S. Paulo Apóstolo, rogai por nós! S. Tomás de Aquino, rogai por nós! Nossa Senhora do Apocalipse, rogai por nós!
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Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. IV)".
Anterior deste capítulo: O Profeta Sofonias fala do extermínio dos maus sacerdotes, a queda das torres altas. As casas dos ímpios "converter-se-ão num deserto"
II Carta de S. Paulo aos Tessalonicenses, Cap. II.
Em negrito, trechos epístola de São Paulo. O resto são interpretações nossas. Mais adiante mencionamos S. Tomás de Aquino.
1 - Ora nós vos rogamos, irmãos, pela vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e pela nossa reunião com ele,
O Apóstolo agora fala da segunda vinda de Nosso Senhor, como Ele mesmo falou quando predisse a destruição do Templo, mostrando que esse evento era uma prefigura de Sua vinda.
2 - que não vos movais facilmente dos vossos sentimentos nem vos perturbeis por qualquer espírito, ou por certos discursos, ou por qualquer carta como enviada de nós, como se o dia do Senhor estivesse perto.
Toda a profecia visa também mostrar os sinais da vinda do Senhor, para que com isso se reconheça o tempo próximo. Em sua carta, o apóstolo se preocupa mais em ensinar como se deve agir constantemente para evitar cair na armadilha do Anticristo, que mostrar os detalhes da vinda deste.
"Mover os sentimentos", "se perturbar": trata-se de mover fora do sentir da Igreja.
"Qualquer espírito" "espíritos de profecia": pseudo-profetas que não sentem com a Igreja, ou que querem tirar o profeta principal, que naquele caso era S. Paulo e outros apóstolos. Assim, deve-se tomar cuidado com profetas que não são oriundos tanto da Igreja, como não são seus prelados legítimos. Mais para frente o apóstolo admite que ele e os tessalonicenses são prefiguras desses eventos, então, podemos afirmar que não se pode confiar em absoluto no espírito profético de alguém que não seja da Igreja docente. Na época do auge da crise na Igreja certamente não aparecerá ninguém da Igreja docente que seja profeta até o vindouro Pontífice Santo, como vimos e ainda veremos mais neste e no próximo capítulo.
"Certos discursos": certos, isto é, alguns, não todos. Como saber quais são os certos discursos? Mais detalhes são dados quando o apóstolo fala da apostasia que virá e dos falsos doutores.
"Qualquer carta", ou seja, só o apóstolo vivo é que pode dizer realmente a hora do fim, pois as cartas serão enganosas, mas a presença, fundamental. É claro, não se abolirá o ministério escrito, mas este terá que estar em perfeita união com o magistério vivo. Essa parte parece confusa, pois mais adiante (vers. 14) o apóstolo fala para conservar as tradições, até por cartas, mas a confusão se dissipa quando entendemos por cartas enganosas, isto é, qualquer meio de comunicação não oficial.
O "dia do Senhor" estará próximo quando haver estes sinais e ministérios proféticos dos quais S. Paulo foi prefigura.
3 - Ninguém de modo algum vos engane, porque (isto não será) sem que antes venha a apostasia e sem que tenha aparecido o homem do pecado, o filho da perdição
Antes, a apostasia da fé, como salienta o próprio S. Tomás de Aquino:
"São Paulo firmou aqui a verdade. Em primeiro lugar, ele explica o que deve acontecer quando chegar o Anticristo. Haverá dois eventos: um precederá a vinda do Anticristo, o outro será a própria vinda do Anticristo.
I. O evento que precederá é a apostasia que se explica de diversas maneiras na Glosa. Lemos ali que esta será a apostasia da fé. A fé, com efeito, nesse tempo vindouro deverá ser recebida [devait être reçue] no mundo inteiro (S. Mateus XXIV, 14): "Esse Evangelho do Reino dos Céus será pregado por toda a terra".
Eis o que precederá e, segundo Santo Agostinho, ainda não foi cumprido. Porém, tempos virão em que um grande número de pessoas se separarão da fé, etc (I Tim IV, 1): "Naqueles tempos, alguns abandonarão a fé, etc" (S. Mateus XXIV, 12): "A caridade de muitos esfriará". Pois bem, pode-se entender pela separação do Império Romano, o qual o universo inteiro era então submetido. S. Agostinho diz que essa separação está figurada em Dn II, 31-35, pela estátua que designa os quatro reinos, e depois destes quatro reinos, chegará o advento de Cristo. Essa figura estava plenamente correta, porque o Império Romano foi estabelecido para que, à sombra de seu poder, a fé fosse pregada por todo o universo.
Mas como isso pode ser verdade, uma vez que há muito tempo as nações foram separadas do Império Romano sem, contudo, que o Anticristo aparecesse? É preciso dizer que o Império Romano não desapareceu ainda: de reino temporal foi transformado em reino espiritual, como disse o Papa S. Leão no seu sermão sobre os apóstolos. Diremos, então, que a separação do Império Romano deve ser entendida não somente no sentido temporal, mas no sentido espiritual, isto é, a apostasia da fé católica na Igreja Romana. E o sinal dado é toda justeza, porque do mesmo jeito que Cristo veio nos tempos do domínio do Império Romano sobre toda a gente, também, em um sentido oposto, o sinal da vinda do Anticristo será a separação dos povos do Império Romano" [1].
