Erros de fatimólogos sobre a sétima aparição de Nossa Senhora de Fátima já ter ocorrido

Resultado de imagen para Fátima: Mensagem de tragédia ou de esperança? Nossa Senhora de Fátima da sétima aparição, rogai por nós!

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. V)".

Anterior deste capítulo:
S. Jacinta: "gosto de pensar nêles". A santa fala dos apóstolos dos últimos tempos?


Alguns fatimólogos sustentam que a sétima aparição já ocorreu. Entre eles, o Dr. Antônio Augusto Borelli Machado, embora não antes de 2007.

Um dos maiores especialistas nas Aparições de Nossa Senhora de Fátima, e talvez o único entre estes que é tradicionalista e contra-revolucionário discípulo do grande apóstolo de Fátima Plinio Corrêa de Oliveira, Dr. Borelli publicou uma nova edição de seu famoso livro já traduzido para mais de 10 línguas e com mais de 4 milhões de cópias vendidas, boa parte com a então ajuda de Dr. Plinio. Referimo-nos à edição publicada em espanhol, pela Universidad San Sebastián, em 2017.

Nessa nova edição, Dr. Borelli sustenta que a sétima aparição que Nossa Senhora prometeu além das seis, já aconteceu.

Isso está muito equivocado.

Somente como se será a sétima aparição, por incluir interpretações e hipóteses, é uma questão em aberto. Aqui tratamos unicamente do que Dr. Borelli sustenta, uma vez que engloba os argumentos mais relevantes e recentes para o debate desta matéria.

Fala de Nossa Senhora de Fátima sobre a sétima aparição

Primeira Aparição, 13 de Maio de 1917:

Nossa Senhora: “Não tenhais medo, Eu não vos faço mal”.

Lúcia: “Donde é Vossemecê?”

Nossa Senhora: “Sou do Céu” (e Nossa Senhora ergueu a mão para apontar o céu).

Lúcia: “E que é que Vossemecê me quer?”

Nossa Senhora: “Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez”.

Resumo da questão

Dr. Borelli no Cap. IV de seu livro enumera os estudiosos que falaram do problema. Entre estes, o Cônego Galamba de Oliveira, que diz que a sétima aparição já ocorreu. Este relata que falou com a irmã Lúcia, que disse que a Virgem Santíssima já lhe havia aparecido pela sétima vez em 17 de Junho de 1921, e quando o sacerdote perguntou sobre o que ouviu, a irmã afirmou que a Mãe de Deus nada disse, mas que a aparição lhe deu forças para levar a cruz de ter que ir ao Porto. O Pe. Joaquim María Alonso, CMF, sustenta o mesmo, mas levanta o problema de que a julgar pelo modo como Nossa Senhora disse na primeira aparição sobre a sétima, esta deveria ter tido um caráter público como tiveram as outras. Seguem-no outros fatimólogos como Sebastião Martins dos Reis e o Frei Michael de la Sainte Trinité.

Posição antiga e nova de Dr. Borelli

A posição anterior de Dr. Borelli, na edição de 2007 do seu livro (Acessado em: https://aparicaodelasalette.blogspot.com/p/fatima.html), era de que "a sétima aparição, anunciada com tão grande destaque por Nossa Senhora, nos parece — salvo melhor juízo — uma questão em aberto", e que "os eventos previstos em Fátima não estando ainda concluídos — conforme demonstramos nos comentários ao Segredo (cfr. Capítulo II) — poder-se-ia conjecturar que essa sétima aparição representaria o “ponto final” da Mensagem de Fátima, que Nossa Senhora mesma sintetizou nas célebres palavras: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”. Uma aparição, enfim, que marcasse o início de uma nova era histórica (...)". E com isso o autor passa a se referir ao Reino de Maria e à vitória da Contra-Revolução, conforme sustentados por Plinio Corrêa de Oliveira.

Na nova posição, alega que "a história de Fátima se faz sobretudo com base nos testemunhos da Irmã Lúcia e só é lícito levantar conjecturas nas questões que ela deixou em aberto" (pg.93). Em seguida, cita a obra "Um Caminho sob o Olhar de Maria" publicada em 2013 pelo Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, com escritos inéditos da Irmã Lúcia. Ali, a vidente de Fátima diz que na tarde de 15 de Junho de 1921, ao ir a Cova da Iria onde apareceu a Mãe de Deus, preocupada com a ordem do Bispo de Leiria sobre a ida ao Porto, Nossa Senhora lhe apareceu e disse "aqui estou pela sétima vez" e outras poucas palavras que confirmavam a ordem Episcopal. Dr. Borelli conclui: "é forçoso, portanto, admitir que a sétima aparição em Fátima já ocorreu", e adiciona que em nada impede que ainda ocorram os castigos e o triunfo do Imaculado Coração de Maria, que antes sustentava estarem atrelados a essa aparição.

