Para entender este artigo, recomendamos:
A Teologia da História prova a vinda do Reino de Maria, por Plinio Corrêa de Oliveira em 1971
A vinda do Reino de Maria provada por Teologia da História, "segundo" o Pe. Antonio Vieira
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Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. II)".
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Enumeramos as teses, seus corolários e, em seguida, as justificativas, quando necessitar.
1. Antes da vinda da Bagarre (Castigo Mundial) é preciso que os homens sejam avisados.
Como tratado no capítulo I, o princípio da beleza exige que as obras de Deus tenham o máximo de beleza. Dado que a história da Igreja é obra de Deus, a tese 1 é verdadeira, pois sem um aviso, não há encargo profético e, por isso, o princípio não é atendido.
Além disso, a profecia serve para edificar, exortar e consolar (1 Cor 14), e se as inúmeras profecias, referidas nesse volume, não servirem de consolo, esse versículo não é verdadeiro, o que é absurdo. O mesmo se aplica ao caso de não haver Castigo, pois essas três características não serão cumpridas.
Ademais, a ordem do universo requer, desde o principio, a profecia para os cumprimentos dos desígnios de Deus, como em "não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque, em qualquer dia que comeres dele, morrerás indubitavelmente" (Gn II, 17), por isso, um Castigo é sempre precedido por um aviso. Assim, para o Castigo ser mundial e afetar a todos, aqueles que puderem entender o aviso, precisarão de um aviso, por causa dessa justiça na ordem do universo.
Um indício de que se aproxima um evento importante é a presença anterior de profetas, principalmente com a proximidade desses, como no caso de S. João Batista, e a dos apóstolos no tempo da destruição de Jerusalém (o profeta S. João Evangelista ainda vivia). Por outro lado, o inferno suscita seus falsos-profetas nesses tempos para confundir mais, o que atualmente ocorre.
2. Não pode ser de modo milagroso.
A anterioridade necessária da profecia, mostrada na tese 1, também mostra essa tese.
Ademais, a grande confusão que resultará de um milagre mundial como esse indica sua inconveniência, pois não resolverá a crise na Igreja.
Além disso, segundo as profecias que veremos, milagres grandes já estão previstos para ocorrer: os três dias de escuridão, eventos que servirão de castigos aos homens (terremotos, inundações, fomes, pestes, etc), e a confirmação da missão profética católica (porque eventos dessa magnitude e causa, requerem essa missão, o que concordaria também com o princípio da beleza).
Embora a vinda do Papa Santo, como mostramos aqui, já seja uma grande graça ao mundo, é conveniente que o aviso não venha de modo milagroso, porque virá no meio de uma enorme contrariedade (opositores do aviso). Ora, o homem escolher o bom caminho, nesse contexto, é uma conversão muito maior do que se Deus fizesse um milagre direto. Ou seja, há mais possibilidade para se amar a Deus.
2.1. Logo, precisa ser profético, e não atingirá a todos imediatamente, pois para isso seria preciso um milagre, dado a censura e pobreza em muitos países.
2.2. Se profético, ele precisa ter valor espiritual, ou seja, tratar do estilo de vida das pessoas, tal como Nosso Senhor Jesus Cristo o fez. Enfim, ser católico.
2.1.1. Para ser profético, ele precisa de notoriedade, e para isso não basta o poder econômico, porque a propaganda também é notória, mas não abala, necessariamente, o espiritual das pessoas.
2.1.1.1. Então, é preciso que a notoriedade venha do poder de influência. Assim, temos as seguintes opções: celebridades, grandes empresários, nobres, chefes de estado, chefes de governo, prelados, líderes pensadores teólogos, etc.
Se um desses nunca exerceu um poder espiritual, não terá eficácia, por mais que sua conversão seja milagrosa. Afinal, se uma notoriedade nunca se construiu sob um poder espiritual (relacionado com virtude, doutrina, etc), ela teria de ser construída do zero, só que com o público anterior.
Na situação atual de crise da Igreja, se nenhum prelado apoiar esse aviso do convertido, não haverá real eficácia, pois no contexto de sua nova e baixa influência, assim como a ausência de lideranças semelhantes, o natural é que, perante a opinião pública, pareça somente uma conversão, a não ser que haja um enorme milagre de conversão a outros, mas isso seria semelhante ao 2, já respondido acima.
