As dez tribos perdidas de Israel: o retorno destas nas profecias (parte 1). Hipótese Teológica.
As dez tribos perdidas de Israel: o retorno destas nas profecias (parte 2). Hipótese Teológica.
A vinda do Reino de Maria provada por Teologia da História, "segundo" o Pe. Antonio Vieira
Clique aqui para ler mais sobre o Reino de Maria (restauração da Igreja Católica).
Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. III)".
Anterior deste capítulo: Parte anterior (2)
Teses
Na análise das profecias tentaremos sustentar as seguintes teses:
- As tribos perdidas retornarão para Israel, porém, Israel no sentido simbólico, isto é, a Igreja, porque os restos dos povos que eram dessas tribos atualmente não cabem em Israel. Aquela terra já completou seu destino: acolher o Messias e virar Terra Santa. E hoje deveria servir para guardar os lugares santos pelos quais Nosso Senhor passou.
- O retorno das tribos perdidas significa o retorno das nações à Igreja no Reino de Maria, e também a reunião dos bem-aventurados das nações do mundo no Juízo Final (Adendo da 3a edição: isso não impede que haja outros sentidos não conflitantes com os já existentes, conforme o método de exegese exposto ainda no capítulo I).
- Este retorno está associado, portanto, com a conversão dos adeptos do judaísmo, algo ainda mais evidente quando lembramos que a destruição do segundo templo e a dispersão completa dos judeus foi causada pela negação de Cristo Nosso Senhor. A dispersão total de Israel iniciou com as dez tribos no exílio da Babilônia, que se misturaram nas nações de então, e terminou com a destruição do segundo templo, quando foram castigadas as tribos remanescentes que, embora tenham sido exiladas na Babilônia, voltaram em partes (conforme visto antes nesta série), pois não se misturaram como as demais.
- Esse retorno está associado, portanto, com a vinda de um rei, um Davi, que em uma dimensão interpretativa é Nosso Senhor (no Juízo Final), e em outra, o Grande Monarca, já tratado nos capítulos precedentes.
- As tribos perdidas foram dispersas por toda a terra, todos os continentes, até as extremidades da terra.
- Essas tribos não são reconhecíveis, pois se mesclaram com culturas pagãs, idólatras, e outros povos.
- No entanto, seus rastros podem ser detectados em todo globo.
- Tais rastros só são evidentes no caso de Efraim, Manassés e Dan.
- As ilhas são um dos vestígios dessas tribos.
- Essas ilhas precisam estar plenamente habitadas pelos restos das tribos para se cumprir o retorno simbólico, entretanto, não é necessário que todos os rastros estejam em ilhas.
- Efraim é mencionado como principal propulsor desse retorno, por ser chefe do Reino do Norte, e seu representante. Assim, todos os lugares aos quais foram dispersas as tribos (todos os continentes) têm "profetizado" o retorno, através de seus traços que evocam Efraim.
- Além disso, há um outro sentido na menção de Efraim como o que retornará para Israel (Igreja): a conversão da Inglaterra, terra onde foram parar (claros restos de) Efraim e Manassés. Além das profecias que veremos no capítulo V, também reforça esse argumento o fato de que o Reino Unido é a única ilha cujo domínio se estende por todos os continentes, até a Austrália e Nova Zelândia, ilhas que identificamos nas profecias como "terra australis", aquela que retornará naqueles dias. Essas ilhas precisam estar habitadas pelos restos das tribos para o dia da "reunião das tribos", o que se cumpre com o domínio inglês.
- Ainda um outro sentido tem a menção de Efraim: ele é o chefe, portanto, é quem levará adiante o retorno das tribos (ou o Reino de Maria). Assim, é pela Inglaterra que tal sucederá.
- A última tese é bela, mas apenas provável, pois precisa se harmonizar com os vaticínios sobre esse monarca, conforme visto nos capítulos seguintes. Nada aponta necessariamente para um grande rei inglês.- Análise das profecias
"Tu, pois, servo meu Jacó, não temas, diz o Senhor, nem te espantes, Israel, porque eu hei de tirar-te desta terra longínqua, e hei de tirar os teus descendentes da terra do seu cativeiro. Jacó voltará, repousará, abundará em todos os bens e não terá ninguém a temer, porque eu sou contigo para te salvar, diz o Senhor. Eu destruirei todas as nações, entre as quais te dispersei; a ti, porém, não destruirei inteiramente, mas castigar-te-ei com equidade, para que não tenhas por inocente" Jr XXX, 10-12.
