Na Suécia, Francisco apoiou a doutrina da justificação e os frutos da Revolução Protestante. Antes, uma imagem de Lutero no Vaticano

Após se espantar com a presença de uma imagem vermelha (talvez tirada do inferno) do heresiarca Lutero na Sala Paulo VI, no Vaticano, ao lado do Vigário de Cristo, o católico que não morreu de desgosto está mais ou menos preparado para ler o que foi dito pelo Papa no dia 31 de Outubro de 2016, poucos dias depois desta foto. Neste dia, quando se comemora o Halloween pagão, e em muitos lugares se pretende assustar as pessoas com fantasias de demônios variados, pode-se dizer que ninguém teve um dia tão assustador quanto os católicos que souberam das declarações a seguir.

A viagem Papal à Suécia foi precedida em um dia por um terremoto violento na Itália que fez desabar a Igreja onde nasceu São Bento [1], quem é, nada mais, nada menos, que o Padroeiro da Europa, a qual Lutero começou a destruir. "Se eles calarem, as pedras falarão", disse Nosso Senhor.

-> Papa Francisco comemora a (de)reforma protestante (grifos nossos)
 
"Queridos irmãos e irmãs:
 
Dou graças a Deus por esta comemoração conjunta dos 500 anos da Reforma, que estamos vivendo com espírito renovado (...)" [2].


"Nós, católicos e luteranos, começamos a caminhar juntos pela senda da reconciliação. Agora, no contexto da comemoração comum da Reforma de 1517, temos uma nova oportunidade para acolher um percurso comum, que se foi configurando ao longo dos últimos cinquenta anos no diálogo ecuménico entre a Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica (...).

"Ao mesmo tempo que estamos profundamente gratos pelos dons espirituais e teológicos recebidos através da Reforma" [3].
 
"Com gratidão, reconhecemos que a Reforma contribuiu para dar maior centralidade à Sagrada Escritura na vida da Igreja" [4].

  
-> Papa Francisco elogia a doutrina da justificação de Martinho Lutero

"A experiência espiritual de Martinho Lutero interpela-nos lembrando-nos que nada podemos fazer sem Deus. «Como posso ter um Deus misericordioso?» Esta é a pergunta que constantemente atormentava Lutero. Na verdade, a questão da justa relação com Deus é a questão decisiva da vida. Como é sabido, Lutero descobriu este Deus misericordioso na Boa Nova de Jesus Cristo encarnado, morto e ressuscitado. Com o conceito «só por graça divina», recorda-nos que Deus tem sempre a iniciativa e que precede qualquer resposta humana inclusive no momento em que procura suscitar tal resposta. Assim, a doutrina da justificação exprime a essência da existência humana diante de Deus (...).


Nós, luteranos e católicos, rezamos juntos nesta Catedral e estamos conscientes de que, sem Deus, nada podemos fazer; pedimos o seu auxílio para sermos membros vivos unidos a Ele" [5].

No entanto, suas palavras não são novidades, já que em Junho de 2016, disse algo semelhante:

"Creio que as intenções de Martinho Lutero não fossem erradas: era um reformador. Talvez alguns métodos não fossem justos, mas naquele tempo, se lermos por exemplo a história do Pastor (um luterano alemão que, ao ver a realidade daquele tempo, se converteu e fez católico), vemos que a Igreja não era propriamente um modelo a imitar: havia corrupção na Igreja, havia mundanidade, havia apego ao dinheiro e ao poder. E por isso ele protestou. Sendo inteligente, deu um passo em frente justificando por que motivo fazia isso. E hoje luteranos e católicos, com todos os protestantes, estamos de acordo sobre a doutrina da justificação: sobre este ponto tão importante, ele não errara. Elaborou um «remédio» para a Igreja, depois este remédio consolidou-se num estado de coisas, numa disciplina, num modo de crer, num modo de fazer, num modo litúrgico. Mas não era só ele: havia Zwingli, havia Calvino… E, por detrás deles, quem estava? Os princípes, «cuius regio eius religio» (...) creio que aquele documento sobre a justificação seja um dos documentos ecuménicos mais ricos, mais ricos e mais profundos" [6]. 



-> A DEMONÍACA DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO PROTESTANTE SEGUNDO O PRÓPRIO LUTERO
 
O jornalista católico Plinio Corrêa de Oliveira, quando João Paulo II comemorou os 500 anos de Lutero, transcreveu alguns trechos do heresiarca protestante no Jornal "Folha de S. Paulo" [7], a qual nos esclarece sobre qual misericórdia foi a Luterana:

"Elemento absolutamente característico do ensinamento de Lutero é a doutrina da justificação independente das obras. Em termos mais chãos, que os méritos superabundantes de Nosso Senhor Jesus Cristo só por si asseguram ao homem a salvação eterna. De sorte que se pode levar nesta terra uma vida de pecado, sem remorsos de consciência, nem temor da justiça de Deus.

