Papa Francisco sugeriu que padres casados em lugares remotos seja uma necessidade pastoral

Recomendamos a leitura prévia do seguinte artigo, que refuta também a falta de sacerdotes, que alguns levantam hoje:

Tradição, Papas e santos sobre o celibato no diaconato, sacerdócio e bispado. Por Mons.Villac

No dia 27 de Janeiro de 2019, na viagem de volta a Roma da Jornada Mundial da Juventude, no Panamá, houve uma coletiva de Imprensa do Santo Padre Francisco. Perguntaram, como de costume, os jornalistas ao Vigário de Cristo. Tirado do site do vaticano, com sublinhados nossos [1]:

"Papa Francisco:

De rito latino... Vem-me à mente aquela frase de São Paulo VI: «Prefiro dar a vida antes que mudar a lei do celibato». Veio-me à mente e quero dizê-la, porque é uma frase corajosa, num momento mais difícil do que o atual (nos anos ‘68/’70). Pessoalmente, penso que o celibato é uma dádiva para a Igreja. Em segundo lugar, não estou de acordo com permitir o celibato opcional. Haveria qualquer possibilidade apenas nos lugares mais remotos; penso nas ilhas do Pacífico... Haveria necessidade pastoral, e o pastor deve pensar nos fiéis. Há um livro do Padre Lobinger [o Bispo Fritz Lobinger, Preti per domani (Emi, 2009)] que é interessante. Está-se ao nível de discussão entre os teólogos; não há decisão minha. A minha decisão é: celibato opcional antes do diaconado, não. É uma coisa minha, pessoal… Eu não o farei: isto fique claro. Sou «fechado»? Talvez. Mas não me sinto, diante de Deus, de tomar tal decisão. Voltando ao Padre Lobinger, disse ele: «A Igreja faz a Eucaristia e, a Eucaristia, fá-la a Igreja». Mas onde não há Eucaristia nas comunidades – imagine, Caroline – nas ilhas do Pacífico…

Carolina Pigozzi:

…na Amazónia, também...

Papa Francisco:

... talvez lá... em tantos lugares... Diz Lobinger: Quem faz a Eucaristia? Naquelas comunidades, os «dirigentes», digamos, os organizadores daquelas comunidades são, diretamente, diáconos, irmãs ou leigos. E Lobinger diz: pode-se ordenar um ancião, casado. É a tese dele: pode-se ordenar um ancião casado, mas para exercer apenas o munus sanctificandi, isto é, celebrar a Missa, administrar o sacramento da Reconciliação e dar a Unção dos Enfermos. A ordenação sacerdotal confere três munera: regendi (governar, o pastor), docendi (ensinar) e sanctificandi. Isto recebe-se com a ordenação. O bispo daria apenas as faculdades para o munus sanctificandi: esta é a tese. O livro é interessante. Talvez isso possa ajudar a pensar no problema. Acho que o problema deve ser perspetivado neste sentido: onde houver um problema pastoral, devido à falta de sacerdotes. Não digo que se deve fazer, porque não refleti, não rezei suficientemente sobre isso. Mas os teólogos devem estudar. Um exemplo é o Padre Lobinger, que era um fidei donum, na África do Sul... É já idoso. Dou este exemplo para indicar os pontos onde isso deve ser feito. Falava com um oficial da Secretaria de Estado, um bispo, que teve de trabalhar num país comunista no início da revolução; quando viram como se encaminhava aquela revolução – na década de ’50, mais ou menos –, os bispos ordenaram secretamente camponeses, bons, religiosos. Passada a crise, trinta anos depois, o caso foi resolvido. E ele referia-me a emoção por ele sentida quando, numa concelebração, vira estes camponeses, com as mãos de camponeses, vestir a alba para concelebrar com os bispos. Isto aconteceu na história da Igreja. É um assunto que é preciso estudar, repensar e rezar".

Salmo em reparação (Salmo 6)

"Senhor, não me arguas no teu furor, nem me castigues na tua ira. Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou enfermo; sara-me, Senhor, porque meus ossos estremeceram. E a minha alma turbou-se em extremo, mas Tu, Senhor, até quando? Volta-te, Senhor, e livra a minha alma, e salva-me pela tua misericórdia.

Porque na morte não há quem se lembre de Ti, e na habitação dos mortos, quem Te louvará? Estou esgotado à força de tanto gemer, lavarei meu leito com lágrimas todas as noites, regarei com elas o lugar do meu descanso. 

Os meus olhos se turbaram por causa do furor, envelheci no meio de todos os meus inimigos. Apartai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade, porque o Senhor ouviu a voz do meu pranto.

O Senhor ouviu a minha súplica, o Senhor ouviu a minha oração. Sejam confundidos, e em extremo conturbados todos os meus inimigos, retirem-se e sejam num momento cobertos de vergonha".

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[1] Link: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2019/january/documents/papa-francesco_20190127_panama-volo-ritorno.html