Problemas gritantes nessa análise

1. Contradição entre os relatos da Irmã Lúcia: a irmã Lúcia diz ao Cônego Galamba de Oliveira que Nossa Senhora nada disse nesta sétima aparição, mas no escrito do livro de 2013 ela afirma que a Virgem Santíssima disse: "aqui estou pela sétima vez" e outras coisas. Dr. Borelli sequer menciona este ponto.

2. Contradição do autor sobre "levantar conjecturas nas questões que ela deixou em aberto": Dr. Borelli alega que "só é lícito levantar conjecturas nas questões que ela deixou em aberto", mas na mesma edição de 2017, Apêndice I, ao tratar de outro problema, lembra que os videntes estão sujeitos ao erro:

"É sabido que os videntes são freqüentemente favorecidos com um regime especial de graças e inspirações do Espírito Santo, seja para o bem da Igreja, seja para o próprio bem espiritual. Assim, por exemplo, Nossa Senhora permitiu que Santa Bernadette, já no convento de Nevers, em determinado momento perdesse toda lembrança das aparições, a ponto de duvidar se as teria tido realmente, e portanto se não enganara o mundo todo com suas declarações! Felizmente foi uma provação passageira, mas que os historiadores de Lourdes registram. Com Santa Catarina Labouré ocorreu também um fenômeno curioso: seu confessor, ao tomar providências para a cunhagem da medalha que viria a chamar-se “milagrosa”, quis saber exatamente o que colocar no verso. E pediu à vidente que fizesse uma nova descrição completa da medalha. A vidente mandou lhe dizer que no momento só se lembrava do que constava no verso... O fato impressionou muito o confessor, que duvidava da realidade das aparições.

Isto posto, podem colocar-se duas questões: (a) Com a Irmã Lúcia não se teria passado um fenômeno espiritual semelhante, ao omitir na III Memória a frase que depois incluiu na IV Memória? (...)".

Assim, não é preciso dizer o quanto se pode questionar sobre omissões da irmã no caso da suposta sétima aparição, ainda mais que o primeiro relato contradiz o seu próprio relato anterior. Essas coisas não impressionam quem conhece outros casos de erro em profecias, já tratadas no capítulo I.

3. Problema de implicar uma falta de concatenação na fala perfeita da Virgem Santíssima: nos diálogos das aparições saltam aos olhos seja o sentido místico, seja o sentido profético. Depois de falar das seis aparições, que foram notórias, a Virgem Santíssima fala da sétima. Ora, se a sétima era tão simples e privada, Nossa Senhora teria, ao mencioná-la na fala sobre as aparições, conscientemente engendrado (pela sabedoria que possui) uma futura confusão sobre a possibilidade de mais uma aparição de caráter semelhante, o que é absurdo de se pensar que Ela faria. 

4. Contradição do autor ao não enfrentar a dificuldade do ponto anterior: na edição de 2007, Dr. Borelli diz que os "autores que consideram o assunto encerrado não enfrentam, entretanto, essa dificuldade", ao mesmo tempo que na nova edição a razão dada para aderir à posição desses autores sequer tenta resolver essa dificuldade, mas se resume a tomar como literal e certo um testemunho da irmã Lúcia que se contradiz com outro.

5. Contradição com as características das outras seis aparições: essa "sétima aparição" com a Irmã Lúcia é completamente distinta das outras seis, pois não possui diálogo, não há pedido de rezar o rosário por parte de Nossa Senhora, é curtíssima, não se fala senão do problema da Irmã Lúcia, não há promessa, gesto místico, segredo ou profecia revelada.

6. Problema de implicar uma falta de harmonia com as outras partes da Mensagem: como Dr. Borelli afirma nas edições anteriores, seguindo a Dr. Plinio, é natural relacionar essa sétima aparição ao "triunfo do Imaculado Coração", isto é, o Reino de Maria que S. Luís Maria Grignion de Montfort profetiza e também aos Castigos profetizados, já que nada mais sensato do que Nossa Senhora vir seja para dizer que chegou o tempo dessas coisas, seja para engendrá-las, visto que veio para dizer que elas virão.

7. Oposição à autoridade de Plinio Corrêa de Oliveira: é notório que Dr. Plinio sustentava a sétima aparição no contexto sustentado aqui, e inclusive deixou para seus discípulos uma série de intenções na chamada vigília do Oratório que muitos ainda fazem, entre as quais estava o pedido da vinda da sétima aparição de Nossa Senhora de Fátima. Já vimos na parte 2 desse volume que ele foi o apóstolo de Fátima por excelência e dotado de um profetismo para seu tempo e para esse tipo de questão. Portanto, é a maior autoridade no tema.

Conclusão

Nossa Senhora de Fátima da futura Sétima Aparição, rogai por nós!
 
Próximo deste capítulo:
Hipótese sobre a existência do texto faltante do Segredo de Fátima


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