Hipótese Teológica da divisão das Eras da Igreja. Apreciação das divisões de S. Agostinho, S. Boaventura e outros

Santo Agostinho, rogai por nós!

S. Agostinho, rogai por nós!

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Anterior (cap. II): A Teologia da História prova que virá uma Grande Graça para a humanidade no começo e no fim do Castigo, por Plinio Corrêa de Oliveira

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados" (volume I, parte 1, 3a edição, Cap. III).

Hipótese Teológica da divisão das Eras da Igreja. Apreciação das divisões de S. Agostinho, S. Boaventura e outros

Resumo da hipótese da divisão das Eras e a analogia com as Eras do Antigo Testamento


Observação: Conforme mostramos no capítulo anterior, e expomos nas diversas profecias no capítulo V, são vindouros o Castigo Mundial e o Reino de Maria, o ápice da Civilização Cristã.

1. Pentecostes - Destruição de Jerusalém

Adão - Dilúvio

2. Destruição de Jerusalém - Concílio de Nicéia

Dilúvio - Moisés
  
3. Concílio de Nicéia - Idade Média

Moisés - Florescimento com os Reis
  
4. Idade média - Revolução ou decadência que culmina no Castigo Mundial

Florescimento com os Reis - Decadência com Salomão 

5. Revolução ou decadência que culmina no Castigo Mundial - Reino de Maria

Decadência com Salomão - Cristo

6. Reino de Maria - Anticristo

Cristo - Cristo no calvário 

7. Anticristo - Fim do mundo

Cristo no calvário - Fim do mundo


Divisão segundo a simbologia da Criação no Gênesis

A criação é ordenada em sete fases, logo, a história do mundo também, por possuir mesma perfeição ordenativa. 

O homem, na ordem da criação, é feito na sexta fase. Logo, a história do mundo, que necessita do homem, está inclusa na sexta fase, isto é, sete fases dentro da sexta.

Na ordem da criação é feito o homem imortal no sexto dia. Na ordem da história do mundo o homem imortal, em sentido pleno, Se incarna na sexta Era.

Ora, se na ordem da criação o homem é feito na sexta fase, na ordem da história do mundo, que possui a mesma perfeição ordenativa, o homem, em sentido pleno, haveria de aparecer também na sexta fase. O que se deu com o nascimento do Salvador.

O homem, em sentido pleno, continua na terra: na Eucaristia e misticamente, pois a Santa Igreja é o corpo místico de Cristo.

Adendo da 3a edição: deparamo-nos nestes tempos com S. Irineu em um paralelo similar ao defendido aqui: "Quantos foram os dias empregados a criar este mundo, tantos serão os milênios da sua duração total. Eis por que o livro do Gênesis diz: "Assim foram concluídos os céus e a terra e toda a sua ornamentação. Deus concluiu no sexto dia toda a obra que fizera e no sétimo dia descansou de todas as obras que fizera" (Gn II, 2-1). Esta é descrição do passado, tal como aconteceu, e ao mesmo tempo uma profecia para o futuro; com efeito, "se um dia do Senhor é como mil anos" (II S. Pedro III, 8), se a criação foi acabada em seis dias, está claro que a consumação das coisas acontecerá no sexto milênio" [1]. O cômputo de S. Irineu para o fim do mundo provavelmente influenciou a Cristandade de tal sorte que muitos alegavam que o mundo findaria no século XIX, e outros, como o Venerável Holzhauser, que talvez se apoiara também em revelações privadas, no começo do século XX com a vinda do Anticristo. Afinal, o ano da vinda de Cristo era de 5199 desde o começo do mundo, segundo a Tradição (confirmada pelo canto da Kalenda Natalina, integralmente presente só no rito tradicional latino), fazendo o ano de 1801 depois de Cristo marcar o sétimo milênio após o início do mundo.

A história do homem é centrada teologicamente na vinda do Reino do Messias à terra que culminou na fundação da Igreja, que luta para dar a maior glória a Deus aqui, preparando os homens ao Céu, a verdadeira morada. Não podemos dizer que Deus faz as coisas arbitrariamente, pois Ele faz pelo princípio de beleza, isto é, faz as coisas com a maior beleza, verdade e bondade possível, ato próprio da essência de Deus. Baseado nisso, se Deus criou o mundo com Cristo no centro, colocando todos os pré-requisitos para a vinda Dele na ordem de sete, Ele também o faria para a história do homem, enquanto estava no paraíso, mas o homem caiu. Então, o simbolismo se manteve para a história do homem até o cumprimento da missão do Messias. E também, obviamente, para a segunda vinda Dele. Portanto, existem sete Eras até a morte de Cristo, e depois mais sete, até Ele de novo.


