A plenitude da profecia é a prova da vinda da proximidade do tempo profetizado. Hipótese Teológica.

S. João Batista, rogai por nós!

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A vinda do Reino de Maria provada pelos profetas do Antigo Testamento, baseada em parte nas indicações do Pe. Antônio Vieira 

A Teologia da História prova a vinda do Reino de Maria, por Plinio Corrêa de Oliveira em 1971.

A vinda do Reino de Maria provada por Teologia da História, "segundo" o Pe. Antonio Vieira

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Extraído de "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. III)".

O Padre Vieira prova que a plenitude da profecia é sinal da proximidade do tempo previsto


"É o estilo próprio da providência de Deus, para maior formosura, admiração e aplauso de suas obras, ter oculto o entendimento das profecias em que estão reveladas, até o tempo definido e determinado em seus decretos; de que temos admiráveis exemplos nas Escrituras que não refiro e somente toco. No capítulo 12 de Daniel lhe disse Deus: "Tu, porém, Daniel conserva guardadas estas palavras e sela o livro até o tempo determinado; muitos o passarão pelos olhos e tirarão ciência" que é pontualmente tudo o que temos dito e queremos dizer. Não quer Deus que alguns de seus segredos se saibam até o tempo que ele tem determinado: "até o tempo determinado"; e por isso, antes de chegar o dito tempo, estão fechados a todos: "claude sermones et signa librum". E nem por isso os que escrevem sobre os ditos lugares fechados dos Profetas, ainda que não consigam o primeiro e principal sentido deles, deixam de servir muito a Igreja, e dizer coisas e verdades muito proveitosas: "Plirimi pertransibunt, et multiplex erit scientia". Estes muitos que "passarão pelos olhos", são os doutores antigos e modernos, e esta multiplicada e vária a ciência, "multiplex erit scientia", são os seus doutíssimos, utilíssimos e santíssimos comentários: os quais, ainda que não descobrisse o mistério que Deus queria ocultar até o tempo determinado, nem por isso deixaram de merecer o nome de ciência, e ciência qualificada pelo mesmo Deus.

No mesmo Capítulo diz Daniel: "Ego andivi et non intellexi" (E eu ouvi, mas não o entendi), e se o mesmo Profeta não entendeu o que escrevia, que muito que os seus interpretes o não entendam, ainda que sejam tão santos e tão sábios como Daniel? Mas logo lhe foi respondido, pedindo ele a inteligência: "Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo determinado".

Este mesmo mistério, que Daniel não entendeu, porque não era chegado o tempo, depois que chegou o tempo, que foi o da paixão de Cristo, até os meninos de mama o entenderam. Assim que os mesmos mistérios que foram ocultos aos maiores sábios e Doutores, podem ser manifestados aos que sabem muito menos, porque isto não é prerrogativa do saber, senão ventura do tempo. Por isso, S. Irineu disse que o cavaram muito, não descobriram o tesouro, e outros que não cavaram, nem podiam cavar senão muito pouco, lograram as riquezas dele, pela ventura do tempo em que vieram" [1].


De modo semelhante, a plenitude da profecia é uma prova que o evento profetizado está próximo 


Seguindo o raciocínio do Pe. Vieira, sustentamos a necessidade da plenitude da profecia para esta época, isto é, tudo que era passível de ser profetizado precisa estar profetizado. Porque esta Era espelha a Era sexta antiga, iniciada pelo nascimento do Messias.

Não falamos de todos os detalhes, pois até hoje muitos mistérios bíblicos estão para serem solucionados, e só serão inteiramente no fim do mundo, com a vinda do Anticristo, etc. Então, Nosso Senhor será bem entendido nos Seus vaticínios. Falamos dos eventos gerais, mais importantes, e que dizem respeito aos que os homens devem saber para se precaverem contra os erros e seguir os bons da época. A profecia tem esta finalidade, de guiar o homem, assim, a vinda do Messias precisava ser profetizada nos seus detalhes gerais para que não houvesse dúvida que era chegado o tempo do Messias: Jesus Cristo Nosso Senhor.

Também a sexta Era cristã, aberta pelo Papa Santo, o sacerdote esperado, e as outras duas testemunhas, será profetizada nos seus aspectos gerais para que fique claro aos homens que chegou o tempo, quando for realmente o tempo. Antes da instalação da missão dessas testemunhas é necessário que aconteça algo análogo ao que aconteceu com Nosso Senhor, quando visto por S. João Batista: "Eis o cordeiro de Deus", ou ainda: "Aquele que vem depois de mim os batizará com fogo". Em outras palavras, é necessário que publicamente seja preciso que haja um anúncio de que o que virá é iminente.

