A Teologia da História prova a vinda do Castigo Mundial ou Bagarre, por Plinio Corrêa de Oliveira em 1971


Acima, um vídeo com divisões bem feitas desta conferência (a outra metade está em 2.1, sobre o Reino de Maria, linkado abaixo), que se apresenta mais extensa por causa que o autor não queria que, naquele tempo, certos assuntos fossem gravados.

Veja também:

A Teologia da História prova a vinda do Reino de Maria, por Plinio Corrêa de Oliveira 

São Luís Maria Grignion de Montfort profetiza o Reino de Maria e os apóstolos dos últimos tempos

Clique aqui para ler mais sobre o Grande Castigo e o Reino de Maria


Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. II)".

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Sociologia Católica Tradicional VS falsas teorias sociológicas: QAnon, Globalismo, Colapsologia, NOM, etc. Peste na Teologia da história

Baseado em uma aula de Dr. Plinio, advogado e professor universitário, mais conhecido por ser o fundador do movimento Tradição, Família e Propriedade (TFP, chamada aqui de Grupo).

São nossos os subtítulos em negrito, palavras em colchetes, e notas adequando o raciocínio de então (1971) ao contexto atual.


A palavra "Bagarre" é inadequada, mas se incrustou no vocabulário da TFP (grupo). Ela designa o Castigo Mundial 

"A palavra Bagarre se incrustou no vocabulário do Grupo. É uma palavra francesa (...). E quer dizer o que em castelhano se chama simplesmente um “lio”, e em português se chama encrenca, ao menos no português do Brasil; eu não sei em português de Portugal como é, mas se chama encrenca. Quer dizer, as pessoas que se pegam, que se batem, que se tapeiam etc"

Quando o Grupo era ainda muito novo (lá pelos anos 50, qualquer coisa assim e em que quando estas doutrinas todas estavam em gestação, em que sobretudo a terminologia adequada não tinha sido encontrada, estávamos viajando pela França e víamos a extraordinária facilidade com que os franceses encrencavam uns com os outros, por qualquer coisa. É um automóvel que pára, um homem que briga, uma mulher no verdureiro (...) sai uma encrenca e falam, etc., etc.. E eles chamam isso de Bagarre.

E nós por brincadeira começamos a dizer que ia haver uma Bagarre como o desfecho da situação atual, e a palavra se incrustou no vocabulário do Grupo de tal maneira que ela não pôde mais ser supressa. Ela está incrustada para todo o sempre. Mas é uma palavra muito inadequada. Primeiro, porque não é uma palavra portuguesa; segundo, porque em francês ela não quer dizer o que designa".

"Bagarre" segundo Dr. Plinio: Revolução cruenta, castigos de ordem natural e um misterioso castigo final (cremos que será os três dias de escuridão)

"É uma convulsão universal que deve trazer consigo, ou que deve incluir, uma guerra mundial no sentido próprio da palavra, juntamente com revoluções internas nos povos – eu entendo aqui revolução não no sentido RCR [1] da palavra, uma Revolução ideológica, mas é a revolução a sangue nos povos (...) acompanhadas provavelmente por outros castigos de ordem natural: epidemias, terremotos, etc., e acompanhadas eventualmente por um misterioso castigo divino".

É a prefigura da queda de Jerusalém, e a destruição do templo.


"É um acontecimento que nós imaginamos que esteja para a civilização atual como a queda de Jerusalém, o incêndio do templo
e dispersão do povo hebraico esteve para o povo deicida, na mesma proporção. Quer dizer, um castigo final e uma liquidação".

"Agora, como esse acontecimento (a queda de Jerusalém) foi profetizado por Nosso Senhor como uma prefigura do fim do mundo, está claro no Evangelho; Ele mistura os dois acontecimentos quando Ele fala (a queda da Civilização Cristã) a queda final dela, tem de ser uma prefigura do fim do mundo".

