Hipótese teológica da vinda no fim do mundo de S. João Evangelista ressurrecto, pela Escritura e os Doutores da Igreja

S. João Evangelista, rogai por nós!

Para entender melhor, veja:

A Escritura e os Doutores da Igreja dizem que Elias e Enoch virão no fim dos tempos na época do Anticristo


Anterior deste capítulo:
Hipótese Teológica da divisão das Eras da Igreja. Apreciação das divisões de S. Agostinho, S. Boaventura e outros

Mais artigos sobre: Profecias Católicas 

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados" (volume I, parte I, cap. III, 3a edição)


- São João Apóstolo morreu realmente e possui a visão beatífica (é santo), e sua morte foi tranquila, não por martírio

Provam os Padres da Igreja e os antigos historiadores

Segundo o Pe. Jugie [1], a morte do Apóstolo está certificada por vários documentos a partir do século II, entre estes a carta do Bispo de Éfeso, Polícrates, ao Papa Vítor I, e depoimentos de São Dionísio de Alexandria, Tertuliano, Eusébio de Cesaréia, São João Crisóstomo, São Jerônimo, o Papa São Celestino e os padres do Concílio de Êfeso (ano 431). Como ressalta o Pe. Jugie, o fato da morte e o túmulo do Apóstolo são tão conhecidos, que sequer os apócrifos se afastam, neste ponto, da história autêntica.

São Jerônimo [2] diz que a morte de São João foi tranquila: "Pergunta-se como os filhos de Zebedeu, Tiago e João, tomaram o cálice do martírio, sendo que, segundo a Escritura, só Tiago foi decapitado por Herodes (Atos XII), enquanto João acabou sua vida em uma morte tranquila. Mas quando lemos na história eclesiástica que João foi lançado a um caldeirão de óleo fervente, o que o faria mártir, e depois foi exilado na ilha de Patmos, podemos ver que ele não era sem vontade de martírio, e que João bebeu o copo da confissão, o mesmo que as três crianças na fornalha ardente beberam, embora o perseguidor não tenha conseguido derramar o sangue delas."

Também o Pe. Jugie enumera todos os exegetas e santos que acreditaram na morte (mas que têm posições diferentes sobre a ressurreição de S. João): [3]

Nicetas David, Nicéforas Blemmides, Nicéefotas Calisto Xantopoulos, Cyrillo Lucaris, Pascasio Radberto, São Fulberto de Chartres, São Pedro Damião, Hugo de São Vitor, São Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Nicolas de Lyra, Thomas d'Argentina, São Teodoro Studita, Abelardo, Hildeberto de Tours, Raul Ardent.
 

Prova a Igreja 

A Igreja também celebra a festa de São João Apóstolo.

Prova pela visão da Beata Anne Catarina Emmerich, confirmada também por Santo Antonino

Conforme conta Plinio Corrêa de Oliveira, lendo uma ficha:

"Morte de São João: João rezava com os braços estendidos, de pé, junto à sepultura. Lançou seu manto dentro desta, desceu, deitou-se e rezou novamente.

Uma grande luz desceu sobre ele. Ainda falou com seus discípulos. Esses estavam junto à sepultura, choravam e rezavam. Vi então algo maravilhoso: enquanto João estava deitado e morria placidamente vi, como um resplendor sobre ele, uma figura luminosa e com ele mesmo saindo de seu corpo como de um envoltório, desaparecendo na mesma luz e resplendor.

Vi também que o corpo de João não está na Terra.


Veio entre o leste e o oeste, um espaço luminoso semelhante a um sol, e o vejo ali como se intercedesse a favor dos demais, como se recebesse algo de cima e os desse aos de baixo.

Vejo este lugar como pertencente à Terra, porém é todo elevado sobre ela. De nenhum modo se pode chegar até lá.

Santo Antonino narra esses mesmos fatos da forma como narra Catarina Emmerich. A tradição confirma o que foi visto pela vidente na morte do Santo.

