As sete Eras representadas nas sete aparições de Nosso Senhor no dia da Ressurreição, conforme a Sagrada Escritura

Nosso Senhor aparece para
S. Maria Madalena
Nossa Senhora dos Prazeres, primeira a ver Cristo ressuscitado, rogai por nós!.

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Nossa Senhora dos Prazeres, a primeira pessoa que Jesus Cristo ressuscitado apareceu. Provas pela Escritura, Santos e tradições litúrgicas

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Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. IV)".

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Nesta primeira série do capítulo IV, tentaremos identificar paralelos de importantes eventos bíblicos com as sete Eras Cristãs, seguindo a ordem da hipótese do capítulo precedente. Ali a opinião deste singelo trabalho foi apresentada como régua, pois não só é auxiliada pelo tempo, como pelos séculos de tradição de santos e teólogos sobre o tema, que não é novo.

Este artigo baseia-se no artigo do capítulo III sobre Nossa Senhora dos Prazeres, a primeira a ver Nosso Senhor ressuscitado.

Número da Era Cristã - - Acontecimento importante da Era Cristã - Quem viu Nosso Senhor Ressurrecto

1 - Pentecostes - Nossa Senhora

Era necessário que aquela que primeiro viu o Messias, que primeiro tocou-O e osculou Seus pés nesta terra, por ser "cheia de graça", também seja a primeira que O viu ressuscitado. E é mais belo ainda este fato quando vemos que as aparições de Nosso Senhor no dia da Ressurreição relatadas nas Escrituras tem nexo místico com as Eras Cristãs. Porque das antigas Ele abriu (encarnando-Se) a sexta, depois iniciou a sétima pela Sua morte de Cruz, e abriu a primeira Era Cristã em Pentecostes enviando o Espírito Santo ao cenáculo, quando estava presente Nossa Senhora. Portanto, abriu a sexta época antiga, em que Ele é a principal figura histórica, através de Nossa Senhora. E abriu as seis primeiras aparições (no dia da ressurreição) com Nossa Senhora igualmente. A numerologia da palavra de Deus se mostra aqui como é: bela e digna de ser proveniente Dele.

Maria Santíssima é a primeira a ver a morte vencida, o "eu venci o mundo". Ela é a primeira do mesmo modo que é a primeira na hierarquia das criaturas de Deus. É por isso que é a primeira sozinha e não com outros. Nosso Senhor mostra a vitória, e dá a Sua Mãe o melhor lugar para ver a Glória de Deus, por ser a Imaculada Virgem Santíssima.

2 - Destruição de Jerusalém - Nossa Senhora e as Santas Mulheres

As Santas mulheres foram ao sepulcro e o encontraram vazio, assim como a destruição de Jerusalém não deixou pedra sobre pedra, confirmando a profecia de Nosso Senhor. Todo o Corpo de Nosso Senhor ressuscitou, nenhuma parte ficou. Do mesmo modo a destruição do que era velho, o templo de Deus manchado pelo Deicídio, havia de se realizar integralmente, como foi integral a ressurreição.

As mulheres foram avisadas por um dos anjos, embora ali estivessem dois. Simbolizam o povo que ainda não largou a antiga aliança, o povo que ainda não estava preparado para a destruição de Jerusalém, como advertiu Nosso Senhor "quem estiver no campo não volte para buscar suas roupas". Eram dois anjos porque esta aparição simboliza a segunda Era. 

E fugiram do anúncio, pois não estavam ainda confirmadas. E eis que Nossa Senhora estava perto, e seguindo-as, certamente rogava por todas, quando Nosso Senhor lhes apareceu. Por isso, entende-se que as santas mulheres "saíram do sepulcro com medo e grande gáudio" (S. Mateus XXVIII, 8): o "grande gáudio" era o da Virgem Santíssima.

3 - Fim do Império Romano - S. Maria Madalena

Dois anjos mais Nosso Senhor, em "forma de jardineiro", em um primeiro momento, formam o símbolo do número três, para completar o simbolismo desse evento com a terceira Era.

