As dez tribos perdidas de Israel: o retorno destas nas profecias (parte 4). Hipótese Teológica.

Jacó abençoa os filhos de José

Para entender alguns conceitos aqui expostos, sugerimos a leitura prévia: 

As dez tribos perdidas de Israel: o retorno destas nas profecias (parte 1). Hipótese Teológica. 

As dez tribos perdidas de Israel: o retorno destas nas profecias (parte 2). Hipótese Teológica.

Clique aqui para ler mais sobre o Reino de Maria (restauração da Igreja Católica), e outros temas citados neste artigo.


Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. III)".

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Analisemos a bênção de Moisés somente no que diz respeito às nações e suas localidades geográficas de acordo com as tribos, ignorando a evidente profecia Messiânica pela tribo de Judá, bem como as características das tribos ali ditas (já explanadas por Dr. Plinio na parte 2 desta série de artigos), embora pensemos que uma avaliação exaustiva e minuciosa dessas características e suas relações com as nações possa iluminar as profecias, porém, tal empreitada será colossal, escapando do nosso objetivo.:

"Disse também a José: Sua terra seja abençoada pelo Senhor, com os frutos do céu e com o orvalho, (com as águas) do abismo que está debaixo. Com os frutos produzidos por virtude do sol e da lua, (com os frutos que provém) do cimo dos montes antigos, com os frutos das colinas eternas, com os frutos da terra e com toda a sua abundância. A bênção daquele que apareceu na sarça, (desça) sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça daquele que é nazireu entre seus irmãos. A sua beleza, é como a do primogênito do touro, os seus chifres (símbolo da força) são chifres do rinoceronte, e com eles levantará ao ar as gentes até as extremidades da terra. Tais são as multidões de Efraim e tais são os milhares de Manassés (...). Disse também a Dan: Dan, cachorro de leão, estender-se-á largamente desde Basã" Dt XXXIII.

Vários frutos abençoarão José e seus filhos, Efraim e Manassés: eles anunciam uma universalidade, isto é, a volta das tribos perdidas, a volta das nações para a Civilização Cristã, a Israel dos profetas, quando estes vaticinaram a reunião das tribos. Todas essas bênçãos levantarão ao alto "as gentes até as extremidades da terra". Então, serão as "multidões de Efraim e os milhares de Manassés". 

Interessa notar que Basã (ou Basan) não estava, ao contrário do dito na profecia, segundo o mapa de Israel (ver imagem ao lado), dentro dos limites da terra da tribo de Dan. Isso leva a crer que Dan, na ordem das tribos, terá alguma espécie de extensão da tribo que cortará Efraim e Manassés em direção ao sudoeste, até onde fica Basã, no nordeste de Israel. Essa interpretação se harmoniza simbolicamente com a hipótese de que tribo primariamente se estabeleceu na região atual da Suécia, Noruega e Dinamarca, tendo vindo parar também no Reino Unido, conforme veremos nessa série (Adendo da 3a edição: Algum erro, provavelmente oriundo de um português lamentável, nos levou a sustentar que a reta do sudoeste da terra santa ao nordeste é o equivalente simbólico da reta que vai de Dan até os países Nórdicos e a Inglaterra. A identidade simbólica desse movimento só existe na reta que vai do sul ao norte).

"Tomou depois os dois, Efraim pela mão direita, para colocá-lo à esquerda de Israel, e Manassés pela mão esquerda, para colocá-lo à direita de Israel, e fê-los aproximarem-se. Mas Israel estendeu a mão direita e pô-la sobre a cabeça de Efraim, o caçula, e a mão esquerda sobre a cabeça de Manassés. Cruzou assim as mãos (porque Manassés era o primogênito). E Israel abençoou os filhos de José, dizendo: O Deus em cujo caminho andaram meus pais Abraão e Isaac, o Deus que me sustentou desde a minha mocidade até este dia, o anjo que me guardou de todos os males, abençoe estes meninos, e que eles sejam chamados com o meu nome e o de meus pais Abraão e Isaac, e multipliquem-se abundantemente nesta terra. Vendo José que seu pai tinha colocado a mão direita sobre a cabeça de Efraim, teve com isso grande pena e tomou a mão de seu pai para removê-la da cabeça de Efraim para a cabeça de Manassés. E disse-lhe: Não assim, meu pai; é este aqui o primogênito; põe tua mão direita sobre sua cabeça. Seu pai, porém, recusou: Eu sei, meu filho, disse ele, eu sei. Ele também será chefe de povos e se multiplicará; mas seu irmão mais novo crescerá mais do que ele e sua posteridade tornar-se-á uma multidão de nações. Abençoou-os, pois, naquele dia, e disse: Em ti será bendito (o povo de) Israel, e dir-se-á: Deus te torne semelhante a Efraim e a Manassés. E pôs Efraim na frente de Manassés" Gn XLVIII, 13-20. 

