Doutrina Católica sobre o milenarismo (crasso, mitigado, etc). Nossa posição

"Há de vir a julgar os vivos e os mortos [inde ventúrus est, iudicare vivos et mórtuos]".
Credo Católico, o qual não fala de nenhuma outra vinda.


Anterior deste capítulo: A Ordem Carmelita tem origem profética pré-cristã com Santo Elias. Provam isso os Santos, os Papas, historiadores e a Escritura

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição)".

 
Falecido Plinio Corrêa de Oliveira, homem de ação e intelectual católico reconhecido no Brasil e no estrangeiro, ressuscitaram uma acusação há tempos respondida: milenarismo. Tal como um realejo que toca sempre a mesma música, quem repete essa acusação, como em um "loop mental infinito", não passa de um "controvérsia-realejo".

Mesmo com escritos pouco influentes, mas precavendo-nos de um possível rótulo por gente de má vontade, transcrevemos condenações ao milenarismo e assuntos correlatos.


Notamos como Deus permite que o desonesto caia na confusão típica de espírito protestante que, odiando o que lhe é apresentado, "metralha" um alvo com diversas alegações e acusações, e psicologicamente admite não querer atender um princípio basilar de justiça: ouvir o contraditório. Outras vezes acusa de coisas gravíssimas, outrora dignas de pena capital, em meio a brincadeiras, mostrando não levar a sério suas próprias acusações.

Ao final, colocamos uma profissão de fé sobre o mesmo tema.


Sagrada Congregação do Santo Ofício sobre o milenarismo (ou quiliasmo)

"Nos últimos tempos, mais de uma vez se perguntou a esta Suprema Sagrada Congregação do Santo Ofício o que se deve pensar do Milenarismo mitigado, que ensina que o Cristo Senhor, antes do Juízo Final, ocorra ou não antes a ressurreição de muitos justos, virá visivelmente a esta terra para reinar.

Tendo examinado o tema na reunião plenária da quarta-feira, 19 de julho de 1944, os Eminentíssimos e Reverendíssimos Senhores Cardeais encarregados de velar pela pureza da fé e dos costumes, depois de ouvir a opinião de seus consultores, decretaram responder: o sistema do Milenarismo mitigado não pode ser ensinado sem perigo. E, no dia seguinte, quinta-feira, 20 do mesmo mês e ano, o Santíssimo Senhor Nosso Pio XII, Papa pela Divina Providência, na habitual audiência concedida ao Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Assessor do Santo Ofício, aprovou, confirmou e mandou publicar esta resposta dos Eminentíssimos Padres.

Dado em Roma, no Palácio do Santo Ofício, no dia 21 de julho de 1944".

 
(Denzinger
2296. Decreto de 21 de julho de 1944. A.A.S., XXXVI, 1944, p. 212.)

Em Latim: [Postremis hisce temporibus non semel ab hac Suprema S. Congregatione S. Officii quaesitum est, quid sentiendum de systemate Millenarismi mitigati, docentis scilicet Christum Dominum ante finale iudicium, sive praevia sive non praevia plurium iustorum resurrectione, visibiliter in hanc terram regnandi causa esse venturum. Re igitur examini subiecta in conventu plenario feriae IV, diei 19 Iulii 1944, Emi ac Revmi Domini Cardinales, rebus fidei et morum tutandis praepositi, praehabito RR. Consultorum voto, respondendum decreverunt, systema Millenarismi mitigati tuto doceri non posse. Et sequenti feria V, die 20 eiusdem mensis et anni, Ssmus D.N. Pius divina Providentia Papa XII, in solita audientia Excmo ac Revmo D. Adsessori S. Officii impertita, hanc Emorum Patrum responsionem approbavit, confirmavit ac publici iuris fieri iussit. Datum Romae, ex Aedibus S. Officii, die 21 Iulii 1944.]


Catecismo da Igreja Católica (1992)

"676. Esta impostura anticrística já se esboça no mundo, sempre que se pretende realizar na história a esperança messiânica, que não pode consumar-se senão para além dela, através do juízo escatológico. A Igreja rejeitou esta falsificação do Reino futuro, mesmo na sua forma mitigada, sob o nome de milenarismo, e principalmente sob a forma política dum messianismo secularizado, «intrinsecamente perverso».

677. A Igreja não entrará na glória do Reino senão através dessa última Páscoa, em que seguirá o Senhor na sua morte e ressurreição. O Reino não se consumará, pois, por um triunfo histórico da Igreja segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o último desencadear do mal, que fará descer do céu a sua Esposa. O triunfo de Deus sobre a revolta do mal tomará a forma de Juízo final, após o último abalo cósmico deste mundo passageiro".


Com prefácio elogioso do então Cardeal Alfons Stickler, uma antiga biografia de Plinio Corrêa de Oliveira escrevia: 

"10. Interpretação do Apocalipse e milenarismo
 

(...) O mito do progresso, típico do século passado, o da sociedade sem classes marxista, o nacional-socialista do "Terceiro Reich" e o ecológico dos "verdes" entroncam com este filão de messianismo laico: ele pressupõe a negação do pecado original e da missão da Igreja e a "auto-redenção" da humanidade na história e através da história.

A oposição não poderia ser mais nítida: a escatologia cristã quer sacralizar a sociedade e a história ordenando-a a Deus; o messianismo laico quer uma implícita divinização do homem e das estruturas sociais para realizar o "Reino de Deus" sobre a terra, na sua absoluta perfeição.

Nada tem de comum com o milenarismo a ideia de uma era histórica em que o Catolicismo atinja a sua plenitude, realizando a sentença e o desejo de São Paulo e dos grandes Pontífices deste século: "Instaurare omnia in Christo".


(Roberto de Mattei, "O Cruzado do Século XX", Cap. VII, 10. Interpretação do Apocalípse e milenarismo)

Credo Católico (o qual não fala de nenhuma outra vinda)


"Há de vir a julgar os vivos e os mortos [inde ventúrus est, iudicare vivos et mórtuos]".


-> NOSSA PROFISSÃO DE FÉ

REPUDIAMOS O MILENARISMO CRASSO, isto é, não acreditamos que "Nosso Senhor Jesus Cristo virá para reinar por mil anos visivelmente na terra".

REPUDIAMOS O MILENARISMO
MITIGADO, isto é, não acreditamos "que o Cristo Senhor, antes do Juízo Final, ocorra ou não antes a ressurreição de muitos justos, virá visivelmente a esta terra para reinar".

REPUDIAMOS A NOÇÃO DE QUE O REINO DE CRISTO É TERRENO, e chegará através de um "
triunfo histórico da Igreja segundo um progresso ascendente". Só acreditamos no "Reinado Social de Nosso Senhor Jesus Cristo".

REPUDIAMOS QUE "REINO DE MARIA" OU "PLENITUDE DA CIVILIZAÇÃO CRISTÃ" queira dizer "tempo sem luta", ou "tempo sem pecado original", ou "tempo de gozo carnal", ou "tempo sem vigilância".


ACREDITAMOS QUE "REINO DE MARIA" É O "REINADO SOCIAL DE CRISTO NOSSO SENHOR".


A única terceira vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo que acreditamos é a citada pelo Padre Antônio Vieira em um sermão sobre o fim do mundo: aquela vinda que depende da hora de morte de cada um, quando cada um encontrará o Justo Juiz, e prestará contas de tudo que disse.

Assim, SUBMETEMO-NOS AO JUÍZO DA SANTA SÉ, A QUAL TEM A PALAVRA FINAL E DEVE SER OBEDECIDA.

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