Bento XV |
Fontes tiradas em maior parte de "Nobreza e Elites Tradicionais Análogas", Plinio Corrêa de Oliveira, 1993. Enunciamos uma tese errada sobre as formas de governo, e em seguida colocamos textos ilustrativos da Doutrina Católica refutando tais teses.
Veja também: Bíblia, Papas e Santos sobre a melhor forma de governo
->Tese errônea sobre os sistemas de governo
- A democracia não necessita de elementos aristocráticos como nobreza ou elites análogas
->Textos ilustrativos da Tradição Católica
Sagrada Escritura
Moisés elegeu juízes para julgar o povo junto também (Ex 18:13-27), dividindo as tarefas de justiça, não fazendo de si uma espécie de juiz absoluto, semelhante ao monarca absolutista. "Eles faziam justiça ao povo em todo o tempo, e davam conta a Moisés de todas as coisas mais graves, julgando eles somente as mais fáceis" (Ex 18:26). Assim, este seria um outro elemento de aristocracia no povo de Deus, conforme o desejo de Deus, que é sempre ótimo.
Além disso, na estrutura da Igreja primitiva havia um chefe dentre os apóstolos: São Pedro, conforme Nosso Senhor mesmo instituiu: "apascentai minhas ovelhas" (S. João XXI, 16), "tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (S; Mateus XVI, 18), e em outros versículos. Portanto, segundo a Sagrada Escritura, a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo tem uma estrutura monárquica, o que só prova a preferência por este modo de governar, já que Deus não podia escolher o pior. Juntando com isso vem o poder de governar dos outros apóstolos, bispos e presbíteros (1 S. Pedro V, 1-5), a qual forma a estrutura eclesiástica atual da Santa Igreja, o que prova o desejo Divino de ter elementos aristocráticos dentro de um modelo ideal de governo, que é o da Igreja.
Bento XV citando a Sagrada Escritura
"O Apóstolo S. Paulo admoestava os nobres do seu tempo, para que fossem, ou se tornassem tais como a sua condição o requeria. Por conseguinte, não satisfeito de lhes ter dito também que deveriam mostrar-se modelo de bem agir, na doutrina, na pureza dos costumes, na gravidade, "in omnibus te ipsum praebe exemplum bonorum operum in doctrina, in integritate, in gravitate" (Ti. 2, 7), S. Paulo considerava mais directamente os nobres, quando escrevia ao seu discípulo Timóteo para que admoestasse os ricos "divitibus huius saeculi praecipe", que fizessem o bem e se tornassem ricos em boas obras "bene agere, divites fieri in bonis operibus" (I Tim. 6, 17).
Com razão, pode-se dizer a esse respeito que as admoestações do Apóstolo convêm de modo admirável também aos nobres da nossa época. Também vós, dilectíssimos filhos, tendes a obrigação de andar adiante dos outros com a luz do bom exemplo "in omnibus te ipsum praebe exemplum bonorum operum". Em todos os tempos urgiu aos nobres o dever de facilitar o ensinamento da verdade e "in doctrina"; mas hoje, quando a confusão das ideias, companheira da revolução dos povos, fez perderem-se, em tantos lugares e por parte de tantas pessoas, as verdadeiras noções do Direito, da Justiça e da Caridade, da Religião e da Pátria, cresceu ainda mais a obrigação dos nobres de empenhar-se em fazer voltar ao património intelectual dos povos estas santas noções, que nos devem dirigir na actividade quotidiana. Em todos os tempos urgiu aos nobres o dever de nada admitir de indecente nas palavras ou nos actos, a fim de que a sua licenciosidade não fosse um incitamento ao vício para os subalternos, "in integritate, in gravitate"; mas também este dever, oh! quanto se tornou mais forte e mais grave por causa dos maus costumes da nossa época! Não somente os cavalheiros, mas também as damas são por isso obrigados a unir-se em santa liga contra os exageros e a falta de compostura da moda, afastando de si, e não tolerando nos outros, aquilo que não é consentido pelas leis da modéstia cristã" [1].
Pio XII
"Falámos já, noutra ocasião, das condições necessárias para que um povo se torne maduro para uma sã democracia. Mas quem pode conduzi-lo e elevá-lo a esta maturidade? Sem dúvida, a Igreja poderia a esse respeito tirar muitos ensinamentos dos tesouros da sua experiência e da sua própria acção civilizadora. Mas a vossa presença sugere-Nos uma particular observação. Segundo o testemunho da História, onde reina uma verdadeira democracia a vida do povo está como que impregnada de sãs tradições, que é ilícito destruir. Representantes destas tradições são, antes de tudo, as classes dirigentes, ou seja, os grupos de homens e de mulheres ou as associações que dão, como se costuma dizer, o tom na aldeia e na cidade, na região e no País inteiro.
Daí a existência e o influxo, em todos os povos civilizados, de instituições eminentemente aristocráticas, no sentido mais alto da palavra, como são algumas academias de larga e bem merecida fama. Pertence a este número também a nobreza: sem pretender qualquer privilégio ou monopólio, ela é ou deveria ser uma daquelas instituições; instituição tradicional, fundada na continuidade de uma antiga educação. Certamente, numa sociedade democrática, como quer ser a sociedade moderna, um título de nascimento já não é suficiente para proporcionar autoridade e crédito. Portanto, para conservar dignamente a vossa elevada condição e a vossa categoria social, ou mais, para acrescê-la e elevá-la, devereis ser verdadeiramente uma elite, devereis preencher as condições e satisfazer as exigências indispensáveis na época em que vivemos" [2].
Plinio Corrêa de Oliveira
"Não pode ser taxado de revolucionário quem para sua Pátria, por razões concretas e locais, ressalvados sempre os direitos da autoridade legítima, prefere a democracia à aristocracia ou à monarquia. Mas sim quem, levado pelo espírito igualitário da Revolução, odeia em princípio, e qualifica de injusta ou inumana por essência, a aristocracia ou a monarquia. Desse ódio antimonárquico e antiaristocrático, nascem as democracias demagógicas, que combatem a tradição, perseguem as elites, degradam o tônus geral da vida, e criam um ambiente de vulgaridade que constitui como que a nota dominante da cultura e da civilização (...) se é que os conceitos de civilização e de cultura se podem realizar em tais condições" [3].
Clique aqui para ver mais Doutrina Católica contra os erros sociais
Igreja Católica a favor da desapropriação, mas só em casos urgentes que visam o bem-comum, e com posterior indenização
Refutação de "a Igreja condenou o capitalismo". Papas a favor do capitalismo intrinsecamente, e contra seus abusos
----------------------------------------
[1] L'Osservatore Romano", 5-6 de Janeiro de 1920. Alocução de Bento XV ao Patriciado e à Nobreza Romana de 5 de Janeiro de 1920.
[2] Alocução de 16 de Janeiro de 1946. Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio XII, Tipografia Poliglotta Vaticana, 16/1/1946, pp. 337-342.
[3] Revolução e Contra-Revolução, 1959, Parte I, Cap.III, 5-E