"Zabulão habitará na praia do mar, e no ancoradouro dos navios, estendendo-se até Sidônia (...). Torne-se Dan uma serpente no caminho, uma cerasta no atalho, que morde as unhas do cavalo, para que o cavaleiro caia para trás" Gn XLIX, 13-17. 

Vemos a profecia de Jacó sobre o destino de seus filhos do mesmo modo que a de Moisés. Aqui, Efraim é colocado na frente de Manassés porque "tornar-se-á uma multidão de nações": representa o Reino Unido, que estenderá a restauração da Igreja para todos os países atrelados, "até as extremidades da terra".

O significado de Zabulão parece geográfico, embora possa indicar a reunião de Zabulão e Aser (região que de Zabulão se passa até chegar em Sidônia, já mencionada), pois Ezequias, já mencionado nessa série, envia uma carta do Reino de Judá a todo Israel convocando as regiões sem mencionar Aser, só Zabulão e outras. Entretanto, ambas são mencionadas dentre as que voltam.

Já o sentido de Dan é claramente desafortunado, sendo relacionado com a serpente, a mordida do cavalo e a queda do cavaleiro. Muito foi dito sobre isso pelos exegetas. Somente notamos que "serpente no caminho" indica rastro, pois a serpente deixa um rastro de seu corpo inteiro por onde passa, isto é, reconhece-se claramente seu caminho, embora, é claro, não se identifique o tipo de serpente pelo rastro na terra, só o tamanho. Isso pode estar conectado com as evidências das tribos de Dan pela região habitada pelos Citas até o norte da Europa, e de lá para Irlanda (tendo habitado esse lugar já no tempo de Davi), algo a ser abordado na próxima parte. 

"Depois conduziu-o fora, e disse-lhe: Olha para o céu, e conta, se podes, as estrelas. Depois acrescentou: Assim será a tua descendência. Creu Abrão em Deus, e (este ato de fé) lhe foi imputado a justiça" Gn 15, 5-6. "Naquele dia, fez o Senhor aliança com Abrão, dizendo: Eu darei à tua descendência esta terra, desde o rio do Egito, até ao grande rio Eufrates, os cineus, e os cenezeus, e os cadmoneus, e os heteus, e os ferezeus, e também os rafaim, e os amorreus, e os cananeus, e os gergeseus, e os jebuseus" Gn XV, 18-21.

"Sucedeu também que ele referiu a seus irmãos um sonho que tivera; o que foi causa de maior ódio. Disse-lhes: Ouvi o sonho que eu tive: Parecia-me que atávamos no campo os feixes, e que o meu feixe como que se erguia, estava direito, e que os vossos feixes, estando em roda, se prostravam diante do meu feixe. Responderam seus irmãos: Porventura serás nosso rei? Ou seremos sujeitos ao teu domínio? Estes sonhos, pois, e estas conversas acenderam mais a inveja e o ódio. Teve ainda outro sonho, o qual referiu a seus irmãos, dizendo: Vi em sonhos que o sol, a lua e onze estrelas como que me adoravam. Ora, tendo ele contado isto a seu pai e aos irmãos, seu pai repreendeu-o, e disse: Que quer dizer este sonho que tiveste? Porventura eu, tua mãe e teus irmãos te adoraremos, prostrados por terra?" Gn XXXVII, 5-10.

O sonho profético de José significa, nesta exegese, não os seus pais, mas Efraim e Manassés, dois luminares dentre as outras tribos. Em um plano de interpretação, José significava a terra ou a humanidade, e os luminares, as nações. Não o adoravam, mas giravam ao seu redor, pois prefigurava o Reino Sacral de Maria. Depois Jacó refletiu em tudo e veio, cremos, a descobrir o significado inteiro quando profetizou aos filhos de José na bênção, já exposta. Visto que os filhos de José eram os principais símbolos indicativos da instalação do Reino de Maria, o sonho estava correto (Adendo da 3a edição: foi certeiro debaixo desta dimensão interpretativa, pois o próprio livro do Gênesis dá outro significado. Também o relato de José nos pareceu ingenuidade imprudente e talvez deixe entrever um pouco de orgulho do patriarca).

Vimos que a bênção de Jacó aos filhos de José visava que fossem "chamados com o meu nome e o de meus pais Abraão e Isaac": em outras palavras, apontava para que se tornassem pais de inúmeras nações, como prometido a Abraão no versículo acima.

Esse povo leva o nome de Isaac até hoje, com exporemos em investigações históricas na próxima parte. Se certas, esse caráter da bênção não será mais enigmático, pelo menos em um ponto de vista.


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