Ezequiel pelo escultor Aleijadinho |
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Hipótese Teológica da divisão das Eras da Igreja. Apreciação das divisões de S. Agostinho, S. Boaventura e outros
A Teologia da História prova a vinda do Castigo Mundial ou Bagarre, por Plinio Corrêa de Oliveira em 1971.
As sete Eras cristãs simbolizadas na Escritura pelas sete falas de Nossa Senhora
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Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. IV)".
Anterior deste capítulo: Nosso Senhor diz que aqueles dias serão como foram nos dias de Noé. Exegese
O livro do profeta Ezequiel vai em negrito.
Cap VIII, 1-4 - Aconteceu no ano sexto, no sexto mês, aos cinco do mês, quando eu estava sentado em minha casa, e estavam sentados diante de mim os anciões de Judá, que caiu sobre mim a mão do Senhor Deus. Tive uma visão; era uma figura que tinha o aspecto de fogo; dos rins para cima era como uma luz resplandecente, como um metal brilhante. Estendeu uma semelhança de mão, tomou-me pelos cachos dos cabelos da minha cabeça; o espírito levantou-me entre a terra e o céu; e levou-me a Jerusalém uma visão divina, pondo-me junto da porta interior que olhava para a banda do aquilão, onde tinha sido colocado o ídolo do ciúme, para provocar a emulação. E eis que aparecia ali a glória do Deus de Israel, conforme a visão que eu tinha tido no campo.
Foi no ano sexto, no sexto mês, porque simboliza numericamente o duplo seis, isto é, se harmoniza com o seis, a sexta Era (conforme hipótese das Eras que já tratamos no capítulo III), dentro de um contexto do "dois", isto é, a segunda Era do mundo. Portanto, a visão retrata algo pertencente a sexta Era cristã, e tem relação com a quinta Era cristã, porque a visão precisa harmonizar-se com o "cinco do mês". Afinal, com o profeta estavam os anciões, aqueles que deveriam guiar os homens: veremos como isso se encaixa adiante.
A "figura com aspecto de fogo" representa o Filho de Deus, pois tem os "rins cingidos", como diz o Evangelho e, por isso, dos rins para cima era uma luz resplandecente. Tal característica pode mostrar a natureza humana e divina de Cristo. A espécie de mão, interpretado em conjunto com "a mão do Senhor que caiu sobre mim" citada anteriormente representa Nosso Senhor Jesus, uma espécie de mão de Deus, não inteiramente semelhante à mão anterior, que é de Deus Pai.
"Visão divina" que só seria possível se a figura fosse o Cristo mesmo. S. Ezequiel está junto da porta interior olhando para o aquilão, isto é, o norte, porque dentro da Jerusalém espiritual, a Igreja, foi colocado o ídolo do ciúme (de Deus) na parte do norte, porque as heresias nesse contexto vêm em geral dos países do norte, como Rússia, Noruega, Holanda, Inglaterra e outros que caíram na heresia depois da revolução protestante.
5-12 - Ele disse-me: Filho do homem, levanta os teus olhos para o caminho do aquilão; eis que vi ao norte da porta do altar aquele ídolo do ciúme, posto bem à entrada. E ele disse-me: Filho do homem, vês o que fazem estes, as grandes abominações que a casa de Israel comete aqui, para que me retire para longe do meu santuário ? Pois, quando te voltares, verás abominações ainda maiores.
Conduziu-me à entrada do átrio, olhei e eis que havia ali um buraco na parede. Disse-me: Filho do homem, escava a parede. E, tendo eu escavado a parede, apareceu uma porta. Ele disse-me: Entra e vê as péssimas abominações que estes aqui cometem. Fui até ali para olhar: enxerguei aí toda espécie de imagens de répteis e de animais e, pintados em volta da parede, todos os ídolos da casa de Israel. Setenta anciãos da casa de Israel, entre os quais Jazonias, filho de Safam, se achavam de pé diante deles, segurando cada qual o seu turíbulo: a fumaça do incenso, que dele saía como uma névoa, elevava-se para o alto. Filho do homem, disse-me ele, vês tu o que fazem os anciãos de Israel nas trevas, o que cada um pratica no segredo da sua câmara. Dizem eles: O Senhor não os vê; o Senhor abandonou a terra.
