O ministério profético dentro da Igreja, após o tempo dos apóstolos, não acabou

Santo Joel profeta
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Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição
, Cap. )".

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Prática indispensável para a interpretação das profecias. Regras de interpretação de S. Agostinho e outros

"Os Profetas do Antigo Testamento foram homens providenciais a quem Deus comunicou 
certas previsões e mensagens a serem transmitidas ao povo eleito, para o conhecimento de certas verdades fundamentais e para o orientar na conduta a seguir.

As profecias constantes do Antigo Testamento, como aliás também as do Novo, devem ser cridas absolutamente pelos fiéis, pois fazem parte da Revelação oficial. Esta terminou com a morte do último Apóstolo.


Mas o Espírito Santo continua a instruir e iluminar a Igreja através da assistência profética. O dom da profecia continua a existir, porém sem o caráter oficial dos profetas do Antigo e do Novo Testamento" [1]. 
As palavras acima tiramos do mesmo livro que usamos para compilar os trechos abaixo.

Sagrada Escritura

“Foram de Jerusalém uns Profetas" At 11, 27. Comentário do Pe. Cornélio a Lápide: "Desde o início, a Igreja teve Profetas: pois a profecia era uma das graças gratis datis do Espírito Santo, e consequentemente também um índice da verdadeira Igreja, a qual o Espírito Santo rege, como ensina São Paulo em I Cor XIV. Por onde também esses foram enviados a Antioquia para confirmarem e ilustrarem com o dote de sua profecia aquela Igreja já florescente” [2].

Santo Tomás de Aquino

"Em nenhuma época faltaram homens dotados do espírito de profecia, não certamente para trazer qualquer nova doutrina da fé, ad novam doctrinam fidei depromendam, mas para dirigir os atos humanos, ad humanorum actuum directionem" [3]. 

“Os antigos profetas eram enviados para estabelecer a fé e restaurar os costumes (...). Hoje, a fé já está fundada, porque as promessas foram cumpridas por Cristo. Mas a profecia que tem por fim restaurar os costumes não cessa nem cessará” [4]. 

Outros Santos 

Comenta Cornélio a Lápide: “No Novo Testamento foram profetas Cristo e os Apóstolos e os que os seguiram. São Justino, Mártir (Diálogo Contra Tryphonem), é testemunho de que até os tempos dele existiram profetas na Igreja de Deus em uma sucessão quase contínua. O mesmo diz Santo Agostinho acerca de seu século (De Civ. Dei, lib. V, Cap. XXVI), onde, entre outras coisas, fala dos oráculos de São João Anacoreta (...).

Tomás Bózius prova a mesma coisa no tocante a outros séculos (lib. De Notis Ecclesiae, signo XIX). É patente que neste nosso século brilharam com o espírito de profecia São Carlos Borromeu, São Francisco de Paula, o Beato Luís Bertrand, Santo Inácio, São Francisco Xavier, Gaspar Belga, Luís Gonzaga, Teresa, e muitos outros, como se vê em suas vidas escritas por varões dignos de fé” [5].


Segundo o Cardeal Journet: “Santo Atanásio ou São Cirilo, Santo Agostinho ou São Bento, Gregório VII, Francisco de Assis, Domingos, viam numa espécie de clarão profético a marcha dos tempos e a orientação que era preciso dar às almas. O autor da Cidade de Deus, o contemplativo que fundou, há oitocentos anos, a regra sempre viva dos cartuxos, São Tomás, que elucidou, três séculos antes da Reforma, as verdades que iam ser mais contestadas no limiar dos tempos novos, Joana d'Arc, Teresa de Avila, eis os verdadeiros profetas da Igreja. Eram ao mesmo tempo santos, e é verdade que a profecia é distinta e mesmo separável da santidade. Mas quando é autêntica, ela se encaixa sempre no sulco da revelação apostólica; e como o poder do mestre sustenta e guia o esforço dos discípulos, as profecias autênticas são sustentadas e guiadas pela revelação de Cristo e dos apóstolos (...). Os profetas que se afastam desta linha são falsos profetas” [6].

Teólogos e Prelados

Pe. Cornélio a Lápide, S.J:

“Os Profetas, pois, foram mestres da fé ortodoxa, doutores da verdade, para anunciarem aos homens os desígnios ocultos de Deus, e para separarem a Igreja de Deus da sinagoga de Satanás, e com o dom da profecia, como indício e sinal certíssimo da verdadeira Igreja, a espalharem e mostrarem a todo o mundo (...). 

“Por esta razão, em todos os séculos Deus iluminou a sua Igreja com Profetas, e através deles manifestou-a, chancelou-a e confirmou-a, para que ninguém pudesse duvidar da verdade e da verdadeira Igreja, em meio a tantas trevas e labirintos de erros e de heresias (...) [7].

Cardeal Charles Journet:

“A Igreja não conhece apenas o depósito revelado, ela é também esclarecida sobre o estado do mundo e sobre o movimento dos espíritos. Os mais lúcidos de seus filhos participarão desta sua miraculosa penetração. Eles saberão discernir, à luz divina, os sentimentos profundos de sua época, eles saberão diagnosticar os verdadeiros males e prescrever os verdadeiros remédios.


Enquanto a massa parecerá atingida pela cegueira, enquanto até os melhores hesitarão ou tatearão, eles, com um instinto sobrenatural e infalível, irão direto ao alvo. O recuo dos séculos manifestará a justeza de sua visão (...)"
[8]. 

“Ele (São Tomás) explica, aliás, que as profecias que nos revelaram o depósito da fé divina se diversificam à medida que se tornam mais explícitas com o progresso do tempo; mas as profecias que têm por fim dirigir a conduta dos homens deverão se diversificar segundo as circunstâncias, porque o povo se dissipa quando cessa a profecia: ‘Por isto, em cada época, os homens foram instruídos divinamente a respeito do que convinha fazer, segundo exigia a salvação dos eleitos’ (II-II, 174, 6)” [9].

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Escritura e os Doutores da Igreja dizem que Elias e Enoch virão no fim dos tempos na época do Anticristo (parte 1)

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[1] Guerreiros da Virgem, a Réplica da Autenticidade, Plinio Corrêa de Oliveira, cap.IX, item 3.A.
[2] Commentaria in Scripturam Sacram - In Acta Apostolorum, Ludovicum Vives, Paris, 1877, tomo 17, p. 253
[3] Suma Teológica, II-II, 174, 6 ad 3
[4] Comm. in Math., cap. XI
[5] Commentaria in Scripturam Sacram - In Prophetas Proemium, Ludovicum Vives, Paris, 1875, tomo 11, p. 43
[6] Charles Journet, L'Église du Verbe Incarné, Desclée de Brouwer, Paris, 1962, 3ª ed., vol. I, pp. 173 a 175
[7] op.cit.  tomo 11, p. 43.
[8] L'Église du Verbe Incarné, Desclée de Brouwer, Paris, 1962, 3ª ed., vol. I, pp. 173 a 175
[9] op. cit., pp. 174-175