Tradição Católica, Papas e santos pelo direito da Igreja sobre os Lugares Santos, internacionalização de Jerusalém e contra o sionismo

Nosso Senhor Jesus Cristo sendo aclamado Rei de Jerusalém no domingo de Ramos
Atualmente se vê uma tentativa de acusar de antissemita aquele que é contra o sionismo ou contra a Terra Santa como posse dos Judeus. Ora, é impossível a um católico ser antissemita, porque o verdadeiro sentido disso é o racismo direcionado aos que tem sangue judeu, e Nossa Senhora, Nosso Senhor e os Apóstolos e muitos santos tinham este sangue. 

Além disso, nem todo aquele que tem sangue judeu é judeu de religião ou apoia o sionismo, ideologia muito mais recente. Portanto, se vê que é estratégia revolucionária tentar igualar o antissemitismo do sentido verdadeiro com o rechaço às intenções de certos judeus ou mesmo à própria religião judaica, já que a pessoa sendo católica precisa ser contra qualquer outra "religião", porque a única verdadeira, segundo a Santa Igreja, é a religião Católica.

Sobre as intenções do sionismo, e coisas relativas a isso, como ser contra a internacionalização de Jerusalém e dos Lugares Sagrados, a nenhum católico é permitido aderir, mesmo que politicamente, como os textos a seguir demonstram:

Sagrada Escrituras confirmando que Nosso Senhor Jesus Cristo, cabeça da Igreja, é o Rei de Jerusalém, e foi aclamado pelo povo, portanto Jerusalém é oficialmente da Igreja

"E toda aquela multidão, que o precedia e que o seguia, clamava: Hosana ao filho de Davi! Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!" São Mateus, 21.

"Tanto os que precediam como os que iam atrás clamavam: "Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o Rei que vai começar o reino de Davi, nosso pai! Hosana no mais alto dos céus!" São Marcos, 11.

"No dia seguinte, uma grande multidão que tinha vindo à festa em Jerusalém ouviu dizer que Jesus se ia aproximando. Saíram-lhe ao encontro com ramos de palmas, exclamando: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor, o rei de Israel!". São João, 12.

São Pio X

Em 26 de janeiro de 1904, Theodor Herzl, fundador do sionismo moderno, teve uma audiência com São Pio X no Vaticano para buscar apoio ao seu esforço Sionista de estabelecer um Estado Judeu na Palestina. Conta o sionista em seu diário o que disse o Sumo Pontífice:

"Nós não podemos favorecer este movimento. Não podemos impedir os judeus de irem a Jerusalém, mas não poderemos jamais os encorajar. O solo de Jerusalém não foi sempre sagrado, mas foi santificado pela vida de Jesus. Os Judeus não reconheceram Nosso Senhor, então não podemos reconhecer o povo judeu (...).

No início, para ter certeza, eu tentei ser conciliatório. Eu recitei minha pequena parte sobre extraterritorialidade, res sacrae extra commercium (lugares sagrados removidos de todo comércio). Não deu uma forte impressão. Gerusalemme, ele disse, não pode estar nas mãos dos Judeus.

- E a situação atual, Santo Padre?

- Eu sei, não é agradável ver os turcos em posse dos Lugares Sagrados. Nós simplesmente precisamos aguentar isso. Mas apoiar os Judeus na aquisição dos Lugares Sagrados, isso não podemos fazer" [1].

Pio XII

"E como nesta vigília do Santo Natal, Nosso pensamento não buscaria ainda uma vez aquela terra da Palestina onde o Filho de Deus feito homem viveu sua vida terrestre; a Palestina, onde, mesmo com a suspensão das hostilidades, não aparece ainda um seguro fundamento da paz? Possa encontrar-se enfim uma solução feliz que, vindo em socorro das necessidades de tantos milhares de míseros prófugos, satisfaça ao mesmo tempo os votos de toda a Cristandade, ansiosa pela tutela dos lugares Santos, tornando-os livremente acessíveis e protegidos, mediante a constituição de um regime internacional" [2].