Deus salvará os cativos da "terra longínqua": em um sentido salvará seus servos dispersos no tempo do cativeiro, e em outro aqueles fora da seara da Igreja, seus verdadeiros servos espalhados no globo após a destruição do segundo templo. O sentido de "tirar os teus descendentes" reforça a idéia de que serão os herdeiros dessas tribos de Israel a voltarem, e não a tribo de então. Mas o que elas deixaram de herança fora idolatria e confusão? Nunca retornaram nem para o tempo do Messias, conforme visto. Por isso, as tribos aqui simbolizam as nações católicas, verdadeiras herdeiras de Israel.
Já as nações que "Eu destruirei" são as nações inimigas da verdadeira nação, a Igreja. Esta é prefigurada nas tribos de Israel e na sua divisão vista previamente. As nações inimigas colocam os filhos da Igreja no cativeiro. Depois Deus fala que destruirá Jacó, porém não inteiramente, isto é, a profecia, em seu tempo, se refere ao resto que volta ao templo destruído do Reino de Judá para reconstruí-lo, mas também se refere aos remanescentes católicos do Castigo Mundial, "para que não tenhas por inocente".
"Eis que eu (diz o Senhor) os trarei da terra do Aquilão, e os congregarei das extremidades da terra; o cego e o coxo, a mulher grávida e a de parto virão entre eles juntamente, será grande a multidão dos que hão de voltar para aqui. Virão chorando e eu com misericórdia os tornarei a trazer. Trá-los-ei através dos arroios de água, por caminho direto, em que não tropeçarão, porque me tornei o pai de Israel, e Efraim é o meu primogênito. Ouvi, nações, a palavra do Senhor, anunciai-a às ilhas longínquas e dizei: O que dispersou Israel o congregará e guardá-lo-á como um pastor guarda o seu rebanho. Porque o Senhor resgatou Jacó e livrou-o da mão do mais poderoso. Virão e darão louvores no monte de Sião, correrão aos bens do Senhor, ao trigo, ao vinho, ao azeite, às crias das ovelhas e das vacas; a sua alma será como um jardim de regadio e não terão mais fome" Jr XXXI, 8-12.
Virá da "terra do aquilão" (terra do vento do norte), isto é, a Inglaterra. Efraim, "meu primogênito", é o chefe do "Reino de Israel do Norte". Virão pelos "arroios de água", quer dizer, pelo batismo, que são as águas purificadoras da Igreja, e pelas águas que banham as "ilhas longínquas", onde estão as tribos, incluindo o Reino Unido. Virá do Aquilão, cumprindo a profecia de Noé em relação ao seu filho Japhet: "que Deus dilate a Jafet" (Gn IX, 27), pois esse filho habitou nas terras ao Norte de Israel. Foram os povos dessas terras que conquistaram o novo mundo, chegando até as terras do oriente. Já Cam habitou na África, e Sem no meio do mundo, e mais ou menos em todo o Oriente Médio.
Naquele tempo, disse o Senhor, será um só rebanho, e um só Pastor, assim essa passagem tem paralelo quando Deus congregará Israel (no sentido de nações) "como um pastor guarda o seu rebanho". E eles "correrão aos bens do Senhor", porque serão multiplicados os bens na terra, o progresso material será como nunca visto antes, mas sempre acompanhado do progresso espiritual. A civilização será o ápice do Reino Social de Cristo na terra: o Reino de Maria.
Essa profecia tem vários sentidos: o mais comum é associado com a vinda do Salvador, o que é correto, porém, há um outro sentido, que nessa parte está em primeiro plano. Embora não pareça católico dizer que a plenitude da profecia, Nosso Senhor Jesus Cristo, está em segundo plano em vaticínios inspirados, algumas profecias, como mostramos no capítulo 1, possuem diversas dimensões interpretativas.