Deus mostra as abominações que se fazem na casa de Israel, a Igreja espiritual. O buraco mostra algo escondido, algo visível, mas que precisa de escavação, isto é, precisa de um esforço maior, pois não é qualquer um que percebe o que acontece sabendo da existência do buraco, pois o buraco é a ponta do iceberg.
"Todas as espécies de animais", isto é, as idolatrias, e todas as espécies de pecados da impureza, porque os animais em relação ao homem representam a natureza mais baixa do homem, o domínio da carne. Por isso, fala-se "de répteis e de animais" para denotar a dupla natureza da profecia. Em volta da parede figuram os ídolos, adorados pelos homens no lugar do Filho de Deus.
Os setenta anciões numericamente representam os setenta anos de exílio. "Jazonias" ou Jazanias até hoje os intérpretes não distinguem quem era, ou qual papel teria nesse contexto. Todos incensavam os ídolos, isto é, eram sacerdotes ao que parece, mas dos ídolos, e não de Deus. O Senhor fala ao profeta que eles o fazem em segredo, ou seja, fingem ser sacerdotes de Deus, mas adoram os ídolos, e fazem isso "nas trevas", pois são filhos das trevas. Nada mais claro para representar o modernismo, pior heresia de todos os tempos segundo S. Pio X, e que procurou infiltrar-se na Igreja para modificar a Doutrina, e acabar com a fé. Essa profecia, ao referir-se ao sexto tempo da Era cristã, em relação à quinta como falamos acima, exibe o contexto de tal iniquidade, uma vez que a Era atual é a quinta. Deus diz que esses infiltrados são ateus no íntimo, pois dizem que Deus não vê, não é onisciente, e abandonou a terra: não é onipresente.
13-16 - E ajuntou: Quando te voltares para outra parte, verás ainda abominações mais graves que as que estes estão cometendo. Conduziu-me, então, para a entrada da porta setentrional da casa do Senhor: mulheres estavam assentadas, chorando Adônis.
Ele disse-me: Por certo, filho do homem, tu o viste; e, quando te voltares para outra parte, verás ainda abominações piores do que estas. Levou-me então ao átrio interior da casa do Senhor; e eis que se achavam à porta do santuário do Senhor, entre o vestíbulo e o altar, uns vinte e cinco homens, que, de costas para o santuário do Senhor, com a face voltada para o oriente, e adoravam o sol que nascia.
Abominações ainda maiores são vistas pelo profeta: as que estão em claro dia, mas as primeiras engendraram essas, se interpretarmos no sentido místico da sequência da profecia. As "mulheres chorando" os ídolos representam um apego a estes e, nesse caso específico, o ídolo Adônis ou Tamuz, de grande beleza e querido pelas mulheres da mitologia. Tal ídolo significa a luxúria entre as mulheres deste tempo profetizado.
Ainda abominações piores vê o profeta: dentro do templo se adora o sol de modo pagão, o qual representa a fertilidade, a vida humana, ou seja, representa a mesma abominação da luxúria. Os "vinte e cinco homens", cinco vezes cinco, numericamente representa a quinta Era cristã, pois cinco vezes cinco simboliza um duplo cinco, ou seja, a segunda Era do mundo, a Era Cristã, e quinta Era. Mas assim como o cinco multiplica o cinco, há uma relação da quinta Era antiga com a quinta Era cristã, isto é, a quinta Era antiga prefigura a quinta Era Cristã.
Parece-nos que "de costas para o santuário" mantém paralelo com a moda de celebrar missa "versum populum", que começou em meados do século XX, mas foi criticado pelo Papa Pio XII. Era uma moda de acordo com o movimento litúrgico que pregava a participação ativa na missa (a qual foi de certo modo "coroada" pelo novo missal de Paulo VI em 1969). Antigamente se celebrava de frente ao oriente, isto é, o nascer do sol. De fato, alguns templos do passado foram feitos nessa orientação, o que não torna intrinsecamente mau celebrar de frente para o povo, mas quando surgiu essa mentalidade todos os templos já eram feitos com o santuário virados ao oriente, ou feitos com o altar no fundo já indicando como deveria ser o culto. Na Igreja Latina, tanto como na Oriental, o celebrante ficava sempre de costas para o povo e de frente para Deus: esse é o chamado "versum Deum".