Definição de Reino de Maria: plenitude da Santidade na Igreja, e da influência da Igreja na ordem temporal


"É uma dupla situação correlata da Igreja e da sociedade temporal. É a plenitude da santidade e da ordem na Igreja, a plenitude da Igreja no mundo, isto é, a Igreja abrangendo todo o gênero humano, com exceção naturalmente dos que devem continuar a conspiração.

Agora, correlativamente uma situação de plenitude de perfeição na sociedade temporal. O que quer dizer isto? Plenitude da influência do espírito católico na sociedade temporal. Com isso, plenitude da cultura, plenitude da civilização, da organização do Estado, da família, etc. A sociedade temporal com todos os elementos que a constituem.

Conveniência do nome "Reino de Maria"


"Porque todas as graças que a Igreja recebe estão na proporção da união dEla com a Medianeira de todas as graças que é Nossa Senhora. Então, para haver uma plenitude dessas graças tem de haver uma plenitude da devoção a Nossa Senhora. Ora, onde a devoção a Ela é plena, Ela é Rainha, então é o Reino de Maria.

É como num lar onde há uma mãe exímia, e todos têm um pleno reconhecimento das qualidades dEla, uma plena união com Ela. Aquele lar é o reino dEla. Então esse é o Reino de Maria.

Teses sobre a irreversibilidade da Revolução e da Contra-Revolução


"O que é irreversibilidade? Etimologicamente é o que não pode voltar atrás, nem parar e nem deter-se. É o fato de que ela não pode deixar de chegar ao seu auge".

"Bom, dadas essas noções introdutórias, eu passo a enunciar a tese. É uma tríplice tese que se esclarece facilmente.

1 - A Revolução, como é hoje, se tornou irreversível.
2 - Logo, a Contra-Revolução é irreversível.
3 - A vitória da Contra-Revolução é o Reino de Maria!"

 
"A fundamental é a primeira: da irreversibilidade da Revolução, porque como a irreversibilidade da Contra-Revolução é deduzida da irreversibilidade da Revolução, a tese fundamental que se trata de sustentar com mais cuidado é a primeira, as outras virão depois. Essa é a grande tese".

- Provas da irreversibilidade da Revolução

Primeira prova: pelas paixões desordenadas


"O primeiro argumento é baseado no dinamismo das paixões desordenadas, é um argumento de ordem doutrinária. Consiste no seguinte: o Dinamismo das Paixões desordenadas é o de um processo ascendente violento.

O que é que se entende aqui por processo? É uma concatenação de causas e efeitos. Uma causa produz um efeito o qual é causa de um outro efeito e assim por diante. Isso é um processo. Agora, há duas espécies de processos: os processos descendentes e ascendentes.
O que é o processo descendente? O processo de decadência? É o que é desencadeado por uma causa que vai produzindo efeitos em cadeia sempre menores.

Na ordem física um exemplo palpável de processo descendente é quando se joga uma pedra dentro d'água, forma-se um círculo, depois vão se formando círculos mais largos e menores. Quer dizer, aquela vibração se extingue. Esse é o processo descendente. Quer dizer, a causa produz um efeito e os outros efeitos vão declinando, vão se amortecendo. A propagação do som é assim e mil outros fenômenos físicos.

Na ordem moral nós temos infelizmente mil exemplos disso: um deles é a gratidão. Em via de regra, pela miséria humana, quando se faz um benefício a alguém, aquilo arranca um sorriso assim num primeiro momento, no dia seguinte um pouco de amabilidade, no terceiro dia um olvido. Quer dizer, é uma causa, o benefício que em vias de regras (salvo exceções) produz efeitos cada vez mais tênues, vão morrendo.

Bem, agora há processos ascendentes. São processos que são desencadeados por uma causa mas vão se tornando cada vez mais intensos. Qual é a razão disso? É que a causa nesse segundo processo em vez de se extenuar com a produção do efeito, se nutre com o efeito. A causa em vez de se extenuar, de se depauperar com a produção do efeito, ela se nutre com o efeito que ela produz. Então, ela vai cada vez mais se acentuando.

