Vidas de Santos: Louvavam os que os honravam, e até distribuíam relíquias de si

S. Bernadette Soubirous,
rogai pro nós!

"Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus" S. Mateus V

"Porque eu sou o mínimo dos Apóstolos, que não sou digno de ser chamado Apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e a sua graça, que está em mim, não foi vã, antes tenho trabalhado mais que todos eles, não eu, porém, mas a graça de Deus, que está comigo" I Cor XV.

"Tornei-me insensato falando de mim mesmo, mas fostes vós que me obrigastes a isso. Porque era por vós que eu devia ser louvado, pois que em nada fui inferior aos maiores Apóstolos, ainda que por mim nada sou" II Cor XII.

São Francisco de Assis (1181-1226): recebia as homenagens, mas dizia que o mal estava no movimento interior da alma

“Os seus próprios discípulos achavam excessivas essas honras. Muitas vezes, tal como os apóstolos já o haviam jeito ao Divino Mestre, perguntavam-lhe: ‘Não ouves o que diz esta gente? Mas Francisco costumava responder que considerava aquelas homenagens como as que se prestam aos quadros e às estátuas nas Igrejas, figuras estas que, para os cristãos, não passam de imagens de Deus, e dizia que a sua carne, o seu sangue, a sua própria pessoa tinham tanta parte, naquelas honrarias que ele recebia, quanto a madeira ou a pedra nas imagens veneradas” [1].

"42. Estava o Santo no mesmo lugar, quando um religioso fervoroso, da Custódia Marsicana, que estava atormentado por várias tentações, disse em seu coração: 'Oh se eu pudesse ter algum objeto ainda que fossem somente restos das unhas de São Francisco ! Estou certo de que toda esta tentação se afastaria de mim e com o favor de Deus eu ficaria perfeitamente tranquilo'. Obtida a licença devida, dirigiu-se ao lugar onde morava o varão de Deus (São Francisco de Assis) e manifestou a um dos companheiros do Santo o motivo da viagem (...). Após uns instantes o frade foi chamado e lhe foi ordenado apresentar-se ao Santo, que o mandava vir. Este lhe disse: 'Vá buscar, meu filho, a tesoura para que possas cortar-me as unhas'. Tomou o instrumento, que para isso já tinha pronto, e, recolhendo os pedacinhos cortados, entregou-os ao religioso que os pedia. Este os recebeu com muita reverência e no mesmo instante se viu livre de toda tribulação (...) [2]

São Vicente Ferrer (1350-1419): no começo repelia as homenagens, mas depois permitia, e até louvava os que faziam

"E porque todos os queriam tocar e beijar-lhe a mão, ou tomar-lhe algum pedaço da roupa, inúmeras vezes foi necessário fazer uns quadros de madeira e colocá-lo no meio, às vezes a pé, outras vezes montado em seu burrico, conforme vinha. Mas já que não podiam tocar nele, atiravam suas roupas para que alcançassem pelo menos o burrico.

Diz Flamínio, que quando começaram a usar estes modos de reverência, São Vicente os repreendia por isso, e dizia-lhes que eram idólatras, pois não sendo ele santo, tomavam pedaços de sua roupa ou pelos de seu burrico como relíquias. Também fugia das entradas solenes nas cidades.

Mas depois, vendo que com aquela reverência que lhe prestavam as pessoas importantes, o povo dava mais valor a seus sermões e tirava maior proveito, pouco a pouco dissimulou com elas, e não só permitia que lhe fizessem aquela honra, mas antes as louvava por isso, dizendo-lhes que faziam bem em honrar a Deus em seus ministros e pregadores.

Todas aquelas honras, ele as referia a Deus, e dizia com o coração e com os lábios: Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini tuo da gloriam (Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, Salmo 113) [3].

S. Frei Antonio de Sant'Anna Galvão (1739-1822): dava relíquias suas e ainda dizia que por elas seriam obtidas graças

"A senhora D. Anna Leonísia do Amaral Camargo, senhora distinta e de esclarecida piedade, referiu-nos que uma parente do Servo de Deus lhe mostrara um dia um cordão, que fora do uso de Frei Galvão e que o guarda não só como relíquia mas ainda como lembrança da singular coincidência que houve na sua aquisição. Uma sobrinnha de Frei Galvão fizera-lhe um cordão, com o intuito de pedir-lhe o que ele usava, a fim de guardá-lo como lembrança. Chegando ao Convento encontrou-se com Frei Galvão que sem mais preâmbulos, foi-lhe dizendo: Dá-me cá o que me trouxeste e guarda esse que mais tarde servirá para salvar muitas mães nas aperturas do parto" [4].

