Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados" (volume II, 2a edição).
Já mostramos as falhas do design inteligente como alternativa usando da filosofia:
Tomismo contra o Design Inteligente desde William Paley. Filosofia da natureza Católica contra o Design Inteligente
Já salientamos teologicamente o erro darwinista:
A Escritura, a Igreja e os Santos dizem se o homem veio de Adão ou do macaco ou de outro animal?
Veja também:
Refutando o Darwinismo como ciência nos ramos da biologia. Suas falsas contribuições científicas, e argumentos falsos contra
Antes, uma análise histórica da Revolução na ciência
Da perspectiva da escola Contra-Revolucionária, o processo revolucionário é total, "se prolonga ou se desdobra (...) em todos os campos da ação do homem" [1]. Assim, podemos dizer com segurança que essa Revolução, há muito tempo, penetrou na ciência, definida aqui como o estudo das coisas naturais pela observação e experimentação. Ora, ela já tinha penetrado na filosofia bem antes. De fato, não há nada de novo debaixo do sol sobre isso, pois a partir de ilógicas filosofias que vem a ciência revolucionária.
Mas antes desse livro "Revolução e Contra-Revolução" afirmar isto em 1959, alguns autores já tinham esboçado similar conclusão. Embora o assunto tenha ficado popular com um livro que veio só em 1962, com o título de "A Estrutura das Revoluções Científicas", do autor Thomas Kuhn, antes no século XX já se falava de sociologia do conhecimento científico. Ludwig Fleck em seu livro de 1935 argumenta que este é guiado por um estilo de pensamento, próprio da sua época. Michael Polanyi, em obra de 1946 e conferências posteriores, falava da influência de comprometimentos pessoais tinham na prática da ciência. Entretanto, o livro de Kuhn causou rebuliço não só por sua cátedra em universidades mais influentes, mas por levantar a palavra "Revolução" quando afirma ser a ciência guiada por fatores sociológicos alheios à experimentação científica, no tempo em que muitos, imbuídos de uma positivista vontade de endeusamento da ciência, propagavam a idéia de que a ciência era imune a esse tipo de tendenciosidade. Essas idéias são inteiramente afins com a explicação da amplitude da Revolução por Plinio Corrêa de Oliveira, já que Kuhn, sintetizando os dois autores acima citados, afirma que os paradigmas podem ser guiados tanto por metafísicas, quanto por razões históricas e pessoais. Afinal, todos sabem o quanto as pessoas são influenciadas pelo contexto histórico em que vivem, e sua cosmo-visão dominante, a qual inclui a metafísica.
Portanto, quando começou o que chamamos hoje de ciência, a Revolução, guiada por seus agentes, "já tinha um plano" de usar por vezes de dados falsos, por vezes de raciocínios errados a partir de dados certos, ou até de experimentos irrepetíveis, para criar uma elite de cientistas-pensadores revolucionários. Assim, essa elite científica revolucionária passou a atuar visando destronar a hegemonia cultural e do conhecimento da Santa Igreja, que é um passo para destruir a Igreja, desejo último e irrealizável da Revolução. Para isso, precisam "criar conhecimentos" que fossem contra tudo que é ensinado catolicamente sobre a cosmologia, a origem da vida, a história, a origem do mundo, etc.
Mas o ataque intelectual direto contra a doutrina católica devia ser feito em menor quantidade por esses revolucionários, dado que era melhor que essas "ciências" fossem aceitas aos poucos, sem que percebessem que aquilo era contrário a princípios católicos. Aos iniciados na "maçonaria científica", como Newton e muitos cientistas conhecidos, isso era evidente. A partir dessa marcha lenta, o interesse em refutá-los seria menor, conseguiriam mais adesão popular, aumentariam o prestígio, e fariam que toda essa ciência ganhasse o status de tradicional, não gerando repulsa por ser inovadora. Daí também a necessidade de inovar aos poucos nas teorias, isto é, criar novas teorias aos poucos. Pelo menos a inovação há algum tempo atrás era vista com maus olhos, já hoje, o problema é que há demasiadas inovações de teorias "científicas", ficando difícil para a "elite revolucionária científica" controlar o curso da divulgação ao público.
