Cardeal Zen denuncia política Vaticana (Papa Francisco) no apoio à Igreja cismática da China comunista

"No dia 26 de janeiro de 2018, entrevistado pelo Nuevo Bussola Quotidiana, o Cardeal explica a situação:

"- É sabido que controlar as ordenações episcopais tem sido sempre uma exigência do governo chinês. Recentemente, o Santo Padre falou sobre isso com muita cautela e nos tranquilizou. Mas em novembro chegou a notícia de que a dois bispos legítimos lhes foi pedido que dessem lugar a dois bispos ilegítimos, um dos quais está excomungado. Isso nos preocupa, seria uma coisa trágica para a Igreja na China. Durante muitos anos se disse que havia que resistir, ser fiel, agora pedem para se render!"

Perguntado sobre como se chegou nesta situação, responde:

"- É realmente difícil de entender. Não podemos ver o que querem conceder, o governo quer controlar tudo! E entregamos tudo! E isso é incompreensível. Se o Vaticano ordena render-se, alguns, depois de anos de luta e privações, aceitarão; render-se é fácil" [1].

Antes das palavras do Cardeal em seu blog, cabe a observação de que está equivocada a impressão de que o Sumo Pontífice não apoia este acordo, por três razões.

Primeiro, o histórico de atos de apoio do Santo Padre aos revolucionários de várias áreas, assim como o encantamento destes filhos das trevas com o Pontífice.

Segundo, é que o Cardeal Joszsef Mindszenty, citado pelo Papa na conversa com Cardeal Zen, era Arcebispo de Budapeste durante a época da ditadura comunista na Hungria. Foi preso por sua oposição, mas finalmente conseguiu fugir para a embaixada dos Estados Unidos em 1956. Sob as pressões do governo comunista naquela época, o Vaticano pediu que deixasse o país e o substituiu por um bispo que era mais querido pelo governo. Foi uma resistência heroica contra o comunismo. Portanto, entende-se que se o Papa não quer um caso igual, não quer um caso heroico de resistência como anteriormente, que coloca em xeque a incompatibilidade do comunismo com a Igreja.

O terceiro é a recente entrevista do Cardeal Parolin, prova de que toda ação na China, inclusive as mencionadas, possuem mão e aprovação Papal: 

"O Papa está informado do que seus colaboradores fazem nas negociações com o governo chinês? 

Sim, o Santo Padre segue pessoalmente as negociações atuais com as autoridades da República Popular China. Todos seus colaboradores atuam em sintonia com ele. Ninguém toma iniciativas privadas. Sinceramente, qualquer outro tipo de raciocínio me pareceria fora do lugar" [2].

Essas razões nos mostram o quão impressionante é o fato do Cardeal Zen não dizer que Sua Santidade apoia este acordo, embora seja possível que Sua Eminência não o fale por causa de uma grande devoção ao Papado. Assim, é difícil dizer por qual motivo o Cardeal Zen diz vem a público falar tudo isso, mas Sua Eminência faz um bem enorme falando.

"A pergunta mais importante que coloquei ao Santo Padre (que estava citada também na carta) era se teve tempo de “estudar o caso” (como tinha prometido a Mons. Savio Hon). Não obstante o perigo de ser acusado de romper a confidencialidade, decidi contar o que Sua Santidade disse: “Sim, lhes disse (seus colaboradores na Santa Sé) que não criassem outro caso Mindszenty”! Eu estava lá na presença do Santo Padre, em representação de meus irmãos chineses que sofrem. Suas palavras deveriam ser bem entendidas como uma consolação e um alento mais para eles do que para mim (...).

Com essa revelação, eu espero ter satisfeito o legítimo "direito de saber" da mídia e dos meus irmãos na China.

O importante para nós agora é rezar pelo Santo Padre, o que se faria melhor cantando a canção tradicional “Oremus”:

Oremus pro Pontifice nostro Francisco, Dominus conservet eum et vivificet eum et beatum faciat eum in terra et non tradat eum in animam inimicorum eius.