A voz da consciência era, para ele, não a da graça, mas a do demônio!

Por isso escreveu a um amigo que o homem vexado pelo demônio, de quando em quando "deve beber com mais abundância, jogar, divertir-se e mesmo fazer algum pecado em ódio e acinte ao diabo, para lhe não darmos azo de perturbar a consciência com ninharias (...) Todo o decálogo se nos deve apagar dos olhos e da alma, a nós tão perseguidos e molestados pelo diabo" (M. Luther, "Briefe, Sends breiben und Bedenken", e. De Wette, Berlim, 1825-1828 – cfr. op. cit., pp. 199-200).

Neste sentido, escreveu ele também: "Deus só te obriga a crer e a confessar. Em todas as outras coisas te deixa livre e senhor de fazeres o que quiseres, sem perigo algum de consciência; antes é certo que, de si, Ele não se importa, ainda mesmo se deixasses tua mulher, fugisses do teu senhor e não fosses fiel a vínculo algum. E que se lhe dá (a Deus), se fazes ou deixas de fazer semelhantes coisas?" ("Werke", ed. de Weimar, 12, pp. 131 ss. – cfr. op. cit., p. 446).

Talvez ainda mais taxativo é este incitamento ao pecado, em carta a Melanchton, de 1º de agosto de 1521: "Sê pecador, e peca a valer (esto peccator et pecca fortiter), mas com mais firmeza ainda crê e alegra-te em Cristo, vencedor do pecado, da morte e do mundo. Durante a vida presente devemos pecar. Basta que pela misericórdia de Deus conheçamos o Cordeiro que tira os pecados do mundo. Dele não nos há de separar o pecado, ainda que cometêssemos por dia mil homicídios e mil adultérios" (Briefe, Sendschreiben und Bedenken", ed. De Wette, 2, p. 37 – cfr. op. cit. p. 439).

Tão descabelada é esta doutrina, que o próprio Lutero a duras custas nela conseguia acreditar: "Nenhuma religião há, em toda a terra, que ensine esta doutrina da justificação; eu mesmo, ainda que a ensine publicamente, com grande dificuldade a creio em particular" (Werke", ed. de Weimar, 25, p. 330 – cfr. op. cit., p. 158).

Mas os efeitos devastadores da pregação assim confessadamente insincera de Lutero, ele mesmo os reconhecia: "O Evangelho hoje em dia encontra aderentes que se persuadem não ser ele senão uma doutrina que serve para encher o ventre e dar larga a todos os caprichos" ("Wekw", ed. de Weimar, 33, p. 2 – cfr. po. cit., p. 212).

E Lutero acrescentava, acerca de seus sequazes evangélicos, que "são sete vezes piores que outrora. Depois da pregação da nossa doutrina, os homens entregaram-se ao roubo, à mentira, à impostura, à crápula, à embriaguez e a toda espécie de vícios. Expulsamos um demônio (o papado) e vieram sete piores" ("Werke", ed. de Weimar, 28, p. 763 – cfr. op. cit., p. 440). 


O Credo em reparação

"Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. 

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação desceu dos Céus. E se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria. e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim. 

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos Profetas. Creio na Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica. Professo um só batismo para a remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos e vida do mundo que há de vir. 

Amém".

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[1] "Itália: Sismo destrói Basílica de São Bento em Núrsia", Agência Ecclesia, 30 de Outubro de 2016. Link: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/internacional/italia-sismo-destroi-basilica-de-sao-bento-em-nursia/ 
[2] Viagem apostólica a Suécia: Evento ecumênico no Malmoe Arena, Malmoe, 31 de octubre de 2016. Link: http://w2.vatican.va/content/francesco/es/speeches/2016/october/documents/papa-francesco_20161031_svezia-evento-ecumenico.html
[3] Declaração Conjunta, por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana da Reforma, Lund, 31 de outubro de 2016. Link: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2016/documents/papa-francesco_20161031_omelia-svezia-lund.html
[4] Viagem Apostólica à Suécia: Oração Ecumênica na Catedral Luterana de Lund, 31 de outubro de 2016. Link: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2016/documents/papa-francesco_20161031_omelia-svezia-lund.html
[5] Idem.
[6] Viagem Apostólica: Entrevista coletiva do Santo Padre durante o voo de regresso da Armênia, 26 de junho de 2016. Link: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2016/june/documents/papa-francesco_20160626_armenia-conferenza-stampa.html
[7] FSP, 10 de janeiro de 1984, "Lutero pensa que é divino!", Plinio Corrêa de Oliveira. Citações tiradas do Pe.Leonel Franca S. J., "A Igreja, a Reforma e a Civilização", Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 3ª ed., 1934, 558 pp. Link: http://www.pliniocorreadeoliveira.info/FSP_84-01-10_Lutero_pensa.htm#.WBe2mskatyU