Santa Maria das Dores, rogai por nós!
Para entender alguns conceitos aqui expostos, recomendamos a leitura:
São Luís Maria Grignion de Montfort profetiza o Reino de Maria e os apóstolos dos últimos tempos
Hipótese Teológica da divisão das Eras da Igreja. Apreciação das divisões de S. Agostinho, S. Boaventura e outros
Clique aqui para ler mais sobre o Grande Castigo, Reino de Maria, etc
Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. IV)".
Anterior deste capítulo: As sete Eras cristãs simbolizadas na Escritura pelas sete falas de Nossa Senhora
Nesta
primeira série do capítulo IV, tentaremos identificar paralelos de
importantes eventos bíblicos com as sete Eras Cristãs, seguindo a ordem
da hipótese do capítulo precedente. Ali a opinião deste singelo trabalho
foi apresentada como régua, pois não só é auxiliada pelo tempo, como
pelos séculos de tradição de santos e teólogos sobre o tema, que não é
novo.
Número da Era Cristã - Acontecimento importante da Era - Fala do Senhor na Cruz
1 - Pentecostes - "Quando chegaram ao lugar que se chama Calvário, ali o crucificaram a ele e aos ladrões, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Dividindo as suas vestes, sortearam-nas", S. Lucas XXIII, 33-34. "Tendo-o crucificado, "dividiram as suas vestes, lançando sortes sobre elas", para ver a parte que cada um levaria. Era a hora tercia quando o crucificaram", S. Marcos XV, 24-25.
Era a hora tercia quando crucificaram Jesus: da tercia (que inicia às 9h) à nona (que inicia às 15h) permaneceu o Cordeiro de Deus vivo na cruz, até que deu seu último alto brado e expirou. Portanto, um intervalo de seis, simbolizando o fim da sexta Era antiga, que terminava com Cristo na cruz, e ao mesmo tempo o fim da sexta Era cristã, porque Cristo Deus atinge o ápice de sua atividade na terra antes da ressurreição.
Adendo da 3a edição: à primeira vista, o parágrafo acima nos parecia refutado pela Tradição de que a crucifixão de Deus Encarnado foi próxima ao meio-dia. Entretanto, Dom Duarte, em sua "Concordância dos Santos Evangelhos", comenta como o horário dado por S. João ("quase à hora sexta") quis salientar algo mais geral, salvando o sentido simbólico dado aqui: "Ora, sabe-se que todo aquele espaço de tempo que vai de nove horas ao meio dia estava compreendido sob a denominação geral de hora tercia".
Então, foram divididas suas vestes enquanto Jesus pedia o perdão aos seus algozes. Em Pentecostes, a Igreja recebe o Paráclito, separando por fim a atividade dos cristãos e a dos judeus, divisão que ficaria evidente com a destruição de Jerusalém mais tarde. Porém, a Igreja inicia a separação espiritual na crucifixão, e assim as roupas de Cristo são divididas, como o véu do templo é dividido logo depois em duas partes. De fato, apesar de Jerusalém ainda não estar destruída na época, o problema na Igreja era a judaização, conforme os Atos dos Apóstolos, capítulo XV, 4-6.
Ora, o perdão que Jesus clama é o perdão que o Espírito Santo concede, do mesmo modo como Jesus disse após ressuscitado, "tendo dito estas palavras, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos", S. João XX, 22-23. Apesar de ter já dado a permissão para os Apóstolos perdoarem os pecados, ainda disse Cristo ressuscitado: "eu vou mandar sobre vós o (Espírito Santo) prometido por meu Pai. entretanto permanecei na cidade, até que sejais revestidos da virtude do alto" S. Lucas XXIV, 49, porque Ele queria que esperassem Pentecostes para a confirmação mística desse poder de perdoar conferido pela Igreja.