Esse comentário de São Tomás é perfeito, ao qual adicionamos mais um sentido de beleza exegética: o Império Romano foi também uma prefigura do vindouro Reino de Maria (tratado deste o capítulo II, e visto no capítulo V com revelações privadas), já que também nessa a Igreja terá o domínio global, isto é, será a restauração completa da Civilização Cristã, como nunca visto antes, ou seja, o domínio mais perfeito do Evangelho sobre o mundo. Nesse contexto aparecerá o Anticristo: isso tem o sentido tanto espiritual, como material. A época que precede o Castigo, como vimos, é a da apostasia da fé somente, pois materialmente quem domina é esse Império Romano pagão, isto é, o conjunto das nações a-católicas, não juntadas ainda em um governo global.
4 - o qual se oporá (a Deus) e se elevará sobre tudo o que se chama Deus ou que é adorado, de sorte que se sentará no templo de Deus, apresentando-se como se fosse Deus.
Ele se oporá a tudo que é de Deus e se elevará acima, isto é, destruirá todos os Santíssimos Sacramentos expostos, banirá as missas, consagrações, etc. Nesse sentido entende-se o "tudo que é adorado", pois a multiplicidade das hóstias são adoradas como o Corpo Santíssimo de Nosso Senhor Jesus Cristo, segunda pessoa da Santíssima Trindade. Então, hipotetizamos que virão Elias e Enoch e, conforme defesa do capítulo III, S. João Evangelista, que virá para manter sucessão sacerdotal e o sacrifício da missa até a segunda vinda de Nosso Senhor. Por isso, parece-nos que S. João os consagrou, e vive com esses profetas no paraíso terrestre.
Ele "se sentará no templo de Deus" é mais uma prefigura da apostasia que se sentou no lugar santo e se apresentou como nova doutrina, como novo caminho, verdade e vida.
5-7 - Não vos lembrais que eu vos dizia estas coisas, quando ainda estava convosco? E vós agora sabeis o que é que o retém, a fim de que seja manifestado a seu tempo. Com efeito, o mistério da iniquidade já se opera, somente falta que aquele, que agora o retém, desapareça.
O que retém o Anticristo, nos parece, é exatamente o Santo Sacrifício da Missa, isto é, a presença de Nosso Senhor sacramentado na terra, garantida até o fim por Elias, Enoch e S. João Evangelista. Quem precisa desaparecer é o santo sacrifício e a presença dos apóstolos, mais especificamente S. João que recebeu a missão profética de garantir a linhagem apostólica. O mistério da iniquidade significa o conjunto das prefiguras do Anticristo: os hereges, cismáticos e diversos perseguidores da Santa Religião.
8-12 - E então se manifestará esse iníquo (a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e destruirá com o resplendor da sua vinda); a vinda dele é por obra de satanás, com todo o poder, com sinais e prodígios mentirosos e com todas as seduções da iniquidade para aqueles que se perdem, porque não abraçaram o amor da verdade para serem salvos. Por isso Deus lhes enviará o artifício do erro, de tal modo que creiam na mentira, para que sejam condenados todos os que não deram crédito à verdade, mas se comprazeram na iniquidade.
"Sinais e prodígios mentirosos" serão características do filho da perdição, ainda mais no Reino de Maria no qual, segundo já falamos e ainda veremos em profecias do capítulo V, haverá um grande avanço tecnológico. Também S. Paulo se refere aos usos da tecnologia ("sinais e prodígios mentirosos") na nossa Era para "seduções da iniquidade", mas isso não cumpre inteiramente a profecia porque a tecnologia atual não é comandada exclusivamente pela mentalidade iníqua.
Todas as "seduções da iniquidade" possuem prefiguras nos tempos atuais, onde as opções de prazeres são inúmeros, variáveis, existem em cada esquina, no ouvido, no tato, na visão, e inclusive invade as casas. Aqueles que se perdem são aqueles que tomaram gosto pelo mundo, tomaram gosto por estas seduções incríveis e elaboradas, pelo "moderno que ultrapassou o antigo" (Adendo da 3a edição: eliminou-se uma frase mal-escrita daqui). A condenação, citada pelo Apóstolo, não será só a quem perecerá na confusão geral amando as delícias do século, mas será para aqueles que, antes da vinda do Pontífice Santo, amaram a iniquidade e sua irmã, a abominação da desolação. Então, este Prelado os condenará. Assim hipotetizamos.
13-14 - Mas nós devemos sempre dar graças a Deus por vós, ó irmãos queridos de Deus, porque Deus vos escolheu como primícias para a salvação, pela santificação do Espírito e pela verdadeira fé, à qual vos chamou por meio do nosso Evangelho, para vos fazer alcançar a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.
Primícias, isto é, as prefiguras das quais já falamos.
15-17 - Permanecei, pois, constantes, irmãos, e conservais as tradições, que aprendestes, ou por nossas palavras ou por nossa carta. O mesmo nosso Senhor Jesus Cristo, e Deus e Pai nosso , o qual nos amou e nos deu uma consolação eterna e uma boa esperança pela graça, console os vossos corações e os confirme em toda a boa obra e palavra.
Essa parte deixa evidente um remédio para os tempos vindouros: manter tradições para não cair no erro.
Próximo deste capítulo: S. Paulo Apóstolo fala do advento da apostasia e dos falsos doutores: "nos últimos dias virão homens de falsa piedade". Exegese
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[1] Nouvelle traduction Charles Duyck, 08 février 2007, reprise et complément de la traduction Louis Vivès, 1856, Paris. Disponível em http://docteurangelique.free.fr/