Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte 2, 3a edição)".
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Teria Dr. Plinio errado em não expulsar um futuro traidor e seus seguidores das fileiras da TFP?
Dr. Plinio prevê a perda de poder: por falta de radicalidade. Também fala do pecado imenso na TFP
Como profeta que era, Plinio Corrêa de Oliveira não poderia ter deixado de antever a grande traição ocorrida no Grupo que ele fundou, a TFP. Embora tenha se concretizado após a sua morte, a revolta era semeada em seu tempo. O fundador também indicou a pessoa-chave por detrás disso, neste artigo é chamada de J em memória de Judas traidor.
Urge notar como as palavras de Dr. Plinio não se aplicam só a esse fato, mas à essência de toda e qualquer traição, atual ou futura, que pode ocorrer dentro da TFP.
Grifos nossos, assim como numeração, resumo da previsão e como se concretizou.
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1 - Reunião "Santo do Dia" 3/6/94
Resumo: Vivemos a Era da Traição pelo Cavalo de Tróia, presente em todos os Grupos, até na TFP, e que consiste na atitude otimista de não considerar um cavalo de Tróia que nos é oferecido pelos nossos piores inimigos, e abandonar a luta da Contra-Revolução por isso. Essa posição está muito presente na TFP.
Como se cumpre a Profecia: traidores aceitaram acordos e colaborações com o clero progressista, abandonando a luta, e virando acólitos destes progressistas.
"Nós poderíamos comparar a situação da humanidade do mundo de hoje, mas não só do gênero humano, mas também de cada nação, de cada grupo social, no fundo, de cada indivíduo, com uma cidade antiga, digamos por exemplo Tróia nas vésperas da traição (...).
Então, nós poderíamos começar por dizer que há dentro de cada uma dessas entidades — Humanidade, gênero humano, nação, grupos sociais, indivíduos — um cavalo de Tróia. Ou seja, há um inimigo que foi introduzido em nossa alma, ou no grupo que pertencemos, etc., etc., enquanto dormíamos, como o cavalo de Tróia foi introduzido em Tróia enquanto os troianos dormiam. (...).
Também em cada um de nós existe um cavalo de Tróia. O que é que é aí o cavalo de Tróia?
É o seguinte: nós temos tudo, o mundo contemporâneo tem tudo, mas no meio de tudo aquilo que ele tem, ele tem a negação de tudo quanto é positivo, de tudo quanto é vida, ele tem a Revolução.
E o mal que há nesta atitude, é que o homem, no caso concreto o troiano, não quer despender o esforço de fazer um pequeno raciocínio:
"O que haverá dentro desse cavalo? Esse cavalo enorme que nos foi dado de presente, esse cavalo deve ter alguma coisa para a nossa ruína. Nós devemos desconfiar desse cavalo simplesmente porque ele existe, simplesmente porque ele nos foi dado por nossos adversários mortais, que cercam há tanto tempo as nossas muralhas, que têm provocado a morte dos nossos melhores heróis, e que visivelmente tentam incendiar a nossa cidade na próxima ocasião em que o vaivém da luta em torno dela proporcione isto, eles nos darem um cavalo, uma obra escultural desse tamanho, e que provavelmente dada a arte dos gregos, era um bonito cavalo, esse cavalo eles tentam nos dar até com rodas debaixo dos pés, pelo desejo evidente que levemos o cavalo para dentro" (...).
Há muito tempo que não leio a história de Tróia, (...) mas é plausível que tenha havido em Tróia duas correntes: uma que era a favor do cavalo e outra contrário ao cavalo. Uma era a corrente dos otimistas e queriam ver tudo pelo melhor, pelo mais simples, pelo mais cômodo. Esses deviam achar que os gregos estavam querendo se entregar aos troianos. Ou que estavam ao menos querendo propor uma paz e que começavam as negociações de paz por meio de um presente.
(...) Mas o partido do otimismo venceu. E eles cogitaram de levar os gregos para dentro. O resto os senhores conhecem: incêndio de Tróia (...).
Ora, o que é que há conosco?
(...) os quinta-colunas recomendam a (...) atitude fácil, a atitude mole, a coisa que não exige esforço, que não exige previsão (...). Essa aí é a posição psicológica, é a posição de entrega que nós vemos tão frequente em torno de nós.