Outro motivo concorre segundo o princípio de beleza máxima nas disposições divinas: há mais beleza quando Deus quer apontar, pelos dias da criação, as Eras até a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, do que se não quisesse. E isso vale igualmente para a segunda vinda.

- Apreciação das divisões e conceitos apresentados por S. Agostinho, S. Boaventura e outros autores antigos


S. Agostinho

Santo Agostinho [2] traça um paralelo entre as Eras do mundo e o corpo, indo da puerícia até a velhice. Tira inspiração para sua divisão do primeiro capítulo de S. Mateus, que trata da questão das gerações até o Messias e o sentido disso. São Boaventura [3] parece apoiar tal divisão Agostiniana.


Nossa concepção é baseada na de S. Agostinho em relação ao corpo, e sua exegese que compara a criação do mundo no Gênesis e as Eras [4]. Porém, não é Agostiniana quanto às gerações, já que a vinda do Messias estava prometida para a linhagem de Davi, o que fez São Mateus assim dispor a genealogia do Salvador mencionada pelo santo doutor. A ordem que este Evangelista expõe gira em torno da promessa Messiânica ao povo Judeu, ou seja, não se trata de Era, que deve versar sobre a relação entre a esfera temporal e a espiritual. Razões para tanto: a missão de Abraão muda os protagonistas da história da Salvação dali para frente, mas não ainda a história, a esfera temporal, de modo suficiente. Já a missão de Moisés muda os protagonistas e muda a história presente, com o fim do exílio egípcio. A diferença, no caso de Moisés, é a mudança na estrutura externa da sociedade, que sempre vem acompanhada com a mudança interna, a qual não requer mudança externa para acontecer.

Também não concordamos totalmente nas colocações das Eras do mundo até a vinda de Cristo, segundo S. Agostinho [5], pelos motivos seguintes: a história do homem no mundo tem que começar com o pecado original, e não com a raça humana, visto que a história do mundo seria bem diferente se não houvesse pecado. Antes não seria a história da encarnação do Verbo para a Salvação, mas da Encarnação do Verbo somente (tese de alguns teólogos na qual não nos alongaremos), pois os homens sem pecado já estariam em condições para o céu. Portanto, a queda de Adão é o começo da primeira Era antiga.

A segunda começa com Noé: aqui replicamos S. Agostinho, contudo, não termina com Abraão, e sim com Moisés, quando começa o povo judeu a ter o domínio temporal, além do espiritual, chegando à terra prometida, assim como na terceira Era Cristã se inicia a conversão dos povos: Constantino, os Francos, etc. O Concílio de Nicéia e os padres da Igreja fundam os primeiros pilares doutrinais e a interpretação correta da Escritura.

De fato, Abraão é pai de muitas nações e nele começa a promessa, já a lei começa com Moisés. Analogamente ocorre depois da destruição de Jerusalém: começa não a promessa do fim do judaísmo, mas o cumprimento desta. E também as pragas do Egito simbolizam os sete grandes castigos das Eras seguintes até a última Era Cristã, como mostraremos a seguir. Já o
terceiro dia, quando a terra apareceu e produziu erva vivente, se harmoniza mais com a época de Moisés, e não com a de Abraão, pois a terra prometida deu fruto, isto é, Cristo, simbolizado pelo terceiro dia, a glorificação da Trindade e da Ressurreição.

A quarta antiga acreditamos que começa no tempo dos Reis, tendo o auge em Davi. Não cremos, como S. Agostinho, que termine no cativeiro, mas com a decadência no tempo de Salomão que trouxe revoltas já dentro do povo de Deus, pois o filho do rei já encontrava o Reino de Israel dividido, sendo rei somente do Sul. Ali começa a quinta Era, ali a decadência vai aumentando até o exílio do povo judaico. O povo sofre, as dez tribos se perdem, e o retorno do exílio é uma restauração, porém, não completa, visto a perda das outras tribos, e a ainda desejada vinda do Messias. S. Agostinho diz que as Eras são divididas em manhã e tarde, como na obra dos seis dias do Gênesis, onde são prefiguradas. Para a quarta admite, como nós, a tarde ser a decadência dos reis [6].

