São João da Cruz (rogai por nós!) usando o hábito Carmelita |
Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição)".
Toda autoridade da Igreja já concordou com a tese de que a Ordem Carmelita tem origem pré-cristã por causa de Santo Elias, como mostram os comentários do Pe. Cornélio A Lápide, S.J. (1567-1637), editados por nós:
Santos
"O Abulense (São João de Ávila) deduz desta passagem que Elias, a partir da época em que no monte Carmelo fez descer fogo do céu e prostrou os baalitas, estabeleceu aí sua morada em memória de todos os benefícios recebidos e milagres realizados. E para lá confluíram, a fim de estarem junto dele, muitos varões religiosos que se dedicavam inteiramente a Deus, à oração e aos louvores das coisas divinas. Estes foram imitados, depois da vinda de Cristo, por aqueles que no mesmo monte religiosamente cultuaram a Deus. Daí se originou a antiga santa Ordem carmelitana. (...) "
"Por isso, São Jerônimo com razão chama a todos estes mencionados religiosos de "monges" do Antigo Testamento. E ao se incluir no número dos monges diz: "Noster princeps Elias, noster Eliseus, noster duces filii prophetarum". Com praticamente idênticas palavras, Santo Isidoro afirma a mesma coisa no livro De Ecclesiasticis officiis, lib. II, cap. XV, onde qualifica Elias e outros profetas de "princeps monachorum". Cassiano também apóia abertamente essa opinião, dizendo que foram eles os que lançaram os primeiros fundamentos da vida monástica.
Com efeito, Elias levou sempre uma perpétua vida casta e celibatária, sem mulher, sem filhos, sem família. Ademais, em tanta pobreza que, em lugar de vestimentos, cobria-se com uma pele de ovelha, e o alimento - como que mendigado - recebia-o ora da viúva, ora do corvo.
Donde São Crisóstomo dizer na 2ª hom. ad Populum: "Quem, dizei-me, mais pobre do que Elias? Contudo, por isso mesmo vencia ele a todos os ricos"." [1]
Papas da Igreja
"Sete Sumos Pontífices - Sixto IV, João XXII, Júlio III, São Pio V, Gregório XIII, Sixto V e Clemente VIII - em Bulas concedidas a esta Ordem, assim falam dos membros desta sagrada instituição: "Como espelho da Ordem, refulgentes de caridade exemplar, conservam eles a sucessão hereditária dos santos profetas Elias e Eliseu, e dos outros padres que no santo monte Carmelo habitaram junto à fonte de Elias".
Ademais, o Papa Sixto V autorizou ainda que os carmelitas cultuassem Elias e Eliseu como patronos da Ordem, observando dias de festa em sua honra, recitando Ofícios em sua memória, o que a Ordem Carmelitana, desde então, vem diligentemente praticando.
Ainda sobre esta passagem, Nicéforo (lib. VIII, cap. III) afirma que Santa Helena, mãe de Constantino o Grande, edificou no Monte Carmelo um templo ao profeta Elias. Certamente, no tempo de Elias e Eliseu, havia no Monte Carmelo um Oratório, ou sinagoga, para a qual, nos dias de festa, o povo confluía, seja para rezar, seja para ouvir Elias, Eliseu e outros pregadores. O que fica patente no IV livro dos Reis (IV, 23). E isso mesmo é o que ensinam Lyrano, Abulense e outros. Por isso, ainda hoje, os Carmelitas celebram solenemente a festa de Elias no dia 20 de julho, data em que Elias está inscrito no Martirológio Romano. (Ver Suarez, lib II de Relig. cap II.)" [2]
Historiadores e prelados
"Encontra-se na Bibliotheca Patrum, Colônia, tom. IV, 3ª edição, p. 725, o livro de João XLIV, bispo de Jerusalém, [dirigido] ad Caprasium, sobre a instituição do monaquismo, no qual demonstra que a Ordem Carmelitana deve sua fundação exclusivamente a Elias. Alguns comentaristas recentes consideravam ser este autor aquele João, bispo de Jerusalém, que viveu no tempo de São Jerônimo e foi acusado por este de origenista. Porém, isso é refutado por muitos doutores de Colônia (ver prefácio do livro acima citado), por Barônio (tomo V, no ano 444 d. C.); por [São Roberto] Belarmino, (De Script. Eccles., p.95), os quais defendem que o estilo deste autor é latino, e de tempos posteriores. Por fim, Salomão recorda este Monte no Cântico dos Cânticos (VII, 5), dizendo: "A tua cabeça é como o Monte Carmelo" (...).
Acrescenta Adricômio, em Carmelus: "Neste monte existem uma gruta e uma fonte. Aí habitaram Elias, Eliseu e os filhos dos profetas. Posteriormente aí moraram (e ainda hoje moram) os Frades Carmelitas, daí tirando sua origem e seu nome". " [3]
Pela exegese da própria Escritura e seu sentido
"O nome do Carmelo representa muito bem a situação da Ordem [Carmelitana], seja porque ela tem abundância de obras e de méritos, como o Carmelo repleto de frutos da terra, seja porque em hebraico Carmelo é o mesmo que ciência da circuncisão, isto é da mortificação das paixões, das cupidezes e dos afetos terrenos, o que - como se diz - encontra na ordem como que sua própria escola." [4]
" 'Pôs a sua capa sobre ele': Para chamá-lo, fazer com que ele o seguisse, e torná-lo companheiro e partícipe de sua instituição, segundo o costume das Ordens religiosas, nas quais os noviços recebem um manto ou veste própria à sua Ordem." [5]
" 'Saíram os filhos dos profetas': Eram estes discípulos de Elias, de Eliseu e de outros profetas, que se devotavam inteiramente a Deus enquanto religiosos, constituindo já muitos grupos em Gálgala, em Jericó, em Bethel, no Carmelo etc., formados por Elias. Portanto, antes de seu rapto, Elias visitou seus discípulos para confirmá-los na verdadeira fé e na áspera vida eremítica, e, dando-lhes seus últimos conselhos de perfeição e salvação, anunciar a Eliseu como seu sucessor. Aliás, entre eles havia alguns, verdadeiros profetas, que receberam de Deus a revelação do rapto de Elias e a transmitiram a Eliseu e aos demais, como se pode ler no versículo seguinte." [6]
A duração da Ordem é corroborada por São João Batista que, além de usar as mesmas vestes de profetas antigos, era, segundo Nosso Senhor, o Elias que há de vir. Embora isso tenha sido dito porque o primo de Cristo era uma prefigura de Elias, o qual virá no fim do mundo, antes da segunda vinda do Messias.
Na 2a edição desse volume adicionamos um estudo sobre os documentos do Mar Morto: como eles relacionam os essênios aos antigos Carmelitas. Adicionamos ainda mais provas, ao longo da história, de que eram os mesmos. Colocamos na seção das hipóteses, pois a partir desse estudo elaboramos uma teoria.
Próximo deste capítulo: Doutrina Católica sobre o milenarismo (crasso, mitigado, etc). Nossa posição
Artigos sobre profecias Católicas
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[1] Comentário em 1 Reis 18, 42
[2] Idem
[3] Idem
[4] Idem
[5] Comentário em 1 Reis 19, 19
[6] Comentário em 2 Reis 2, 3