(...) quem debaixo de alguns pontos de vista é um guerreiro perfeito, mas debaixo de outro ponto de vista é um mole que entrega a guerra diante de qualquer ilusão, neste eu não confio. Para ter a minha confiança, é preciso que um homem não se entregue nunca, que não tenha preguiça jamais, que não lamente de estar guerreando jamais; que pelo contrário, no campo de batalha e na hora do risco, diga: "oh beleza, eu vou viver e vencer, ou eu vou lutar e morrer, em qualquer dos casos eu terei vivido como Deus quer". [aplausos].
(...) Isto é o que existe dentro de nós na medida em que nós não queiramos ser de acordo com a solicitação de nossa vocação, filhos de Maria, feitos para o combate, vivendo para o combate e no combate, e vendo que fora do combate a vida não tem razão de ser [aplausos]".
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2 - Reunião MNF 2/12/94
Resumo: fala-se da hipótese de um castigo na TFP, devido ao crescimento de infidelidades, azedamento. Sobraria um grupo pequeno, isto é, a maioria apostataria. Essa seleção interna aconteceria antes do castigo (Bagarre) para aqueles que devem lutar na Bagarre. Nisso pode dar-se substituições, quer dizer, metaforicamente falando, aqueles que estavam na frente de batalha vão para as estrebarias cuidar dos cavalos.
Como se cumpre a Profecia: a maior parte dos que estavam na TFP saiu antes da vinda da Bagarre. Já a hipótese das substituições só verificaria se esses voltassem arrependidos ou houvesse futura infidelidade.
"Essa distinção entre nós e o mundo é o que há de mais essencial, importante, não há dúvida nenhuma. Mas que na medida em que nós estamos com os nossos defeitos pouco distanciados do mundo, nós somos de algum modo partícipes do mundo e, portanto, também objeto de algum modo dos castigos do mundo. E acho que a correr a coisas como estão, a TFP talvez sofra algumas lascas ou algumas centelhas do castigo do mundo. E não me espantaria demasiadamente isto. (...)
No meu modo de entender, eu naturalmente vou-me abrir aqui e falar mais do que costumo falar, as infidelidades foram crescendo com o tempo. Em vez de, pelo contrário, diminuírem com o tempo e crescer a inocência, foram crescendo as infidelidades e foi diminuindo a inocência.
A profecia do Pe. Palau chegou-nos no momento em que as coisas caminhavam para azedar de um modo muito grave. Constituía para mim uma preocupação “nocte et diae” e era atenuada pelo fato da confiança, graça de Genazzano, etc., sem o que eu não aguentaria. Veio esta terceira chamada, que é a chamada do Bem-aventurado Palau. Quantas chamadas Nossa Senhora está disposta a suportar?
(J: É, esse é o problema. Até onde vai, não é?)
Eu não sei. Eu não sei, não sei, não sei. (...)
É natural o que eu digo agora, que chegue um momento de seleção. Eu acho que é natural, é preciso escolher, não tem remédio (...). Eu estou dizendo que é razoável que haja uma seleção. Não estou propriamente afirmando que haverá, mas digo que é razoável. E é mesmo a meu ver mais do que razoável.
Este seria o “pusillus grex”, o grupo pequeno do qual Nossa Senhora diria: "Estes sim. Com estes construirei o meu reino".
(Dr. Adolpho: A Bagarre é seletiva também).
A Bagarre é seletiva.
(Sr. G. L: Mas isso é pré-bagarre. Ou não?)
Isso é uma pré-bagarre seletiva para a bagarre.
(Sr. G. L: Sim, mas seletiva dentro do Grupo só ou também fora?)
Não, dentro do Grupo. (...) não faria bem para o Grupo que isso transpirasse. Faria mal para o Grupo que isto transpirasse, colocaria as pessoas numa espécie de sobreaviso “gauche”. Na hora que Nossa Senhora quiser, Ela fará isto chegar ao conhecimento deles. Não é o momento de nós mexermos nisso a não ser internamente entre nós para determinados efeitos.
Eu creio que aí poderá dar-se também uma coisa que eu não sei bem como Nossa Senhora faria, mas poderiam dar-se substituições. Quer dizer, alguns não é propriamente que jogue no Inferno, mas Ela põe de lado, ensabugam (...)" [Nota: aqui houve um corte de áudio, e o Sr. AM, em uma reunião para membros da época, no dia 4/12/94, relatou o que Dr. Plinio disse desta maneira: "Na grande batalha, todos os que iriam ser cavaleiros, de repente alguns passam a ser escudeiros. Eles que eram chamados a ser cavaleiros, passarão a trabalhar nas estrebarias lavando os cavalos (...), coisas desse gênero e os outros entrando na batalha, na guerra e ouvindo os canglores da guerra. Todo mundo era chamado a ser guerreiro, mas alguns vão ficando nas estrebarias. E, depois, nas estrebarias, entre lágrimas, vão começar a limpar os cascos de cavalos escovando com uma escova forte, enquanto, de longe, se escuta os canglores das batalhas".]
