A Escritura dá medida de modéstia e pudor no falar, como o jeito ou falar inadequado, como palavrões, chocarrice, etc?

S. Paulo Apóstolo, rogai por nós!
Artigo antigo, agora corrigido e organizado em um só para melhor leitura em:
Bíblia e santos sobre a modéstia no falar, como palavrões, chocarrice, etc. Respostas às objeções

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados" (volume II, 2a edição).

Sagrada Escritura

Aquele que profere uma linguagem iníqua, não pode fugir dele, e a Justiça vingadora não o deixará escapar; pois os próprios desígnios do ímpio serão cuidadosamente examinados; o som de suas palavras chegará até o Senhor, que lhe imporá o castigo pelos seus pecados. Sabedoria I


Disse comigo mesmo: Velarei sobre os meus atos, para não mais pecar com a língua. Porei um freio em meus lábios, enquanto o ímpio estiver diante de mim. Salmo XXXVIII

Não se acostume a tua boca a palavras indiscretas; porque nelas há sempre pecado. Eclo XXIII

O homem acostumado a dizer impropérios nunca se corrigirá em toda a sua vida. Eclo XXIII

O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio. S. Lucas VI

Nenhuma palavra má saia da vossa boca, mas só a que seja boa para a edificação da fé. Ef IV

Nem sequer se nomeie entre vós a fornicação ou qualquer impureza ou avareza, como convém a santos. Nada de obscenidades, de conversas tolas ou levianas. Ef V


Respondendo objeções várias tiradas da Bíblia e de casos de santos (parte do artigo sujeita à censura eclesiástica)

Obj.1: “Porque na mão do Senhor está o Cálice de vinho puro cheio de uma mistura, E deitou deste naquele: certamente as suas fezes não se esvaziaram: delas beberão todos os pecadores da terra”, Sl 74, 9. Isso confirma o uso de palavras de baixo nível com os ímpios.

R: Deus se refere aos ímpios dessa maneira de modo profético, isto é, os ímpios estão já destinados a tomar o cálice do furor de Deus. Ora, ninguém pode dizer de outra pessoa que ela já está destinada à impiedade. Por isso, a Escritura diz “os pecadores” genericamente.

Para responder com precisão as palavras que devemos rechaçar e o versículo acima, dividamos as palavras e/ou xingamentos nas seguintes categorias:

1 - Obscena/imoral (ex: evocadores de imagens impudicas, como partes impudendas do corpo, atos imorais, contra a natureza, homossexualidade, bestialidade, etc)

2 -
Desonroso (ex: à família, a quem se dirige a palavra, sua mulher, pais, etc)

3 - Nojento: dependendo de cada local (ex: evocadores de imagens de todas as coisas que vão ao lixo ou servem de adubo, ou de atos que dão origem a algo de lixo, podridão, etc).

4 - Socialmente ruins: não são intrinsecamente más, mas tomaram o caráter de palavrão por um costume local, ou por uma questão social, ou por outra razão (exemplos: "fezes" e "prostituta" aparecem na Escritura, mas algumas palavras que designam as mesmas coisas são palavrões em certos locais. Além disso, outras palavras, antes inexistentes, que em certos locais são usadas como palavrões, ou evocativas de obscenidades).

Antes de avaliarmos cada uma, é importante notar duas coisas: muitas vezes uma palavra se encaixa em mais de uma categoria, e muitas vezes alguém, no mundo neo-pagão hodierno, fala um palavrão por desconhecimento dessas questões. Entretanto, o homem simples, que tem muito respeito por si e pelos outros, e que evita toda imoralidade, naturalmente é avesso às palavras de qualquer categoria acima exposta.


Sobre palavras obscenas/imorais e palavras desonrosas: ferem algum mandamento da lei de Deus, seja evocando imagens que não devem ser evocadas, seja desonrando alguém, através de falsas alegações, relacionado a quem a palavra é dirigida. Não devem ser usadas por brincadeira, pois a brincadeira tende a amolecer a seriedade do mau que há nesses atos.
 