Na ordem física o exemplo disso é quando, por exemplo, numa ponte se descarrega sempre uma mesma pancada, a elasticidade da ponte vai aumentando na medida que se desfere a pancada. A última pancada explode a ponte. Quer dizer, aquela vibração vai se nutrindo, nutrindo, até chegar a explosão.

Na ordem moral, os vícios se nutrem com seu efeito. Por exemplo, o vício da bebida ou então do jogo. O indivíduo embriaga-se por que ele é intemperante, a causa foi a intemperança, mas a embriaguez que é o efeito alimenta a causa que é a intemperança. Resultado, o indivíduo se afunda na embriaguez. O mesmo se poderia dizer de mil outros vícios. Por exemplo, o jogo ou a sensualidade ou a cólera. Todos os vícios são assim. Eles se nutrem com o seu próprio efeito. Agora, sucede que nenhum vício moral é irreversível, porque a graça pode interromper um processo. Mas quanto mais o indivíduo vai se tornando atolado no vício, tanto mais a intervenção da graça é rara. É natural. O indivíduo que está nos últimos pontos da toxicomania, é muito difícil que ele receba uma graça para se converter, o que é menos difícil no começo do vício. De maneira que na parte final do avanço do vício há uma como que irreversibilidade. Não é uma irreversibilidade propriamente dita, porque a graça é sempre possível, mas há uma como que irreversibilidade, uma quase irreversibilidade.

Agora passamos do caso moral para o fato concreto: nós sabemos que a Revolução atingiu um auge de orgulho e de sensualidade no mundo inteiro, o que torna quase impossível ou melhor, impossível, sem um milagre espetacular, que esses vícios, trazendo atrás de si todos os outros, não façam explodir a humanidade. Por que explodir a humanidade? Porque a desordem quando chega a sua plenitude traz a desagregação completa. Esta é a causa da morte, por exemplo. Vamos imaginar um relógio que funciona, se progressivamente em todo mecanismo vai se introduzindo certa desordem, vai se introduzindo a desordem, em certo momento o relógio para.

Ora, a sensualidade e o orgulho estão na iminência de uma plenitude. Esta é a plenitude da desordem, eles tem que trazer uma explosão. Quer dizer, tem que trazer guerras, revoluções, agitação, etc., tem que trazer por si, a priori.

Logo, a Bagarre é como que certa! Depois veremos que esse "como que certa" se transforma em certa em um outro argumento".

Segunda prova: o poder da conjuração anti-cristã


Nota prévia:
nestes próximos argumentos, há uma característica da época de Dr. Plinio, porém, os argumentos são acidentalmente baseados nestes aspectos, tanto é que ele usa exemplos do passado para ilustrar o que acontecerá com a civilização atual. A essência destes argumentos permanece, pois é teológica. Alguém dirá que a conjuração anti-Cristã de lá para cá diminuiu, mas não vemos nenhuma razão para acreditar nisto, ainda mais em um mundo cada vez mais revolucionário e moralmente degradante, coisa que percebemos pelo número de católicos que diminuem nos países, o número de seminários que fecham, os governantes cada vez mais de acordo com a agenda revolucionária, etc.

Esta conjuração é real? Sim, conforme a encíclica de Leão XIII
: "Os Pontífices Romanos nossos predecessores, em sua incessante vigilância pela segurança do povo Cristão, foram rápidos em detectar a presença e o propósito desse inimigo capital tão logo ele saltou para a luz ao invés de esconder-se como uma tenebrosa conspiração" [2].

Teria ela um elemento judaico? Embora saibamos que, com a destruição do templo de Jerusalém e a dispersão dos judeus, a religião judaica se tornou rabínica, isto é, não mais a mesma que a antigamente (e portanto mais nova do que o cristianismo), o elemento judaico pode ser entendido segundo o Mons. Delassus, que escreveu sobre isso em um livro aprovado pelo Cardeal Merry del Val, considerado Santo por São Pio X, o qual também gostava do livro.