Vendo por essa perspectiva, apreciamos melhor a beleza do milagre do sol nas aparições de Fátima em 1917, muito antes da popularidade dessa mentalidade "de costas para o santuário, adorando o sol". Se alguém procurasse nas Sagradas Escrituras profecias onde o sol é mencionado, veria essa. Nossa Senhora provavelmente salientava, com aquele milagre, o poder de Deus sobre tudo que os homens consideram deuses: a fertilidade, a vida, e ainda outros aspectos simbolizados pelo sol que são quase motivo de "culto" na sociedade contemporânea.
17-18 - Ele disse-me: Por certo, filho do homem, tu o viste; Não basta à casa de Judá entregar-se a esses ritos abomináveis que aqui se praticam? Haverá ainda ela de encher a terra de violência, e não cessará de me irritar? Ei-los que trazem o ramo ao nariz. Logo também eu os tratarei com rigor, o meu olho não os poupará, nem me compadecerei deles; e, quando me gritarem aos ouvidos em alta voz, não os atenderei.
A terra está cheia de violência, porque ninguém mais respeita a lei moral e a lei do verdadeiro culto, o culto católico. O ramo parece ser uma prática pagã. Depois de mostrar toda a abominação, Deus quer mostrar o Castigo que fará, e como fará.
Cap. IX, 1-2 - Depois ouvi gritar com voz forte aos meu ouvidos: Os visitadores da cidade estão a chegar, trazendo cada um na mão um instrumento de destruição. Surgiram então, do pórtico superior que olha para o norte, seis homens trazendo cada um na mão o instrumento de destruição. Encontrava-se no meio deles um personagem vestido de linho, trazendo à cintura um tinteiro de escriba. Entraram e se colocaram de pé ao lado do altar de bronze.
Seis homens porque completam as seis pragas, já que a sexta Era acumula os erros de todas as outras, ao mesmo tempo que é uma época de restauração (a praga tem objetivo de purificação). O personagem vestido de linho com o tinteiro à cinta entendemos como o Papa Santo das profecias que veremos nos capítulos seguintes, porque não se veste militarmente, como os outros, mas com um tipo de roupa que é sacerdotal, segundo Cornélio A Lápide, que comenta e assegura ser da opinião de S. Jerônimo e de S. Gregório Magno que este personagem é Nosso Senhor Jesus Cristo; isso não cremos estar errado, mas discordamos que seja unicamente uma representação Dele, ou até mesmo a representação principal na profecia, a qual tem várias dimensões não contraditórias.
3-11 - Então a glória do Deus de Israel se elevou de cima do querubim, onde repousava, até a entrada do templo. Chamou o Senhor o homem vestido de linho, que trazia à cintura o tinteiro de escriba à cinta, e lhe disse: Percorre a cidade, o centro de Jerusalém, e marca com uma cruz na fronte os que gemem e suspiram devido a tantas abominações que na cidade se cometem. Depois, dirigindo-se aos outros em minha presença, disse-lhes: Percorrei a cidade, logo em seguida, e feri: não sejam compassivos os vossos olhos, nem tenhais compaixão alguma. Velhos, jovens, a donzela, o menino e as mulheres, matai todos até o total extermínio; precavei-vos, todavia, de tocar em quem estiver assinalado pelo tau. Começai por meu santuário. Começaram pelos anciãos que encontraram defronte ao templo. Profanai o templo, disse-lhes, e enchei de cadáveres os átrios; em seguida saí. Eles saíram e iam matando os que estavam na cidade. Permanecendo só durante esse massacre, prostrei-me de face contra a terra, e gritei: Ai, ai, ai, Senhor Deus, ides exterminar o que resta de Israel, desencadeando vosso furor contra Jerusalém? A iniquidade da casa de Israel e da casa de Judá é excessivamente grande, respondeu-me: a terra transborda de sangue e a cidade está cheia de apostasia, porque dizem entre eles: o Senhor abandonou a terra. O Senhor não vê. Pois também o meu olho não poupará, nem terei compaixão alguma; sobre a sua cabeça farei recair as suas obras. E eis que o homem vestido de linho, que trazia à cintura os instrumentos de escriba, deu esta resposta, dizendo: Fiz o que me ordenastes.