A sexta seria a vinda do esperado Salvador: é o esplendor das Eras antigas, embora a esfera temporal não O tenha recebido, apesar de boa parte do povo ter acreditado em Nosso Senhor, bem como boa parte já acreditava no batismo de S. João. O análogo desta recepção se dará, na esfera temporal, no Reino de Maria, a sexta idade Cristã. Apesar das discordâncias, todas as interpretações simbólicas de S. Agostinho do Gênesis em relação às Eras, que estão conformes nossas interpretações, acolhemos com entusiasmo.

Dentro do sistema Agostiniano adicionamos à sétima Era outras sete Eras. O que totalizam treze, se contarmos a sétima como não uma Era propriamente, mas um conjunto de Eras. Essa interpretação é parecida com a de S. Boaventura [7], que diz que a sexta idade corre com a sétima. S. Agostinho indica pensamento análogo quando diz que a tarde da sexta Era é a sétima [8].

Outros autores antigos

O sistema de sete Eras do novo testamento não é novidade, sendo já uma interpretação de Anselmo de Havelberg (1100-1158), pupilo de S. Norberto (fundador dos Premonstratenses), do Ven. Pe. Holzhauser (1613-1658) e de Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995), que não conhecia os outros quando expôs sua exegese do Apocalipse, tendo depois conhecido e admirado o trabalho do Ven. Pe. Holzhauser. Também sustentamos que o livro "Pastor de Hermas", com visões de S. Hermas de Filipópolis, elabora simbolicamente a mesma idéia sobre as seis idades, sendo a sexta a plenitude da Igreja.

Anselmo de Havelberg não foi o primeiro a fazer uma Teologia da História segundo a noção Agostiniana do tempo secular como espelho da providência, porque ele compartilhava "com outros pensadores do século XII, notavelmente seu próprio professor Rupert de Deutz (1075-1129), o cisterciano Otto de Freising (1114-1158), o visionário calabriense Joaquim de Fiore (1132-1202), e o grande Hugo de São Vítor (1096-1141), um vívido interesse em empregar a história da Igreja de acordo com estágios exegeticamente estruturados de desenvolvimento temporal" [9].

A divisão das sete idades depois de Cristo, com os quatro cavalos e os três selos, não é original de Anselmo [10], nem nos é interessante avaliá-la aqui, pois concordamos com a interpretação de que são idades da Igreja, mas não o que cada uma significa, visto que Anselmo se aprofunda pouco na questão, sem fazer relação com as Eras antigas ou dar motivos fortes para sua divisão.

S. Boaventura

Já São Boaventura se dá um trabalho maior para justificar suas opiniões. Ele segue S. Agostinho na análise da Era antiga e do dia da criação de número igual ao da Era nova e estabelece um paralelo. Diz, com razão, que nos tempos do Anticristo será preciso uma graça como nunca antes vista a
os que sobrarem. O Santo separa o tempo dos profetas antigos em duas idades: antes e depois do exílio. Entretanto, a reconstrução do templo, depois do exílio, foi uma restauração parcial, pois todas as tribos nunca retornaram para Israel, como mostramos mais adiante neste capítulo. Na quinta Era antiga figura também o "exílio" romano, quando nasce o Salvador. Assim, a divisão Bonaventuriana não se sustenta. 

"No sétimo tempo nós sabemos que estas três coisas tiveram lugar: a reconstrução do templo, a restauração da cidade e o dom da paz. Paralelamente, no sétimo tempo vindouro, terá lugar a reparação do culto Divino e a reconstrução da cidade. Então estará cumprida a profecia de Ezequiel, quando a cidade descerá do Céu, não aquela que é do alto (Ez. 40 ss), mas aquela que é de baixo, isto é, a Igreja militante, quando ela será conforme com a Igreja triunfante, tanto quanto é possível nesta vida. Então, isso será a edificação da cidade e a restauração [de todas as coisas], como no princípio. Então, será a paz. Mas quanto tempo durará esta paz, Deus sabe" [11]. Disso, discordamos da identificação do tempo antigo e do número da Idade Cristã, que deveria ser a sexta. Apesar disso, não deixa de ser uma idéia clara e lindíssima do Reino de Maria conforme temos defendido. 
  
