São Basílio fala da música e quais evitar, a música tem a ver com o domínio sobre o corpo

Este artigo foi melhorado e estendido com outras palavras de Santos padres e teólogos que convergem ao mesmo assunto e tema. Veja:

Santos e Teólogos sobre a música que deve ser evitada

"Ora, é preciso que purifiqueis vossas almas, para dizer o mínimo, ainda que em poucas palavras, desprezando os prazeres dos sentidos, não alimentando os olhos com espetáculos vãos que levam todos a se perder em ilusões, evitando, enfim, coisas e pessoas que acendam o fogo da concupiscência, e também jamais a admitindo que, pelos ouvidos, entrem na lama os sons que a corrompem, pois uma música efeminada faz nascer os vícios mais vergonhosos e baixos. Devemos procurar uma música mais útil, que nos inspire sentimentos virtuosos, tal como Davi, que com sua harpa tocava divinamente as músicas sacras e fazia acalmar a fúria de Saul (1 Sm 16, 23). Dizem que um dia Pitágoras encontrou homens bêbados bastante animados, vindos de um banquete onde se haviam entregado a copiosas libações, e pediu ao músico que marchava à frente para mudar o tom e cantar somente no modo dórico. Isso os acalmou de tal modo que jogaram suas coroas no chão e deram meia volta, dirigindo-se para suas casas bastante confusos.

Podem-se se ver outros que se agitam ao som de flautas como coribantes ou bacantes (*coribantes, sacerdotes de cibele, celebravam as festas dessa deusa batendo tambores, pulando, dançando e correndo para todos os lados como dementes. E sabe-se com quais loucuras as mulheres, chamadas bacantes, celebravam as festas de Baco), tanto que há diferença entre uma música honesta e uma música licenciosa. Devemos, então, evitar aquelas que dominam os nossos dias, da mesma forma que se evitam os vícios mais vergonhosos.

Constrange-me ter de advertir que não se deve espalhar no ar fragrâncias de todas as espécies apenas para agradar o olfato, e ainda menos esfregar essências no corpo. O que dizer, então, dos prazeres do toque e do gosto, senão que aqueles que os procuram são escravos que vivem como animais a satisfazer seus ventres e os apetites mais grosseiros ?

Em suma, é preciso desprezar o corpo se não quisermos nos afundar nas volúpias, assim como se afunda no lamaçal. Seu cuidado não deve exceder além daquilo que pode ser útil à sabedoria. É o que dizia Platão [1] e está de acordo com o que o Apóstolo Paulo nos advertiu sobre não satisfazer os desejos da carne, no temor de acender em nós os maus desejos. Os que têm cuidado excessivo com o corpo e negligenciam, como não tendo valor, a alma, assemelham-se àqueles que muito amam os instrumentos de uma arte, sem ao menos se dedicar à arte a qual eles servem. É preciso o quanto antes castigar o corpo e domá-lo como a um animal feroz. E a razão nos serve de freio para conter os movimentos tumultuosos que se agitam na alma. Não deixemos as rédeas soltas, para que o espírito não seja impulsionado pelas paixões, assim como um cocheiro é arrastado por cavalos indóceis.

Lembremos das palavras de Pitágoras que, vendo um de seus discípulos entregando-se à boa mesa e ganhando muito peso, disse-lhe: "Quando deixará de preparar a si mesmo uma prisão tão severa ?". Também de Platão, que sabia o quanto o corpo pode prejudicar a alma: dizem ter ele escolhido propositalmente um lugar insalubre para a sua Academia para podar os confortos do corpo [2], assim como se poda uma videira quando ela tem folhas em excesso. Eu mesmo já ouvi um médico dizer que o excesso de saúde é perigoso".

Ver Mais:

Dr. Plinio denuncia o jazz em 1935-55 e a geração rock and roll em 1955-59. "A verdadeira arte não afasta, mas conduz a Deus a alma"

Clique aqui para ver mais Leituras Místicas

--------------------
Fonte:
São Basílio, carta aos jovens sobre a utilidade da literatura pagã, Ed. Ecclesiae, pg.52-54 
[1] Platão, Fédon 67a: E enquanto vivermos, não nos aproximaremos da verdade enquanto não nos agastarmos do corpo; renunciemos a qualquer comunicação com ele naquilo que não seja estritamente necessário; não permitamos que ele nos ocupe de sua corrupção natural, mas conservemo-nos puros de suas mancha, até que a própria divindade venha nos libertar".
[2] Porfírio relata, no terceiro século a.C., que "Platão escolheu a Academia para viver, um lugar que não era somente solitário e isolado da cidade, mas também, segundo dizem, nada saudável" (sobre a abstinência, livro I, 36); alguns autores contestam dizendo que nem Diógnes Laércio nem Plutarco fizeram comentários a respeito.