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3 - a) Interpretação de um sonho de 24 de maio de 1995, que ocorreu no dia da morte de um membro da TFP, lido e comentado pelo insuspeito J na reunião Jour-le-Jour 17/9/95. b) Conversa de J com eremitas de S. Bento e Praesto Sum, “Confidencial”, 3/9/95.
Resumo: haverá uma renovação total dentro do Grupo, uma total mudança de quadros. Gente que se vai, outras que se afundam, outras que sobem.
Como se cumpre a Profecia: Exatamente o mesmo se passou. No entanto, as "outras pessoas que sobem" parece estar mais relacionada à hipótese do 2.
a)
(J: Nesse dia houve um jantar. Jantar que eu não posso transmitir aos srs. na sua totalidade, por ser ele confidencial em vários de seus pontos. Mas eu dou o que o Senhor Doutor Plinio comenta a respeito do sonho que ele teve a respeito da morte do Sr. Horacio).
SDP: Eu estava deitado em minha cama fazendo sesta...
(J: O sonho mostrava ele em Amparo com aquelas toras que tem o teto do quarto dele.)
... e assim entre acordando e dormindo eu ouvi rangerem todas essas traves que suportam o teto do meu quarto, mas como se rangessem porque umas forças dentro delas se voltavam contra a ordem ... enfim, vamos dizer que elas eram voltadas assim e passavam a ser assim, uma coisa dessas. Um ranger horrível.
Daí a pouco batem na porta: "Morreu o Sr. Horacio Black e queríamos saber o que fazer". Pouco depois!
(J: Aí vêm uns comentários parâmicos...)
E exatamente eu me perguntei se essa torção no teto com a morte do Horacio Black não tinha algum significado nessa direção:
(J: Palavras ipsis vocabulis do Senhor Doutor Plinio:)
Prepare-se porque tudo isso vai ser renovado".
b) "O Senhor Doutor Plinio estava fazendo sesta. Sonhava ele que estava no quarto de Amparo. O quarto de Amparo tem umas vigas no teto. E que havia um ruído esquisito, que dava a impressão de que as vigas estavam sendo retorcidas. Ele diz: "O que é isto?" Quando D. Bertrand bate à porta do quarto dele na Alagoas, entra e diz: "Dr. Plinio, o Horácio acaba de morrer." O Sr. Dr. Plinio diz: "Mas o Horácio?" Aí ele deu a interpretação depois. Qual é a interpretação?
(A. M: Ele dizia: Será que isto não significa que haverá uma grande renovação?)
Dentro do Grupo. Mudança de quadros. Gente que se vai, outras que se afundam, outras que sobem..."
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4 - Despacho 13/10/94.
Resumo: A ação do maligno tinha entrado na sua fase mais ativa e decisiva na TFP, e era possível uma possessão coletiva em quase todos os membros.
Como se cumpre a Profecia: a traição na TFP se deu com uma espécie de possessão coletiva, uma ofensiva coletiva contra a ordem vigente, e de quase todos.
SDP: [Falando de assuntos relacionados à influência do maligno] "Se isto é verdade, então é certo que o demônio não tem meio mais eficaz para infestar e para perder do que a TFP.
(J: E que, portanto, a ação do demônio sobre a TFP não é pequena).
Não é pequena. E nós devemos estar muito desconfiados de que de algum tempo para cá essa ação entrou numa fase mais ativa, mais decisiva e que exige de nossa parte que nós concordemos em discernir isto, primeiro ponto; e, em segundo lugar, odiemos isto, portanto, quase que por uma espécie de direito natural de legítima defesa, cada atacado tem o direito de se defender.
Se tivéssemos à nossa disposição exorcistas, deveríamos recorrer a eles. Não tendo, pode se perguntar se o nosso anjo da guarda não tem poder exorcista aos quais nós devemos recorrer. (...)
(Sr. GL: O senhor diz pedir esse auxilio para cada um ser defendido dos próprios ataques que sofre dos demônios, mas também contra outros, não é?)
Também, também.
(Sr. GL: Se uma, por exemplo, faz mal a um membro do Grupo, pedir que o anjo da guarda dê um jeito).
Sobretudo em fazendo mal a um membro do Grupo, porque uma coisa é a defesa que a pessoa toma de si, outra é a defesa que toma da TFP e da Causa Católica. Em se tratando de uma defesa de uma tentativa de possessão coletiva que abranja quase completamente os membros todos do Grupo, então não se poderia pedir a vinda dos exércitos celestiais? (...).