A verdadeira forma de se considerar um judeu conspirador:
"Sempre que uma qualificação especial não modificar nosso sentido, o judeu será para nós não um rebento qualquer da raça de Judá, mas o homem da ortodoxia farisaica, o fiel das selvagens e insociáveis tradições do Talmude. Nossas intenções formais são de fazer compreender sob o nome puro e simples de judeu apenas o puro sectário do Talmude".

“Admitimos, mesmo, e de todo coração, até nessa categoria dos puros ortodoxos, exceções tão honrosas e tão numerosas quantas a razão do leitor lhe permitir fazer” [3].

No entanto, não é uma conspiração da raça em si, da qual nasceu Nossa Senhora e o Verbo de Deus. "Assim, quando escritores, os quais gostaríamos de poder aplaudir sem reservas, deixam-se levar pela paixão do objetivo que perseguem a ponto de lançarem o ultraje a esses nomes que a Igreja e o próprio Espírito Santo oferecem e impõem à nossa veneração, só podemos reprovar essas blasfêmias insensatas contra a própria Palavra e a Inspiração de Deus" [4].

Tanto não é de raça pois "o Calvário separou em dois a raça judia: de um lado, os discípulos que chamaram a si e incorporaram todos os cristãos; de outro, os carrascos, sobre a cabeça dos quais, segundo seu desejo, recaiu o sangue do Justo, lançando-os numa maldição que durará tanto quanto sua rebelião.

Mas essa porção maldita, que é o povo judeu tal como ele subsiste, visível e separado de todos os outros povos, guarda, sob a maldição e a justa vingança de Deus, sua força de coesão e de resistência, flexível, elástica, mas indomável e inalterável: ele permanece tal como o deicídio e o justo castigo desse crime infinito o tornaram: a vítima imortal do ódio que o atormenta e o obstina, sem repouso nem trégua, a lutar com todas as suas forças e com todas as armas contra o Salvador que ele crucificou, contra o gênero humano que ele abomina, mas sobretudo contra a Igreja, herdeira, às suas expensas, das bênçãos que ele recusou e desprezou.  

O judeu, durante muito tempo, repudiou a lei de Moisés assim como repudiou o Evangelho.  Ele guarda os Livros Santos para obedecer, apesar dele, a um desígnio misericordioso de Deus, que lhe confiou esse depósito para tornar sua autenticidade mais incontestável. Mas não é na Bíblia que ele haure sua fé e sua lei, é no Talmude, que podemos definir como o código do mais violento, pérfido e implacável ódio. O Talmude é para o Evangelho o que o inferno é para o Céu, o que Satã é para Nosso Senhor Jesus Cristo" [5].

 
Portanto, na doutrina católica comumente é aceito o judeu conspirador não necessariamente como judeu de raça, mas o judeu sectário do Talmude, e perseguidor da verdadeira religião. No entanto, ser judeu de raça pode ajudar a aumentar o sectarismo, pois há uma mística satânica dada a maldição, acima citada, que paira sobre aqueles da raça que se rebelam contra Cristo, e por isso o anti-Cristo, o sumo do inimigo terrestre de Deus, haverá de ser da raça judaica para que possa ele confirmar a prefigura dos rebelados entre os escolhidos, que vem desde Adão até Judas, e para recair sobre ele toda a rebeldia, já que Elias virá para converter de uma vez por todas o povo judeu. Esta é a posição de
eminentes doutores da Igreja.

Mons. Delassus em seguida descreve como, desde o começo da história da Igreja, os judeus rebelados estiveram conspirando contra ela, o que é confirmado pelas Sagradas Letras (I Ts II, 15. Atos XIII, 50. Atos XIV, 2 e 4.
Ap III, 9. S. João VIII, 31 e 44). Mas por que esta rebelião? Além da conveniência profética, acima citada, é preciso ter em mente que, se duas cidades se digladiam para destruir uma a outra, há comandantes nessas cidades. Não se pode dizer que, se a cidade do demônio ganhasse ou tomasse o poder, ela instauraria logo a anarquia total, pois há sempre uma questão de gradualidade, de preparação da opinião pública, que se faz principalmente na esfera espiritual. Por isso, S. Paulo disse que a luta é contra os principados e potestades (Ef VI, 12), pois a luta é espiritual, antes de tudo. Mas se a grande luta é contra as forças mais tenebrosas do mundo imaterial, o mesmo se pode dizer da esfera temporal, pois os mais tenebrosos são aqueles que possuem maior contato e união com os principados, potestades, etc. Esses são os maiores inimigos da religião, os que conspiram contra esta visando destruí-la e nada mais, da mesma maneira que os seus superiores, predestinados ao fracasso.

