As dez tribos perdidas de Israel: o retorno destas nas profecias (parte 2). Hipótese Teológica.

Para entender alguns conceitos aqui expostos, sugerimos a leitura prévia: 

As dez tribos perdidas de Israel: o retorno destas nas profecias (parte 1). Hipótese Teológica. 

A Teologia da História prova a vinda do Reino de Maria, por Plinio Corrêa de Oliveira em 1971.

A vinda do Reino de Maria provada por Teologia da História, "segundo" o Pe. Antonio Vieira 

Clique aqui para ler mais sobre o Reino de Maria (restauração da Igreja Católica).

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. III)".

Anterior deste capítulo: As dez tribos perdidas de Israel: o retorno destas nas profecias (parte 1). Hipótese Teológica.

Razão e escolha de hipóteses

Dado a vinda do Reino de Maria, algo extensamente provado nos capítulos anteriores, duas hipóteses emergem sobre a profetizada volta das tribos à Israel: 1 - As tribos significam a multidão de fiéis espalhadas pelos povos, e a reunião destas simboliza a restauração no Reino de Maria e o Juízo Final. 2 - As tribos simbolizam ao mesmo tempo a multidão de fiéis espalhadas pelos povos, as nações específicas e os povos com as características específicas das tribos, e a reunião destas simboliza a restauração no Reino de Maria e o Juízo Final.

A reunião das tribos no Reino de Maria, em qualquer hipótese, é clara se consideramos uma conversão genuína, dos que sobrarem do Castigo Mundial, para a Igreja, e também porque o começo do Reino de Maria, no fim do Castigo, é uma prefigura do fim do mundo, quando haverá o Juízo Final e a glória eterna da Igreja. O livro do Apocalipse deixa claro a reunião das tribos no fim do mundo: "Transportou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a cidade santa, Jerusalém, que descia do céu de junto de Deus, a qual tinha a claridade de Deus (...); Tinha um muro grande e alto com doze portas, e nas portas doze anjos e uns nomes escritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel (...). O muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os doze nomes dos apóstolos do Cordeiro" Ap XXI, 10-14. Depois S. João mostra como lhe foi pedido para medir o muro da cidade, construído com doze pedras preciosas. Essa cidade simboliza o céu, onde "não entrará nela coisa alguma contaminada, nem quem cometa abominação ou mentira, mas somente aqueles que estão escritos no livro da vida do Cordeiro" Ap XXI, 27.

Só essa parte da Escritura, com toda a descrição da cidade e seu muro, mostra o sentido de universalidade no número doze, que já era presente nas tribos. Se o número possui esse significado, por que o conjunto das nações não o apresentam também, podendo ser divididas nesses termos, visto que formam o conjunto universal dos homens? E por que não os principais temperamentos do homem, pelo mesmo motivo? Outras coisas ainda podem ser encaixadas nesta teoria, porém, para fins de análise de profecias, bastam essas.

Simbologia das tribos segundo Plinio Corrêa de Oliveira   

A análise do prof. Plinio sobre as tribos se harmoniza com a nossa interpretação precedente, bem como com o modo de interpretar as profecias, mostrado no capítulo I.

"As doze tribos de Israel, do povo eleito, representariam provavelmente doze posições possíveis perante esse problema, que é o problema do espírito humano que a humanidade foi explicitando gradualmente ao longo de sua tragédia ou de sua história, para no fim ficar bem claro na época do Reino de Maria. E cada tribo da Israel teria um modo próprio de considerar esta coisa retamente e um modo errado de considerar falsamente (...).

Se internamente o povo de Israel tivesse andado bem e a hierarquia das tribos tivesse sido respeitada, de maneira que o representante da tribo de Judá tivesse sido obedecido como deve, todos os povos da terra teriam obedecido ao povo de Israel. E ele teria tido a realeza do mundo e que ele não teve por problemas internos. O judeu ordinário quer ter a primazia, arranjando dinheiro, força, etc., quando não é verdade. O que ele deveria arranjar é boa estruturação interna do povo eleito. Eles ficavam senhores do mundo. E mais, cada tribo governaria uma parte do mundo. E eles sim, realizariam a família das nações (...).

