Hipótese Teológica sobre qual será a indumentária do Papa Santo

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. III)".

Anterior deste capítulo: Hipótese Teológica sobre a mudança na indumentária com o Papa Santo

Para entender tais raciocínios convém ler primeiro alguns artigos da seção:

CLIQUE: Profecias Católicas

Hipótese Teológica sobre qual será a indumentária do Papa Santo

Primeiro, recapitulemos o artigo anterior: foi apresentado um método de hipotetizar, depois demonstrado como, de uma hipótese, chega-se em raciocínios, etc.

Hipótese: as Eras da Igreja são as Eras já tratadas antes nesse capítulo.

Tese histórica provada: os começos e os fins destas Eras, na maior parte, foram acompanhados por uma mudança nas vestes Papais.

Além dos argumentos históricos, mostrados antes, referimo-nos às noções do volume II e ao que já foi visto nesse volume, para sustentar as seguintes teses:

- O decaimento no uso das vestes Papais no pós-concílio clama por resgate ou por mudança.
- A vinda do Papa Santo é o marco do início da sexta Era, o que precisa estar explícito nos símbolos também.

No caso das vestes Papais habituais, a conveniência de uma mudança realizada pelo Papa Santo se apoia nas seguintes razões:
1 - A roupa anterior será um símbolo da Igreja antiga, que com o Papa Santo toma novo rumo em conjunto com a Tradição.
2 - O uso das vestes Pontificais por qualquer ex-Papa que renunciou não causará mais confusão, ou seja, será magnificamente resolvida com a mudança das vestes papais.
3 - Se um ou mais ex-papas que renunciaram (até a vinda do Papado profetizado) se fantasiassem igual ao Papa Santo, seria uma afronta ao Pontífice Reinante e um claro sinal de igualitarismo revolucionário.

No caso das vestes litúrgicas, a conveniência do uso tradicional se observa pelo seguinte motivo: em relação à liturgia, o Papa Santo virá para resgatá-la.

1. A nova indumentária Papal reflitirá a Era que inicia: mariana e profética, e assim será o simbolismo das suas vestes.

1.1. Uma veste com simbolismo profético é a da Ordem Carmelita. Dois elementos destacam-se no hábito carmelita: o Escapulário e a Capa.

- O Escapulário, além de trazer benefícios espirituais, é um sinal de predileção de Nossa Senhora pela Ordem, que irá durar até o fim dos tempos, como visto no capítulo II
. A Virgem Santíssima parece ter querido "desenhar" uma parte do hábito da Ordem, como quem visa deixar uma marca na Ordem, uma marca dEla. Embora seja uma devoção extremamente recomendada e entregue pela Santíssima Virgem, o Rosário não é uma marca específica de uma Ordem. Além disso, os decretos da Santa Igreja definem que os bens espirituais, atrelados ao Escapulário, só serão alcançados mediante certas devoções, como a prática da castidade e a recitação diária do pequeno ofício da Virgem ou do Rosário. Assim como o batismo, sacramento no qual se pode corresponder à graça, imprime caráter definitivo na pessoa, o Escapulário é o caráter definitivo impresso por Nossa Senhora na Ordem Carmelita, e seus benefícios espirituais dependem de quem o porta. Esse sinal simbólico-profético da Mãe de Deus a Igreja sabiamente estendeu aos fiéis fora da Ordem, tanto pelos benefícios espirituais singulares, como porque a missão profética se estende aos membros da Igreja num todo, bastando que sejam piedosos e, no caso, estejam consagrados à Virgem do Carmelo, o que é a essência da parte profética da Ordem Carmelitana, como será visto adiante. Outra analogia simbólica com um sacramento: o Escapulário é a matéria, e as devoções, a forma. Todavia, para completar o símbolo do sacramento, é preciso que ele seja administrado e recebido. "Administrar" qualquer Padre não cismático tem jurisdição para impor com a fórmula prescrita pela Igreja, já "receber" se dá quando, feita a imposição, cumpre-se o seu uso e devoção.