Ora, esta perseguição histórica tem a mesma intenção da maçonaria, que desde sua gênese deseja "destruir a religião e a Igreja que o próprio Deus estabeleceu, e cuja perpetuidade Ele assegura por Sua proteção", segundo o Papa Leão XIII [6]. Por isso, é chamada "conspiração judaico-maçônica".

E o que dizer da consideração de que o poder do comunismo era grande na época e hoje a URSS acabou? Mostramos, na parte II do volume I, que a URSS apenas se metamorfoseou após a queda do muro, principalmente com Putin, ex-agente da KGB. O poder do comunismo (parte da Revolução) é a vitória temporal dos dois princípios metafísicos da Revolução, isto é, o igualitarismo e o liberalismo. Ou seja, amanhã pode reinar de outra forma, mas hoje reina através de idéias como o casamento igualitário, o aborto, eutanásia, legalização das drogas, socialização crescente do governo, controle da mídia, etc. O próprio hippismo, considerado por Dr. Plinio obra de subversão comunista, ainda se mantém na cultura atual.

"O primeiro argumento (é preciso não confundir o primeiro argumento com o segundo) toma a desagregação moral do mundo como um processo e mostra até onde conduz. O segundo argumento é baseado no fato da existência de uma conspiração. Quer dizer, nós sabemos que há uma conspiração revolucionária que quer impor o comunismo ao mundo e uma espécie de barbárie. Ora, esta conspiração atingiu um tal auge de poder que humanamente falando não se pode vencê-la.

Bom, o que quer dizer este fato, esta afirmação? Não quer dizer nem um pouco que não se deva combatê-la. Quanto mais ela é poderosa, mais devemos combatê-la, mas sem que a graça auxilie o nosso esforço, não venceremos. Sem que a Providência intervenha nos fatos, não venceremos. É como a situação dos primeiros heróis da Reconquista espanhola. Eles eram um punhado. Se não tivesse havido muitos milagres, eles não venceriam. Eles tiveram de lutar como leões, mas sem milagres eles não teriam vencido.

Bom, como é que se prova o poder dessa conjuração? É considerando o poder do Comunismo. Quer dizer, o poder do império comunista é fabulosamente grande, em muitos povos, etc. Depois, o poder dos Partidos Comunistas nas nações não comunistas; depois o fato de que todo o peso do ouro, da influência da propaganda judaico-maçônica está a serviço dele no Ocidente. Portanto, é um poder fabuloso".

Terceira prova: fraqueza dos não-comunistas na esfera espiritual e temporal


Portanto, é preciso lideranças fracas no âmbito espiritual e temporal.


Adendo da 3a edição: escrito pela última vez em 2014, continuamos a afirmar que a liderança fraca na esfera espiritual, o Santo Padre Francisco, não é fraco, mas ajuda a Revolução em alguns tantos aspectos, como já vimos nessa série. Nenhum Papa futuro mudará isso sem escancarar a doutrina católica tradicional, contrastando com precedessores. Já na esfera temporal, falávamos do então pre
sidente esquerdista dos EUA, Barack Obama. É preciso lembrar: mesmo que os políticos mais conservadores alcancem o poder, ou os políticos tenham feito somente ações que devem ser apoiadas por católicos (o que não é verdade), a mobilização contrária de toda a máquina revolucionária (mídia, muitas empresas, etc), pelo mínimo que fizeram de contra-revolucionário, prova que na balança Divina, a esferal temporal continua a mesma. Ademais, Dr. Plinio dava essas razões em 1971, e daquele tempo até o século XXI a revolução moral só se expandiu, inclusive com o apoio de muitos supostos conservadores.

