Dr. Plinio prevê: a continuidade do profetismo na Igreja nestes tempos passará pela análise das profecias e meditação profética, e dá o método

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte 2, 3a edição)".

Um dos volumes de nossa série visa analisar profundamente as profecias particulares, as profecias públicas da Sagrada Escritura, toda Teologia da História já feita visando eventos futuros, e as opiniões dos Padres e Doutores da Igreja sobre esses temas. 

Pouco antes de seu falecimento, Plinio Corrêa de Oliveira já tinha a noção da urgência de um trabalho assim, e previa que era este seria preciso para não cair na confusão generalizada da Bagarre ou Castigo Mundial (na sua fase de confusão). Ora, é exatamente o que pensamos, e um dos motivos pelo qual fazemos isto (Adendo da 3a edição: com a graça da Virgem Santíssima, esperamos ter dado um passo inicial no caminho certo visando atingir esse intuito). 

Assim, o eminente católico prevê que o profetismo dentro da TFP, associação que fundou, só poderá continuar mediante meditação nesses temas que, desde a fundação dos chamados Êremos (casas de estudo da TFP), desejou que os membros perseverassem.

Subtítulos nossos em negrito.

Cada vez mais as notícias nos dizem menos, a confusão vai imperando, e será insuficiente a mera análise destas

"A Bagarre de um jeito ou de outro vem chegando, cada vez mais nós entramos na confusão, e cada vez menos os recortes [N.E: de notícias dos jornais] significando algo. E cada vez mais dentro do caos não sabemos para onde andar. As previsões sempre tiveram como base os recortes. Mas, de um lado, os jornais estão ficando cada vez mais secos, unilaterais e pouco significativos.

De outro lado, os acontecimentos que eles noticiam, cada vez menos se prestam a previsões, por causa do caos que é do interesse das Forças Secretas que reine em todas as coisas. Caiu-se neste estado tão claramente previsto antes, em que as notícias dos jornais seriam insuficientes para se julgar o que está se passando".

O melhor jeito para se guiar é estudar as previsões dignas de atenção minuciosamente. Este será o porto do contra-caos nesta parte confusa da Bagarre

"
Então, o melhor jeito é estudar e analisar o que previram a respeito de nosso século as melhores fontes, quer dizer, processos de canonização, livros escritos por santos, etc. E vermos o que tem de unum em todas essas visões, e o que tem de discordantes.

É um embasamento que no caos da Bagarre [N.E: nome usado para o castigo mundial explicado no capítulo II] nos parece o porto do contra-caos, e, até certo ponto, pode ser que as previsões tratem de algumas coisas e não de outras. Mas tem alguma coisa que é um vade mecum, que me parece de uma importância muito grande".

O método que Dr. Plinio recomenda é o método que usamos, conforme explicado na parte 1 deste volume

"
Essas revelações privadas têm o que há de falível em que há em toda obra humana. Mas não se pode sustentar que nelas, consideradas no seu conjunto, nada há em que o fiel não possa encontrar uma previsão provável, se não indiscutível do fatos que vão acontecer. Não é, portanto, uma afirmação concernente a esta ou aquela previsão, mas é concernente ao bloco, ao conjunto.

Deus não teria dado tantas revelações a santos, beatos ou pessoas cuja heroicidade e virtudes a Igreja estudou e proclamou, que acabassem não sendo no seu conjunto fiáveis. Isso é uma coisa que me parece de primeira evidência. Portanto, é razoável que os fiéis procurem com prudência e com discernimentos necessários, atendendo o que diz a Igreja sobre as cautelas com que é preciso considerar essas previsões. E assumi-las na medida em que nos pareçam razoáveis, e com isso fazer um tesouro que poderá nos servir para muita coisa complicada e difícil que possamos ter diante de nós
.

Servem-nos então para duas finalidades: uma, ter luzes sobre o futuro que calcem a nossa ação; e em segundo lugar, facilitar a união entre nós. (...) Se a coisa está muito complicada, eu sugiro para vocês o seguinte. Se vocês querem que as graças de Nossa Senhora desçam sobre o assunto, vocês ponham tudo em função de Revolução e Contra-Revolução. Vocês vejam o que é que está de acordo com a Contra-Revolução, o que é que está de acordo com a Revolução, o que é que está em contra de um e em contra de outro. Ali vocês vão ter as luzes necessárias para entender" [1].