A sétima idade Cristã global abrange desde o Calvário de Nosso Senhor até o fim do mundo, porque Ele, sua vinda e evangelização, simbolizam todas as Eras, dado que Ele é a perfeição da Igreja, é a plenitude dos Santos, etc. Mas a sexta Era antiga acaba no calvário porque a sexta Era Cristã acabará com o Anticristo, porque o calvário é o tempo em que Cristo Senhor Nosso mais está marginalizado, e logo depois dali reinará espiritualmente com a ressurreição (prefigura da geral).

A sexta Era Cristã tem o significado de que, apesar da vinda da restauração (na sexta Era antiga era a vinda de Cristo), ainda haverá um Grande Castigo (novamente, com Cristo foram os sinais, terremotos, a destruição parcial do templo, etc). À objeção de que a ressurreição geral deveria se enquadrar nesta sexta Era, fazendo com que a sexta Era antiga acabe na ressurreição Dele para compor o paralelo entre Eras, respondemos que Sua ressurreição simboliza também a ressurreição geral, a qual virá só na oitava (Era sem fim). Por isso, é mais conveniente que ela esteja só na sétima antiga Era, a qual engloba todas as Eras Cristãs, como veremos.


Outra razão para a divisão é Pentecostes, o começo da primeira Era Cristã porque foi o começo da Era apostólica. O evento representa o intervalo de tempo depois de completos 49 dias, isto é, 7 vezes 7 dias, ou 7 ao quadrado, indicando esta virada da Era antiga para a Cristã neste intervalo, ou seja, esta espera do Paráclito foi o único tempo em que a sétima Era não continha uma Era Cristã. Portanto, concorda com simbologia numérica.

- Resumo de onde são encontradas a divisão das Eras

1. Onde a divisão das Eras podem ser encontradas:
1.1. Gênesis conforme a simbologia da Criação
1.2. Livros Legais e Históricos segundo a simbologia da história e da ação dos profetas (no caso, identificamos em S. Elias e em Moisés)
1.3. Livros proféticos segundo a interpretação das profecias
1.4. Livros Sapienciais conforme a correta análise da ordem de toda a exposição sapiencial 1.5. Na paixão de Nosso Senhor, ápice do centro da história
1.6. Livros Legais e Históricos segundo a simbologia da história e das ações dos apóstolos e de Nosso Senhor
1.7. No Apocalipse segundo a interpretação das profecias
1.8. Livros Sapienciais ou Cartas conforme a correta análise da ordem de toda a exposição sapiencial

Pelo mesmo princípio de beleza, adicionamos outras exegeses que cremos não precisar de maior explicação além do que já mostramos em outros capítulos deste volume, ou que não iremos nos adentrar, por já termos deixado este volume por demais extenso.

Divisão das Eras e uma de suas analogias com as Eras do Antigo Testamento

Observação: Conforme mostramos no capítulo anterior, e expomos nas diversas profecias no capítulo V, são vindouros o Castigo Mundial e o Reino de Maria, o ápice da Civilização Cristã.

1. Pentecostes - Destruição de Jerusalém


Adão - Dilúvio

2. Destruição de Jerusalém - Concílio de Nicéia

Dilúvio - Moisés
  
3. Concílio de Nicéia - Idade Média

Moisés - Florescimento com os Reis
  
4. Idade média - Revolução ou decadência que culmina no Castigo Mundial

Florescimento com os Reis - Decadência com Salomão 

5. Revolução ou decadência que culmina no Castigo Mundial - Reino de Maria

Decadência com Salomão - Cristo

6. Reino de Maria - Anticristo

Cristo - Cristo no calvário 

7. Anticristo - Fim do mundo

Cristo no calvário - Fim do mundo

Eras definidas por tragédia ou graça enorme

É importante ressaltar que a sétima Era antiga, como já dito, não é uma Era propriamente, e sim um conjunto de Eras, o que leva ao total de 13 Eras particulares.