Na tese 4 veremos como não pode vir de um líder católico.
Logo, pelo conjunto dos fatos, não será por esses cargos.
a) O aviso não poderá solucionar de uma vez a crise na Igreja, pelas seguintes razões:
a.1. A crise vem do clero. Agora, se o clero apoiasse explicitamente o aviso e as medidas práticas, citadas adiante nesse capítulo, não haveria luta dentro da Igreja, isto é, a vingança Divina quanto ao clero, conforme as profecias dizem, não se realizaria, pois seu domínio sobre a opinião pública não acabaria. Essa proposta, que se assemelha a uma iluminação geral, não permite que haja luta, além de não exibir o heroísmo e perseverança da parte dos que atualmente estão do lado certo, o que é contrário ao princípio da beleza.
a.2. A própria natureza do aviso vai contra uma "iluminação geral", pois o aviso profético fala da esperança, ou seja, é um combustível para a perseverança (dos bons), e não uma confirmação geral.
a.3. Com a crise da Igreja há a noção de que poucos do clero são bons, e uma iluminação dá a entender que todos, apesar disso, são iguais merecedores. Apesar do milagre estar ao alcance de Deus, nem sempre está ao alcance da Justiça Divina, atributo Dele mesmo. Assim Deus pode, mas não tira o Diabo do inferno, e assim Deus pode, mas não premiará todos com uma graça enorme, neste caso.
a.4. O aviso já será uma possibilidade de iluminação ao clero, e moverá mais o homem ao amor de Deus, pois se dará no meio de uma enorme contrariedade, o que faz a conversão ser muito maior do que se Deus fizesse um milagre, como fez no caso de São Paulo Apóstolo, que ainda precisou ser purificado, passando um tempo cego.
a.5. Essa iluminação não acha apoio na Sagrada Escritura e nas profecias particulares.
3. Como a Bagarre visa purificar os homens dos pecados, o aviso, para ser eficaz, precisa atingir primeiro os católicos, os quais podem fazer maiores sacrifícios e já estão mais purificados.
4. As teses 2.2 e 3 engrossam o argumento de que não pode ser alguém fora da Hierarquia Católica, dado que só um líder espiritual católico (notório) pode ter valor espiritual fora do caso de um clérigo, pastor por encargo. Essa liderança não existe no mundo atual.
Se for um padre ou bispo, ele terá força espiritual aos seus mais chegados, mas em outras regiões não, e com a crise da Igreja, sua autoridade pode ser cassada e sua influência freada.
Se for um Arcebispo, Patriarca ou Cardeal, terá um pouco mais de apoio, mas acontecerá o mesmo que com o padre ou bispo.
Se for um dos anteriores com apoio Papal, não bastará, pois o Prelado estará sujeito aos obstáculos do clero. Se estes não existirem, voltaríamos à situação refutada anteriormente (da conversão geral). Ademais, um aviso profético ou se rejeita, ou se aceita. O meio do caminho só pode ser a rejeição velada.
Portanto, para o aviso, atualmente, não adianta um Cardeal, Bispo, Padre, é preciso um Papa.
5. É preciso que, para a maior eficácia dos sacrifícios dos católicos (tirada da tese 3), se restaure a moralidade tradicional da Igreja, a liturgia, e tudo o que for empecilho ao progresso espiritual. Essa é a chamada restauração.
5.1. A necessidade disso é melhor cumprida se o aviso vier do Papa, porque todos os obstáculos serão maiores se for alguém hierarquicamente abaixo, conforme a tese 4.
5.2. Um Papa com essas características precisará de uma graça enorme, tamanho o número de obstáculos que enfrentará, e porque não convém, conforme a dignidade hierárquica, que fique toda hora recebendo ordens de outra pessoa, já que é o Papa, e pelo menos no ofício de guia espiritual, precisa ser a origem das decisões.
5.3. Um Pontífice assim só pode ser Santo.
Próximo deste capítulo: A Teologia da história prova a missão dos apóstolos dos últimos tempos com o advento do Papa Santo