Papas contra a educação laica, neutra, mista (aos dois sexos juntos), sem filosofia cristã e com professores e alunos a-católicos

Acima: exemplo de uma escola com as características católicas abaixo.

São Pio X, rogai por nós!

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados" (volume II, 2a edição).

Trechos retirados em parte da tradicional Revista Catolicismo, nas edições dos anos 50-60, então conduzida por Plinio Corrêa de Oliveira.


Nos trechos a seguir vemos condenadas as escolas com as seguintes características:

1 - Neutra ou laica ou laicizante (com alunos e professores a-católicos, chamada também de mista nesse sentido)
2 - Co-educação ou mista (aos dois sexos)
3 - Sem filosofia cristã escolástica


Com a leitura das características acima, poderá o leitor católico (o não relativista) ter as seguintes dúvidas: Como educar os filhos assim se em minha região não há colégios com estas características? Como educar os filhos se as escolas assim são todas caras e eu não tenho meios financeiros?

Após a leitura piedosa dos textos a seguir, ao fiel católico propomos tentativas de soluções para diversos contextos.

Pio IX

"Proposição condenada: -- A melhor condição da sociedade civil exige que as escolas populares, abertas sem distinção às crianças de todas as classes do povo, e os estabelecimentos públicos, destinados ao ensino das letras, à instrução superior e a uma educação mais elevada da juventude estejam fora da ação de qualquer autoridade eclesiástica e de todo influxo moderador e ingerência de sua parte, e fiquem completamente sujeitos ao poder civil e político, conforme o beneplácito dos governantes e as opiniões comuns da época" [1].

São Pio X citando Pio IX

"Dentre os obstáculos, três principalmente se opõem aos seus esforços: o método escolástico de raciocinar, a autoridade dos Padres com a Tradição, o Magistério eclesiástico. Tudo isto é para eles objeto de uma luta encarniçada. Por isso, continuamente escarnecem e desprezam a filosofia e a teologia escolástica. Quer o façam por ignorância, quer  por temor, quer mais provavelmente por um e outra, o certo é que a mania da novidade neles se acha aliada com ódio à escolástica; e não há sinal mais manifesto de que começa alguém a volver-se para o modernismo do que começar a aborrecer a escolástica. Lembrem-se os modernistas os seus fautores da condenação que Pio IX infligiu a esta proposição (Syll. prop. 13):

"O método e os princípios com que os antigos doutores escolásticos trataram a teologia, não condizem mais com as necessidades dos nossos tempos e com os progressos da ciência" [2]

"A necessidade desta instituição (das escolas católicas) parece aumentar manifestamente em razão da evolução dos tempos e dos costumes modernos. A este motivo se acrescenta a existência dessas escolas públicas, despojadas de toda religião, em que se considera como que um divertimento o pôr em ridículo as coisas mais santas, e onde os lábios do mestre e os ouvidos dos discípulos se acham igualmente abertos à impiedade. Referimo-Nos a essa escola que por suma injustiça se intitula 'neutra` ou 'laica`, quando outra coisa não é, na realidade, senão o reinado tirânico e todo-poderoso de uma seita tenebrosa. Este novo jugo de uma liberdade hipócrita, vós já o tendes denunciado em alta voz e com intrepidez, Veneráveis Irmãos, principalmente nesses países em que os direitos da Religião e da família foram mais ousadamente calcados aos pés; em que a própria voz da natureza, que ordena preservar a fé e o candor da juventude, foi sufocada" [3].

Pio XI citando Pio IX e Leão XIII

"d) Co-educação

De modo semelhante, errôneo e pernicioso à educação cristã é o chamado método da "co-educação", baseado também para muitos no naturalismo negador do pecado original, e ainda para todos os defensores deste método, sobre uma deplorável confusão de idéias que confunde a legítima convivência humana com a promiscuidade e igualdade niveladora. O Criador ordenou e dispôs a convivência perfeita dos dois sexos somente na unidade do matrimônio e gradualmente distinta na família e na sociedade. Além disso não há na própria natureza, que os faz diversos no organismo, nas inclinações e nas aptidões, nenhum argumento donde se deduza que possa ou deva haver promiscuidade, e muito menos igualdade na formação dos dois sexos. Estes, segundo os admiráveis desígnios do Criador, são destinados a completar-se mutuamente na família e na sociedade, precisamente pela sua diversidade, a qual, portanto, deve ser mantida e favorecida na formação educativa, com a necessária distinção e correspondente separação, proporcionada às diversas idades e circunstâncias. Apliquem-se estes princípios no tempo e lugar oportunos, segundo as normas da prudência cristã, em todas as escolas, nomeadamente no período mais delicado e decisivo da formação, qual é o da adolescência; e nos exercícios ginásticos e desportivos, com particular preferência à modéstia cristã na juventude feminina, à qual fica muito mal toda a exibição e publicidade (...).