Santo Agostinho, São Gregório de Tours, Santo Hilário, São Gregório Nazianzeno, Santo Alberto Magno, São Tomás de Vilanova e outros são de parecer que João morreu efetivamente, mas que seu corpo foi tirado da Terra e que agora vive, como Enoch e Elias, para voltar ao fim dos tempos para pregar às nações."
[4]

Prova pela Sagrada Escritura

"Podeis vós bebeis o cálice que eu hei de beber? Eles responderam-lhe: Podemos. Disse-lhes: Efetivamente haveis de beber o meu cálice" S. Mateus XX. "Não sabeis o que pedis, retorquiu Jesus. Podeis vós beber o cálice que eu vou beber, ou ser batizados no batismo em que eu vou ser batizado? Podemos, asseguraram eles. Jesus prosseguiu: Vós bebereis o cálice que eu devo beber e sereis batizados no batismo em que eu devo ser batizado." S. Marcos X.


A palavra "cálice" nas Sagradas Escrituras sempre teve o significado de amargura, contudo, não necessariamente de paixão, tanto que Nosso Senhor fala no outro Evangelho de batismo ao mesmo tempo que de cálice. Isso indica claramente que o batismo é o batismo do martírio, porque Nosso Senhor havia sido já batizado (S. Marcos I), e o cálice é o cálice da amargura, porque ambos os irmãos que perguntam nessa passagem passam por situações amargas: São Tiago é martirizado (At XII), e João exilado em Patmos após ter passado por situação de quase martírio, isto é, ser salvo do caldeirão de azeite ardente. Se não fosse assim "cálice" e ""batismo" não teriam sido mencionadas.

-
Era o predileto dos apóstolos e o maior destes, isto é, com mais atributos proféticos, o que faz a comparação entre ele e os outros apóstolos do Novo Testamento ser parecida à comparação entre Elias e os profetas do Antigo Testamento.

"Pedro, tendo-se voltado, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava, o qual na ceia estivera reclinado sobre o seu peito, e lhe perguntara: Senhor, quem é o que te há de entregar?" S. João XXI.

O "discípulo que Jesus amava" quer dizer o preferido, o que tem razão de ser. Enumeramos as grandezas de São João:


1. Único que escreveu todas as classes de livros no Novo Testamento, o profético (Apocalipse), o sapiencial (Cartas) e o legal (o Evangelho), se desconsiderarmos os Atos dos Apóstolos, livro histórico. Isso demonstra um conhecimento teológico muito grande.

Nesse sentido lhe faz um elogio o grande São Vicente Ferrer nos seus sermões, o mesmo que fazia inúmeros milagres e era profeta.

"A coroa de espinhos. A coroa de Cristo teve quatro pontas, quatro florões como as coroas reais teve seus florões. Na frente a ciência da trindade, atrás a ciência de todas as criaturas e de todas as coisas pretéritas e futuras e de todos os pensamentos dos corações; à direita teve o conhecimento da glória do Paraíso como o dos predestinados; à esquerda teve conhecimento das penas infernais e dos que estão condenados ao inferno com as causas de suas condenações. Cristo foi coroado com essa coroa no momento de sua concepção.

São João Evangelista foi coroado com esta mesma coroa da Sabedoria. Foi assim coroado na noite da Paixão mais do que todos os outros Apóstolos. Reclinado sobre o coração de Mestre recebeu como dádiva, recebeu isto como dádiva esplêndida.

Por isso disse dele a Igreja em seu ofício: "Bebeu a água pura do Evangelho da fonte sagrada do peito do Senhor".

Naquele instante foi-lhe imposto a coroa Real com seus quatro florões, o conhecimento de Deus pelo qual João compôs o Evangelho, o conhecimento de todas as criaturas da glória e dos predestinados. Com isto escreveu a sua primeira Epístola Canônica, o conhecimento dos condenados e por ele compôs o seu segundo e terceiro epistolar. Portanto, dele podemos dizer: "Coroa de ouro sobre sua cabeça gravada com o signo da santidade".

A coroa de ouro é, segundo a teologia da Bíblia, o escrito dos doutores gravados com sinal da santidade. Porque a coroa da Sabedoria, que é a teologia, não tem a força se não está assinalada com o sinal da santidade que é a vida digna. São João Evangelista a manifestou em altíssimo grau."

