Para entender alguns conceitos aqui expostos, sugerimos a leitura prévia:
A Teologia da História prova a vinda do Reino de Maria, por Plinio Corrêa de Oliveira em 1971.
A vinda do Reino de Maria provada por Teologia da História, "segundo" o Pe. Antonio Vieira
Hipótese Teológica da divisão das eras da Igreja. Apreciação das divisões de S. Agostinho, S. Boaventura e outros
Clique aqui para ler mais sobre o Reino de Maria (restauração da Igreja Católica).
Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. III)".
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Um dos pontos a ser resolvido na sexta Era cristã é a reunião das tribos perdidas de Israel: essa reunião foi profetizada, mas tal profecia nunca se cumpriu. Aqui justificaremos que a reunião destas tribos tem duplo aspecto: a reunião das nações de volta à Igreja Católica, a Jerusalém ou Israel no sentido místico das profecias, e a conversão de determinadas nações que, representadas por tribos que deixaram rastros nestes locais, converter-se-ão antes de outras por causa da atividade apostólica exercida neste tempo.
Adendo da 3a edição: alguns exegetas vêem a reunião das tribos de Israel nos doze Apóstolos reunidos por Nosso Senhor. Como visto no capítulo I com textos de teólogos, não se pode restringir o sentido sagrado a um. Se o Pe. Vieira e muitos da época esperavam encontrar um continente (conforme os mapas antigos) onde as remanescentes tribos viviam, hipótese descartada com a total descoberta do globo terrestre, a ação do Espírito Santo trouxe o conjunto das revelações privadas mais autorizadas (vide capítulo V) e a teologia da História pelos teólogos antigos e novos (vide cap. I e II), apontando para um ressurgimento e expansão mundial da Cristandade, prefigurada pela antiga Israel. Portanto, outra percepção da restauração das tribos ainda vive, a qual tentamos reanimar também com investigações históricas e opiniões exegéticas, se a Virgem Rainha com as doze estrelas coroada nos permitir.
Breve história das tribos perdidas
Sabe-se que as tribos de Israel vêm dos filhos de Jacó ou Israel, que por sua vez é filho de Isaac. Jacó era irmão de Esaú, que vendeu sua primogenitura por um prato de lentilhas. Isaac é o filho que Abraão ia sacrificar por pedido Divino, e foi impedido por um anjo. É comum o paralelo desse episódio com o sacrifício do Filho de Deus, este não impedido por Deus para remir o pecado do mundo.
Jacó teve treze filhos com quatro mulheres diferentes. Em toda essa história há um sentido místico não abordado aqui. Reparemos somente como as quatro mulheres podem significar os quatro elementos clássicos (admitidos por todos os padres e doutores da Igreja pela base metafísica aristotélica), e os doze filhos, os doze temperamentos universais, coisa que não é uma novidade entre os teólogos, dada a mistura de um temperamento dominante dentre os quatro principais (melancólico, sanguíneo, colérico e fleumático) com o segundo dominante.
Destes treze filhos, uma era mulher, chamada Dinah, que não entra na conta dos que recebem as heranças de terra. As doze regiões de Israel (conforme o mapa acima) foram divididas pelas doze tribos formadas por todos os filhos menos Levi, que por ser a tribo sacerdotal não tinha território específico, pois estava espalhado por todo Israel. Já José teve seu território dividido pelos dois filhos, Efraim e Manassés (já que os levitas não tinham território específico). Assim completam-se doze.
No tempo do rei Roboão, filho de Salomão, o reino de Israel se dividiu em dois, o sul e o norte. No norte, sujeito ao rei Jeroboão, ficaram 10 tribos menos as de Benjamin e Judá, que formaram o Reino de Israel do Sul, ou o Reino de Judá, leal à casa de Davi, e da onde vem o nome contemporâneo "judeu". A história das tribos e de Jeroboão é contada por I Reis XI, 31-35. Por volta do século VIII A.C., os israelitas começaram a pecar, e Deus mandou profetas para adverti-los. Mesmo assim, não se emendaram e começou o exílio da Babilônia, no qual as tribos do Reino do Norte acabaram deportadas ao Reino dos Assírios primeiro, e depois o exílio chegou ao auge em 587 A.C. com a destruição da cidade, do templo e a deportação de todo o Reino do Sul (Judá) para a Babilônia, que promoveu esta destruição. O exílio terminou só em 538 A.C., e o templo estava reconstruído por volta de 516 A.C. com o retorno do Reino de Judá.
A volta de todas as tribos de Israel não aconteceu, pois, como diz II Crônicas XXX, 1-11, Ezequias escreveu cartas "a todo Israel e Judá" convocando-os para retornar a Jerusalém e celebrar a Páscoa, porém, foram mencionadas somente as tribos de Manassés, Efraim, Zabulão e Dan. E destas, voltaram só "alguns homens de Aser, de Manassés, de Zabulão". Assim, podemos dizer que o Reino do Sul contava só com restos destas tribos. Isso é reforçado pela menção da profetisa "Ana, filha de Faneul, da tribo de Aser" na apresentação do menino Jesus no templo segundo São Lucas II, 36.
Portanto, as tribos não se reuniram mesmo após da vinda e ressurreição de Nosso Senhor, confirmado pelo Espírito Santo: "Tiago, servo de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que estão dispersas, saúde" São Tiago I, 1. Em que sentido os profetas do Antigo e do Novo Testamento profetizaram a volta das tribos a Israel será objeto de análise nesta série, ao identificarmos o simbolismo do retorno das tribos nos vaticínios sagrados.
Próximo deste capítulo: As dez tribos perdidas de Israel: o retorno destas nas profecias (parte 2). Hipótese Teológica