Sintomas da amizade impura ou romântica com o sexo oposto sem intenção de casar. Fala a Doutrina Católica pela Bíblia e Santos


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S. Francisco de Sales, rogai por nós! Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados: manual do tradicionalista contra-revolucionário: Bíblia, Papas, Santos e Teólogos (Volume II, 2a edição)".

Sagrada Escritura

"Não frequentes o trato com a bailarina, nem a ouças, para que não suceda caíres nos seus laços" Eclo IX, 4.

"Não te assentes jamais com a mulher alheia, nem te recostes com ela à mesa sobre o cotovelo, e não disputes com ela, bebendo vinho, para que não suceda que o teu coração se converta para ela, e que a tua paixão te faça cair na perdição" Eclo IX, 12-13.

São Francisco de Sales

"Começa-se por um amor virtuoso; mas, se não se tomarem precauções prudentes, o amor frívolo se vai misturando e depois vem o amor sensual e por fim o amor carnal. Sim, mesmo no amor espiritual não se está livre do perigo, se não se sabe premunir-se de desconfiança e vigilância, conquanto o engano aqui não seja tão fácil, porque a inocência perfeita do coração descobre imediatamente tudo o que se pode ajuntar aí de impuro, assim como as manchas aparecem muito mais sobre o branco.

Eis aí a razão porque, quando demônio quer corromper um amor todo espiritual, o faz com mais astúcia, tentando ver se pode sugerir primeiro algumas disposições menos favoráveis à pureza.

Para discernires bem entre a amizade santa e a amizade mundana, grava na memória as regras seguintes:



O mel de Heracléia (mel envenenado) é mais doce à língua que o mel vulgar, porque as abelhas o vão colher no acônito, que lhe dá esta doçura extraordinária, e a amizade mundana traz uma influência de palavras doces, langorosas, apaixonadas e cheias de adulação pela beleza, graça, e vã qualidades físicas. Mas a amizade santa tem uma linguagem simples, singela e sincera e só louva as virtudes e dons de Deus, único fundamento em que se apóia.

Quem comeu do mel maligno sente umas tonteiras de cabeça e muitas vertigens e a amizade falsa causa um desvio e desvairamento de espírito que faz titubear a pessoa na castidade e na devoção, levando a olhares afetados, lânguidos e imoderados, a carícias sensuais, a suspiros desordenados, a pequenas queixas de não ser correspondida, a certas meiguices levianas, afetadas e repetidas, a galantarias e beijos e a outras particularidades e fervores inconvenientes, presságios certos e infalíveis de iminente ruína da honestidade. 

Mas a amizade santa só tem olhos para o pudor, demonstrações para a pureza e sinceridade, suspiros para o céu, liberdade para o espiritual e queixas pelos interesses de Deus, que não é amado: sinais infalíveis de uma honestidade perfeita.

(...) Nossa Senhora perturbou-se vendo um anjo em forma humana, porque estava só e ele lhe tecia elogios sublimados, embora celestiais. Ó Salvador do mundo, a pureza teme a um anjo em forma humana, e porque não há de a impureza temer um homem, ainda que lhe apareça em figura de anjo, quando a louva com louvores sensuais e humanos ?" [1].

"Certas amizades loucas entre pessoas de diverso sexo, e sem intenção de casamento, não podem merecer o nome de amizade nem de amor, pela sua incomparável leviandade e imperfeição. São abortos ou, melhor ainda, fantasmas da amizade. Prendem e comprometem os corações dos homens e das mulheres, entrelaçando-os em vãs e loucas afeições, fundadas nessas frívolas comunicações de miseráveis agrados de que acabo de falar. E ainda que estes loucos amores por via de regra vão parar e despenhar-se em carnalidades e lascívias muito baixas e torpes, contudo não é este o primeiro desígnio dos que andam nestas conversas, aliás não seriam já amizades, senão desonestidades manifestas. Algumas vezes passarão até muitos anos sem que entre os que estão contagiados desta loucura haja algo diretamente contrário à castidade do corpo, porque se contentam unicamente com desafogar os corações em anseios, desejos, suspiros, galanteios e outras ninharias e leviandades deste teor, levados por diversos fins (...)