Alguns podem objetar que a roupa, diferente do véu do templo que se rasgou em duas partes, foi dividida em várias inviabilizando o mesmo simbolismo do véu do templo sobre a divisão entre Igreja e judaísmo. Porém, não só há paralelo, como esta diferença rememora previamente a "divisão" da vinda do Espírito Santo em Pentecostes: sobre os vários Apóstolos, de acordo com os graus de dons que deviam ser conferidos. Naqueles tempos, certas questões eram resolvidas no sorteio, para que ficasse exposta a vontade de Deus, assim, podemos dizer que a divisão em sorte das roupas foi um paralelo (em um sentido) com o evento de Pentecostes, embora tenha sido uma coisa ruim primariamente, porque Nosso Senhor a lamentou, e o Evangelista notou o vaticínio cumprido. Esta interpretação é justificada pelo sentido místico de "Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes...": enquanto havia sorteio e divisão das vestes. Dizia (talvez várias vezes) para que o sentido da frase se atribuísse tanto à divisão, quanto ao sorteio, da forma como explanamos.
Resumindo: Jesus Cristo pede a vinda do Paráclito consolador depois da divisão de suas roupas, isto é, a divisão entre judaísmo e Cristianismo, profetizada antes nos salmos de Davi, e do sorteio das roupas (símbolo secundário parcial de Pentecostes). Os três crucificados, no aspecto puramente numérico, lembrava a Trindade. Em outra dimensão exegética, foram dois ladrões, e Jesus estava no meio para que ficasse evidente o sentido do salvo (o bom ladrão) e do condenado (o mau ladrão), traçando o sentido de divisão das vestes que falamos no contexto da Igreja e do judaísmo.
2 - Destruição do Templo - "Um daqueles ladrões, que estavam suspensos, blasfemava contra ele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós. O outro, porém, tomando a palavra, repreendia-o, dizendo: Nem tu temes a Deus, estando no mesmo suplício? Nós estamos na verdade justamente, porque recebemos o que merecem as nossas ações, mas este não fez nenhum mal. E dizia a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. Jesus disse-lhe: Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no paraíso. Era então quase a hora sexta e toda a terra ficou coberta de trevas até à hora nona", São Lucas XXIII, 39-44.
Aqui o bom ladrão é confirmado, isto é, o representante daquele que se salva com a Cruz, daquele que acredita Nele e considera justo o castigo que recebeu. No caso, o castigo que recebeu e achou justo espelha o castigo que sofreu o corpo místico de Cristo e os Apóstolos nesta segunda Era Cristã.
Adendo da 3a edição: foram suprimidos os dois parágrafos que aqui estavam, não só por um péssimo português, como por causa de uma matemática confusa. Restam os parágrafos que ilustram melhor o argumento do paralelo entre segunda Era e segunda fala de Cristo na Cruz.
O bom ladrão também representa a confirmação do escolhido por Deus, em oposição ao blasfemador que não O escolhe. É a confirmação da profecia de Cristo sobre a destruição de Jerusalém, que confirma a missão profética da Igreja. Afinal, naquele tempo, também havia quem duvidasse que, por causa de Cristo, a religião judaica ainda era válida.
3 - Concílio de Nicéia - "Entretanto estavam de pé junto à cruz de Jesus sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cleófas e Maria Madalena. Jesus vendo sua Mãe e junto dela o discípulo que ele amava, disse a sua Mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a tua Mãe. E, desta hora por diante, a levou o discípulo para sua casa", S. João XIX, 25-27.
Essa parte, alguns podem pensar, simboliza a sexta Era, a do Reino de Maria, mas mostraremos que a sexta fala de Cristo Crucificado condiz mais com a sexta Era. Havia então três Marias, e também Salomé, mãe dos filhos de Zebedeu (os santos apóstolos João e Tiago). O Evangelista S. João só menciona as três Marias e, pensamos, não só para significar o número da trindade, mas para significar a Era, pois a frase de Cristo é relacionada à terceira Era, distinguindo-a das demais, pois Nosso Senhor dá Sua Mãe Maria a S. João, e este, como Evangelista, deixa evidente que Ele não confundia com a mãe biológica de S. João, que estava ali próxima. Nosso Senhor falava da Mãe espiritual de todo exemplo de Cristão, a Virgem Maria.
Foi na terceira Era que os mistérios mais importantes sobre Maria foram conhecidos, segundo se tem notícia (é claro, São João Evangelista os conheceu, como também podemos dizer dos outros apóstolos). Podemos atribuir isso ao interesse que tem Deus em deixar oculto certos mistérios, guiando a história para que, quando possam vir à luz, venham através dos escolhidos por Deus. Hoje sabemos como os católicos são separados dos cismáticos e hereges pela devoção e profundidade nesses mistérios, embora muitos cismáticos acreditem em certos dogmas marianos, ainda que não todos.