1. Adão - Dilúvio 

2. Dilúvio - Moisés

3. Moisés - Florescimento com os Reis
  
4. Florescimento com os Reis - Decadência com Salomão

5. Decadência com Salomão - Cristo 

6. Cristo - Cristo no calvário

7. Cristo morto - Fim do mundo
  
(7) 7.1. Pentecostes - Destruição de Jerusalém

(8) 7.2. Destruição de Jerusalém - Concílio de Nicéia 

(9) 7.3. Concílio de Nicéia - Idade Média

(10) 7.4. Idade média - Revolução ou decadência que culmina no Castigo Mundial

(11) 7.5. Revolução ou decadência que culmina no Castigo Mundial - Restauração

(12) 7.6. Restauração - Anticristo 

(13) 7.7. Anticristo - Fim do mundo

8. Fim do mundo - Juízo Final

A vinda da restauração na Era Cristã tem semelhança com a vinda de Cristo na antiga sexta Era, pois sua vinda por si só não acabará com a iniquidade, como Cristo não acabou com a iniquidade, antes sofreu pelos pecados do mundo. Por isso, acreditamos que quaisquer restauradores sofrerão igualmente.

É preciso, para a restauração completa, terminar definitivamente o Castigo que antes já vinha ocorrendo em escala menor (crise moral, espiritual, etc), o que ocorre com os dias de trevas que em seguida mostraremos como se dará pela análise das pragas do Egito, com Moisés. Apesar da restauração, o calvário da Igreja ainda existirá como prefigura do calvário de Cristo. Em sentido pleno, essa prefigura só estará completa no tempo do
Anticristo, quando acaba o mundo.

- Eras segundo a simbologia das 10 pragas de Moisés

Como dissemos acima em 1.2., as Eras são definidas nos "Livros Legais e Históricos segundo a simbologia da história e das ações dos profetas". Isso inclui as pragas do Egito (Capítulos 7 ao 15 do livro do Êxodo), à qual já damos uma interpretação para a última acima. O mesmo pode ser feito para as outras pragas.

A penitência do mundo é simbolizada pela dureza do coração do Faraó (representante do mundo), que depois de certas pragas pede perdão a Moisés, entretanto, quase sempre volta atrás.


Praga - Era desde Moisés - Maior Castigo - Penitência do mundo ou não

1o - Águas em sangue - 3 - Moisés na travessia do mar vermelho - Não
2o - Rãs - 4 - Decadência de Salomão - Sim
3o - Piolhos - 5 - Exílio dos judeus - Não
4o - Moscas - 6.1 - Rompimento do véu do templo - Sim
5o - Doenças nos animais - 6.2 - Destruição de Jerusalém - Não
6o - Sarna que rebentava em úlceras - 6.3 - Queda de Roma - Não
7o - Granizo - 6.4 - Invasões bárbaras e islâmicas na Idade média - Sim
8o - Gafanhotos - 6.5 - Decadência - Sim
9o - Trevas - 6.6 - Castigo dos dias de trevas - Não
10o - Morte dos primogênitos - 6.7 - Anticristo - Não

A penitência, no caso, representa não só a penitência dos homens na história, mas também um recuo do mundo diante do Castigo Divino. Não obstante, mesmo a penitência do mundo gera a necessidade de pagar o mal nesta vida. Isto porque, segundo S. Agostinho, as nações são terrenas e precisam ser punidas neste mundo: não há purgatório para elas.

É fácil dizer o porquê de após a última praga não haver penitência: o faraó acabou submergido pelas águas, assim como o
Anticristo será derrotado no fim do mundo. Já na "decadência com Salomão" houve penitência se lembrarmos que acabaram suas iniquidades, todavia Israel foi castigada até o Exílio, o que levou à destruição do primeiro Templo, por isso, afirmamos que o mundo não se reconstituiu dessa "praga", isto é, pagou nesta "vida". De fato, houve penitência, o que trouxe a reconstrução do templo e fim do exílio, porém, não como antes, visto que a decadência moral ainda existia, daí os profetas bíblicos insistirem tanto nisso, principalmente em relação aos sacerdotes (por exemplo, Malaquias, profeta do pós-exilio). Assim, o povo judeu acabou em mãos romanas nos tempos do Salvador, sob um Rei estrangeiro e um sacerdote sem linhagem sacerdotal (como conta o historiador antigo Euclides de Cesaréia).