Estas amizades são todas mãs, loucas e vãs: más, porque vão dar e rematam ao fim no pecado da carne, e porque roubam o amor, e por conseguinte o coração a Deus, à mulher e ao marido, a quem ele pertencia; loucas, porque não tem nem fundamento nem razão; vãs, porque não dão proveito algum, nem honra, nem contentamento" [2]. 

Santo Afonso Maria de Ligório citando a Bíblia, São Jerônimo, Santo Agostinho e São Boaventura

"A modéstia dos olhos pouco nos servirá se não vigiarmos sobre o nosso coração. "Aplica-te com todo o cuidado possível à guarda de teu coração, diz os sábio (Prov 4:27), porque é dele que procede a vida". É aqui o lugar apropriado para se dizer algumas palavras sobre as amizades e, principalmente, sobre as santas, depois sobre as puramente naturais e, enfim, sobre as perigosas.

1) Descrevendo São Paulo a corrupção moral dos gentios, enumerava entre seus vícios a falta de sentimento e de susceptibilidade para a amizade. A amizade, segundo São Tomás, é mesmo uma virtude. A perfeição não proíbe que se entretenham amizades, diz São Francisco de Sales; exige somente que sejam santas e edificantes (...)

Tais amizades são recomendadas pela Escritura mesma, em termos eloquentes: "Nada se pode comparar com o valor de um amigo fiel, e o valor do ouro e da prata não iguala a bondade de sua fidelidade (...). Um amigo fiel é um remédio para a vida e a mortalidade, e os que temem o Senhor encontram um tal"  (Eclo 6:15-16).

Mas como podeis aconselhar as amizades particulares, dirá alguém, quando elas são tão rigorosamente condenadas por todos os ascetas ? Respondo: As amizades particulares são proibidas unicamente nos claustros e com toda a razão, pois é imperiosamente necessário que todos os religiosos se amem mutuamente com amor fraterno, para que haja uma vida comum claustral. Ora, num claustro, as amizades particulares podem facilmente ocasionar perturbações dessa mútua caridade, dando ocasião a invejas, suspeitas e outras misérias humanas. (...)

2) Quanto às amizades puramente naturais, deve-se dizer que elas têm seu fundamento na nossa natureza, que nos compele a amar nossos pais, nossos benfeitores e todos aqueles em quem vemos belas qualidades e com quem simpatizamos. Esta espécie de amizade é o laço da família e da sociedade, mas facilmente degenera em amizades falsas; por exemplo, se os pais, por um carinho demasiado, toleram as faltas de seus filhos, ou se um amigo ofende a Deus para agradar a seu amigo, etc. As amizades naturais só são agradáveis a Deus se as santificarmos por meio da boa intenção; por exemplo, amando a nossos pais e amigos por amor de Deus.

3) Por amizades perigosas entendem-se, em particular, as sensuais, isto é, aquelas que se baseiam sobre uma complacência sensual, sobre a fruição comum de prazeres dos sentidos, sobre certas qualidades fúteis e vãs de espírito e coração. Essas amizades são já por si perigosas, mesmo que, no começo, nada tenham de inconveniente, e devemos guardar nosso coração desembaraçado delas.

a) "Quem não evita relações perigosas, cai facilmente no abismo", diz Santo Agostinho (Serm. 293). O triste exemplo de Salomão bastaria para nos encher de terror. Depois de ter sido amado tanto por Deus, servindo ao Espírito Santo de mão para escrever, travou relações com mulheres pagãs, já na sua velhice, e caiu tão profundamente que chegou a sacrificar aos deuses. Isso, porém, não nos deve estranhar, pois, será para admirar que alguém se queime, permanecendo no meio das chamas? - pergunta São Cipriano (De sing. cler.).