Aqui a gente começa a poder estabelecer uma classificação que seria a seguinte. Ela parte da idéia de que o povo de Israel é um microcosmo que repete na sua estrutura interna toda a humanidade. E que a divisão das tribos é possivelmente a divisão dos vários tipos de homem, com os vários tipos de mentalidade que os homens podem ter (...).

Há uma tentativa de ver se a gente faz uma classificação de todos os filões possíveis da humanidade com base nesta classificação. Que presumivelmente o povo de Israel é uma pré figura na sua estrutura de tribos, pré figura de certas famílias de alma da humanidade, um microcosmo, uma pré figura do que já existia (...). Até que ponto estas coisas classificam, servem de pista para identificar. Há alguns dados para a gente tirar para ver, se depois ver se reunindo chega a alguma conclusão.

São em geral coisas bivalentes porque descrevem a situação presente do indivíduo e o futuro dele. Mas, ora deixam entrever o futuro, afirmam o presente deixando apenas entrever o futuro. Ora pelo contrário, afirmam o futuro deixando entrever qual é a mentalidade e a psicologia presente dele, pelo futuro destinado a ele. Há uma reversão na linguagem.

Na técnica de enunciar o que é cada um há isso. Há também uma coisa curiosa que é a classificação dos bens prometidos, porque alguns são bens anunciados enquanto terrenos, provavelmente simbolizam bens sobrenaturais, mas com uma nota no terreno mais forte, enquanto outros são bens mais celestes" [1]. 

Se as tribos podem ser encontradas na sua plenitude

Acreditamos que não, pois no exílio da Babilônia, as tribos se mesclaram e se tornaram outros povos (Adendo da 3a edição: isso é demonstrado com documentos históricos na quinta parte desta série). O próprio exílio era um castigo pela idolatria do rei Jeroboão, seguida pelo povo. A Samaria, lugar da tribo de Efraim, a principal das dez do Reino do Norte, virou um lugar de idolatria, conforme a Escritura: "Ainda hoje seguem o antigo costume, não temem o Senhor, nem observam as suas cerimônias, nem ordenações, nem leis, nem os preceitos que o Senhor tinha intimado aos filhos de Jacó, a quem deu o sobrenome de Israel" II Reis XVII, 34. O profeta Oséias ainda diz: "Efraim misturava-se com os povos (idólatras); Efraim tornou-se como um pão que se coze debaixo da cinza e que não se volta. Os estrangeiros devoraram a sua força, e ele não o sentiu; os seus cabelos tornaram-se brancos, ele não o percebeu" Os VII, 8-9. Isto é, ficou quase irreconhecível. Em muitos casos, Efraim significava todo o Reino do Norte, pois deste era o chefe.

Assim, fica claro que as tribos perdidas não foram achadas com todos os costumes restaurados, mas antes com todos os defeitos passados. Pode-se argumentar que grupos pequenos dessas tribos resolveram manter a fé no cativeiro, contudo essa opinião é pouco provável, pois mostramos no artigo anterior como Ezequias chamou de volta os do Reino do Norte para Judá. Além disso, a presença de profetas no cativeiro deveria ter feito muitos migrarem para Judá, depois do cativeiro, ou até durante. Essa posição é como quer os sionistas, dos quais citamos o caso do filme "Quest for the ten tribes", que pensam ter encontrado as tribos, ou seja, estaríamos próximos do Apocalipse com a reunião. Tal filme ignora várias outras alegações, inclusive a mais evidente: a dos xintoístas. Sua defesa também requer que uma das tribos, atualmente formada por muçulmanos, se converta à religião falsa judaico-rabínica, algo bem improvável.

No entanto, consideramos que os rastros dessas tribos podem ser localizados, isto é, com quais povos se misturaram, ou em quais povos se tornaram. Mesmo assim, é muito difícil, e requer um trabalho colossal identificar cada alegação de tribo perdida e cada livro sobre o assunto, algo que ultrapassa nosso objetivo. Aqui exibiremos os casos mais evidentes, em consonância com uma interpretação das profecias públicas e privadas do ponto de vista católico tradicionalista. Não ignoramos outras dimensões exegéticas, só nos concentramos na dispersão dos israelitas e sua profetizada reunião em relação ao Reino de Maria. Analisar-se-á se a dispersão e rastro de certas tribos têm sentido profético específico.
 
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[1] Reunião do MNF, 14 de Maio de 1976, Sexta-feira.