Desfazendo objeções com reuniões passadas de Dr. Plinio

Isto pode parecer contrário ao que o próprio autor disse em 1967, comentando dois perigos de mentalidade sobre a vinda do Castigo:

"
Um perigo é uma espécie de ansiedade nervosa diante da vinda da Bagarre. Mania de que venha logo; não querer tomar a sério as coisas a não ser na medida em que se refiram à Bagarre etc., etc., e uma recusa de perfeição na existência de todos os dias. A outra é o perigo oposto. “Ah, a Bagarre, afinal de contas, não vem porque não tem dia certo. A gente não sabe quando. Então, eu vou abstrair dela”. 

A Bagarre tem data certa. A questão é que essa data não é conhecida por nós, o que é uma coisa diferente. Mas ela tem uma data certa cuja previsibilidade está, de algum modo, em nosso alcance; e não está nas revelações particulares. Eu nunca encontrei numa revelação particular elemento para a gente fixar a data da Bagarre.

O único elemento que haveria é aquela famosa bandeirola da Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, em Turim, da qual Dom Bosco mandou cancelar a data que ele tinha mandado pôr, da Bagarre. Em que apenas se sabe que seria em nosso século, porque a pessoa que trabalhava na bandeirola sabia que os dois primeiros algarismos eram 1 e 9. Não se sabe outra coisa.


De maneira que nas profecias, a meu ver é inútil procurar fundamento para a coisa" [2].

Como conciliar o "é inútil procurar fundamento para [a data certa], com "a
Bagarre tem data certa"?

Embora Dr. Plinio tenha dito que nunca encontrou uma data para o evento em uma revelação particular, não quer dizer que não há uma data certa. Por isso, admite no começo haver "uma data certa".

Assim, comenta uma profecia de S. João Bosco sobre uma data em que Nossa Senhora seria vitoriosa no século XX como uma possível vinda do evento histórico do Castigo.

Ora, nenhuma data do século XX pode ser a "data certa" da Bagarre mencionada no texto e aplicada hipoteticamente à data da profecia do santo, dado que aquele século passou e não veio a Bagarre no seu sentido mais latente, pois Dr. Plinio, como nós, acreditava que já havia um Castigo ou Bagarre pairando sobre a humanidade: o castigo da confusão das mentes.

O estágio mais latente, quando o mais simples dos homens veria claramente que o mundo entrou no começo de uma catástrofe ainda não chegou. Não obstante, o importante não é encontrar uma data nas profecias, e sim encontrar os sinais que as profecias indicam, o que tenta identificar Dr. Plinio nesta reunião usando a análise da revolução, algo também presente no nosso método da parte 1 deste volume.


O auge da contemplação é a meditação profética

A seguinte reflexão de Dr. Plinio, transcrita do modo falado o mais fiel possível, ocorreu em uma reunião do MNF (sigla de "Manifesto"), série de reuniões sobre as teses do livro "Revolução e Contra-Revolução". As palavras em colchetes são nossas. Salientamos que os Êremos de Elias e Jasna Gora são nomes de antigas casas de estudo e contemplação para membros da TFP.

"São temas de meditação do homem, primeiro, a revelação, o que está dito a respeito de Deus. E depois o que se sabe do homem. São temas do que se sabe do homem: [primeiro] o passado do homem e sua história espiritual com vistas ao futuro. E depois [o segundo] o passado do homem e sua história temporal, com vistas à história espiritual. Depois [terceiro] conhecer o futuro, também isto é positivo.


Desses temas qual é o mais alto? Evidentemente o primeiro [N.E: passado do homem e sua história espiritual com vistas ao futuro], o mais alto que abarca todos. E o que abarca todos é a meditação profética que liga todas as coisas com um olhar só e diz o seguinte: posto que eu sei de Deus e dos homens, o que sei da ordem temporal e da ordem espiritual, o que sei dos desígnios de Deus em face do que está acontecendo e do que vai acontecer. Este é a meu ver o auge da contemplação.

