quando Cardeal)

"Por um lado, há a música pop, que é certamente não mais apoiada no antigo sentido (populus). Ela visa o fenômeno de massa, é industrialmente produzida, e ultimamente precisa ser descrita como culto do banal. O "Rock", por outro lado, é a expressão das paixões elementares, e nos festivais de rock assume uma característica de culto, uma forma de adoração, de fato, em oposição ao culto Cristão. O povo é, por assim dizer, liberados deles mesmos pela experiência de fazer parte de uma multidão e pelo choque emocional do ritmo, barulho, e efeitos especiais de luzes. No entanto, no êxtase de terem todas suas defesas rasgadas, os participantes como que afundam abaixo da força elemental do universo. A música da embriaguez sóbria do Espírito Santo parece ter pouca chance quando a própria pessoa se torna uma prisão, a mente é uma algema, e saindo fora dos dois parece como uma verdadeira promessa de redenção que pode ser provada ao menos por alguns momentos" [4].


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[1] Annus Qui Hunc, 19 de Fevereiro de 1749.
[2] Motu Proprio "Tra Le Sollecitudine", 22 de Novembro de 1903.
[3] Encíclica Musicae Sacrae, 25 de Dezembro de 1955.
[4] The Spirit of the Liturgy, SF, CA: Ignatius, 2000, p 148.