Também S. Maria Madalena é a terceira discípula presente naquele momento no sepulcro, contando com S. João e S. Pedro. Ela foi antes com as outras mulheres, mas saiu correndo para avisar os Apóstolos logo ao ver de longe a pedra removida (S. João XX, 2).

Quando as mulheres entraram, e S. Maria Madalena corria de volta, o anjo pediu para que elas avisassem os outros da boa nova e o encontro marcado na Galiléia. Confusas, elas fugiram, porém, viram no caminho Nosso Senhor que pediu o mesmo. Então, nesta aparição é exprimido pela terceira vez um pedido de Deus (embora fosse através das palavras de S. João XX, 17: "vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu pai...") para avisar aos Apóstolos para encontrá-Lo no Monte das Oliveiras (S. Lucas XXVIII, 16), onde haveria a Ascensão. Assim a numerologia se completa. 

Adendo da 3a edição: antes, este parágrafo era maior, mas sem linguagem clara, fugindo do tema. Sobrou o seguinte: Nosso Senhor fala para não tocá-Lo porque Ele ainda não subiu ao Pai. Acreditamos no sentido moral de Nosso Senhor não querer ser tocado sozinho com uma mulher. Também denota como Ele queria controlar o espírito impulsivo de S. Maria Madalena.

Explicamos aqui a razão deste artigo divergir de outras autoridades (como S. Inácio de Loyola) que falaram sobre a sequência de aparições de Nosso Senhor ressuscitado, e por qual razão a aparição à S. Maria Madalena é a terceira e não primeira, o que parece ir contra o que diz o Evangelho de S. Marcos XVI, 9. Além de termos defendido no capítulo III (citado no início deste) através da Tradição, dissemos que não significa literalmente a primeira, visto que em seguida, a santa é mencionada como aquela da qual Nosso Senhor "tinha expulsado sete demônios", ou seja, o simbolismo ali implícito revela como as setes Eras antigas tinham terminado e dado lugar à primeira Era Cristã, daí esta aparição ser considerada a primeira.

Adicionamos, pela beleza da Escritura que comporta vários sentidos, ainda outra interpretação: Ele fala no contexto das seis aparições analisadas aqui. S. Maria Madalena é representada pelas sete Eras Cristãs. Então, lemos a sagrada frase que dela "saiu sete demônios". A santa representa o conjunto da história humana aqui, depois de ter passado por todos os pecados capitais e sofrido tudo que devia reparar. Então, Nosso Senhor (Igreja), precisa subir ao Pai, isto é, precisa tornar-se somente Igreja Triunfante, para que a história (Santa Maria Madalena) encoste Nela (a Igreja, corpo Místico de Cristo). E assim, O encontrasse novamente, isto é, a Sua segunda vinda.

Mas por que se entende isso em um contexto da terceira Era Cristã? O fim do Império Romano veio nesta Era. Para aqueles que entendiam que no fim deste Império viria o Reino de Cristo, parecia ser o fim do mundo, quando, na realidade, este só se virá no fim do Império Romano do Papa, ou o Império da Igreja. Quando esta subir para o Pai, então os homens poderão senti-Lo ou tocá-Lo.

4 - Idade Média - S. Pedro Papa

Entre esta aparição e a última, vemos que os Apóstolos não davam crédito para as mulheres, contudo, segundo um Evangelista, só S. Pedro acreditou, e foi ver o sepulcro. Sabe-se que os doze Apóstolos (supondo que já estava ali aquele que substituiria Judas) representam a totalidade dos povos, como as doze tribos no antigo testamento simbolizaram e como o zodíaco simboliza todo o globo terrestre, como visto no capítulo III. Assim, como representam a totalidade do povo cristão que é chamado a ser todos os povos, representam também as nações. E por que dizer isto? Porque S. Pedro representa, nesse contexto, dentre todos os povos e nações da época, o que perseverou na fé e viu a vida planamente, Nosso Senhor Jesus Cristo ressurrecto, a verdade, o caminho e a vida.

Do mesmo modo os povos bárbaros sumiram como eram, ou se cristianizaram dando origem a outros povos e impérios. O Império Romano caiu, mas não o Império Romano verdadeiro, que é o espiritual, a Santa Igreja. Este Império é o único que sobreviveu daquela época, e é representado por S. Pedro sendo o único dentre os Apóstolos a ver Nosso Senhor na quarta vez em que Ele aparece aos homens.

