Papa Francisco chamou a Rainha dos Céus de moça normal, uma "moça de hoje". Dois meses depois disse que a Virgem Maria não nasceu santa

"Sem nada de extraordinário na vida"
No dia 7 de Outubro de 2018, o Jornal Corriere della Sera trouxe excertos de um livro do Sumo Pontífice, que consiste em um colóquio sobre a oração "Ave Maria", feito com o teólogo e capelão do cárcere de Pádua [1].

Comentários nossos em negrito.

"Do momento em que nasceu até a Anunciação, o momento do encontro com o Anjo de Deus, imagino como uma moça normal, uma moça de hoje, uma moça, não posso dizer da cidade, porque era de uma aldeia, mas normal, normal, educada normalmente, disposta a casar-se, a constituir família (…).

Luiz Sérgio Solimeo [2], em artigo sobre a notícia, comenta que a Virgem Santíssima tinha feito voto de castidade, e não "estava disposta a casar": "Explica o grande exegeta Cornélio a Lapide (+ 1637): “Porque não conheço varão (…). Nenhuma outra justa razão para esta desculpa e hesitação por parte da Virgem pode ser aduzida ou suposta aqui, senão a impossibilidade moral resultante do voto que a Santíssima Virgem fez antes da anunciação angélica: este é o ensinamento dos Santos Agostinho, Gregório de Nissa, Beda, Bernardo, Anselmo, Ruperto” [3]. Santo Agostinho, no livro De virginitate, é inteiramente categórico: Maria não teria feito essa pergunta ao Anjo, “a não ser que se tivesse consagrado a Deus como virgem” [4].

Depois, após a concepção de Jesus, ainda uma mulher normal. Maria é a normalidade, é uma mulher que qualquer mulher deste mundo pode dizer que pode imitar.

Repetição da palavra "normal" associada ao nome Santíssimo de Maria

Sem nada de extraordinário na vida, uma mãe normal: mesmo no seu casamento virginal, casto no quadro da virgindade, Maria foi normal. Trabalhava, fazia as compras, ajudava o Filho, ajudava o marido: normal.

Não há nada extraordinário na vida da Mãe de Deus, segundo o Papa jesuíta 
A normalidade consiste em viver no povo e como o povo.

Enfatiza-se o sentido de "normal".
 

É anormal viver sem raízes em um povo, sem ligação com um povo histórico. Nestas condições nasce um pecado que agrada tanto a Satanás, nosso inimigo: o pecado da elite. A elite não sabe o que significa viver no povo, e quando falo de elite não entendo uma classe social: falo de uma postura da alma.

O pecado de elite é não saber "viver no povo". Mesmo sabendo que nestes tempos a palavra "povo" é muito usada também pelos comunistas a-católicos, o Papa não especifica.
 

O anjo não disse a Maria: "Você é cheia de intelecto, de inteligência, é cheia de virtude, é uma mulher super-boa"". Não, "é cheia de graça", isto é, de gratuidade, de beleza. 

Não pode ser cheia de graça da sabedoria também? De virtudes? Só beleza? Nada é explicado. Depois, o Vigário de Cristo diz uma verdade:

Nossa Senhora é bela por excelência. A beleza é uma das dimensões humanas que muitas vezes negligenciamos. Falamos da verdade, da bondade, e deixamos de lado a beleza. Ao contrário, é tão importante quanto as outras. É importante encontrar Deus na beleza".

***


Em discurso aos funcionários da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano para as felicitações de Natal, no dia 21 de dezembro de 2018, o Papa diz o seguinte sobre a Virgem Concebida sem pecado original, isto é, concebida santa (grifos nossos):

"olham para o Menino Jesus e sentem-se felizes porque, depois de numerosas preocupações, acolheram esta Prenda de Deus, com tanta fé e tanto amor. “Transbordam” de santidade e por conseguinte de alegria. E vós me direis: claro! São Nossa Senhora e São José! Sim, mas não pensemos que foi fácil para eles: não nascemos santos, tornamo-nos, e isto é válido também para eles" [5].

Salmo em reparação (Salmo 6)

"Senhor, não me arguas no teu furor, nem me castigues na tua ira. Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou enfermo; sara-me, Senhor, porque meus ossos estremeceram. E a minha alma turbou-se em extremo, mas Tu, Senhor, até quando? Volta-te, Senhor, e livra a minha alma, e salva-me pela tua misericórdia.

Porque na morte não há quem se lembre de Ti, e na habitação dos mortos, quem Te louvará? Estou esgotado à força de tanto gemer, lavarei meu leito com lágrimas todas as noites, regarei com elas o lugar do meu descanso. 

Os meus olhos se turbaram por causa do furor, envelheci no meio de todos os meus inimigos. Apartai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade, porque o Senhor ouviu a voz do meu pranto.

O Senhor ouviu a minha súplica, o Senhor ouviu a minha oração. Sejam confundidos, e em extremo conturbados todos os meus inimigos, retirem-se e sejam num momento cobertos de vergonha".

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[1] Corriere della Sera, 07 ottobre 2018, Papa Francesco: «La Chiesa è popolo, l’élite il peccato». Link: https://www.corriere.it/cronache/18_ottobre_07/papa-francesco-chiesa-popolo-elite-peccato-2ab8a8ce-ca64-11e8-8417-701d201b7018.shtml?refresh_ce-cp
[2] A nova mariologia igualitária do Papa Francisco, 11 de novembro de 2018. Link: http://www.abim.inf.br/a-nova-mariologia-igualitaria-do-papa-francisco/
[3] The Commentary of Cornelius a Lapide– Saint Luke Chapter one, Loreto Publications, Fitzwilliam, New Hampshire, 2008, p. 158
[4] Of Holy Virginity, nº 4, http://www.newadvent.org/fathers/1310.htm, Out. 18, 2018
[5] Link: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2018/december/documents/papa-francesco_20181221_dipendenti-vaticani.html