Os mistérios mais importantes que nos referimos são a Assunção de Maria, já celebrada pela liturgia bizantina e popularizada por São João Damasceno: já era conhecida por apócrifos dos séculos IV, pelo menos. Também a Imaculada Conceição foi defendida por Santo Efrém da Síria no século IV, para mencionar somente um. Sem contar a virgindade perpétua de Nossa Senhora, defendida por muitos Santos Padres da Igreja.
4 - Idade Média - "Chegada a hora sexta, cobriu-se toda a terra de trevas até à hora nona. E à hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: "Eloí, Eloí, lamá sabachtaní?" que quer dizer: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?". Ouvindo isto, alguns dos circunstantes diziam: Eis que chama por Elias". São Marcos XV, 33-35. São Mateus XXVII, 46 diz: "perto da hora nona".
Adendo da 3a edição: eliminados os dois primeiros parágrafos desta interpretação para a quarta fala, por estar incompreensível linguisticamente, etc. Reitera-se como o cerne permanece íntegro e se agrega a observação de que o profeta Elias é citado na quarta e na quinta fala que são, respectivamente, símbolos da quarta e da quinta Era. Os judeus, que criam na vinda prévia de Elias à vinda do Messias, ironizam a Deus com a ausência de Elias. Ignoravam, portanto, que Elias virá antes de Sua segunda e derradeira vinda, e desmereciam a prefigura de Elias: S. João Batista. Então, qual é a razão para a citação em ambas as Eras/falas? Na quarta, não nos é claro, já na quinta Era, é evidente que o mundo ironizará o poder de Deus.
É interessante notar, e parece ser esse o sentido da reprodução em hebraico, que a frase em hebraico tem quatro palavras, refletindo a quarta Era. Nessas palavras, do Salmo 21 de Davi, o salmista começa atribulado, mas por fim diz que "lembrar-se-ão e converter-se-ão ao Senhor todos os limites da terra; e todas as famílias das nações o adorarão na sua presença, porque o reino pertence ao Senhor, e ele reinará sobre as nações. A ele se hão de prostrar quantos repousam debaixo da terra, diante dele se hão de inclinar quantos descem ao pó. Minha alma viverá para ele e a minha descendência o servirá. A geração que há de vir será anunciada ao Senhor, e os céus anunciarão sua justiça ao povo que há de nascer, e que o Senhor formou", Salmos XXI, 28-32.
Essas palavras anunciam a Igreja ("geração que há de vir"), o Reino de Maria ("converter-se-ão ao Senhor todos os limites da terra") e a Idade Média, a prefigura histórica do Reino de Maria, pois alcançou enorme sucesso na construção de uma Civilização Cristã, mas não ainda sua plenitude. O Reino de Maria e a Idade Média saem, assim como o salmista, de uma tribulação (o primeiro sairá da Bagarre, o segundo, saiu da queda de Roma e das invasões bárbaras) para a vitória na esfera temporal, cantada profeticamente no fim do cântico. O salmo profético era não só profético para a vinda de Cristo, mas para a posteridade, exibindo a beleza da Escritura.
5 - Bagarre ou Decadência - "Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado para se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede". S. João XIX, 28. "Correu
um, ensopou uma esponja em vinagre, e atando-a numa cana, dava-lhe de
beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias vem tirá-lo". São Marcos XV,
36. E São Mateus XXVII, 49: "Porém os outros diziam: Deixa, vejamos se vem Elias livrá-lo".
Comentaristas dizem que a sede era uma sede de almas de Nosso Senhor e de fato o era e o é, se pensarmos também em quantas almas se perdem nesta Era de tribulação. O "tudo estava consumado para se cumprir a Escritura" não dizia respeito às Eras Cristãs, pois Nosso Senhor ainda tinha duas falas na Cruz. "Tudo estava consumado" sob um aspecto, por isso, só nos versículos seguintes Nosso Senhor diz "tudo está consumado".
Este "consumado" simboliza, sustentamos, a plenitude da profecia necessária para a vinda do Papa Santo e do Grande Monarca, conforme falamos no capítulo III, e o auge da Revolução que desencadeará a cólera de Deus. São as condições necessárias para a vinda destes personagens, tratados desde o capítulo II, visto que abrem a sexta Era Cristã, espelhando a sexta Era antiga que Nosso Senhor abre com Seu nascimento.
