As características do Reino de Maria provadas pela Teologia da História, por Plinio Corrêa de Oliveira

Para entender este artigo, recomendamos:

A vinda do Reino de Maria provada pelos profetas do Antigo Testamento, baseada em parte nas indicações do Pe. Antônio Vieira 

A Teologia da História prova a vinda do Reino de Maria, por Plinio Corrêa de Oliveira em 1971

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Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição)".

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Sobre a condenação do Pe. Antônio Vieira, seus erros e as características do que ele chamou Quinto Império

Tendo falado da vinda do Reino de Maria (RM) e de sua característica mais geral, isto é, ser a plenitude da Civilização Cristã, cumpre, dessa premissa, rastrear características específicas dessa Civilização, visando atingir o máximo da previsão pelo raciocínio, ou a plenitude da profecia. Também estas definições terão um tom profético aos habitantes desse mundo, pois eles poderão encontrar aqui as características necessárias para formar e defender o Reino de Maria, prevendo, através da análise Contra-Revolucionária dos fatos, idéias e tendências, as coisas que encaminham para desvirtuação destas características, o que seria um prenúncio da vinda do anti-Cristo. Os aspectos do Reino de Maria (RM) que apresentamos são baseados em maior parte nas reuniões de Plinio Corrêa de Oliveira, entre os anos 60 e 70. Os subtítulos em negritos são nossos.

- Culto reintegrado na inteira identidade de sua doutrina. Leis e governo "em conformidade plena com a doutrina". Haverá uma graça reinante. "A maior preocupação seria a fé", a aquisição da virtude, da cultura, dos bens de espírito, sob a influência da Igreja. O progresso material seguirá disso. A Idade Média será superada pelo RM em todos os sentidos.

"A Igreja reconduzida a uma primavera da Fé maior ainda do que a Idade Média; os santos florescendo; o culto reintegrado na inteira identidade de sua doutrina; as leis se desenvolvendo, numa conformidade também plena com a doutrina; o governo sendo exercido segundo o espírito e a terra, por causa dessa plenitude da Igreja, produzindo seus frutos e suas flores, sob o sorriso de Nossa Senhora" [1].

"Se alguém pergunta o que é a Idade Média, que foi um esboço, um projeto semi-realizado do Reino de Maria, então pergunta-se como seria inteiramente uma sociedade com alguns dos progressos feitos mais os da Idade Media (...)

Nós poderíamos dizer que em princípio o Reino de Maria se caracterizaria sobretudo por uma plenitude de graças da Igreja (...). Hoje, para que se pratique a virtude é necessário um esforço enorme, colossal. É necessária uma luta. No Reino de Maria haverá também luta, porque a virtude inclui a idéia de luta. Porém, haverá graças tão grandes que os homens vencerão essa luta. Enquanto hoje em dia, por culpa dos homens, não vencem esta luta (...).

Que seja um interesse natural imenso pelo que é sério, pelo que é grande, o que é profundo, em que nas classes os professores dêem toda a doutrina, todo seu ensinamento segundo a doutrina católica e os alunos o desejam. Em que os pais de família ajudem os alunos a serem ultramontanos, se os filhos o querem. Tem-se toda uma situação vital, um clima vital absolutamente diferente do nosso (...).

Seria preciso pensar também em uma sociedade em que o progresso seria dosado de maneira a ser diferente de hoje. Porque hoje vemos um progresso material imenso, como quase não se poderia figurar, mas um retraso espiritual imenso também. Se cultiva muito mais a mecânica que a filosofia, por exemplo. Ou a teologia. Se dá muito mais atenção à prata e à maneira de ganhar dinheiro que à cultura e adquirir uma grande instrução.

Em uma sociedade católica isso não poderia ser assim, porque os valores do espírito são maiores que os valores da matéria. O que é material somente se pode aceitar como um meio para chegar ao espiritual. Então o acento tônico da vida não seria a economia, como o é em uma cidade como por exemplo São Paulo, ou como dizem que é em Caracas também, em que a proximidade norte-americana cria essa influencia da preocupação econômica exagerada, mas ao contrário, a maior preocupação seria a fé, a aquisição da virtude, a aquisição da cultura, que é um bem do espírito, sob a influencia da Igreja (...).

Pelo contrário, quando o homem faz algo movido por um ideal religioso verdadeiro, um ideal católico, portanto, esse homem se preocupa sobretudo com a religião, mas todas as outras coisas lhe são dadas por acréscimo. Então o progresso material tem um desenvolvimento imenso. Mas um desenvolvimento que não cria dificuldades para o homem, como o cria o progresso atual. É um desenvolvimento proporcionado ao homem. Que dê desenvolvimento ao homem para que o homem possa dominar o progresso.

A Idade Media foi a época de progresso material muito grande. Comparando as condições de vida da época dos romanos com a Idade Media, verão que o progresso da Idade Media foi imenso. Mas esse progresso foi um progresso humano, proporcionado ao homem. Não criava problemas ao homem, porque era um progresso a raiz de uma formação religiosa. A raiz de uma formação individual capaz de regular o bom uso do progresso" [2].