Beato Palau, padre carmelita, com
a capa do carmelo e o escapulário
- S. Elias tinha a Capa, a qual pôs sobre S. Eliseu, para fazê-lo profeta (I Reis XIX, 19). Tal capa é a Capa Carmelita, elo de indumentária entre o Papa Santo e S. Elias. Alguns podem objetar dizendo que S. João Batista, apesar de ser de linha sacerdotal e poder vestir roupas dignas de sua condição, se vestia com pele de camelo e cinto de couro e, por isso, essa precisa ser a roupa do Papa Santo, ou esta deveria ser uma roupa futura da Ordem Carmelita, algo do gênero, por ser S. João um carmelita da lei antiga. Contudo, o santo se vestia desta maneira para revelar a hipocrisia dos religiosos da época, conforme exegetas. O camelo é um animal hostil, e o cinto era usado para atar aos bois. Assim, sendo de linha sacerdotal e colocando essas roupas, o santo designava as características dos sacerdotes da época: hostis e opressores (Adendo da 3a edição: se o santo batista quis criticar, através de seu traje, os erros sociais de seu tempo, é natural que Papa Santo faça o mesmo. Combaterá, através dos trajes Papais tradicionais, a feiúra progressista e mostrará o esplendor da tradição e dignidade de seu cargo, erros desse tempo, principalmente no clero). Segundo alguns exegetas, S. João Batista usava esta roupa porque Elias a usava (II Reis I), a qual se tornou a roupa comum de todos os profetas (Zc XIII). Nosso Senhor próprio admite que São João Batista era Elias (Mt XI), por causa da missão de antecessor da vinda do Messias, a qual está reservada à Elias no fim (Ml III e Eclo XLVIII). Por outro lado, mesmo que o Papa Santo seja carmelita, não é plausível que use cinto de couro e pele de Camelo, vestes prefigurativas do precursor e pertecentes à Antiga Lei. Nem o Sumo Sacerdote da época (prefigura do Papa) se vestia daquela maneira, nem S. Pedro Papa. Em conclusão, o futuro Pontífice não poderá usar roupa que desvie da memória do esplendor e dignidade de seu ofício e, assim, não imitará a roupa de São João Batista, exceto aquele símbolo tão intimamente ligado ao Carmelo: a capa, usada até pelos membros leigos. Na Nova Aliança, os carmelitas, já cristãos, mantiveram a continuidade com a roupa dos essênios e outros filhos do profeta Elias na história através da veste branca, conforme visto no capítulo I. A ausência da pele de carmelo talvez se dê ao fato de que os sacerdotes não eram mais hostis, mas Santos Apóstolos.

1.2. Outra roupa profética e mariana é a de Nossa Senhora de Fátima. Se essa é a mais profética das aparições, o simbolismo deverá ser profético também.


Imagem da Virgem de Fátima.
Atrás, parte do Leão
Rompante aparece
- A brancura da roupa indica a pureza que Maria Santíssima espera do mundo, tão necessária em uma época de luxúria reinante. Seu véu lembra imagens antigas em que o véu forma também uma capa. Outras imagens de aparições proféticas da Mãe de Deus que usam capa são a da Virgem do Bom Sucesso e a do Carmo. Vale lembrar que a Mãe de Deus apareceu como a Senhora do Carmo aos videntes na sequência dos acontecimentos em Fátima. Isso leva a concluir que esta capa, como símbolo profético e mariano, deverá ser usada pelo Papa Santo. Convém que também apresentem os detalhes dourados ao longo da capa, porque assim completa não só a referência à Capa dessa Aparição, mas ao esplendor Papal, já mencionado.

- A terceira parte do Segredo dado aos videntes em Fátima fala de "um bispo vestido de branco. Tivemos a impressão que era o Santo Padre". Sustentamos, no capítulo V, que era o Papa Santo. Então, é óbvio que a roupa Papal continuará a ser branca em geral. O "pressentimento" se entende melhor como uma dúvida oriunda da mudança da veste, e não uma certeza, pois esta hipótese não rompe com a costume Papal da época dos pastorinhos.

Capa da TFP por cima
do paletó

1.3. A terceira veste com tal simbolismo é a capa e também é o hábito elaborados por Plinio Corrêa de Oliveira para uso dos membros da TFP, vocação que ele iniciou.