Deus Crucificado tem sede, porque simboliza o momento em que Se vê (Ele, Corpo místico da Igreja) necessitado, e Se queixa de sua parte temporal. Essa interpretação Não anula o sentido espiritual, pois ambas não são contraditórias, antes a Escritura tem várias dimensões, como dito no capítulo I. Então, Jesus toma o vinagre que lhe dão (porque a Igreja é socorrida nessa parte por várias ordens e Papas que combatem a Revolução), mas não O baixam da cruz. Ele bebe esse vinagre porque pede, diferente do começo da crucificação, quando Lhe servem vinho misturado com fel, "e tendo-o ele provado, não quis beber" S. Mateus XXVII, 34. Então, o fato de Nosso Senhor querer ajuda simboliza o auxílio que a Igreja recebe no fim desta Era. E só após beber o vinagre, Ele diz a fala referente à da sexta Era, ou seja, só depois desta ajuda se inicia a sexta Era.
6 - Reino de Maria - "Tinha sido ali posto um vaso cheio de vinagre. Então (os soldados), ensopando no vinagre uma esponja, e atando-a a uma cana de hissopo, chegaram-lha à boca. Jesus, tendo tomado o vinagre, disse: Tudo está consumado. E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito". S. João XIX, 29-30.
Nosso Senhor declara a consumação das profecias: o Evangelho foi pregado a todas as nações, a plenitude da Civilização Cristã aconteceu na terra, a plenitude da devoção à Nossa Senhora, a plenitude do Castigo temporal, o socorro da Igreja, os apóstolos dos últimos tempos, entre outras coisas. Então, só faltará a tirania do Anticristo e, por fim, a vinda de Elias e Enoch. Mas a tirania do Anticristo não é o cumprimento positivo das profecias, e sim o negativo. Aliás, um Anticristo no sentido pleno só pode ser um corrompedor de uma sociedade plenamente Cristã.
Por que São João Evangelista não menciona a última fala de Nosso Senhor, mas antes faz parecer que essa é a última? A sexta fala precisava ter esse sentido, pois simboliza o fim da sexta Era antiga, assim como o ápice das Eras Cristãs.
As trevas que terminam na hora nona da sexta Era podem simbolizar os três dias de trevas que terminarão nessa Era, e simbolizar as trevas da Bagarre (trevas nas idéias), e também podem representar o islamismo, que começa na Idade Média (hora sexta) e acabará no Reino de Maria (hora nona), segundo vimos até aqui. Adendo da 3a edição: deste parágrafo foi suprimida uma parte que, embora ausente, não alterasse a interpretação desta fala, estava mal-escrita e em contradição com o que se viu no começo deste artigo sobre as horas e as trevas que ocorreram.
7 - Tempo do Anticristo - "Era então quase a hora sexta, e toda a terra ficou coberta de trevas até à hora nona; escureceu-se o sol e rasgou-se pelo meio o véu do templo. Jesus, exclamando em alta voz, disse: "Pai, nas tuas mãos encomendo o meu espírito". Dizendo isto, expirou". São Lucas XXIII, 44-46. "Mas
Jesus, dando um grande brado, expirou. O véu do templo se rasgou-se em
duas partes, de alto a baixo. O centurião, que estava defronte, vendo
que Jesus expirava dando este brado, disse: Verdadeiramente este homem
era Filho de Deus". São Marcos XV, 37-39.
Então, a morte de Nosso Senhor representa, como é de comum acordo entre os exegetas, o reinado do Anticristo que se instala no templo de Deus, segundo a epístola de São Paulo, que veremos neste capítulo. Essa fala é evidente por si e não precisa de muita interpretação fora o já dito aqui, excetuando o seguinte: a "alta voz" de Nosso Senhor (pelos outros Evangelhos chamada "brado") representa exatamente a vinda do Filho do Deus nas nuvens para julgar os vivos e os mortos, em paralelo ao brado de São Miguel logo antes da queda dos anjos rebeldes.
Próximo deste capítulo: As sete Eras representadas nas sete aparições de Nosso Senhor no dia da Ressurreição, conforme a Sagrada Escritura