A vinda do Reino de Maria provada pelos Salmos, baseada em parte nas indicações do Pe. Antônio Vieira

Santos profetas salmistas, rogai por nós!

Para entender melhor o artigo, recomendamos:


Sobre a condenação do Pe. Antônio Vieira, seus erros e o que ele chamou Quinto Império (similar ao Reino de Maria de S. Luís de Montfort)

S. Francisco de Paula prevê a vinda de novos apóstolos que acabarão com a seita maometana e restaurarão a Igreja

S. Frei Gil de Santarém profetiza a restauração da casa de Deus, o fim do islamismo, a paz universal
 
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Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. IV)".

Anterior deste capítulo: A missão dos apóstolos dos últimos tempos descrita na Sagrada Escritura. Paralelos com a missão dos setenta e dois


No capítulo II desta parte do volume 1, falamos do Pe. Vieira, sua condenação pela Santa Sé, sua absolvição, seus erros e acertos em matéria de profecia. Tratamos do que o grande jesuíta português chamava de "Quinto Império", e como se harmoniza, abstraindo os erros de sua época, com a noção de uma restauração da Civilização Cristã, mas não meramente política, e sim social, espiritual e política. A isso chamamos de Reino de Maria, seguindo a S. Luís Grignion de Montfort, que viveu após o padre jesuíta.

Portanto, todos os artigos deste volume sobre o pensamento do Pe. Vieira em temas de profecia são parte de um estudo só. Abaixo realçamos algumas de suas indicações de provas bíblicas da vinda do "Quinto Império". Aplicáveis a uma Civilização Cristã no auge, as indicações também valem ao Reino de Maria.


Salmos


"O Senhor disse-me: Tu és meu filho, hoje eu te gerei. Pede-me e eu te darei as nações em tua herança, e estenderei o teu domínio até as extremidades da terra. Governá-las-ás com uam vara de ferro, e quebrá-las-ás como vaso do oleiro. E agora, ó reis, entendei; instruí-vos vós que julgais a terra. Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos nele com tremor" Sl II, 7-11.

"Lembrar-se-ão e converter-se-ão ao Senhor todos os limites da terra; e todas as famílias das nações o adorarão na sua presença, porque o reino pertence ao Senhor e ele reinará sobre as nações. A ele se hão de prostrar quantas repousam debaixo da terra, diante dele se hão de inclinar quantos descem ao pó" Sl XXI, 28-30.

"Salmo de Davi na consumação do tabernáculo. Trazei ao Senhor, ó filhos de Deus, trazei ao Senhor ternos cordeiros. Trazei ao Senhor glória e honra; trazei ao Senhor a glória devida ao Seu nome; adorai o Senhor no átrio do Seu santuário. Voz do Senhor sobre as águas, o Deus da majestade trovejou, o Senhor sobre muitas águas. Voz do Senhor em poder, voz do Senhor em magnificência. Voz do Senhor que quebra os cedros do Líbano. Ele faz saltar, como um novilho, o Líbano; e o Saron como um jovem Búfalo. A voz do Senhor que divide a chama do fogo. Voz do Senhor que abala o deserto, o Senhor agita o deserto de Cades. A voz do Senhor retorce os carvalhos e despoja as selvas, e descobre os lugares sombrios; e no seu templo todos anunciarão a sua glória. O Senhor faz habitar o dilúvio; e o Senhor assentar-Se-á como rei para sempre. O Senhor dará fortaleza ao seu povo, o Senhor abençoará o seu povo, dando-lhe a paz" Sl XXVIII.

"Interpretando o título, São Jerônimo escreve:
"O salmo encerra a palavra do profeta falando da perfeição da Igreja reunida neste mundo" (...). Cassiodoro: "Consumação do tabernáculo significa a perfeição da Igreja Católica. É que, mediante o nome de tabernáculo, significa-se a Igreja posta no mundo, a qual, movendo guerra contra os vícios carnais, com toda a justiça recebeu o nome de tabernáculo de campanha".

Filhos de Deus são todos os que se convertem à fé, a saber, aqueles a quem Cristo, que aceitaram, há de dar o poder de se tornarem filhos de Deus. Diz-se-lhes por quatro vezes "trazei", porque deverão ser chamados das quatro partes do mundo, isto é
, do mundo inteiro, para adorarem o Senhor no átrio do Seu santuário, ou seja, como é evidente, a Igreja (...).

"O Senhor sobre muitas águas". Aqui referem-se os instrumentos da conversão universal, a saber, a pregação do Evangelho e o batismo: "Pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16, 15), "batizando-as" (Mt 28, 19). "A voz do Senhor": eis a pregação. "Sobre as águas": eis o batismo. Mas uma pregação eficaz, assustadora e que atemoriza o mundo, à semelhança de trovão: "o Deus da majestade trovejou"; e um batismo multiplicado e universal, semelhante à chuva que se derrama sobre a terra inteira: "o Senhor sobre muitas águas" (...). "E descobre os lugares sombrios", isto é, os bosques e as matas onde se faziam sacrifícios às falsas divindades: depois de estas suprimidas, já não nos "lugares sombrios", mas "no seu templo todos anunciarão a sua glória" (...).

Cassiodoro escreve: "Por que motivo é que aqui se escreveu 'dilúvio' em vez de 'sagradas fontes'? Porque aquilo que se fez durante o tempo de Noé simbolizava o sagrado batismo". Por conseguinte, assim como naquele tempo o mundo inteiro foi oprimido por todos os lados e partes pelas águas do Dilúvio, da mesma maneira também deverá ficar inteiramente, e por todos os lados e partes, limpado sob as águas do batismo e lavado das sujidades da infidelidade, ou seja, inteiramente batizado. Pelo que cumpre prestar-se muita atenção à energia da expressão ou frase, completamente fora do usual e inédita: "O Senhor faz habitar o dilúvio" (...).