- Da afirmação de que o RM será maior que a Idade Média, decorre que o será também em duração. Damos ainda outros motivos. Primeiro, as mais impressionantes obras da terra precisam ser obras de Deus, por isso, o RM precisa durar mais que todo império antigo e que toda Era Cristã até então. Assim, poder-se-á dizer, socialmente falando, que Nosso Senhor mais reinou do que ficou sujeito desde Sua morte. Assim, o nome "Reino" terá um sentido a mais, além do espiritual. Segundo, o tempo de espera de uma promessa Divina a um povo na terra não pode exceder o tempo de gozo do cumprimento, porque é próprio da misericórdia de Deus dar um prêmio mais duradouro (porque precisa ser mais digno) do que o tempo em que se lutou por este prêmio, por exemplo, a promessa de permanência do Salvador com a Igreja até o fim do mundo, em contraste com a espera Dele. Assim, a espera pela promessa do Reino temporal do Messias, feita na promessa da herança do mundo para Abraão (Rm IV, 13), até o começo do RM, quando o Messias reinará através da influência da Igreja, cumprindo a profecia, é um tempo que precisa durar menos do que o RM. De Abraão até hoje se passaram uns quatro mil anos, então, estimamos esse tempo mínimo.

-A Igreja Católica será reconhecida como a única verdadeira Religião, e a religião oficial dos estados em toda a civilização. As seitas falsas, se existirem, não terão liberdade

"Nesta sociedade evidentemente a Igreja seria reconhecida como a única verdadeira e as igrejas falsas, se as houver, seriam contidas. A Igreja Católica não é a favor de se obrigar a alguém a ser católico pela força. É inútil, é contra a doutrina católica. Mas a Igreja não permite que o mal faça propaganda, nem que se apresente exteriormente como uma igreja.

Quer dizer, se há um culto que não é católico, não tem o direito de fazer propaganda. Os não católicos são obrigados, tem o direito de ser tolerados que pratiquem seu culto, mas devem fazê-lo em casas que não tenham aparência externa de igreja e não podem fazer seu culto publicamente, devem fazê-lo privadamente. A única que tem direito a todas as honras, aos cultos públicos, a todas as influências é a Santa Igreja Católica Apostólica Romana" [3].

- A sociedade será plenamente hierárquica

"Poderíamos então figurar uma sociedade hierárquica, uma sociedade com desigualdades, com graus, começando com os anjos no céu. A desigualdade é uma das perfeições do universo e que onde não há desigualdade não há perfeição. É como uma música, por exemplo, onde as notas são diferentes. Se todas as notas fossem iguais, não seria possível haver música, porque a harmonia se faz com a desigualdade harmônica. Não há harmonia com monotonia. É impossível. Então seria uma sociedade variada, mas harmonicamente variada, sem luta de classes, em que os grandes protegeriam os pequenos, como os pais fazem com seus filhos. E os pequenos seriam dedicados aos seus grandes como os filhos aos seus pais" [4].

- Haverá uma completa e profunda vigilância

"Não se deve imaginar o Reino de Maria como uma era de paz e de moleza em que todo mundo fica babando, cochilando e dormindo, porque o inimigo continuará, velado e pequeno. Mas, enquanto nós estivermos nesse mundo, que é um vale de lágrimas e é uma arena de luta, haverá inimigo. E o Reino de Maria vai ser, antes de tudo, o reino da vigilância. Onde quer que apareça um pequeno afrouxamento, é preciso intervir imediatamente e reestimular, porque de qualquer afrouxamento, pode provir qualquer grau de podridão e depois qualquer espécie de Revolução.

Há o princípio de que corrupção do ótimo é péssima. O ótimo, porque é ótimo, é muito forte enquanto não se corrompe, mas quando ele se corrompe, ele se liquida. É como certas pessoas que têm muita saúde, quando, de repente, ficam doente de uma vez, morrem. Enquanto que outros que tem uma saúde ruim, às vezes chegam a 80 ou 90 anos, no remedinho, etc.

Assim também no Reino de Maria. O Reino de Maria vai ser transbordante de saúde, mas ele não poderá ter a menor deterioração. E vai ser preciso uma vigilância de todos os instantes. No momento em que ele começar a se deteriorar, é preciso começar a lutar imediatamente porque do contrário ele desaparece.

Depois virão novas infidelidades, virá o fim do mundo. Provavelmente é então que virá o Anticristo, então, [Elias será morto pelo Anticristo] e aparecerá Nosso Senhor com toda a sua glória e sua majestade, carregado pelos Anjos para ressuscitar todos os homens e para o Juízo Final" [5].

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A teologia da história prova a vinda do Papa Santo para profetizar o Castigo Mundial para os homens

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[1] Cerimônia, dia 25 de Março de 1967, Sábado Santo
[2] Palavrinha aos venezuelanos, 7 de Agosto de 1973, Terça-feira
[3] Idem. 
[4] Idem.
[5] Reunião da SEFAC, Encerramento, 19 de Fevereiro de 1972, Sábado