Papa Francisco apoiou Paulo VI por permitir anticoncepcionais em casos específicos (anticoncepcionais com potencial abortista)

No dia 11 de Fevereiro de 2016, o grupo abortista Catholics for Choice, autodeclarado "católico", e em países de língua portuguesa conhecido como "Católicas pelo Direito de Decidir", fez lobby para o Papa Francisco aprovar o aborto e anticoncepcionais, pelo menos no caso das mulheres com medo do Zika vírus, que se diz causar a microcefalia nas crianças. Noticiou assim a Agência Reuters:

"Um grupo católico fez um apelo nesta quarta-feira para que o papa Francisco autorize integrantes da Igreja a “seguir a sua própria consciência” e usar métodos contraceptivos ou que deixasse as mulheres realizarem abortos para se proteger do Zika vírus.

O apelo foi feito no momento em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou que as mulheres em áreas com o vírus se protegessem, especialmente durante a gravidez, se cobrindo para evitar os mosquitos e praticando sexo seguro com os seus parceiros (...)

O grupo liberal Catholics for Choice, com sede em Washington, disse em comunicado que publicaria anúncios na edição internacional do New York Times e no El Diario de Hoy de El Salvador na quinta-feira, véspera de uma viagem do papa para Cuba e México.

“Quando você viajar amanhã (sexta-feira) para a América Latina, nós pedimos que você deixe claro para os seus irmãos bispos que bons católicos podem seguir a sua consciência e usar métodos contraceptivos para proteger a si e a seus parceiros”, diz o texto do anúncio, de acordo com trechos divulgados por um comunicado" [1].

Logo após decolar de Ciudad Juárez, no dia 17 de Fevereiro de 2016, em coletiva de imprensa com os jornalistas a bordo do avião papal, Francisco cedeu a algumas das exigências do Grupo "católico" abortista, embora não o tenha mencionado:

"Santo Padre, há algumas semanas há muita preocupação em muitos países latino-americanos, mas também na Europa, sobre o vírus “Zika”. O risco maior seria para as mulheres grávidas: há angustia. Algumas autoridades propuseram o aborto, ou de se evitar a gravidez. Neste caso, a Igreja pode levar em consideração o conceito de “entre os males, o menor”?"

"(...) Paulo VI, o Grande!, em uma situação difícil, na África, permitiu às religiosas de usar anticoncepcionais para os casos de violência (...) Ao invés, evitar a gravidez não é um mal absoluto: e, em certos casos, como neste, como naquele que mencionei do Beato Paulo VI, era claro" [2].

Os meios de comunicação católicos progressistas logo correram para defender o que Francisco disse, acusando a mídia de manipuladora por dizer que os anticoncepcionais estão liberados em absoluto (falsa acusação no caso de várias mídias), e esclarecendo que só são aceitos em caso de mal menor. A estratégia de acusar a mídia é um modo de acalmar o susto gerado pela afirmação Papal, tranquilizar a consciência, e em seguida fazê-la aceitar a próxima "nova doutrina" do mal menor, alegando não ser uma mudança radical. E o processo se repete. Pelo menos até o momento em que Nossa Senhora intervir no mundo.

Ora, o uso de anticoncepcionais com a intenção de evitar a gravidez é uma espécie de onanismo, ou seja, um pecado gravíssimo contra a natureza. Assim, é um absurdo defender um pecado grave em qualquer circunstância, pois "antes morrer do que pecar", como dizia São Domingos Sávio:

"ONAN, porém, sabendo que os filhos que nascessem não seriam seus, quando se juntava com a mulher de seu irmão, IMPEDIA QUE ELA CONCEBESSE, a fim de que não nascessem filhos em nome de seu irmão. POR ISSO, O SENHOR O FERIU DE MORTE, PORQUE FAZIA UMA COISA DETESTÁVEL" Gn XXXVIII, 9-10.

"Além do onanismo natural (...), existe também o artificial, que produz idênticos resultados anticoncepcionais a base de instrumentos ou meios artificiais. Os dois são pecados gravíssimos contra a natureza, já que frustram por completo a finalidade intentada por ela com a união sexual" Pe. Royo Marín (teólogo condecorado por João Paulo II), Teología Moral para Seglares, No.594.

Além disso, o Papa acaba por permitir o aborto em certo grau com estas palavras, dada a notoriedade de que a pílula do dia seguinte tem potencial abortivo. Afinal, foi este anticoncepcional permitido por Paulo VI, conforme o porta-voz do Vaticano em explicação das declarações de Francisco: "O Papa distingue depois, claramente, a radicalidade do mal do aborto como supressão de uma vida humana e a possibilidade do recurso à contracepção ou preservativos em casos de emergência ou situações particulares, em que, desta forma, não se suprime uma vida humana, mas se evita uma gravidez. Ora, não é que ele diga que é aceito e usado o recurso sem nenhum discernimento, antes pelo contrário, disse claramente que pode ser levado em consideração em casos particulares de emergência. O exemplo que fez de Paulo VI e da autorização ao uso da pílula para as religiosas que corriam risco grave e contínuo de violência por parte dos rebeldes no Congo, no tempo das tragédias da guerra do Congo, faz entender que não é que fosse uma situação normal em que isto era levado em consideração (...). Assim, o contraceptivo ou o preservativo, em casos de particular emergência e gravidade, podem também ser objeto de um discernimento de consciência sério. Isto diz o Papa" [3].

Salmo em reparação (Salmo 6)


"Senhor, não me arguas no teu furor, nem me castigues na tua ira. Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou enfermo; sara-me, Senhor, porque meus ossos estremeceram. E a minha alma turbou-se em extremo, mas Tu, Senhor, até quando? Volta-te, Senhor, e livra a minha alma, e salva-me pela tua misericórdia.

Porque na morte não há quem se lembre de Ti, e na habitação dos mortos, quem Te louvará? Estou esgotado à força de tanto gemer, lavarei meu leito com lágrimas todas as noites, regarei com elas o lugar do meu descanso. 

Os meus olhos se turbaram por causa do furor, envelheci no meio de todos os meus inimigos. Apartai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade, porque o Senhor ouviu a voz do meu pranto.

O Senhor ouviu a minha súplica, o Senhor ouviu a minha oração. Sejam confundidos, e em extremo conturbados todos os meus inimigos, retirem-se e sejam num momento cobertos de vergonha".

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[1] Reuters, no site do msn: http://www.msn.com/en-us/news/world/grupo-cat%C3%B3lico-pede-que-papa-permita-m%C3%A9todos-contraceptivos-para-combater-zika/ar-BBpmhs9?ocid=Not%C3%ADcias
[2] Disponível no news.va: http://www.news.va/pt/news/coletiva-do-papa-aos-jornalistas-durante-o-voo-a-i
[3] 2016-02-19 Rádio Vaticana. Link: http://www.news.va/pt/news/a-analise-do-pe-lombardi-dos-temas-tratados-pelo-p