 "Agora, segundo lado, é a fraqueza dos não comunistas (...). Eu vou esquematizar. A primeira coisa é a liderança espiritual da luta contra o comunismo. Essa liderança deveria caber à Igreja. Ora, nós vemos que a Igreja está deixando escapar de suas mãos essa liderança. Toda a política do Vaticano com o mundo comunista importa num abandono da posição militante, numa adaptação que é seguida por quase todos os Bispos do mundo, Ordens Religiosas e tudo.

Quer dizer, a luta contra o comunismo não tem mais liderança espiritual de um lado. De outro lado, a liderança material em tese deveria caber ao país mais rico, forte, forte também na ordem material, mas enfim, que são os Estados Unidos. Ora, a política de Nixon é também uma política de entrega, de adaptação; a viagem dele à China, etc.

Paulo VI disse num discurso que a Igreja está passando por um "misterioso processo de auto-demolição" [7]. Quando nós analisamos a situação dos Estados Unidos, é a mesma coisa. Eles estão se destruindo sadicamente a si mesmos.

Ainda existe o fenômeno das cúpulas podres em todas as nações. Quer dizer, a nossa experiência nos mostra que em todos os países onde nós temos podido prestar atenção um pouco mais exatamente nas coisas, em todas as organizações que teriam interesse, que coligam pessoas interessadas em lutar contra o Comunismo (organizações profissionais, políticas, etc.) habitualmente a base é mais ou menos boa, que quer lutar digamos assim, mas a cúpula, o elemento, a equipe dirigente, é podre, não quer lutar. Esse é um fenômeno constante no mundo de hoje.

No meio empresarial (empresas industriais e comerciais) os pequenos comerciantes e industriais querem resistir, os altos comerciantes, os altos industriais são moles, eles querem se entregar.

Em outros setores da opinião, em geral os católicos são mais combativos que os padres, os leigos mais do que os padres; e os padres são um pouquinho menos pacifistas que os Bispos, já não vou dizer que são combativos, mas eles são um pouquinho menos pacifistas que os Bispos.

Bem, no outro setor de opinião. Quase não existe no Brasil, não existe no resto da América do Sul, existe na Europa: as correntes monárquicas. Os monarquistas de base têm alguma combatividade, os de cúpula são entreguistas. Se D. Bertrand [príncipe do Brasil, membro da TFP] me permite a generalização, os pretendentes ao trono são inteiramente horizontalizados. Um exemplo é o Rei Umberto da Itália, que manda oficialmente os seus partidários (aliás, muito poucos) votarem no Partido Socialista dizendo que a tradição da casa de Savóia é votar na esquerda. E tem razão, porque a partir do momento em que eles se meteram a chefiar a Revolução na Península Itálica, eles não fizeram outra coisa senão o esquerdismo.

Quer dizer, todas as cúpulas são amolecidas em todos os setores, em todas as zonas. O que desfibra o combate, tira ao combate a sua energia, a sua força. A expressão mais característica disto é a burguesia sapa. O sapo é bem isto. É o traidor! É o burguês bem vestido que tem um bonito automóvel, um homem rico, de consideração social, que simpatiza com os comunistas e antipatiza conosco".

Quarta prova: pela psicologia letárgica das nações

 
Esta prova também condiz com a situação atual, se tomarmos a massa conservadora em geral, saindo um pouco do ambiente de militância onde muitos discutem ações mas, na maioria das vezes, continuam sem vitórias expressivas no sentido prático. De fato, seria difícil igualá-las às vitórias da TFP daquele tempo.

"Agora, minando a sociedade não comunista há um outro fator: é o fator representado pela lavagem cerebral. O que é que vem a ser a lavagem cerebral ? No nosso sentido da palavra é um processo pelo qual se leva a uma pessoa (não pela lógica, mas por pressões psicológicas) a mudar de convicção. Os não comunistas estão passando por um processo de lavagem cerebral prodigioso.

