Trechos esquecidos da Tradição sobre a confissão, tirados do Catecismo de São Pio X

Trechos escolhidos do Catecismo de São Pio X, com negritos nossos.

692) Quantas coisas são necessárias para fazer uma confissão bem feita?

Para fazer uma boa confissão, são necessárias cinco coisas:
1º exame de consciência;
2º dor de ter ofendido a Deus;
3º propósito de nunca mais pecar;
4º acusação dos próprios pecados;
5º satisfação ou penitência.

693) Que devemos fazer, antes de tudo, para bem nos confessarmos?

Para bem nos confessarmos devemos, antes de tudo, pedir de todo o coração ao Senhor que nos dê luz para conhecer todos os nossos pecados e força para os detestar.

§ 3o - Do exame de consciência

694) Que é o exame de consciência?
O exame de consciência é uma diligente investigação dos pecados que se cometeram, desde a última confissão bem feita.

695) Como se faz o exame de consciência?
Faz-se o exame de consciência trazendo diligentemente à memória, na presença de Deus, todos os pecados ainda não confessados, cometidos por pensamentos, palavras, obras e omissões contra os Mandamentos de Deus e da Igreja, e contra as obrigações do próprio estado.

696) Sobre que mais coisas devemos examinar-nos?
Devemos examinar-nos também sobre os maus hábitos e sobre as ocasiões de pecado.

§ 4o - Da dor ou arrependimento

705) Que é a dor dos pecados?
A dor dos pecados consiste num desgosto e numa detestação sincera da ofensa feita a Deus.

706) De quantas espécies é a dor?
A dor é de duas espécies: perfeita ou de contrição; imperfeita ou de atrição.

707) Que é a dor perfeita ou de contrição?
A dor perfeita é o desgosto de ter ofendido a Deus, porque Deus é infinitamente bom e digno, por Si mesmo, de ser amado sobre todas as coisas.

708) Por que se chama perfeita a dor de contrição?
Chama-se perfeita a dor de contrição por duas razões:
1º porque se refere exclusivamente à bondade de Deus, e não ao nosso proveito ou prejuízo;
2º porque nos faz alcançar imediatamente o perdão dos pecados, ficando-nos porém a obrigação de nos confessarmos.

709) Então a dor perfeita alcança-nos o perdão dos pecados independentemente da confissão?
A dor perfeita não nos alcança o perdão dos pecados independentemente da confissão, porque sempre inclui a vontade de se confessar.

710) Por que a dor perfeita, ou contrição, produz este efeito de nos conceder o estado de graça?
A dor perfeita, ou contrição, produz este efeito, porque procede da caridade, que não pode encontrar-se na alma juntamente com o pecado mortal.

711) Que é a dor imperfeita ou de atrição?
A dor imperfeita ou de atrição é aquela pela qual nos arrependemos de ter ofendido a Deus como nosso supremo Juiz, isto é, por temor dos castigos que merecemos e nos esperam nesta ou na outra vida, ou pela própria fealdade do pecado.

712) Que condições deve ter a dor para ser boa?
A dor, para ser boa, deve ter quatro condições: deve ser interna, sobrenatural, suma e universal.

713) Que quer dizer: a dor deve ser interna?
Quer dizer que deve estar no coração e na vontade, e não só nas palavras.

714) Por que a dor deve ser interna?
A dor deve ser interna, porque a vontade, que se afastou de Deus com o pecado, deve voltar para Deus, detestando o pecado cometido.

715) Que quer dizer: a dor deve ser sobrenatural?
Quer dizer que deve ser excitada em nós pela graça do Senhor, e a devemos conceber levados por motivos que procedem da fé.

716) Por que a dor deve ser sobrenatural?
A dor deve ser sobrenatural, porque é sobrenatural o fim a que se dirige, isto é, o perdão de Deus, a aquisição da graça santificante e o direito à glória eterna.

726) Quem se confessa só de pecados veniais, e não está arrependido nem sequer de um só, faz uma boa confissão?
Quem se confessa só de pecados veniais, e não está arrependido nem sequer de um só, faz uma confissão nula; a confissão além disso é sacrílega, se adverte que lhe falta a dor.

727) Que convém fazer para tornar mais segura a confissão só de pecados veniais?
Para tornar mais segura a confissão só de pecados veniais, é prudente acusar, com verdadeira dor, também algum pecado mais grave da vida passada, ainda que já confessado outras vezes.

742) Quais são as qualidades que deve ter a acusação dos pecados, ou confissão?
As qualidades principais que deve ter a acusação dos pecados são cinco: deve ser humilde, íntegra, sincera, prudente e breve.

743) Que querem dizer as palavras: a acusação deve ser humilde?
A acusação deve ser humilde, quer dizer que o penitente deve acusar-se diante do seu confessor sem altivez de ânimo ou de palavras, mas com sentimentos de um réu que reconhece a sua culpa, e comparece diante do juiz.

744) Que quer dizer: a acusação deve ser íntegra?
A acusação deve ser íntegra, quer dizer que se devem confessar, com as suas circunstâncias e no seu número, todos os pecados mortais cometidos desde a última confissão bem feita, e dos quais se tem consciência.

745) Quais são as circunstâncias que se devem dizer para que a acusação seja íntegra?
Para que a acusação seja íntegra, devem acusar-se as circunstâncias que mudam a espécie do pecado.