"Deixe-os [católicos do mundo inteiro] persuadir os governantes das nações, e aqueles cujo dever é regulamentar esta importante questão, a garantir à Cidade Santa e à região próxima um status jurídico apropriado, dentro das quais a estabilidade não possa ser assegurada senão por um acordo mútuo entre as nações que amam a paz e respeitam os direitos dos outros.

11. Além disso, é de maior importância que a devida imunidade e proteção seja garantida a todos os Lugares Sagrados da Palestina não somente em Jerusalém, mas em outras cidades e vilas também[3].

Paulo VI citado por Plinio Corrêa de Oliveira sobre a internacionalização de Jerusalém

"Com data de 11 de junho p.p., a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade enviou telegrama ao Presidente Costa e Silva e ao Chanceler Magalhães Pinto, pedindo que o Brasil propusesse urgentemente, a todos os países latino-americanos, dar apoio conjunto à internacionalização de Jerusalém, segundo o desejo de Sua Santidade o Papa Paulo VI. É o seguinte o texto do despacho:

"Peço a Vossa Excelência que o Brasil proponha urgentemente a todas as nações da América Latina darem apoio conjunto à internacionalização de Jerusalém, desejada pelo Santo Padre Paulo VI.

Essa medida, já múltiplas vezes pedida em solenes Documentos do inolvidável Pio XII, constitui merecida homenagem à Cidade Sagrada, que ficará assim resguardada de futuros riscos.

Corresponde às tradições cristãs brasileiras, bem como a nossos foros de mais populosa das nações católicas, assumir essa simpática iniciativa, a qual será entusiasticamente aplaudida por todos os brasileiros.

Na antecipada certeza da favorável acolhida de Vossa Excelência, apresento cordiais e respeitosos cumprimentos.

Plinio Corrêa de Oliveira,

Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade".

Em resposta, o Ministro do Exterior telegrafou nestes termos, em data de 7 de julho, ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:

(...) Por outro lado, a Delegação brasileira patrocinou, juntamente com outros países latino-americanos, um projeto de resolução que, entre outros pontos, propõe a internacionalização da Cidade Santa, apoiando a posição da Santa Sé.

Atenciosos cumprimentos, 
José de Magalhães Pinto" [4].

A conquista da Terra Santa pelos Cruzados apoiado pelos Papas da Tradição e lembrada por Plinio Corrêa de Oliveira

"Em primeiro lugar não nos podemos esquecer de que a Terra Santa, na qual se passou toda a História Sagrada, na qual sobretudo nasceu, viveu, ensinou, padeceu e morreu  Nosso Senhor Jesus Cristo, é para nós, depois da Eucaristia e da Sé Romana, o que há de mais sagrado no mundo. Tanto isto é verdade, que nossos maiores empenharam os esforços mais extremos e ousados para que a Terra Santa não ficasse em poder dos infiéis. Somos do sangue dos cruzados, e não nos podemos esquecer de que o ideal da libertação do Santo Sepulcro empolgou e levou até o sacrifício do sangue e da vida várias gerações de mártires cristãos (...).

Não o faremos, porém, sem afirmar previamente que, na luta entre judeus e maometanos, absolutamente não temos preferências nem simpatias. Somos do tipo de católicos que se recusam obstinadamente a escolher entre [uns e outros]; e que, postos nesta alternativa, só têm uma resposta que dar: viva Cristo-Rei!" [5].


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[1] Raphael Patai, The Complete Diaries of Theodor Herzl, translated by Harry Zohn, New York/London: Herzl Press, Thomas Yoseloff, 1960, 1601-1605.
[2] Radio mensagem do Natal de 1948.
[3] Encíclica Redemptoris nostri, 15 de abril de 1949.
[4] Chanceler informa à TFP: Brasil apóia a internacionalização de Jerusalém, Revista Catolicismo Nº 200 - Agosto de 1967.
[5] "Filhos das trevas e filhos da luz", Legionário, N.º 793, 19 de outubro de 1947.