Com o "
rompimento do véu do templo" houve penitência? Sim, principalmente com os Apóstolos. Ademais, o templo ainda não havia sido destruído, e os judeus dispersos, deste modo, a religião judaica não tinha acabado por completo (os Apóstolos ainda frequentavam o templo). Isso acontece depois, daí o "não" estar ligado à destruição de Jerusalém.

Roma também tem o seu "não" depois de destruída, pois nunca volta. Segue firme só o Império Romano espiritual: a Igreja. As
cruzadas e a evangelização freiam as invasões bárbaras e islâmicas, o que se deu na Europa medieval Cristã de Carlos Magno, São Domingos e outros. Por fim, podemos dizer que há penitência em 6.5, tempo da decadência, pois esta acabará, ainda assim, para quem sofre com o castigo posterior, dos dias de trevas, não haverá penitência, pois ali será o fim do castigo.

- As Eras como corpo humano

A análise das Eras como corpo é original de Santo Agostinho. Aqui a estendemos às Eras da Era Cristã. A sexta Era antiga acaba no calvário, já a sexta Cristã acaba no tempo do Anticristo (ou seu nascimento, segundo alguns). Cremos ser mais plausível que esta acabe só com a destruição do espírito da Igreja que impregnará toda a sociedade até o Anticristo, que tentará demolir a Igreja também: então, será o fim dos tempos. Isso tudo tem analogia simbólica com a Paixão de Nosso Senhor.

Era do corpo - sua característica - Era Cristã - analogia com a Era antiga

1 - Infância - apagada pelo esquecimento - O símbolo do judaísmo é apagado, simbolizando que aquela época já passou, pois o Messias veio - As águas do dilúvio apagaram os vestígios daquele tempo.
2 - Puerícia - distinção das línguas, separação dos conceitos - A destruição de Jerusalém deixou mais evidente a distinção entre judeus e cristãos - A torre de Babel.
3 - Adolescência - o poder gerador começa a se manifestar - O Concílio de Nicéia e Padres da Igreja começam a construir uma Civilização Cristã - Moisés leva o povo para a terra prometida, ou a civilização prometida.
4 - Juventude - florescimento - Glória da Idade Média - Glória dos reis de Israel.
5 - Senectude - forças diminuem - Decadência e Revoluções - Decadência dos reis culminando com a dispersão das dez tribos e o exílio. No entanto, como na Era cristã, há resistências e parte de Israel volta do exílio.
6 - Velhice - grande luz de sabedoria que se encerra com a morte - Grande sabedoria no Reino de Maria, ápice de toda Civilização anterior, pois é a que mais dá glória a Deus. Termina com o Anticristo - A Sabedoria eterna Se encarna, ápice de toda história humana, pois é o Filho de Deus que vem para dar glória a Deus. Termina Seu ministério com Sua paixão e morte


Próximo deste capítulo: Hipótese teológica da vinda no fim do mundo de S. João Evangelista ressurrecto, pela Escritura e os Doutores da Igrejas 


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[1]
Irineu de Lyon, Adversus haereses, Livro V, 28º capítulo, 3. A tradução é a da coleção Patrística, p. 595. Também consta na internet em inglês: Translated by Alexander Roberts and William Rambaut. From Ante-Nicene Fathers, Vol. 1. Edited by Alexander Roberts, James Donaldson, and A. Cleveland Coxe. (Buffalo, NY: Christian Literature Publishing Co., 1885.) Revised and edited for New Advent by Kevin Knight. <http://www.newadvent.org/fathers/0103528.htm>.
[2] 
Gênesis contra Maniqueus, I, 23, 24
[3] São Boaventura, Brevilóquio, Prólogo, 2
[4] Idem 
[5] A divisão de S. Agostinho está no livro Instrução dos catecúmenos, cap.22
[6] Gênesis contra Maniqueus, I, 23, n.38
[7] Les Six Jours de la Création ou Les Illuminations de L'Eglise, Saint Bonaventure, 1273, Seizième Conferénce, 2. Link: https://web.archive.org/web/20100704032626/http://overkott.dyndns.org/bonaventura/bonaventure_les_six_jours_de_la_creation.html
[8] Idem, 23, no.41
[9] Anticimenon, Anselm of Havelberg, Cistercians publications, pg.24
[10] Anselm of Havelberg: Deeds into Words in the Twelfth Century. Jay T. Lees, pgs.177-191
[11] "Les Six Jours...", Seizième Conferénce, 30