Nunca antes o poder Papal gozou tanto de poder quanto na Idade Média, e mesmo se afirmarmos que durante os pontificados santos de Pio IX e S. Pio X o Papado tinha ainda mais influência isso não seria verdadeiro no sentido histórico, porque as forças revolucionárias haviam tomado a ordem temporal (principalmente a política). A Revolução havia se apoderado até dos Estados Pontifícios. De forma que, temporalmente falando, a influência era muito menor do que na Idade Média, segundo a notória lamentação do Papa Leão XIII: “Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados".

5 - Bagarre ou declínio - Dois discípulos de Emaús 

"Eis que, no mesmo dia, caminhavam dois deles para uma aldeia, chamada Emaús, que estava à distância de Jerusalém sessenta estádios" S. Mateus XXIV, 13. Estava a uma distância de sessenta, porque é uma distância de dez vezes seis. O dez representa a perfeição da lei dada no Sinai, que foi dividida assim. Portanto, o contexto dessa época cristã tem relação com a Moral e, como vemos atualmente, o declínio foi alimentado pela inobservâncias dos mandamentos. Já o seis está no cálculo da distância por ser a distância restante para o término deste contexto representativo da quinta Era: a sexta Era.

Havia dois discípulos porque dois são os principais, os profetizados neste tempo para virem no fim desta Era: o Papa Santo e o Grande Monarca. Ora, acreditamos em um terceiro apóstolo que está simbolizado pelo próprio Senhor quando, diz o Evangelista, "se mostrou sob outra forma", e aparentava um viajante. Só O reconheceram quando Ele partiu o pão, o que significa que Ele deixou de ser quem era (a "outra forma") quando passou a exercer uma função que não era de quem aparentava ser, porque representava o terceiro apóstolo referido (e talvez tenha aparecido ali exatamente com a aparência que Deus estipulou para este), o qual não será sacerdote para poder partir o pão, e por isso, no momento da partida do pão, Nosso Senhor como Sumo Sacerdote Se mostrou.

Esta é a Era profética Cristã, que tem semelhança com a quinta Era antiga na qual mais floresceram os profetas. Por isso. "começando por Moisés, e discorrendo sobre todos os profetas, explicava-lhes o que dele se encontrava dito em todas as Escrituras" S. Mateus XXIV, 27. E "em todas as Escrituras" porque em todos os profetas lemos sobre o final desta Era, assim como lemos sobre a vinda do Reino de Maria na próxima. Nesta interpretação, evidencia-se "a plenitude da profecia", vista no capítulo III, sobre os eventos próximos.

6 - Reino de Maria - Aos dez Apóstolos (S. Tomé estava ausente)

Nosso Senhor aparece e mostra por completo tudo que era necessário mostrar: Suas chagas, Seu lado e Sua carne, e ainda come para provar que não era um fantasma, e sim Corpo e Alma.

Ora, "as portas estando fechadas" S. João XX, 19. Mesmo assim, Ele aparece entre os Apóstolos para significar que aquele "medo dos judeus" não era mais justificado, pois na sexta Era também estes se converterão, as portas estarão abertas para todos, a Igreja não sofrerá perseguição nem será de catacumbas, mas de esplendor (e vigilância).

É interessante notar que, quando voltam os discípulos de Emaús, os Apóstolos já acreditam na ressurreição por causa de S. Pedro, que O tinha visto (S. Lucas XXIV, 34). Sua aparição para S. Pedro representa, como vimos, a "quarta Era", à qual os Apóstolos mencionam, porque, segundo esta dimensão exegética, ela servirá de inspiração para a sexta Era. Além disso, começa a sexta Era justo quando o povo de Deus demonstrar grande fé e confiança no Papado e na missão do seu Papa, o Papa Santo de que falam as profecias.