746) Quais são as circunstâncias que mudam a espécie do pecado?
As circunstâncias que mudam a espécie do pecado são:
1º aquelas pelas quais uma ação pecaminosa de venial se torna mortal;
2º aquelas pelas quais uma ação pecaminosa contém a malícia de dois ou mais pecados mortais.

747) Dai-me um exemplo de uma circunstância que faça tornar mortal um pecado venial?
Quem, para se desculpar, dissesse uma mentira da qual resultasse dano grave para o próximo, deveria manifestar esta circunstância, que muda a mentira, de oficiosa em gravemente nociva.

748) Dai-me agora exemplo de uma circunstância pela qual uma e a mesma ação pecaminosa contém a malícia de dois ou mais pecados?
Quem tivesse roubado uma coisa sagrada, deveria acusar esta circunstância, que acrescenta ao furto a malícia do sacrilégio.

749) Se uma pessoa não tiver a certeza de ter come tido um pecado, deve confessá-lo?
Se uma pessoa não tiver a certeza de ter cometido um pecado, não é obrigada a confessá-lo; se porém o quiser acusar, deverá acrescentar que não tem a certeza de o ter cometido.

750) Quem não se lembra exatamente do número dos seus pecados, que deve fazer? 
Quem não se lembra exatamente do número dos seus pecados, deve acusar o número aproximado.

751) Quem deixou de confessar por esquecimento um pecado mortal, ou uma circunstância necessária, fez uma boa confissão?
Quem deixou de confessar por esquecimento um pecado mortal, ou uma circunstância necessária, fez uma boa confissão, contanto que tenha empregado a devida diligência no exame de consciência.

752) Se um pecado mortal esquecido na confissão volta depois à lembrança, somos obrigados a acusá-lo noutra confissão?
Se um pecado mortal esquecido na confissão volta depois à lembrança, somos obrigados, sem dúvida, a acusá-lo na primeira vez que de novo nos confessarmos.

753) Quem por vergonha, ou por outro motivo culpável, cala voluntariamente na
confissão algum pecado mortal, que comete?
Quem, por vergonha, ou por qualquer outro motivo culpável, cala voluntariamente algum pecado mortal na confissão, profana o Sacramento e por isso torna-se réu de gravíssimo sacrilégio.

754) Quem ocultou voluntariamente algum pecado mortal na confissão, como há de conciliar a própria consciência?
Quem ocultou culpavelmente algum pecado mortal na confissão, deve expor ao confessor o pecado ocultado, dizer em quantas confissões o ocultou, e repetir todas as confissões, desde a última bem feita.

755) Que deve considerar quem se vir tentado a calar algum pecado na confissão? 
Quem se vir tentado a calar um pecado grave na confissão, deve considerar:

1º que não teve vergonha de pecar na presença de Deus, que vê tudo;
2º que é melhor manifestar os próprios pecados ao confessor em segredo, do que viver inquieto no pecado, ter uma morte infeliz, e ser por isso envergonhado no dia do Juízo universal, em face do mundo inteiro;
3º que o confessor é obrigado ao sigilo sacramental, sob pecado gravíssimo, e com a ameaça de severíssimas penas temporais e eternas.

756) Que significam estas palavras: a acusação deve ser sincera?
A acusação deve ser sincera, significa que é necessário declarar os pecados como eles são, sem os desculpar, sem os diminuir e sem os aumentar.

757) Que significam estas palavras: a confissão deve ser prudente? 
A confissão deve ser prudente, significa que, ao confessar os pecados, devemos servir-nos dos termos mais modestos, e que devemos guardar-nos de descobrir os pecados alheios.

758) Que significam estas palavras: a confissão deve ser breve?
A confissão deve ser breve, significa que não. devemos ir falar de coisas inúteis ao confessor.

§ 7º - Do modo de se confessar

760) Como vos apresentareis ao confessor? 
Ponho-me de joelhos aos pés do confessor, e digo: Abençoai-me, Padre, porque pequei.

761) Que fareis enquanto o confessor vos der a bênção? 
Inclino-me humildemente para receber a bênção, e faço o sinal da Cruz.

762) Depois de feito o sinal da Cruz, que direis? 
Depois de feito o sinal da Cruz, direi: Eu me confesso a Deus todo-poderoso, à bem-aventurada sempre Virgem Maria, a todos os Santos, e a vós, Padre, porque pequei.

763) E depois, que direis? 
Depois direi: Confessei-me em tal tempo; por graça de Deus recebi a absolvição, cumpri a penitência, e fui à Comunhão. Em seguida faz-se a acusação dos pecados.

764) Terminada a acusação dos pecados, que direis?
Direi: Acuso-me ainda de todos os pecados da vida passada, especialmente contra tal ou tal virtude, por exemplo, contra a pureza, contra o quarto Mandamento, etc.

765) Depois desta acusação, que direis ainda?
Direi: De todos estes pecados e de todos aqueles de que não me lembro, peço perdão a Deus de todo o meu coração; e a vós, Padre, peço a penitência e a absolvição. 

766) Concluída assim a acusação dos pecados, que mais resta a fazer
Concluída a acusação dos pecados, é necessário ouvir com respeito o que disser  confessor; aceitar a penitência com sincera vontade de cumpri-la; e, enquanto ele dá a absolvição, renovar o ato de contrição.

767) Depois de recebida a absolvição, que há ainda a fazer?
Depois de recebida a absolvição, é preciso agradecer a Nosso Senhor, cumprir quanto antes a penitência, e pôr em prática os avisos do confessor.

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