Em cima do querubim, isto é, acima da Arca da Aliança, segundo Cornélio A Lápide. Como a arca era uma prefigura de Nossa Senhora, como mostramos no capítulo III, a glória foi para cima não da arca, mas para algo acima dEla, que a arca só prefigurava, ou seja, atingiu Nossa Senhora, que distribui as graças nesse tempo. Não queremos dizer que toda prefigura é menor que o prefigurado, mas neste caso é, pois Nossa Senhora é Co-Redentora e medianeira universal de todas as graças: é a "cheia de graça".
Adendo da 3a edição: Nas edições passadas, pensávamos ingenuamente que os leitores relacionariam o "tau" à cruz que figura no escapulário dos trinitários, e à cruz do leão rompante da TFP (imagem ao lado), mas por causa que muitos podem confundir com o "tau" usado por alguns franciscanos, e reparar as diferenças marcantes, resolvemos esclarecer: o tau é a vigésima segunda letra do alfabeto hebraico antigo, ou paleo-hebraico. Consiste em uma simples cruz. Alfabetos posteriores tomaram esse "tau" e o modificaram de modo que hoje parece mais a letra "t" latina, ou seja, parece mais com o "tau" usado por esses franciscanos. Para exemplificar, colocamos duas imagens abaixo: uma mostra as relações das
letras nos vários alfabetos antigos, e outra, a letra do alfabeto paleo-hebraico e sua correspondente hebraica. Recomendamos clicar para ver maior.
Ora, como mostramos no volume II dessa série, o catolicismo tradicional dá a resposta para todos os erros mais difundidos atualmente, e como a única organização tradicionalista que combate esses erros na ordem civil é a TFP, como Plinio Corrêa de Oliveira a organizou e fundou (e por isso não é uma entidade religiosa), é natural que o leão rompante, símbolo dessa associação, tenha a cruz do thau pois, segundo o fundador e inspirador da TFP, Plinio Corrêa de Oliveira, ela possuía uma missão profética na ordem civil, e agiria principalmente durante o Castigo vindouro que mostramos ao longo desse volume. Outras profecias ainda falam de um futuro carmelita, o que se harmoniza com o passado carmelita da TFP, quando Dr. Plinio era prior de um sodalício carmelita laical.
O "homem de linho" é o único que pode fazer marcar a todos de modo eficaz: cremos que essa parte refere-se ao Papa Santo das profecias, também carmelita, conforme hipotetizamos no capítulo III. Ele vai marcar todos os que não concordaram com as tantas abominações até o dia da marca, isto é, o dia anterior ao dia das trevas, visto no capítulo I, quando finalmente o Grande Castigo acabará. Por isso, depois deste seguem os outros seis homens para ferir a cidade. É preciso notar a ordem "começai por meu santuário", quer dizer, a Igreja, porque foram os infiltrados, que falamos acima, os propulsores deste Castigo, e precisam padecer primeiro. Assim, começam pelos anciões defronte ao templo (homens do clero).
Por que Deus manda profanar o Seu templo? Porque Deus usa os instrumentos de destruição para que cesse a abominação, pior do que uma profanação passageira. Assim, pode enviar pragas, inclusive demônios para castigar os homens, e o templo será profanado.
O profeta pensa que Deus acabará com Israel espiritual, a Igreja, porque essa é a impressão de quem vivenciar estas coisas. Deus, no entanto, pensa primeiro em acabar com a apostasia, em fazer "recair sobre a cabeça deles as suas obras", e não responde se aquilo será fim. Segundo a nossa exegese e todo este trabalho, não será.
Deus quer punir o relativismo "porque dizem entre eles: o Senhor abandonou a terra. O Senhor não vê". Já o versículo final simboliza que essa missão será cumprida pelo Papa Santo.
Próximo deste capítulo: As lamentações do profeta Jeremias falam da crise da Igreja