Santo Antônio Maria Claret (1807-1870): a pedidos, dá como relíquias seus cilícios e disciplinas

"Com efeito, escreve dona Jacoba de Balzola: 'Sabendo (Santo Antonio Maria Claret) por seu capelão o desejo tão grande que eu tinha de algum objeto de seu uso, ao despedir-me disse-me: como nos expulsam e não sei o que nos farão, se nos revistarem, deixo-lhe estes cilícios e disciplinas de meu uso" [5].

Santa Bernadette Soubirous (1844-1874): distribuía até cabelos seus como relíquias para agradar as pessoas

"A irmã Vitorina se admira de não ter jamais notado nessa jovem o menor sinal de vaidade, de amor-próprio ou de orgulho a propósito dos favores extraordinário que recebeu. Pedem-lhe que toque os terços: ela o faz, tomando-os numa das mãos e tocando-os com a outra, mas 'sem dar importância a isso, apenas para se desembaraçar das pessoas'. Depois o Pe.Pomian lhe proibiu esses gestos. Ela não os faz mais -- e quando lhe apresentam, desde então, um terço, ela se contenta de responder com um sorriso afável: 'Isso me foi proibido'. Para agradar as pessoas, aconteceu de ela dar alguns de seus cabelos. Um belo dia, o Pároco Peyramale se opôs a isto. E Bernadette escreverá, simplesmente, a uma solicitante, algumas palavras cujo sabor apreciamos: 'Quanto aos cabelos, não me é mais permitido enviá-los" [6].

Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897): dizia que no futuro as suas relíquias alegrariam a outros

"No fim da vida, ela (Santa Teresinha) pressentia bem o que faria depois de sua morte. Parece mesmo que ela previu sua glorificação pela Igreja (...). Quando ela derramava lágrimas de amor, ela me deixava recolhê-as num lenço fino, sabendo bem que não era enxugar-lhe o resto, mas para conservá-las como uam lembrança venerada. 

Quando eu lhe cortava as unhas, ela recolhia os fragmentos e ela mesma os dava a mim, convidando-me a guardá-los. Quando lhe trazíamos rosas para desfolhar sobre o seu crucifixo, se algumas pétalas caíam no chão, depois que elas as havia tocado, nos dizia: 'Não percam isso, minhas irmãzinhas, alegrareis (a outros) mais tarde, com essas rosas'" [7].

Vidas de Santos: davam bênçãos mesmo sendo leigos, as pessoas ajoelhavam-se diante deles e osculavam-lhes os pés

Com os Santos ainda vivos, suas relíquias eram veneradas, suas assinaturas, e os votos a eles

Considerados santos ainda em vida e venerados assim por outros santos, que os incluíam na ladainha dos santos e guardavam suas relíquias

Santos que eram chamados de: "guia de sua época", "árbitro da cristandade", "alma da Igreja", "suporte do Papado"

Vida de Santos: Declaravam a sua missão como santa ou profética, ou mesmo se diziam predestinados

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[1] Johannes Joergensen, São Francisco de Assis, Vozes, Petrópolis, 1957, pp.204-205. Com aprovação eclesiástica
[2] Tomás Celano, Vida de San Francisco, in San Francisco de Asís, Sus escritos. Las Florecillas. Biografías del Santo por Celano. San Buenaventura y los Tres Companeros. Espejo de perfección, BAC, Madrid, 3a. ed., 1956, pp.412 e 418
[3] Fray Vicente Justiniano Antist, Vida de San Vicente Ferrer, in Biografía y Escritos de San Vicente Ferrer, BAC, Madrid, 1956, pp.133-134. Imprimatur: Hyacinthus, Ep. aux. y Vic. gen., Valentiae, 9-6-1956
[4] Sor. Miryam, Vida do venerável servo de Deus Frei Antonio de Sant'Anna Galvão, São Paulo, 2a.ed., 1936, pp.217-218. Imprimatur: Mons. Ernesto de Paula, Vig. Geral
[5] San Antonio Maria Claret, Escritos autobiográficos y espirituales, BAC, Madrid, 1959, p.580 nota 157. Imprimatur: Blasius Budelacci, Ep.Nissen, Tusculi, 9-2-1959
[6] Michel de Saint-Pierre, Bernadette et Lourdes, Éditions 'La Table Ronde', Paris, 1958, pp.124, 132 e 133
[7] Procés de Béatification et Canonization de Sainte Thérese de L'Enfant-Jésus et de la Sainte-Face, Procès Apostolique, Teresianum, Roma, 1976, t.II, p.199. Témoin 6: Agnès de Jésus OCD