Sobre palavras
socialmente ruins: não devemos falar, mesmo se em outro lugar ou em nossa terra de origem a palavra não for um palavrão, porque isso pode causar um escândalo local, por causa da sensibilidade social que relaciona a palavra à alguma das outras categorias (obscena/imoral, nojenta ou desonrosa). É preciso lembrar que uma palavra usada antigamente pode ter tido, ao longo do tempo, o seu sentido modificado de tal modo que se tornou um palavrão ou tomou um sentido ruim: isso não culpa quem a proferiu no passado, obviamente. Além disso, a mesma advertência acima sobre o uso dessas palavras em brincadeiras vale aqui: não se brinca com o demônio, nem com suas artimanhas.

Sobre palavras
nojentas: embora não sejam também intrinsecamente más, aquilo que é nojento de alguma forma atinge a dignidade do homem, que não deve pensar nestas coisas ou tomar gosto em evocá-las, por serem baixas, embora precisem estar no vocabulário (como "fezes" está na Bíblia), por causa que esta vida requer que saibamos nomeá-las. Muitas vezes, por causa da sensibilidade social às coisas vis, essas palavras precisam ser trocadas por outras menos socialmente sensíveis. Nestes casos, a palavra entra em duas categorias, isto é, a 3 e a 4.Assim, quando o salmista, no versículo da objeção acima, fala da dignidade dos pecadores, que no inferno futuro é nula, evoca-a com uma imagem fortemente nojenta para causar repulsa em quem lê. Mas o salmista não queria, certamente, deixar nas pessoas um gosto em tratar dessas coisas vis como fazem, querendo ou não, os que habitualmente usam palavras dessa categoria.

Obj.2: Nosso Senhor (S. Mateus XXIII) chama os escribas e fariseus de coisas baixas, logo, é possível usar um vocabulário semelhante com os outros, pois “filho do inferno” significa o produto da pior coisa possível. Assim, quaisquer outras palavras podem ser empregadas no vocabulário ou em xingamento, pois nunca chegarão à hediondez de “filho do inferno”.

R: Nosso Senhor usa tais palavras em repreensões, que podem ser usadas em certos contextos, e não no vocabulário cotidiano.

Ademais, inferno é conhecido como o lugar onde estão as piores coisas, mas a imagem destas coisas não vem à mente quando pensamos no inferno, uma vez que há outras coisas no inferno. Diga-se o mesmo de outros vocábulos usados por Nosso Senhor, e ao longo da história por muitos santos.

Quanto ao termo “meretriz”, tantas vezes usado na Escritura, também não necessariamente nos lembra algo imoral, pois quando alguém relaciona a palavra com seu sentido não necessariamente imagina toda a licenciosidade por trás, o que provavelmente aconteceria se fossem mencionados os atos sexuais e assuntos a estes relacionados.

No entanto, não podemos acusar ninguém de algo que não é, mas pode vir a ser, como fornicador, assassino, etc. Por isso, a palavra “meretriz” não pode ser usada contra outra pessoa que não o é.

Obj.3: "Mas Saul irado contra Jônatas, disse-lhe: Filho de mulher perversa e rebelde, não sei eu por ventura que amas ao filho de Isai para confusão tua, e para confusão da tua infame mãe?" I Samuel XX. Aqui vemos um palavrão contra a mãe do outro, mas a Bíblia não o reproduziria se fosse obsceno.

R: Saul desonra Jônatas tão somente, mas não com uma palavra socialmente relacionada à obscenidade, pois comenta o Padre francês Fillion sobre esse versículo:

"30-34. Furor de Saul contra Jônatas - Fili mulieris... Literal no hebraico: filho da (mulher) perversa em rebelião. Maneira de dizer à Jonatas que ele é mau desde o nascimento. No oriente, um insulto desse gênero não é considerado como ataque à mãe; mas é considerado extremamente cruel ao filho".

Assim, o contexto social em que o insulto foi empregado (no oriente antigo) encaixa-o na categoria de desonroso a quem foi dirigido o insulto, mas não socialmente ruim relacionado a algo obsceno, como pretendem aqueles que citam esse versículo para justificar suas palavras.

Santos deram medida de modéstia e pudor no falar, como o jeito ou falar inadequado, como palavrões, chocarrice, etc?

CLIQUE: Modéstia, Pureza e Elegância: masculina e feminina