Então, o que chamaremos de Revolução científica aqui possui o objetivo de influenciar a opinião pública, escolhendo qual cientista será mais divulgado, de acordo com sua concordância com o processo revolucionário na ciência. Influenciar a opinião pública para minar a autoridade da Igreja, e por fim substituí-la. E, consequentemente, como a Revolução é total, tirar proveito da revolução na Igreja e na sociedade em todas as suas áreas para aumentar seu campo de influência. Não é preciso ser iniciado nessa seita para perceber essas coisas, pois basta conhecer o processo revolucionário ou, como é normalmente o caso para os esquerdistas, entender por uma intuição das trevas que aquilo corrobora uma cosmo-visão anti-cristã, igualitária, ateia, e daí apoiá-la. Exemplo disso é Engels, que ficou entusiasmado com o livro de Darwin, recomendando-o a Marx, o qual respondeu dizendo que "contém a base na história natural para a nossa visão" [2].
Análise do papel de Darwin nesta Revolução
Apesar dos elogios dos marxistas, Darwin não quis se enturmar com eles, pois sua figura e o movimento que propulsionava, por razões estratégicas, não podia ser abertamente contra a filosofia cristã. Afinal, ele mesmo sustentava que: "as argumentações diretas contra o cristianismo (...) dificilmente produzem algum efeito sobre o público" [3]. Sua demora em afirmar que o homem veio de um animal é fruto disso, pois diz só mais de dez anos depois da "Origem da espécies", em outro livro, que o mecanismo funcionaria também para explicar a origem do homem. Na "Origem" se verifica sua já crença nisso: "num futuro distante eu vejo campos abertos para muito mais importantes pesquisas (...). Luz será projetada sobre a origem do homem e sua história" [4], no entanto, não afirma nada, por causa da estratégia usada da gradualidade.
Assim o biólogo inglês agia, e seu papel era fazer o que os enciclopedistas iluministas e pais da Revolução Francesa não puderam fazer: explicar a natureza por argumentos que possibilitem e promovam o ateísmo. Entretanto, toda sua originalidade é filosófica, mas nem nisso era muito original, pois os iluministas já tentavam fazer o mesmo. A prova de que sua originalidade é meramente filosófica mostraremos mais abaixo, quando mostraremos que tanto suas idéias científicas, como as pseudo-científicas já eram defendidas anteriormente. Agora nos cabe mostrar em que consiste sua contribuição filosófica à Revolução.
1 - A cosmovisão científica atéia, pois ele não fala somente de biologia, mas junta seu trabalho ao de Charles Lyell, que defende uma falsa geologia anti-diluviana, abrindo espaço para um modus operandi da "revolução científica", em que todo conhecimento deve ser integrado nesta cosmovisão. 2 - O que se chama de credo do ateísmo, dado que a idéia é baseada em argumentos sobre hipóteses, ou crenças, as quais são baseadas em outras crenças ad infinitum. Esse tipo de raciocínio, que na verdade é um credo, torna-se constante depois de Darwin. 3 - Teleologia anti-teleológica, pois a origem da natureza agora atribui-se à forças cegas, randômicas, quando antes era atribuído à ação divina ou obra divina. Daqui vem o ataque à contemplação da natureza como obra de Deus, e a contemplação do "nada que tudo fez", da "ordem que veio da desordem", etc. Esse ataque também é um ataque filosófico velado à três pensamentos: Aristotelismo, Tomismo e o design inteligente como era notório na época por Paley. Embora, como mostramos, Paley possua falhas, era de interesse da Revolução minar qualquer argumento que sustente que a natureza age por um propósito, ou finalidade, ou que há uma inteligência por trás, porque para firmar uma cosmovisão ateia, é preciso eliminar qualquer coisa que lembre a Deus.
É importante notar que a Revolução pode abdicar de atribuir às forças cegas certos elementos da natureza, dado que sua intenção é panteísta, pagã, e tende a adorar a natureza, e por fim, a adorar o demônio como se fosse Deus. Por isso vemos grande números de cientistas que mais parecem gurus falando, com idéias gnósticas e panteístas. Porém, no tempo da exaltação darwinista era preciso atacar a visão dominante no público: uma inteligência reguladora da natureza (que se atribuía a Deus). Era preciso, mais que tudo, influenciar a opinião pública. Depois de mais de um século com problema de consciência por ter a necessidade natural de ver além, o homem, não podendo ver mais que o "nada regulador" que lhe foi servido, não buscará consolo em idéias científicas católicas já tanto difamadas e mal-defendidas, mas buscará no gnosticismo que será apresentado pelos mesmos cientistas. Exemplo disso é vermos no campo da física cientistas renomados falando em várias dimensões em que podem existir pessoas já falecidas aqui, seres avançados, etc.