O sentido é a vinda do Grande Monarca. As características, acima citadas, reforçam isso, pois Nosso Senhor "não teve" certas virtudes. Ele era a própria virtude. Ora, seis características são ditas duas a duas, e então uma sétima: o "temor do Senhor". Interpretamos que significam numericamente as seis Eras da sexta Era, e as virtudes principais desse tempo. A sétima serve não só para destacar a virtude principal do Monarca, mas para diferenciar de outras interpretações. Em seguida é dito que ele "matará o ímpio" e ferirá a terra, porque será instrumento de restauração da Cristandade em todo globo, pois combaterá e acabará com o islamismo, conforme as profecias do capítulo V, e conforme a necessidade de destruição das heresias para a vinda do Reino de Maria.
O lobo habitando com o cordeiro, o leão e a ovelha: simboliza a paz universal depois do Reino de Maria, após as conquistas do Grande Monarca. Assim se resolve a dificuldade que muitos tiveram interpretando essas profecias em relação a Nosso Senhor. Também simboliza o começo da restauração e da vinda do Monarca, quando inicia a obra dos apóstolos dos últimos tempos, pois será evidente que os inimigos (leão, cordeiro, etc) estão no mesmo lugar, isto é, a Igreja. Assim, "a terra estará cheia da ciência", isto é, o Reino de Maria estará instalado, toda a ciência será sacralizada, desenvolvida de acordo com a Igreja e com a Escritura Sagrada. As águas do mar que antes significavam as tribulações da Crise na Igreja agora são veículos da ciência: são mencionadas por isso.
Nos versículos seguintes se fala da invocação do rebento de Jessé e seu sepulcro (a cruz), mudando o plano interpretativo para Nosso Senhor Jesus Cristo e o Santo Lenho.
"Também acontecerá isto naquele dia: Estenderá segunda vez o Senhor a sua mão para possuir os restos do seu povo, que tiverem escapado ao furor dos assírios, do Egito, do Fetros, da Etiópia, de Elão, de Senaar, de Emat, e das ilhas do mar. Levantará o seu estandarte entre as nações, juntará os fugitivos de Israel e reunirá os dispersos de Judá, dos quatro cantos da terra. Será destruído o cisma de Efraim e perecerão os inimigos de Judá, e Judá não pelejará contra Efraim. E voarão (juntos) pelo lado do mar a pôr-se em cima dos ombros dos filisteus, e saquearão os filhos do Oriente; a Iduméia e Moab serão rapidamente presa das suas mãos, e os filhos de Amon lhe prestarão obediência" Is XI, 10-14.
Os restos de Seu povo nas mãos dos diversos povos, e por eles espalhados, representam as nações que dominam, "dos quatro cantos da terra", esse povo dispersado. Trata-se de uma profecia para um povo global, isto é, o povo Católico. As ilhas do mar são mencionadas novamente confirmando a tese sustentada. Então, quando estiverem reunidos o poder temporal e o poder espiritual, representados aqui por Efraim e Judá, "saquearão os filhos do Oriente", conquistarão várias terras, etc, porque o Reino de Maria será implantado na terra.
"Não temas, porque eu sou contigo; eu trarei do oriente a tua posteridade e te congregarei do ocidente. Eu direi ao aquilão: Dá-mos cá; e ao meio-dia: Não os retenhas; traze os meus filhos de países remotos, e as minhas filhas das extremidades da terra" Is XLIII, 5-6.
O profeta reitera a reunião de todas as tribos do ocidente e do oriente, ou seja, a restauração da Igreja em âmbito mundial. Vindo de países remotos e das extremidades da terra, que do ponto de vista de Jerusalém é a Oceania, o Japão e as Américas. Em todos esses lugares se encontram indícios de "vestígios das tribos", como veremos nesta série ainda.
Em seguida o profeta fala para a terra australis "e ao meio-dia", que em latim é "et austro". Essa é a terra da Austrália e da Nova Zelândia (também a Antártica, que é inabitada), conquistada por Efraim, simbolizada pela Inglaterra.
Em uma dimensão interpretativa se trata do Messias, nascido do "ventre" da Virgem Maria, predestinado a salvar o povo de Deus. Também significa Israel, no sentido literal.
Já "ilhas" e "povos de longe" indicam a universalidade dessa profecia que trata do Reino Mundial e Social de Nosso Senhor, o Reino de Maria, o qual ocorrerá neste mundo na sexta Era Cristã, segundo defesa do início deste capítulo. Em seguida, o versículo diz que seria "pouco" se só as tribos fossem restabelecidas. É preciso algo maior. Por isso, pensamos, elas não voltaram naquele tempo, pois o verdadeiro retorno é o sinal da salvação até a "última extremidade da terra", é a conversão mundial vinda após o Castigo Mundial, pois nem todos se converterão.