Isso nos conta Plinio Corrêa de Oliveira, que faz o seguinte resumo:

"Os florões da coroa têm uma hierarquia. Um florão é o da fronte, é o mais nobre de todos, e é o Amor de Deus. Os outros florões servem para conduzir ao amor de Deus.
São o florão do conhecimento desde o começo do mundo até o fim, um florão.

Segundo florão: o conhecimento da situação de todos os homens no Céu, entendido dos que para lá foram, com as respectivas coroas. Como é que se santificaram, porque é que são coroados.

Terceiro florão idem no Inferno.

Bem, esses servem para o conhecimento do Amor de Deus. Para o conhecimento de Deus."
[5] 

2. Esteve ao pé da Cruz com Nossa Senhora

Dr. Plinio comenta que dentro de sua sabedoria, São João "conheceu Nossa Senhora. E podem imaginar com que encantos, com que enlevos, com que venerações ele passou por esse verdadeiro universo de belezas espirituais que é Nossa Senhora." [6]

"Jesus vendo sua Mãe e junto dela o discípulo que ele amava, disse a sua Mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a tua Mãe." S. João XIX

Conforme conta Santo Afonso Maria de Ligório [7] no "parecer de Silveira, é este o motivo por que S. João, ao consignar a cena no seu Evangelho, escreve: Em seguida disse ao discípulo: Eis a tua Mãe! Note-se que Jesus Cristo não disse isto a João, mas ao discípulo. Fê-lo para significar que o Salvador nomeou Maria por Mãe universal de todos aqueles que, sendo cristãos, tem o nome de seus discípulos".

Ao que adicionamos que S. João, naquele episódio, foi o protótipo de Apóstolo, o exemplo de discípulo por ter Nossa Senhora sido declarada sua Mãe por uma das últimas palavras do Salvador.


3. Como afirmado antes, bebeu o cálice que Cristo bebeu, no sentido de ter completado tudo que era preciso para um martírio, embora não tenha sido martirizado

Conclusão e observações:

Alguns, como São Tomás, consideram Moisés o maior profeta do Antigo Testamento, o que é certo, mas Elias tem uma missão profética mais ampla (embora em vida tenha tido uma menor do que a de Moisés), pois abrange os dois testamentos, conforme visto em artigos anteriores sobre sua volta no fim do mundo.

E são por essas razões acima que S. João está mais apto para voltar no fim dos tempos no advento do Anticristo (acreditamos que antes existirão prefiguras da missão desse Apóstolo).


Dr. Plinio aplica todo o conhecimento de S. João citado por S. Vicente Ferrer para a vocação de um membro da TFP. Tal aplicação serve também para uma missão profética, da qual cremos ser ainda uma incumbência de S. João:

"Que aplicações devemos fazer para nós mesmos? Não se trata aqui só do conhecimento de cada alma, mas dessas almas enquanto representando sociedades de almas, imensas correntes de opinião, civilizações, etc.

1 - É característica de nossa vocação conhecer as sociedades de alma, conhecer as grandes correntes da opinião pública para saber dirigi-las. É uma participação desta sabedoria.
2 - Segundo comentário: é mais nobre conhecer esse conjunto de almas e suas inter-relações, civilizações, etc, do que conhecer cada indivíduo. Porque é mais nobre conhecer o todo do que as partes. Por quê? Porque o todo é mais nobre do que as partes.
3 - Esse conhecimento nos indica a história de São João Evangelista. Se conheceu todos os homens desta maneira é porque ele teria um conhecimento da História. Quer dizer, não se trata de conhecer os homens de hoje, de amanhã e depois de amanhã separados, mas é o processo histórico por onde do passado sai o presente, do presente sai o futuro."
[8]

Esse comentário parece harmonizar-se com a a próxima conclusão, tirada da parte que trata do fim do Apóstolo no livro Sagrado.

- Depois da morte, o Apóstolo foi designado para ficar na terra até o fim dos tempos na Era do Anticristo.

"Por isso Pedro, vendo-o, disse a Jesus: Senhor, e deste que será? Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? Tu segue-me. Correu logo esta voz entre os irmãos que aquele discípulo não morreria. Não lhe disse Jesus: Não morre, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso?" S. João XXI.