- (Adendo da 3a edilção: A eficácia da missão profética de Dr. Plinio e da sua TFP até 1995 está amplamente exposta na parte 2 deste volume). Não só por conter elementos proféticos em si, mas por ser a indumentária de um Grupo de terceiros Carmelitas, porque o fundador e inspirador via a relação com o filão Eliático algo importante na missão do Grupo, embora para ele, "a posse do escapulário ou o seu uso, e o simples ato de profissão na Ordem Terceira do Carmo, não constituem toda a essência de nossa vinculação a Nossa Senhora, e nada seriam se não fosse nossa consagração especial e interior à Virgem do Carmo. Este, sim, é o elemento básico de nossa condição de terceiros carmelitas" [1]. Outro motivo é a esperança na qual se insere a capa: a vinda do Reino de Maria, do qual o Papa Santo é prefigura de um cidadão exemplar, principalmente como Pontífice. Também nesse Grupo as profecias privadas foram bem analisadas e divulgadas. Tais fatos não bastariam se não fosse esse Grupo adepto da Doutrina Tradicional da Igreja, alheios à pastoral progressista reinante desde mais ou menos o Concílio Vaticano II. O uso de tais vestes pelo Papa Santo será a confirmação da missão dessa vocação e adicionará beleza à missão desse Pontificado.


- Ademais, a capa se baseou numa escultura presente na parte exterior da Catedral de Notre Dame em Paris (A Virgem Maria defende o monge Teófilo contra o demônio), ou seja, é uma veste pertencente à Nossa Senhora. E outro motivo concorre para uso dessa veste pelo Papa: é a substituição da murça, que é vermelha como a capa. A mudança então não será muito chocante para a opinião pública e em relação às vestes antigas. Impactante será o fato de ter um estilo medieval idêntico à capa da TFP.

- A capa ostenta o Leão rompante (Nosso Senhor Jesus Cristo é o Leão de Judá) no peito direito. Posto de pé com as patas dianteiras levantadas, indica a atitude de estar pronto para defender a Igreja e a Civilização Cristã em qualquer circunstância. Esse leão é marcado por uma pequena cruz, que é uma letra grega chamada 'thau'. Essa cruz, ou 'thau', lembra uma profecia de Ezequiel (analisada no capítulo IV), em que um Anjo marcou com um 'thau' a testa de todos aqueles que não se conformavam com a corrupção de costumes da época. Esses inconformes depois foram salvos de um castigo de Deus mandou aos homens. Tal simbolismo agrega à beleza de uma missão profética.

- Quanto ao hábito, este era idêntico ao Escapulário carmelita como aparece na figura do Pe. Palau. A introdução da Cruz de Santiago no meio marca a diferença. Ora, essa cruz tem exatamente as cores principais usadas pelo Papa: o vermelho e o branco. Vermelho do sangue de Cristo, branco da pureza de Maria. Tal cruz lembra verdades esquecidas, como a Cruzada Católica e as palavras do Salvador: "não vim para trazer a paz, mas a espada", algo bem contrário às doutrinas ecumênicas que o Papa Santo combaterá. Além de enriquecer a indumentária Papal em símbolos, a Cruz de Santiago atraem
as gerações atuais ao simbolismo daquele tipo de cruz, assim como pode levar gerações futuras a rememorar a combatividade.

Dr. Plinio de capa e hábito
com escapulário
2. Em conclusão, a hipótese chega a isso: a roupa do Papa Santo será o hábito carmelita. A capa branca terá detalhes dourados na ponta. O escapulário marrom terá a cruz de Santiago no meio com duas cores. Por cima, a capa vermelha da TFP, que foi inspirada em imagem medieval da Mãe de Deus, com o Leão Rompante e a cruz do thau no peito direito.

Vale lembrar que essas vestes não serão iguais às dos antigos "eremitas da TFP" por causa do hábito carmelita (igual ao Beato Palau) e do modo como é usada. A capa estará sobre todo o hábito de padre carmelita, e não no ombro.

Já as vestes litúrgicas Papais voltarão ao esplendor anterior com todos os aparatos tradicionais. Isso deixará clara a intenção de retorno litúrgico, enquanto a roupa comum, que representará as rotinas da Santa Igreja, mudará porque a atitude mudou, e mudou não só no sentido de restabelecer a tradição, mas de estabelecer uma herança profética. A liturgia é mais um resgate.

Última hipótese paralela: tais vestes habituais do Papa se manterão as mesmas durante toda a sexta Era, a do Reino de Maria. Se essa Era é simbólica-profético, é simbólico que a roupa da Virgem de Fátima adorne o Papa durante todo este tempo, já que o Reino é dEla.


Próximo deste capítulo: Hipótese sobre o Brasão Pontifical do Papa Santo através da explicação dos elementos presentes


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[1] O Escapulário, a Profissão e a Consagração Interior, 15 de novembro de 1958, publicado no"Mensageiro do Carmelo", Ano XLVII – Edição especial – 1959