- Neutra, laica

Daqui resulta precisamente que a escola chamada neutra ou laica, donde é excluída a religião, é contrária aos princípios fundamentais da educação. De resto uma tal escola é praticamente impossível, porque de fato torna-se irreligiosa. Não ocorre repetir aqui quanto acerca deste assunto disseram os Nossos Predecessores, nomeadamente Pio IX e Leão XIII, em cujos tempos começou particularmente a dominar o laicismo na escola pública. Nós renovamos e confirmamos as suas declarações, e juntamente as prescrições dos Sagrados Cânones pelas quais é proibida aos jovens católicos a freqüência de escolas acatólicas, neutras ou mistas, isto é, daquelas que são abertas indiferentemente para católicos e não católicos, sem distinção, e só pode tolerar-se tal freqüência unicamente em determinadas circunstâncias de lugar e de tempo, e sob especiais cautelas de que é juiz o Ordinário (Código de Direito Canônico, 1917, Cân. 1374). 

-Mista, única

E não se pode admitir para os católicos a escola mista (ainda pior se única e obrigatória para todos), na qual, dando-se-lhes em separado a instrução religiosa, eles recebem o resto do ensino de professores não católicos, em comum com os alunos acatólicos. Pois que uma escola não se torna conforme aos direitos da Igreja e da família cristã, e digna de ser freqüentada por alunos católicos, pelo simples fato de que nela se ministra a instrução religiosa, e freqüentemente com bastante parcimônia.

-Católica

Para este efeito é indispensável que todo o ensino e toda a organização da escola, a saber, mestres, programas, livros, em todas as diciplinas, sejam regidos pelo espírito cristão, sob a direção e vigilância maternal da Igreja Católica, de modo que a Religião seja verdadeiramente fundamento e coroa de toda a instrução, em todos os graus, não só elementar, mas também médio e superior. 'É mister, para Nos servirmos das palavras de Leão XIII, que não só em determinadas horas se ensine aos jovens a Religião, mas que toda a restante formação respire a fragrância da piedade cristã. Porque, se isto falta, se este hálito sagrado não penetra e rescalda os ânimos dos mestres e dos discípulos, muito pouca utilidade se poderá tirar de qualquer doutrina; pelo contrário, daí virão danos e não pequenos" [4].

Pio XII citando Pio XI


"A criança, não educada, ou deseducada, é entregue à escola pública, onde o ensino oficialmente neutro não forma e tanta vez deforma os espíritos; onde o ambiente é com assustadora freqüência pouco sadio; para não falar nas outras "ocasiões de naufrágio moral e religioso para a incauta juventude (...), assinaladamente nos livros ímpios ou licenciosos (...), nos espetáculos cinematográficos (...), nas audições radiofônicas", como deplora o Nosso mesmo Predecessor na aludida Encíclica Divini Illius Magistri [5].

"É, pois, altamente deplorável que hoje em dia desprezem alguns a filosofia que a Igreja aceitou e aprovou, e que imprudentemente a tachem de antiquada em suas formas e racionalista, como dizem, em seus processos. Pois afirmam que esta nossa filosofia defende erroneamente a possibilidade de uma metafísica absolutamente verdadeira, ao passo que eles sustentam, ao contrário, que as verdades, principalmente as transcedentes, só podem ser expressas por doutrinas divergentes, que mutuamente se completam embora pareçam opor-se entre si. Pelo que, concedem que a filosofia ensinada em nossas escolas, com a lúcida exposição e solução dos problemas, com a exata precisão de conceitos e com as claras distinções, pode ter sido conveniente preparação ao estudo da teologia, como de fato o foi, quando se adaptava perfeitamente à mentalidade medieval; crêm, porém, que não é o método que corresponde à cultura e às necessidades modernas"
[6].

"A permanente atualidade dos Institutos ou Universidades Católicas reside na utilidade e na necessidade de constituir um curso de doutrina ordenado e sólido, de eirar todo um ambiente de cultura especificamente católico. Um ensino, mesmo que irrepreensível, em todos os ramos do saber, completado também pelo acréscimo colateral de uma instrução religiosa superior, não é suficiente. Todas as ciências têm, diretamente ou indiretamente, alguma relação com a religião, não somente a teologia, a filosofia, a história, a literatura, mas também outras, como as ciências jurídicas, médicas, físicas, naturais, cosmológicas, paleontológicos, filológicas. Supondo que não incluíssem nenhuma relação positiva com as questões dogmáticas e morais, não obstante elas correriam frequentemente o risco de se achar em contradição com estas. Portanto mesmo que o ensino não toque diretamente na verdade e na consciência religiosa, que aquele que ensina esteja todo imbuído de religião, da Religião Católica" [7].