Há ocasiões em que o demônio consegue da parte de um ou dois sabugos um encolhimento do diâmetro do enclave bom [Nota: cumprimento da vocação]. Isto produz um avivamento dos demônios em todos os outros sabugos, e pode vir a encontrar-se na presença de uma ofensiva coletiva de sabugos, que tenha o valor e o alcance de uma insurreição de sabugos".
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5 - Reunião MNF de 18/2/94
Resumo: Haverá uma grande crise na TFP por causa de um homem (e não vários), o qual tentaria dominar a situação e ter tal posição hierárquica. Sedes se esvaziarão, pessoas se dispersarão, objetos serão vendidos a vil preço, pessoas naquela noite mesma irão para casas de perdição. Tudo por causa de "um homem". E a TFP será vista pela opinião pública como um exército sem garbo, dentro do qual também penetrou o caos. E não atrairá ninguém. Dr. Plinio admite que a conversa tomou tons proféticos, e ainda cogita se Judas não ouviu coisas assim e traiu do mesmo modo. Ora, o J da TFP estava presente.
Como se cumpre a Profecia: Tudo isto se deu, embora não se saiba quem foi à casa de perdição.
"Judas Iscariotes é o arqui, arqui, arqui-arquétipo, não é? Ele escolher... "Àquele a quem eu der um ósculo, Este é". Ele vai e oscula a Nosso Senhor. E Nosso Senhor pergunta: "Judas, com um ósculo trais o Filho do homem?". É uma coisa ...
(Sr. G: É de morrer na hora).
Ou de sair andando louco pelas ruas, e se não encontrar Nossa Senhora no caminho, passar uma corda no pescoço. Nada justifica a corda no pescoço, mas eu quero dizer que em certo momento, se o sujeito não é fiel a uma última graça, é o que ele faz.
Se algum dia Nossa Senhora, para nos provar, permitir uma grande crise na TFP, e a vaidade de um homem tiver uma responsabilidade ponderável nessa crise --já não digo a responsabilidade como a de Judas, porque Judas fez tudo, mas uma responsabilidade ponderável-- os senhores já imaginaram a velhice desse homem?
(Sr. G: É melhor pedir que Nossa Senhora leve logo).
Não, é uma coisa de ficar louco. Então pensar as sedes que se esvaziam, as pessoas que se dispersam, os objetos que se vendem a vil preço, as pessoas que naquela noite mesmo estão em casas de prostíbulo. E o homem que fez tudo isso, para tentar, sem certeza, de dominar a situação, este homem sozinho em casa com os pés estendidos sobre um tamborete, comodamente sentado, mas um cômodo que não adianta nada, porque se ele estivesse incômodo, ele ao menos podia pensar uma coisa: "como está incômodo isto". Mas ele está perfeitamente cômodo e não tem nada que pensar a não ser no crime que ele praticou.
Lembro-me de um dos salmos que diz: “Quoniam iniquitatem meam ego cognosco: et peccatum meum contra me est semper”. É uma coisa terrível: "A minha iniqüidade eu conheço, e meu pecado está sempre de pé diante de mim". O sujeito que faz uma porcaria dessas...
(AM: E por vaidade).
Por vaidade. E depois sabe que a Contra-Revolução não se apresentou contrária à Revolução como um exército garboso em ordem de batalha, e atraindo a si muita gente, etc., porque ele quis ser chefe do Grupo de tal cidadinha. E assim ficou. Há misérias dessas, hein!
(J: É uma coisa misteriosa, porque às vezes a Providência faz depender toda uma obra de um minúsculo ato de humildade de um só, ou de um ato de vaidade).
É! Você tem toda razão. (....)
(J: Pode ter sido um pecado leve de vaidade que mudou o rumo da história).
É isso.
(AM: Por que Nossa Senhora coloca dentro do Grupo a possibilidade de destrui-lo com coisas pequenas que os inimigos de fora não fazem? É misterioso que o Grupo possa ser destruído só por dentro e não por fora).
Eu pergunto a você o seguinte: a Paixão não seria muito menos pungente se...
(AM.: Está tudo dito).
Está tudo dito, não é? A questão terrível é a seguinte: é que um de nós fica com essa hipoteca pesando sobre si. Quem sabe se Judas assistiu essas coisas, conversas dessas, também achou que era horrível, e depois pun! Foi ele quem fez.
(Sr. G: Nossa Senhora aconselhou muito a ele...)