O Pe. Cornélio A Lápide diz que nessa parte o Espírito Santo moveu S. Jerônimo a escrever "terra australi" na Vulgata, quando em hebraico era "Sinim", palavra raiz para "China". Esse relato, cremos, comprova biblicamente a conversão da China para esses tempos. Mas e a "terra australi"? Trata-se de "terra do Sul, ainda não conhecida", isto é, da Austrália e da Nova Zelândia (a Antártica é inabitada). O Espírito Santo realmente moveu o santo tradutor, porque em sua época "Sinim" significava somente uma terra incógnita. O Pe. Cornélio mostra que "Sinim" passou a indicar os chineses, indianos, japoneses, e os povos da "terra australi". Adendo da 3a edição: reescrevemos o último período, antes mal escrito, reiterando sua não indispensabilidade a este parágrafo.
"Porque os filhos de Israel estarão muitos dias sem rei e sem príncipe, sem sacrifício e sem altar, sem efó e sem terafins. Depois disto, os filhos de Israel voltarão e buscarão o Senhor seu Deus e Davi, seu rei; e, no fim dos tempos, olharão com respeitoso temor para o Senhor e para seus bens" Os III, 4-5.
"Senhor seu Deus e Davi, seu rei", quer dizer, Deus e Seu Filho Nosso Senhor Jesus Cristo. Em outra dimensão interpretativa, quer dizer o Grande Monarca de família Real. Pensamos que o profeta não inclui as duas coisas em uma só para marcar uma separação entre Deus e Davi. De fato, alguns argumentam que as casas reais da Europa, da onde virá o Monarca esperado, descende de Davi. Nestes dias, o povo judeu se converterá, isto é, será o Reino de Maria, dado que o Monarca vindouro conquistará Jerusalém. A próxima profecia aclara a reunião das tribos, a reunião de José e de Judá, do poder temporal e do espiritual, que hoje já estão em franca decadência em relação ao cumprimento da lei de Deus.
"E lhes dirás: Isto diz o Senhor Deus: Eis que vou tomar os filhos de Israel do meio das nações, para onde foram, juntá-los-ei de todas as partes e os tornarei a trazer para a sua terra; formarei deles uma só nação na terra, sobre os montes de Israel, e será um só o rei que os comande a todos, e nunca mais formarão duas nações, nem se dividirão para o futuro em dois reinos (...). O meu servo Davi reinará sobre eles, e será um só pastor de todos eles; observarão as minhas leis, guardarão os meus preceitos e praticá-los-ão (...). Farei com eles uma aliança de paz; a minha aliança com eles será eterna (...). E as nações saberão que eu sou o Senhor, o santificador de Israel, quando o meu santuário estiver para sempre no meio deles" Ez XXXVII, 21-28.
Em seguida, Ezequiel confirma a tese: Davi reinará na reunião das tribos, mas que Davi é esse? Nosso Senhor Jesus Cristo? Sim, em termos espirituais, pois Ele é a Igreja, Seu Corpo Místico, que reinará sob os corações no Reino de Maria. Já em outra dimensão exegética o rei Davi é o Grande Monarca. A profecia, portanto, confirma a restauração da Igreja mundialmente: "será um só pastor", isto é, haverá um Pastor máximo, o Papa Reinante. Então, "as nações saberão que eu sou o Senhor", quer dizer, todas as nações serão católicas. É preciso notar que o oráculo apresenta mais de um sentido, abrangendo aspectos da vinda de Nosso Senhor, a fundação da Santa Igreja, e o Reino de Maria.
No começo do capítulo dessa profecia, após referir-se à ressurreição geral citando uns ossos que voltavam a viver (Ez XXXVII, 3), Ezequiel é ordenado por Deus, em duplo sentido, a profetizar a "ressurreição" das tribos, ou seja, será no contexto de uma restauração geral, quando tudo parecer perdido, que as "tribos" serão reunidas, assim como Nosso Senhor Jesus Cristo veio no tempo em que tudo parecia perdido em Israel, e reuniu doze Apóstolos, símbolos das reuniões das tribos também.
Próxima parte (4)