Outro Noé introduz outro dilúvio; aquele mata, este vivificará. aquele destruiu os habitantes, este fá-los-á habitar; aquele transformou as casas em sepulturas, este com as ruínas das sepulturas há de construir novas casas. A terra será habitada debaixo do dilúvio. o dilúvio há de habitar a terra; e Deus há de habitar o dilúvio (...).

Pondere a consequência: após o dilúvio do batismo, "o Senhor assentar-Se-á como Rei", pois o mundo ficará inundado e expiado da infidelidade e completamente tornado cristão mediante o batismo, e então Deus, que foi sempre
Rei pelo poder, tornar-Se-á, com a máxima propriedade, Rei por aceitação, fé e obediência, crido e adorado (...)" [1].

 
"Nações, dai todas palmas em aplauso; celebrai a Deus com vozes de regozijo. Porque o Senhor é excelso e terrível, rei supremo sobre a terra. Submeteu os povos a nós, e as nações debaixo de nossos pés" Sl XLVI, 2-4.

"Porque Deus é o Rei de toda a terra; cantai salmos sabiamente. Deus reinará sobre as nações. Deus está sentado no seu santo trono. Os príncipes dos povos reuniram-se com o Deus de Abraão, pois os deuses fortes da terra foram extraordinariamente exaltados" Sl XLVI, 8-10.

"Os que habitam os confins da terra temerão pelos seus prodígios; darás alegria às regiões do oriente e do ocidente. Visitaste a terra, inebriaste-a e copiosamente a enriqueceste. O rio de Deus encheu-se de águas; preparaste o sustento do teu povo, porque tal é a disposição dos campos. Inebria (de água) os seus ribeiros, multiplica as suas produções; com o destilar do seu orvalho ela se alegrará dando frutos. Bendirás a coroa do ano da tua bondade, e os teus campos se encherão de abundância. Embeber-se-ão as pastagens do deserto e os outeiros vestir-se-ão de gala. Os rebanhos cobrem os pastos, os campos estarão cheios de trigo; tudo cantará e fará ouvir hinos" Sl LXIV, 9-14.

"Nos seus dias aparecerá a justiça e a abundância da paz, até que a lua deixe de existir. E dominará de mar a mar, e desde o rio até às extremidades da terra. Diante dele se prostrarão os etíopes; e os seus inimigos beijarão a terra. Os reis de Tarsis e as ilhas lhe oferecerão dons; os reis da Arábia e de Sabá lhe trarão presentes; e adorá-lo-ão todos os reis da terra; todas as nações o servirão; porque livrará o pobre do poderoso, e o indigente que não tem quem lhe valha" Sl LXXI, 7-12.

"Seja seu nome bendito pelos séculos; o seu nome existe antes do sol. Serão benditas nele todas as tribos da terra; todas as nações o glorificarão. Bendito seja o Senhor Deus de Israel; é só ele que faz maravilhas. Bendito seja o nome da sua majestade para sempre; e encher-se-á da sua majestade toda a terra. Assim seja, assim seja" Sl LXXI, 17-19.

"Levanta-te, ó Deus, julga a terra; porque todas as nações são tua herança" Sl LXXXI, 8.

"Todas as nações que criaste virão e, prostradas, te adorarão, Senhor, e glorificarão o teu nome" Sl LXXXV, 9.

"O Senhor manifestou o seu salvador; revelou a sua justiça aos olhos das nações. Lembrou-se da sua misericórdia e da fidelidade em favor da casa de Israel. Todos os limites da terra viram a salvação do nosso Deus. Aclamai a Deus, povos de toda a terra, cantai e saltai de alegria, e tocai instrumentos" Sl XCVII, 2-4.

"E as nações temerão o teu nome, Senhor, e todos os reis da terra respeitarão a tua glória" Sl CI, 16.

"O Senhor olhou do céu sobre a terra, para ouvir os gemidos dos cativos, e desatar os grilhões dos condenados à morte, a fim de que anunciem em Sião o nome do Senhor, e o seu louvor em Jerusalém, quando se juntarem os povos e os reis para servirem ao Senhor" Sl CI, 20-23.

"Disse o Senhor ao meu Senhor; Senta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés" Sl CIX, 1.

Comenta o Pe. Antônio Vieira que, para "que se não duvide que fala o Eterno Padre absoluta e universalmente de todos, acrescentou São Paulo 'omnes inimicos' "[2], isto é, todos os inimigos, o que no entendimento do Padre é a destruição de todas as seitas e heresias:

"Porque é necessário que ele reine, 'até que ponha todos os inimigos debaixo de seus pés' (Oportet autem illum regnare donec ponat omnes inimicos sub pedibus ejus). Ora, o último inimigo a ser destruído será a morte; porque Deus 'todas as coisas sujeitou debaixo dos pés dele' ". I Cor XV, 25-26.

Neste entendimento acabarão todas as seitas algum dia, o que não quer dizer somente no fim do mundo, mas também quando for instalado o Reino de Maria.

 

Próximo deste capítulo: A vinda do Reino de Maria provada pelos profetas do Antigo Testamento, baseada em parte nas indicações do Pe. Antônio Vieirao Vieira



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[1] Pe. Antônio Vieira, A Chave dos profetas, livro segundo, pg.108-111, Ed. Loyola.
[2] Defesa Perante o Tribunal do Santo Ofício, tomo II, repr.2, q.14, n.196, livraria progresso.