Deixando de lado a curiosidade de S. Pedro, podemos também interpretar por outras vias. Afinal, um versículo só para criticar a curiosidade não é próprio de um livro Sagrado, o qual tem em si uma fonte inesgotável de Sabedoria, mística e profecia.


O próprio S. João afirma que não foi dito que o discípulo não morreria, mas que ficaria até a vinda do Senhor, se Ele quisesse. Isso nos parece claro indício de morte, e ao mesmo tempo de estadia na terra. Ora, por que o Senhor mencionaria morte e estadia na terra se fosse para indicar uma morte ordinária onde os restos mortais jazem no sepulcro? É difícil admitir que esse mistério todo foi para dizer algo tão simples, algo tão banal. Os mistérios de Deus são a fonte da Sabedoria das coisas complexas, sumamente belas, e são chamados mistérios não por serem esotéricos, e sim por serem acessíveis aos que possuem certa noção da simbologia sublime onde está encerrada a chave do mistério.


Por isso, não é possível admitir, com muitos Santos e exegetas, que ele está no céu em corpo glorioso, visto que isto elimina o sentido profético do versículo sobre o Apóstolo ficar até a volta do Senhor. Com matizes, esta opinião é de alguns autores, como São Boaventura, Dionísio o Cartuxo, Suárez, Noel Alexandre e Jacinto Serry [9].
 
- S. João está do seguinte modo na terra: ressuscitado na morada de Elias e Enoch, o paraíso terrestre


A partir do desenvolvimento da tese anterior, restam três opções:

1. Morte ordinária com ressurreição no advento do Anticristo. Seu corpo incorrupto teria sido
transladado para a habitação de Elias e Enoch. De onde o significado de: "fique até que eu venha".
 
2. Voltará não ressuscitado, mas em corpo parecido aos dos anjos quando tomam corpo, ou como Moisés tomou ao aparecer na transfiguração de Cristo. Assim, ressuscitará na ressurreição geral e, como dito antes, seu corpo está no paraíso terrestre, caso contrário teria tido um simples morte ordinária.


3. Morreu, ressuscitou, e está na terra em um lugar como o paraíso aonde foram arrebatados Elias e Enoch, já que a constituição física de S. João seria mais apropriada para este lugar, onde aguarda sua missão final.
 
Apreciação das primeiras duas:

1. O corpo incorrupto deste Apóstolo não pode estar no paraíso terrestre, porque isso não cumpre o versículo "ele fique até que eu venha", pois é o seu corpo incorrupto que ficou, não a pessoa. Afinal, corpos incorruptos estão na terra, entretanto, ninguém diz por isso que são "uma pessoa", e sim que são cadáveres de santos mortos com odor de santidade.

2. A mesma argumentação anterior serve, pois nesse caso também ele não ficou, só seu corpo.

Portanto, a terceira opção é a mais razoável, corroborada com as seguintes conveniências:


a. Só Nossa Senhora está no céu em corpo glorioso com o seu Divino filho, porque Ele é o primogênito dentre os mortos e Filho de Deus, Verbo Divino, e ela é a criatura mais perfeita que Deus já criou, Rainha dos Anjos, merecedora do culto de hiper-dulia, Imaculada e Co-Redentora. Se S. João estivesse no céu teria méritos semelhantes aos de Nossa Senhora, e mesmo tendo muitos, não convém que tal honra lhe seja dado, pois é privilégio da Virgem Santíssima.

b. A missão de S. João Evangelista, se voltar, é preparar Elias e Enoch, e nisso poderia S. João sagrá-los Bispos para continuar a linhagem apostólica, como hipotetizou Dr. Plinio.


c. Conforme conta Dr. Plinio [10] seria conveniente que S. João fosse ao paraíso preparar Elias e Enoch, contá-los tudo que se passou desde então, e o que deverá acontecer, o que S. João ficou sabendo como demonstrado antes.

d. Ele representará a Igreja ressuscitada na vinda de Enoch e Elias. Enoch representará o tempo pré-diluviano, Elias, o tempo da antiga lei. Ambos confirmarão o Apóstolo, que representará o tempo da graça.