Algumas explicações ainda podem ser convenientes:

1. Faço notar que o problema não é a renúncia dos bispos legítimos, senão a solicitação de dar lugar aos ilegítimos e excomungados. Muitos bispos subterrâneos anciãos tem pedido insistentemente um sucessor, ainda que a lei sobre a aposentadoria devido a limitações de idade nunca tenha se aplicado na China, mas nunca recebem nenhuma resposta da Santa Sé. Outros, que já tem um sucessor designado, e talvez inclusive a bula assinada pelo Santo Padre, têm recebido ordens de não proceder com a ordenação por medo de ofender o governo (...).

3. Reconheço que sou pessimista sobre a situação atual da Igreja na China, mas meu pessimismo se baseia na minha larga e direta experiência da Igreja na China. De 1989 a 1996 eu passava seis meses ao ano ensinando em vários seminários da comunidade católica oficial. E tenho uma experiência direta da escravidão e humilhação a que estão submetidos nossos irmãos bispos. De acordo com informação recente, não há razão para mudar esta visão pessimista. O governo comunista está produzindo novas e mais estritas regulamentações ao restringir a liberdade religiosa. Agora estão implementando as regulamentações que até agora só estavam no papel (a partir de 1 de fevereiro de 2018, a reunião na missa de uma comunidade clandestina já não será tolerada).

4 - Algumas pessoas dirão que os esforços para chegar a um acordo é para evitar o cisma eclesial. Que ridículo! O cisma está lá, na Igreja independente! Os Papas têm evitado usar a palavra "cisma" porque sabiam que muitos na comunidade católica oficial não estavam ali por vontade espontânea, senão debaixo de uma forte pressão. A proposta de "unificação" forçará a qualquer um [a ingressar] nessa comunidade. O Vaticano estaria abençoando uma Igreja cismática nova e mais forte, tirando o peso na consciência daqueles que já são apóstatas e outros que uniriam-se facilmente a ela (...).

6. Então, creio que o Vaticano está vendendo a Igreja Católica na China? Sim, definitivamente, se vão na direção que é óbvia em tudo que tem feito nos últimos meses e anos (...).

8. Sou o maior obstáculo para o processo de acordo entre o Vaticano e China? Se este acordo é mau, estou mais que feliz de ser um obstáculo" [3].

Salmo em reparação (Salmo 6)

"Senhor, não me arguas no teu furor, nem me castigues na tua ira. Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou enfermo; sara-me, Senhor, porque meus ossos estremeceram. E a minha alma turbou-se em extremo, mas Tu, Senhor, até quando ? Volta-te, Senhor, e livra a minha alma, e salva-me pela tua misericórdia.

Porque na morte não há quem se lembre de Ti, e na habitação dos mortos, quem Te louvará ? Estou esgotado à força de tanto gemer, lavarei meu leito com lágrimas todas as noites, regarei com elas o lugar do meu descanso. 

Os meus olhos se turbaram por causa do furor, envelheci no meio de todos os meus inimigos. Apartai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade, porque o Senhor ouviu a voz do meu pranto.

O Senhor ouviu a minha súplica, o Senhor ouviu a minha oração. Sejam confundidos, e em extremo conturbados todos os meus inimigos, retirem-se e sejam num momento cobertos de vergonha".

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[1] Cardenal Zen: «Durante muchos años se dijo que había que resistir, ser fiel, ¡Ahora piden rendirse!» 26/01/18 7:30 PM. Link: http://infocatolica.com/?t=noticia&cod=31476 
[2] "El cardenal Parolin confirma la intención de la Santa Sede de pactar con la dictadura comunista china", InfoCatolica, 1/02/18 10:24 AM. Link: http://infocatolica.com/?t=noticia&cod=31520
[3] Dear Friends in the Media, Blog particular do Cardeal Zen. Tradução nossa. Link do blog: http://oldyosef.hkdavc.com/?p=967