Ora, o que prevalece nesta Era, marcada primeiramente pelo Reino de Maria? A paz. E por isso "foi Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: A paz seja convosco" S. João XX, 21. É nesta Era também que o povo de Deus, representado pelos Apóstolos, entendem tudo que havia de acontecer. "Então abriu-lhes o entendimento, para compreenderem as Escrituras" S. Lucas XXIV, 45.

Nesta época, todas as nações serão batizadas, conforme as profecias. Todos serão católicos, o Evangelho será pregado por toda parte (Adendo da 3a edição: não quer dizer que todos serão santos, como alguns de má vontade supõem). E por isso "Disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura" S. Marcos XVI, 15. Era preciso "que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém" S. Lucas XXIV, 47.

Objeta-se: por que S. Tomé estava ausente se aqui era necessário o simbolismo dos Apóstolos por completo visto que representam o povo de Deus e as nações? Na verdade, sua ausência corrobora um símbolo: o das dez as tribos perdidas de Israel, assim, os dez que viram Nosso Senhor representam a reunião destas dez tribos. As doze tribos de Israel representam a totalidade do povo de Deus e das nações, conforme visto anteriormente.

7 - Aos onze (com S. Tomé)

Adendo da 3a edição: adicionamos a análise desta aparição principalmente por enriquecer as precedentes, as quais dizem mais respeito à nossa época, e para tonificar esta interpretação simbólica, assegurando-lhe mais autoridade.

Segundo Santo Inácio de Loyola (exercícios espirituais, 305) a sétima se deu no episódio em que S. Tomé coloca o dedo no lado de Nosso Senhor Jesus Cristo e clama "Meu Senhor e meu Deus!". Ao que Cristo responde "Bem-aventurados os que não viram e creram".

Podemos ver claramente como o símbolo aqui é o de incredulidade, maravilhamento. O único apóstolo faltante que por fim chega, pois Judas já era traidor. Único faltante, porque restava só esta Era para se completar as Eras históricas Cristãs. Incrédulo, pois nesta Era, apesar de todo o testemunho das Eras anteriores simbolizado pelo testemunho dos Apóstolos, a incredulidade se manifestará. Maravilhado, pois será grande o poder de Nosso Senhor Jesus Cristo a se manifestar pela última vez, de um modo mais glorioso que nunca.

É importante ainda se deter sobre o testemunho dado pelas Eras anteriores, representado pelo testemunho dos Apóstolos. A Era imediatamente anterior é a mais enfatizada neste testemunho, pois os Apóstolos falam da aparição anterior, apesar de que outras já haviam ocorrido. Reforça isto também os fatos impressionantes de que Nosso Senhor mostrou as mãos e o lado, além de ter entrado em uma casa com portas fechadas. Ora, será justamente a sexta Era Cristã a que dará mais testemunho da glória de Nosso Senhor, sendo a Era do Reino de Maria.

A fala de S. Tomé de que queria, para acreditar, pôr os dedos na abertura dos cravos e a mão no lado de Nosso Senhor, pode ser entendida como a Igreja Católica remanescente nesta época que quer se unir tão a Nosso Senhor ressuscitado, mas só o consegue "oito dias depois", o dia da ressurreição, o domingo a partir da contagem do primeiro.

Qual é o sentido, dentro deste contexto interpretativo, de S. Tomé querer pôr o dedo na Sua chaga e introduzir a mão no lado de Nosso Senhor Jesus Cristo? É um sentido numérico, pois o dedo, sendo um, mais a mão, cinco, dá seis, número das Eras completadas até este momento em que se começa a sétima Era.

Do mesmo modo, qual é o sentido do Senhor ter dito "a paz esteja convosco" nesta aparição, se esta Era é marcada pelo Anticristo e o fim da história? Porque a paz estará no começo desta Era que será tal como o Reino de Maria e, em seguida (deinde, em latim), Nosso Senhor se aproximará da humanidade, para que ela se una com Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitado, união simbolizada pelo dedo e mão de S. Tomé, como dito.

O evento ocorre "oito dias depois" da incredulidade manifesta de S. Tomé pois, como é óbvio, o oitavo dia, que é o primeiro da semana seguinte (ou domingo, considerando sábado o sétimo dia), representa a ressurreição dos mortos que se dará nesta Era.


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