Mas em nossas conversas, graças a Deus, não ocorre nada de mal, dirá alguém. Respondo: Todas as amizades que têm sua origem em afeições meramente materiais são, pelo menos, um grande impedimento à perfeição, ainda que não dessem ocasião a outras coisas. Elas, no mínimo, fazem-nos perder o espírito de oração e recolhimento interior; a alma que está presa por uma afeição natural poderá achar-se corporalmente na igreja, mas seu espírito estará se entretendo com o objeto de seu amor; perderá o amor aos Santos Sacramentos; não será mais sincera para com seu confessor, temendo que ele a obrigue a romper com essa cadeia e, envergonhando-se de lhe descobrir sua afeição, não lhe dirá a causa de sua tibieza, e assim se agrava, de dia para dia, seu estado lastimoso. Ao ouvir que fala mal da pessoa amada, se enfurece, defende-a calorosamente; descuida-se da obediência, pois quando o confessor a exorta a renunciar a tal amizade, procura mil desculpas para não ter de obedecer.

Não é só grande a perda espiritual que se sofre com essas amizades baseadas sobre certas qualidades externas duma pessoa, mas, principalmente se for doutro sexo, é também enorme o perigo que se corre de se se perder eternamente. No começo tais amizades parecem indiferentes, mas tornam-se pouco a pouco pecaminosas e, enfim, arrastam a alma ao pecado mortal. "São como o fogo e a palha, e o demônio não cessa de assoprar até irromper o incêndio", diz São Jerônimo.

Pessoas de diferentes sexos abrasam-se por causa da muita familiaridade, com a mesma facilidade com que a palha atingida pelo fogo, e, em certo sentido, até com mais facilidade, porque o demônio emprega tudo quanto é apto para atiçar o fogo. Santa Teresa viu-se um dia transportada ao inferno, onde Deus lhe mostrou o lugar que lhe preparara, se não rompesse com um apego puramente natural a um seu parente.

(...) É uma máxima aceita por todos os mestres da vida espiritual de que, neste ponto, não há outro remédio senão fugir e afastar-se da ocasião. São Filipe Néri costumava dizer que, nesse combate, só os covardes saem vencedores, isto é, os que fogem da ocasião. Podemos resistir aos outros vícios ficando na ocasião, diz São Tomás (De mod. conf., c. 14), fazendo violência contra nós mesmos; mas o vício contrário à pureza, porém, só o poderemos vencer fugindo da ocasião e renunciando às afeições perigosas.

Se sentires, porém, teu coração livre e desembaraçado de tais afeições, toma todo o cuidado possível para não te emaranhares em laço algum, como já se tem dado a muitos em razão de sua negligência. Eis o conselho que te dá São Jerônimo (Ep. ad Eust.): "Se, no trato com alguém, notares que alguma afeição desregrada se quer apoderar de teu coração, apressa-te a sufocá-la antes que se torne um gigante. Enquanto o leão é ainda pequeno, pode ser facilmente trucidado; uma vez crescido, torna-se-á mui difícil e humanamente impossível".

Coisa verdadeiramente lamentável e vergonhosa seria se permitisses que fizessem, em tua presença, gracejos indecentes. Não julgues que não pecas calando-te e simplesmente ouvindo tais gracejos; se não evitares o mais depressa possível a companhia de um homem tão insolente, já cooperaste com o seu pecado e te fizeste réu dele. Se receberes de alguém uma carta com palavras amorosas, rasga-a imediatamente ou lança-a ao fogo e não lhe dês resposta. Se, por motivo grave, tiveres de responder, faze-o então em poucas e sérias palavras, e não dês a entender que notaste as tais palavras e muito menos que achaste nelas qualquer prazer (...).

d) São Boaventura indica cinco sinais dos quais se pode deduzir se a afeição que a alguém nos prende é impura. 1 - Se se entretêm conversas inúteis; e inúteis são todas as que levam muito tempo. 2 - Se ocorrem olhares e louvores mútuos. 3 - Se se desculpam as faltas reciprocamente (evitando correções para não desagradar). 4 - Se aparecem pequenos ciúmes. 5 - Se a separação causa certa inquietação. Eu ajunto ainda: Se se sente grande prazer e gosto nas maneiras ou gentileza natural da pessoa amada, se se deseja que a afeição seja correspondida, e se se não gosta de que outros observem, ouçam ou falem disso" [3].

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[1] "Filoteia ou Introdução à Vida devota", Parte III, Cap.20: "Diferença das amizades vãs e verdadeiras"
[2] Idem, Parte III, Cap.180: "As mais perigosas amizades"
[3] Escola da Perfeição Cristã, Parte II, Cap.VI, n. IV: Da guarda do coração.