Eu apresento três aspectos desse processo:

Primeiro, a contestação. A característica do movimento hippie é de dar a impressão de uma desagregação leprosa invencível da sociedade atual. Quer dizer, a todo momento é uma desordem, é uma greve, é uma encrenca, é um passo a mais no sentido da pornografia, é uma agressão contra o bom senso que explode daqui, de lá e de acolá, de todas as maneiras.

De maneira que o burguês ou o operário conservador, sensato fica numa posição mais ou menos invencível. Ele tem a impressão de que isso é uma maré que vai subindo e que ninguém mais domina. Então não há quem segure isso, é o desânimo completo. Quer dizer, a contestação dá a idéia do desânimo, conduz a uma idéia de um desânimo.

O segundo elemento é a bobeira. Há (também aqui eu faço um pequeno parêntese) em todos os países nossos, em todo o mundo não comunista, uma espécie de letargia, de atonia em que os homens não comunistas presenciam a crise como uma espécie de apatia completa, não reagem contra nada.

A expressão maior desta bobeira é a idéia de derrubar as barreiras ideológicas. Quer dizer, derrubadas as barreiras ideológicas está derrubado tudo. É pior do que uma invasão militar. Acabou, ficam essas pessoas que estão por aí, das quais nenhuma é comunista, ouve isto e vira a página do jornal, estupidamente. É uma espécie de sono estúpido que é um dos elementos da lavagem cerebral.

Essa lavagem cerebral conduz ao que? À derrota! Clausewitz, o grande teorista alemão da guerra dizia que para vencer o inimigo muitas vezes não é preciso vencê-lo no campo de batalha, basta tirar-lhe a vontade de lutar. Isto tira a vontade de lutar, é o abandono da vontade de lutar, é a liquidação psicológica do adversário.

Em última análise, há no mundo de hoje uma espécie de grande silêncio no mundo não comunista, uma espécie de grande silêncio diante da agressão comunista. Todo mundo só se preocupa em comer e o resto é o passo cadenciado no silêncio. Só se ouve esse passo cadenciado das multidões rumo ao cocho debaixo de um manto de vergonha. Mas de uma vergonha cínica, não é a vergonha do rubor, do pudor não. É a vergonha do debochado. Vai para a frente, não se comenta.

Quando a gente estuda a história dos Cristeros e vê a efervescência dos anticomunistas mexicanos no tempo da luta dos Cristeros, quando a gente vê a efervescência dos anticomunistas espanhóis no tempo do Alzamiento e a gente compara a atitude da maior parte dos anticomunistas de hoje face ao comunismo, a diferença é enorme. O número de comunistas proporcionalmente eu creio que não cresceu, talvez tenha decaído, mas o fervor anticomunista dos anticomunistas (não digo no caso concreto do México, que eu conheço menos; no da Espanha certamente) o fervor anticomunista dos anticomunistas caiu enormemente, mas enormemente. No Brasil de 1964 para cá, da queda do Jango Goulart, presidente comunista, para cá, caiu prodigiosamente".

Quinta prova: pela Teologia Agostiniana

 
Notamos o paralelo: assim como os pecados de povos do Antigo Testamento atraiu o Castigo de Deus, os pecados do mundo atual atraem um
vindouro Castigo.

"Estas considerações nos mostram como a Revolução está próxima do seu estágio máximo e como os fatores de resistência são minúsculos.

A gente poderia se perguntar se há razão para esperar pelo menos um milagre, porque se só um milagre pode salvar; a gente pode se perguntar se há razão para esperar o milagre. Se não há, é certo, a coisa está perdida. Há razão para esperar o milagre? Há duas razões [a segunda, sobre o segredo de Fátima, não será discutida pois já foi demonstrada junto a outras profecias nesse volume] para se ter certeza de que esse milagre não virá antes da Bagarre. Razões teológicas. Milagres é assunto teológico; supõe razões teológicas.