-> Objeções

Objeção 1: Como educar os filhos assim se em minha região não há colégios com estas características?

Resposta à 1: Em tempos normais, de acordo com os textos lidos, basta procurar o bispo local ou seus delegados para entender como se promove a educação católica ali. Mas como nestes tempos apocalípticos a maioria do episcopado não valoriza a tradição católica por amar este mundo ímpio, cabe ao fiel, tal como ovelha sem pastor, procurar uma escola isenta de qualquer erro pedagógico já mencionado, embora pareça melhor opção a tutela ou direção do filho com estudos à distância, evitando qualquer influência maléfica desse supletivo, ou ainda homeschooling, se assim for possível de acordo com a região.

Assim, evita-se a influência perniciosa de alunos que mesmo estando em colégios católicos e corretos de acordo com as regras da educação, não seguem a religião, mas até zombam desta e vivem imoralmente desde tenra idade, apesar de fingirem aceitar a religião durante as aulas (para se livrar das matérias). Muitos são assim por não terem ensino e exemplo em casa e, desse modo, a escola torna-se um local de a-católicos na prática. Somente dois tipos de escolas possuem desejável imunidade
 às possíveis más influências destes alunos: as de alunos interessados pelo tradicionalismo respirado na escola, os quais se matricularam para isso, e as de alunos com pais de formação sólida católica tradicional: na doutrina, caráter e espiritualidade, o que quase sempre contagia a prole.

Objeção 2: Como educar os filhos se escolas assim fogem da capacidade monetária da família?

Resposta à 2: Novamente, em tempos normais, tal problema seria solucionado pelo clero local, capitaneado pelo bispo, o principal interessado em formar católicos para um futuro invés de deixá-los nas mãos de governantes ímpios e falsas religiões, bem como educadores quase sempre hostis ao ensinamento católico que contraria a meta de vida do mundo neopaganizado, isto é, o gozo de viver, de onde vem o amor de si mesmo acima de todas as coisas e, por conseguinte, o orgulho que afasta da verdadeira religião.

A pergunta é mais pertinente para uma família numerosa que se converte, por exemplo, pois a família recente
genuinamente católica que quer ser numerosa já é tomada de preocupação pela educação católica da prole (e muitas vezes é enganada pelo clero progressista de que a escola pública péssima é a única opção!) e, portanto, constitui outro caso.

À família numerosa convertida ou ciente, com fé, destes textos, a qual não pode deixar de trabalhar, o que mantém paralelo com o fato de que não há outro meio de educação senão a pública: antes de tudo, é preciso muita fé principalmente em quanto Nossa Senhora não abandona quem tem poucos meios materiais, pois a Sagrada Família também foi pobre, apesar de terem sido todos descendentes de Reis
. Segundo, é preciso pedir para que a providência aja para que os filhos se mantenham católicos, suscitando meios para que a educação da família seja a mais próxima possível do ideal dos Pontífices aqui expostos. Enquanto não se encontre alternativas, é possível manter os filhos naquelas escolas, principalmente os daquela idade em que se aprende o básico de toda a educação: coordenação motora, ler, escrever, etc.

À família recente genuinamente católica que quer ser numerosa e sabe desta doutrina: lembrando de um dos objetivos do matrimônio, isto é, a educação católica dos filhos, o casal entenderá que a medida para ter filhos é a medida da capacidade de dar educação católica para os mesmos, provido que não caia no engodo revolucionário de que só aquele colégio caro serve, ou só um certo estilo de vida é bom, etc. Uma família genuinamente católica buscará os melhores meios de ter família grande por causa da caridade que emana da mesma família e a faz buscar melhores oportunidades.

Como se vê, são linhas gerais. Cada caso precisa ser examinado no seu contexto. Eis mais uma razão para avaliar quão nocivo é o progressismo revolucionário, o qual, não por coincidência, julga resolver tudo não só sendo negligente, como jogando para o lado da revolução anti-cristã na cultura e na educação que domina o mundo hodierno.

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[1] Proposição 47 do "Syllabus" de Pio IX, de 8 de Dezembro de 1864.
[2] Encíclica Pascendi Domini Gregis, 8 de setembro de 1907.
[3] Encíclica "Editae Saepe Dei", 26 de Maio de 1910.
[4] Encíclica "Divini Illius Magistri", de 31 de Dezembro de 1929.
[5] Radiomensagem de Pio XII ao Congresso Interamericano de Educação Católica no Rio de Janeiro, de 5 de Agosto de 1951.
[6] Encíclica "Humani Generis" de Pio XII, de 12 de Agosto de 1952.
[7] Discurso aos professores e estudantes dos Institutos Católicos da França, 21 de Setembro de 1950