e. "E disse-me: É necessário que ainda profetizes a muitas nações, povos, línguas e reis" Ap X, 11. Apesar de ter outros sentidos, o versículo é mais belo sendo o cumprimento da missão do Apóstolo com Elias e Enoch.

f. "Darei às minhas duas testemunhas o poder de profetizar, revestidas de saco, durante mil duzentos e sessenta dias." Ap XI, 3. As testemunhas são Elias e Enoch, como vimos antes em outros artigos.
Além disso, aqui pode haver um exemplo de algo que ocorre continuamente no Livro do Apocalipse, isto é, o autor intercala profecias com o que faz, pensa ou diz sobre estas. Ainda mais que a partir de Ap XI, 1, onde introduz a visão posterior, lê-se "foi-me dito" para medir o templo de Deus com uma cana semelhante a uma vara, etc, e logo parte para "darei às minhas testemunhas...", não indicando quem fala. Agora, o resto do capítulo cita "Deus" e "Senhor" em um sentido que não parece ser Ele mesmo quem fala, logo, quem é que fala "minhas testemunhas"? Testemunha é aquela que presenciou algo, "minhas" indica uma influência do sujeito da frase sobre as testemunhas, seja de posse das testemunhas, seja como autor da ação testemunhada. Ora, se S. João Evangelista ressuscitado sagrou Elias e Enoch bispos, como argumentamos mais adiante, as testemunhas são suas. E porque os três são testemunhas de Deus, ele é a terceira, assim como foi o terceiro dos três Apóstolos mais próximo do Salvador no Evangelho.

g. As duas partes da Escritura acima estão no contexto da sexta trombeta do Anjo, que vem soltar a praga da sexta Era (a hipótese das Eras vimos no artigo anterior). Se a interpretação anterior está certa, isso parece indicar uma ação de S. João no começo da sexta Era (segundo a contagem pelas pragas).

h. "Na verdade vos digo que não passará esta geração, sem que se cumpram todas estas coisas" S. Mateus XIV, 34. Além do significado de que é a geração sacerdotal que se estenderá, conforme muitos autores sustentam, pode-se dizer que "estas coisas" são as que aconteceram durante a Era apostólica, mesmo em prefiguras. A passagem ficaria ainda mais bela se se referisse também à geração primeira, isto é, à dos Apóstolos, entretanto, tal interpretação só pode ser salva com S. João Apóstolo como terceira testemunha que sagra a Elias e Enoch para continuar a linhagem episcopal até o fim dos tempos.


i. Apocalipse X, 11 vem antes de Ap XI, 3, e antes do Apóstolo medir o santuário em Ap XI, 1-2 que indica uma separação dos bons e dos maus, além de indicar a permanência de uma parte do santuário no fim dos tempos, isto é, os escolhidos no fim dos tempos que não se juntarão ao Anticristo. Essa medição do santuário, que significa a guarda dos eleitos, parece estar intimamente ligada às duas testemunhas, que vem logo em seguida, o que reforça a conveniência b).


j. Os autores que sustentam a volta de S. João dão uma razão de conveniência: "É preciso que, no fim do mundo, Jesus Cristo receba o testemunho não só da lei natural e da lei mosaica, representadas respectivamente por Enoch e Elias, mas também da lei da graça, da qual João será o protótipo" [11].

k. S. Tomás de Aquino crê na possibilidade da ressurreição do Apóstolo, embora não creia que vive no lugar de Elias e Enoch. Apesar da conveniência a) nos parecer forte contra uma ida de S. João ao céu, transcrevemos a opinião do santo doutor dominicano: "Opinou-se de vários modos a respeito de sua sepultura. É porém verdade, segundo todos, que ele entrou no sepulcro, e este ainda pode ser visto. Alguns dizem que entrou vivo no sepulcro, e por uma virtude divina saiu, sendo levado para o lugar onde estão Enoch e Elias, onde é reservado para o fim do mundo. Outros porém dizem que entrando vivo no seu sepulcro, que está em Éfeso, vive dormindo nele, até que Jesus Cristo venha (...).