Primeiro, uma razão dada por Santo Agostinho e aceita por toda a doutrina católica, e que se baseia na justiça de Deus quanto às nações. Santo Agostinho mostra que muitas vezes nessa vida nós vemos o bom, que é infeliz, e o mau que é feliz. E ele pergunta então aonde é que está a justiça de Deus? E ele explica: os bons muitas vezes pagam nessa vida algum defeito que têm mas depois recebem no Céu o prêmio de sua virtude. Os maus muitas vezes recebem nessa vida, pela justiça divina, um prêmio de alguma virtude que tenham para depois irem para o Inferno.

Porque Deus paga inteiramente o bem e o mal, apenas o que tem é que por um entrecruzamento de circunstâncias, muitas vezes convém ao bom sofrer nessa Terra para não passar pelo Purgatório (passar rapidamente pelo Purgatório) e ir para o Céu. E convém à Justiça Divina que o mau seja premiado aqui para depois ele cair no Inferno.
Então com os indivíduos não há uma relação entre virtude e felicidade, vício e infelicidade. Esta relação não existe.

Mas, diz Santo Agostinho, existe com os povos porque no Céu não vai haver um Brasil, nem uma Argentina, nem um Chile, um Equador, um Uruguai, um México, uma Alemanha, que outras nações que estejam aqui representadas, não vai haver isto. Todas as nações cessam. Então, como as nações só existem na Terra, têm de ser castigadas na Terra. Essa é a tese de Santo Agostinho e aceita por toda a doutrina católica, documentos pontifícios, etc..

Ora, esta imensidade de pecados são pecados das nações. Por exemplo, eu não tenho toda a certeza, mas eu creio que com exceção da Argentina e da Espanha, todas as nações que têm súditos aqui presentes são Igrejas separadas do Estado. Isto é, um Estado ateu; e um Estado que se diz ateu, merece o castigo próprio ao ateísmo. O pobre estado brasileiro, por exemplo. Esta história de leigo é uma lorota, não há leigo, quem é leigo é ateu.

A corrupção moral não é um pecado apenas dos indivíduos, mas é da sociedade. Pratica-se publicamente, entrou nos hábitos da sociedade. Assim por diante, essa imensidade de pecados são pecados de nações, são as nações que estão rejeitando a Deus, estão já quase no fim. Depois do deicídio é o maior pecado que se cometeu. Nunca houve uma apostasia tão geral, tão completa, tão profunda, tão durável. Resultado, as nações têm de ser castigadas nessa Terra.

Mais ainda. O castigo tem de ser proporcionado ao pecado. [O povo judeu cometeu o Deicídio] mas depois veio o castigo horroroso para o povo de Israel. E com o castigo horroroso a dispersão e na dispersão ainda o endurecimento que leva o povo de Israel à pior das desgraças. E todas as nações seguiram os judeus nisso, deixaram-se levar (não digo que não há indivíduos que constituem exceção dentro). As nações como bloco seguiram esse pecado. O resultado é que tem de haver um castigo análogo ao da morte de Nosso Senhor. Quando Nosso Senhor morreu, foi uma espécie de Bagarre ali, tem de vir uma coisa assim para o mundo inteiro, pelo princípio de Santo Agostinho, é uma razão de ordem teológica" [8].


Próximo deste capítulo:
O Castigo Final ou os três dias de escuridão provados por Teologia da História
 
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[1] Esquema da Revolução e Contra-Revolução conforme o livro do autor de 1959 com o mesmo nome.
[2] Humanum Genus, Abril de 1884.
[3] Mons.Henri Delassus, A Conjuração Anti-Cristã, tomo 3, pg.194. 
[4] Idem. pg.195. 
[5] Idem. Pg.196 
[6] Op.cit. no.24
[7] Alocução de Paulo VI ao Seminário Lombardo, em 7/12/1968 
[8] Reunião da SEFAC (semana de estudos de formação anti-comunista). 6 de Agosto de 1971.