Condições para a plenitude da profecia


Ora, este argumento da plenitude leva à pergunta: quando esse se dará ou já se deu? Sabemos que inúmeros profetas, entre beatos, santos, e até somente servos de Deus profetizaram nossos tempos, todos em perfeita harmonia, no entanto, sempre com um tom misterioso. Sabemos também que os antigos profetas da Escritura não poderiam ter deixado de falar sobre tão grande evento, tanto porque suas profecias não podem ser consideradas obsoletas ou já cumpridas totalmente, por não ter vindo a segunda vinda de Cristo, quanto porque se não fosse assim eles não seriam profetas da Igreja, mas só da vinda do Messias, o que é absurdo.

Continuando a tese: todos os mistérios (gerais, como salientado) sobre a vinda de Cristo foram dissipados na proximidade do acontecimento, e S. João Batista foi uma espécie de plenitude da profecia nesse sentido e, em menor grau, os Reis Magos e o profeta Simeão. De modo análogo, atribuímos ao tempo da sexta Era: é preciso que sejam dissipados os mistérios, para que comecem outros, verdadeiramente, pois Deus prepara coisas que só face a face com Ele saberemos, na Eternidade. Por isso, os mistérios profetizados na Era Cristã, relativos à eventos vindouros, desde S. João no Apocalipse à pessoa mais desconhecida que recebeu luzes ou revelações sobre tais eventos, precisam estar claros para a vinda da sexta Era. Semelhantemente se diz das profecias públicas e argumentos da teologia da história que provam corretamente a vinda destes eventos.


À objeção de que algumas profecias só serão reveladas na hora da vinda da sexta Era mesmo, como aconteceu com o Messias, respondemos que, se forem, serão poucas, pois a missão destas três testemunhas e do começo desse tempo é instituir a contra-reforma tradicionalista (também chamada de inquisição contra-revolucionária), na qual se procurará restaurar toda a moral católica, liturgia, etc, para que comece a purificação anterior ao Reino de Maria. Só estas ações mostrarão que a missão é profética. Então, é muito melhor que quase nenhuma profecia, referente a esse tempo, esteja para ser descoberta. De fato, concebemos a possibilidade do segredo de Fátima, que muitos dizem faltar partes (não ter sido revelado por inteiro) ter a dizer algo sobre este tempo. Ora, Fátima é como algo que fascina e cativa a muitos ainda, algo que permanece no ar, algo que muitos já conhecem, e algo que, se realmente tiver sido encoberto, uma vez revelado, seria um estouro, principalmente contra o progressismo. Então, seria bem conveniente. No entanto, quem sabe melhor sempre é Deus.

Resumindo as condições: é preciso que todas as profecias do antigo e do novo testamento estejam, em suas formas gerais, descobertas, assim como a clave das profecias particulares, e
seja alcançado o auge da teologia da história sobre o evento. Por isso, nós empreendemos um trabalho não como se fôssemos os cumpridores desta plenitude da profecia, mas querendo tomar parte nesse descobrimento. É claro, não podemos dizer que todas as interpretações estão corretas, mas no mínimo elas abrem muitas vias de discussão em cada temática. Só Deus dá esse dom da interpretação.

Se a plenitude já foi alcançada. Resposta: falta muito pouco


Se a Virgem Co-Redentora nos deu a graça de errar só em mínimos detalhes, podemos dizer que a plenitude da profecia, que é anterior ao evento profetizado, já está praticamente cumprida pois nosso trabalho interpreta todo livro profético da Escritura, compila todas as mais conhecidas profecias particulares de pessoas idôneas (santos, beatos, e as com odor de santidade), além de apresentar toda teologia da história que tratou corretamente do assunto (segundo nosso entendimento, é claro). Ademais, essa plenitude estar quase cumprida se ajusta à nossa interpretação, feita mais adiante baseada nas profecias de S. João Bosco, sobre a vinda da sexta Era, isto é, que esta virá até o fim do ano de 2025, ou seja, não estaríamos muito longe do evento profetizado.

Também essa última tese é um caso único dentre os intérpretes, visto que o Pe. Vieira, por exemplo, não pôde afirmá-lo dado a época em que viveu e por não ter terminado sua obra. Outros exegetas de livros proféticos não chegaram a essa conclusão, e a maioria não pôde interpretar o total dos santos e beatos profetas, os quais vieram depois. Se acertamos em tudo, estamos prevendo coisas e cumprindo (sobre a necessidade da plenitude), pois dizer que haverá uma plenitude da profecia é prever, ainda que por via racional. E cumprir as previsões que se faz (em relação aos eventos gerais, e não quando se profetiza a própria morte, como fizeram muitos varões santos) é uma marca da sexta Era, quando Nosso Senhor profetizou Sua paixão e morte, e a cumpriu. Ou melhor, é uma marca característica da proximidade da sexta Era Cristã, análoga da sexta antiga, quando foi exemplo também o precursor S. João Batista, que profetizava o Messias e o batismo, ao mesmo tempo que batizava para preparar os homens. 

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[1] Pe. Antônio Vieira, Defesa Perante o Tribunal do Santo Ofício, Rep.2, q.1, pgs. 233-234