(J: O trato de Nosso Senhor com os apóstolos no Evangelho é de uma grandeza e de uma bondade até o fim, até o último momento. Até quando Ele prevê que São Pedro vai negá-lo três vezes).
Nosso Senhor ter a paciência de, para São Pedro, profetizar a questão do canto do galo para lembrar a São Pedro --equivale a dizer isto (...).
Não sei se DB percebe, mas penso que percebe, que essa conversa tomou uma “tournure” que está com ar de conversa profética".
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6 - Chá para os membros do Êremo de Nossa Senhora da Divina Providência (ENSDP), realizado no Praesto Sum em 6/4/94
Resumo: convite para imaginarem um anjo que vem e acusa um dos presentes de ser um futuro traidor, chamando-o para a conversão. Caso contrário, ele se suicidará.
Como se cumpre a Profecia: J estava presente na reunião conforme depoimento dos eremitas do ENSDP.
"Imaginem que aparecesse agora, aqui, um anjo, olhasse para nós e desse uma proibição formal de qualquer um sair da sala.
"Enquanto --diria o anjo-- eu permanecer na sala, ninguém pode sair. (...) Qual é a coisa mais terrível, a hipótese mais tremenda que eu posso lhes anunciar, que vai acontecer a um dos senhores? Porque eu vim anunciar aqui que a um dos senhores vai acontecer de fazer a coisa mais vil que um homem possa fazer. Ele será um traidor, e é um dos senhores!
(...) Ó infame que está aqui, meça você, meça o tamanho da infâmia que você vai fazer.
E eu, que estou falando sem mencionar nomes, sei que a pessoa de que eu estou falando sabe que eu estou falando dela. Ela sabe que eu sei que ela traiu e por quanto ela traiu, e que ela está fazendo parte do movimento dos senhores.
Todos estão se voltando para um e para outro, e dizem: Serei eu? Serás tu? Esse miserável está também dizendo: Serás tu ou serei eu?
“Homem torpe, ser imundo que, não contente em praticar esses pecados todos, terminará a sua vida com um pecado supremo: ele se suicidará. Também ele poluirá a face da Terra, porque o seu cadáver vai ficar suspenso a uma corda, na qual ele se amarrou a si próprio, e em determinado momento a corda se desfaz e ele cai no chão. E nesse momento a sua víscera podre... ele é todo podridão, nele não há o que não seja podre, no sentido físico e no sentido moral. Ele cai, as suas vísceras se rompem na terra e a imundície dessas vísceras se espalha sobre o chão com o seu odor asqueroso. É o ponto final de uma vida de pecado. A alma dele está ingressando nesta hora para o Inferno, com toda a forma de infelicidade possíveis, com toda a forma de asquerosidade possível e para todo o sempre.
"Agora pergunto: miserável! se tu tens coragem de viver à vista de Deus-Homem que está aqui, levante-se, estenda-se no chão, peça perdão. Ou você, que merece todo o desprezo do mundo, é entretanto vaidoso, é entretanto faceiro, e não quer fazer isto para não dar uma má impressão a seu respeito?
"O que pode te resgatar é um pedido de perdão. Peça! Ponha-se de pé, miserável! Atire-se ao chão, vá escorregando como uma lesma até aos pés divinos, que se você tiver a coragem de oscular, num ósculo tua alma será salva.
"Olhem como ele é. Ninguém se aproximou, ninguém se levantou, ninguém se arrastou até aos pés divinos para pedir perdão. Entretanto, esse miserável está aqui.
"Mais uma vez, miserável! Tenha pelo menos a coragem de, com o teu olhar, procurar o olhar dEle; pelo menos a coragem de, com o teu olhar, mendigar um minuto de atenção daqueles ojos claros serenos que te olharão até ao fundo, te desvendarão a teus próprios olhos a tua própria infâmia e com isso te purificarão. Vá, faça! Preste para alguma coisa.
"Se eu quisesse te reduzir a zero, diria agora para o culpado: Querem saber quem é? É fácil. Olhem todos para os olhos de Nosso Senhor. Aquele que não tiver coragem de olhar, este é ele’."Mas há duas coisas que não quero. Não quero de tal maneira levar longe a justiça, que não caiba um grão de espaço de misericórdia no que eu vou fazer. E, portanto, em vez de te desafiar desta maneira, eu vou deixar um pouquinho de ar respirando nos teus pulmões. Respirando uma respiração de infame, uma respiração de traição, de torpeza, mas, enfim, um pouco respirarás. Até ao momento em que você mesmo terá tal nojo de si, que se suicidará."