Isto não é de crer; mas que ele morreu e ressuscitou também no corpo. E é sinal disto que não se encontrou o seu corpo, e assim está como bem-aventurado com Cristo." (Adendo da 3a edição: a letra k) [12]

- S. João Apóstolo fará a nova linhagem episcopal a partir da restauração da Santa Igreja, que será continuada no amor, e na proximidade com Nossa Senhora, tal como o Apóstolo teve 


Baseando-nos nas profecias que temos analisado nesse volume, a doutrina que mostramos no volume II, hoje abandonada, conforme as mesmas profecias avisaram, e tomando como certo tudo que foi dito antes, concluímos com essa hipótese sobre S. João Evangelista, primeiramente dita por Plinio Corrêa de Oliveira [13].

"[S. João] estar vivo com Elias e Henoc levanta a questão da participação dele em alguma missão de Elias e Henoc (...) uma questão muito bonita que se poria é o seguinte: diante do atual desastre da Hierarquia, mas é uma pura hipótese, se no Reino de Maria ele não viria para sagrar (...).

E então daí também o mistério em torno de São João Evangelista e sua missão, que não poderia ser de São Pedro, porque do contrário se teria a impressão que estaria a Igreja sendo fundada de novo, mas a Igreja que estava sendo continuada no amor. Agora, tem o seguinte: tudo isto é hipotético. Apóstolo de Nossa Senhora, o bem-amado, etc, etc, mas tudo isto é hipotético."

A
seguinte frase sagrada, "não passará essa geração sem que todas essas coisas aconteçam", corrobora a tese acima exposta se significa que a geração episcopal-apostólica, iniciada com S. João, não passará sem que venham o fim do mundo, pois as profecias do contexto desse versículo mesclam o fim do mundo, fim do Templo de Jerusalém e eventos futuros impressionantes, conforme mostramos nesse volume.

Resumo de todas as hipóteses até aqui:
São João Evangelista morreu realmente e possui a visão beatífica (é santo), e sua morte foi tranquila, não por martírio. Ele era o predileto dos apóstolos e o maior destes, com mais atributos proféticos, o que faz a comparação entre ele e os outros apóstolos do Novo Testamento ser parecida a comparação entre Elias e os profetas do Antigo Testamento. O Apóstolo está designado para ficar na terra até o fim dos tempos na Era do Anticristo, quando será a terceira testemunha do apocalipse com Elias e Enoch. Ele está do seguinte modo na terra: ressuscitado e na morada de Elias e Enoch: o paraíso terrestre. S. João Apóstolo fará a nova linhagem episcopal a partir da restauração da Santa Igreja, que será continuada no amor, e na proximidade com Nossa Senhora, tal como o Apóstolo teve.

 

Próximo deste capítulo: A plenitude da profecia é a prova da vinda da proximidade do tempo profetizado. Hipótese Teológica

------------------------------------------------------------------------
[1] pg.711, "La mort et l'Assomption de la Sainte Virge", Pe. Martin Jugie AA, Biblioteca Apóstolica Vaticana, Studi e Testi, n.114, Cidade do Vaticano, 1944, pp.710 a 726, apud Refutação da TFP a uma investida Frustra, Átila Sinke Guimarães, pg. 361 
[2] Catena Aurea, comentário em Mt, 20, 20-23
[3] Pgs. 717 e 720, Pe. Martin Jugie, Op.Cit
[4] Reunião do Santo do Dia, 27.12.1966, Terça-feira. Começo da reunião, quando lia uma ficha de alguma fonte que lhe entregaram.
[5] Reunião do Santo do Dia, 27/12/1969
[6] Idem
[7] Glórias de Maria, Cap.II, 1, pg.48, Ed.Santuário
[8] Idem, Reunião citada
[9] op.cit. Pe.Jugie pp.723-724 
[10] Reunião do Santo do Dia, 27.12.1966, Terça-feira
[11] Pe.Jugie, op.cit. p. 716
[12] Super Evangelium S. Johannis lectura, Marietti, Turim-Roma, p.487, n. 2657. Visto em
Refutação da TFP a uma investida Frustra, Átila Sinke Guimarães, pg. 360. Em francês, esse comentário está disponível no link: http://docteurangelique.free.fr/bibliotheque/ecriture/jean.htm
[13] MNF, 13/2/1979, terça-feira