Não é a meditação do puro fato histórico, mas é a consideração de Deus aparecendo a mim enquanto autor daquele fato histórico, brilhando no acontecimento e o futuro que ele está preparando".

Esta meditação profética é da escola espiritual da TFP, mas não foi feita nos Êremos até o tempo desta reunião

"Esta [N.E: meditação do passado do homem e sua história espiritual com vistas ao futuro] é uma espécie de meditação profética, que tenho a impressão que é da escola espiritual da TFP e que propriamente, me permitam uma confidência, mas estamos chegando à plenitude dos tempos e é preciso ir soltando as confidências, propriamente tenho a impressão que os Êremos deveriam ter caminhado para lá. Para mim isto é evidente.

Não fizeram porque não quiseram. Quando eu falava, por exemplo no Êremo de Elias, certo mistério no Êremo de Elias, etc, eu tinha em vista sobretudo – não me leve mal a confidência – encaminhar o espírito para este suco de meditação que não recebeu apetência. Isto estou longe de comentar com amargura, com nada disto, isto é uma outra questão.

Porém, cada um deveria em torno da meditação profética, vista como meditação síntese, meditação própria à nossa vocação, mas enquanto meditação síntese, meditação culminante, cada um cabendo ter feito algo de específico. Não foi feito e está acabado, mas o chamado fica, para isto renascer de algum modo em Jasna Gora, de outra maneira, etc".

Esta meditação profética está no começo de toda visão arquitetônica de quem é recente na TFP

"Mas no MNF visto bem direito, o MNF deveria uma montagem para todo mundo, etc. Mas ele é a parte não estritamente teológica, isto eu reputo feita desta meditação profética.


Agora a vocês, não me respondam, se não toca algo no fundo da alma a maneira de alguma coisa comove, faz sentir os primeiros tempos da vocação, aqueles entusiasmos dos primeiros tempos da vocação eram no fundo meditações proféticas e atingindo um píncaro que nenhum estudo pode dar. O estudo vem alimentar aquilo, mas isto não, isto é mais do que estudo. O indivíduo fica sabendo, quando ele lança o primeiro olhar na TFP, ele vê a TFP vendo-o. Este primeiro entre cruzar de olhares, há um acender. É o flash, que é meditação profética".


Dr. Plinio lembra que esse estilo de vida foi trocado por vaidades, e prevê o perdão de Nossa Senhora


"E aí podemos compreender também por quantas coisas nós trocamos, vendemos esta meditação profética, vendemos por porcarias que não tem nome, em geral egoísmo e carreirosa, o grosso. Carreira dentro do Grupo, carreira fora do Grupo, carreira...Mas acho, com uma doçura de meditação profética, [como quem diz] “meu filho, eu perdoarei, eu voltarei, há um dia em que nada disto será tomado em conta”, deveria ser, porque a misericórdia de Nossa Senhora não tem fim, Ela te perdoa, etc. Mas é possível que um misto de remorso e esperança suscite na alma de um de vocês e será uma coisa cabível, por causa desta meditação profética, que é o píncaro da distribuição de dons. É uma visão de Deus e de Deus enquanto tocando a história e da humanidade em face da história nas suas variantes, etc. Tudo isto, tanto isto quanto de Moisés. Eu acho isto muito bonito, muito cheio de suco e acho muito próprio a nós.

Compreendo que possam dizer: isto é suspeito porque nunca ouvi pregar isto por nenhum sacerdote, etc. Por isso eu digo: ponhamos as hipotecas, pode ser que não seja real. Eu sou primeiro a admitir isto, mas que se não for real, alguma coisa que é assim e que vale a pena tomar em consideração é" [3].


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[1] Conselho de Dr.Plinio para uma comissão de estudos de profecias no dia 19 de Abril de 1995, segundo contou o Sr. Luis Dufaur em uma reunião no ANSA, no dia 26 de Setembro de 1996.
[2] 
Reunião Normal, 4 de Fevereiro de 1967, Sábado
[3] Reunião do MNF, 14 de Maio de 1976, Sexta-feira.