Breve história da roupa remendada que é o darwinismo e porque ainda é defendido
Para entender melhor o que é o darwinismo, é preciso ter uma noção de sua história, porque hoje o que se chama por esse nome é bem diferente do que era conhecido na época do próprio Darwin.
O darwinismo nasceu de um conjunto de idéias já defendidas, algumas há muitos séculos, junto de outras idéias falsas. Como se pode ver no outro artigo dessa série, a originalidade dessa cosmovisão é puramente filosófica.
O que hoje se chama de darwinismo é na verdade o neo-darwinismo nascido da junção da genética que o Padre Mendel descobriu com o darwinismo anterior, da onde surge a genética populacional. Foi o biólogo Julian Huxley, na década de 40, quem popularizou a idéia de que houve uma síntese evolutiva moderna, admitindo que a partir de mais ou menos 1880 as idéias de Darwin eram consideradas obsoletas, isto é, havia um "eclipse" da sua popularidade, e como exemplo temos os falsos argumentos como a pangênese e a herança por mistura para explicar os mecanismos de hereditariedade. Só a partir da década de 30 que veio a junção da genética com a idéia do darwinismo, e a fizeram reviver.
A razão porque ainda se dizem darwinistas é a adesão filosófica, a cosmovisão atéia "científica", dado que o que sobra dos trabalhos de Darwin é pouquíssimo além de filosofia evolucionista.
Daí um dos pioneiros da Síntese Evolutiva na sua segunda fase, Theodosius Dobzhansky, admitir que a Evolução se expande para além da Biologia, o que é prova clara de que há uma adesão doutrinária por detrás: “A evolução compreende todos os estados do desenvolvimento do universo: cósmico, biológico, humano e cultural. As tentativas de restringir o conceito da evolução à biologia são injustificadas. A vida é um produto da evolução da natureza inorgânica, e o homem um produto da evolução da vida” [5].
Nessa frase se condensa o motivo pelo qual o darwinismo entra em várias outras áreas da pesquisa e divulgação científica como astro-física, geologia, bio-química, etc, tudo para justificar o credo que já aderiram previamente.
Credo do ateísmo que se baseia em raciocínio místico por semelhança
Em 1885, o Pe. Lavaud de Lestrade, um dos primeiros críticos de Charles Darwin, e que teve seu livro elogiado pelo Papa Leão XIII, assim sintetiza o método desta revolução científica: "Como ele procede para fazer aceitar a hipótese da transformação das espécies? Ele recorre a outras hipóteses que, por si mesmas, precisam ser provadas tanto quanto as primeiras, com as quais ele decora com o nome de leis. Ele tenta basear estas sob fatos frequentemente contestados, que podem ser explicados mais ou menos por essas hipóteses, e ele apenas nota ou deixa de lado outros fatos que elas não saberiam explicar. Se encontra, portanto, muitos embaraços, imagina novas leis, isto é, novas hipóteses, que não possuem mais fundamentos que as outras (...) se apoia sob um "pode ser", sob uma possibilidade, sob uma conjectura, sob a convicção pessoal e até sob o desconhecido, e, depois de provas assim convincentes, ele vai adiante com uma confiança imperturbável, como se tivesse triunfado sobre todas as dificuldades" [6].
Por isso, todo aquele raciocínio baseado em semelhanças, fósseis semelhantes, genes semelhantes, e outras tantas semelhanças nas quais eles usam para dizer que a Teoria é comprovada, no entanto, sem discutir, nem de longe, a premissa indiscutível que semelhança não implica uma relação necessária.
Daí o dito de Darwin: “Eu creio na seleção natural não porque possa provar –em nenhum caso particular– que uma espécie se tenha convertido em outra, e sim porque me permite explicar corretamente (pelo menos, nisso creio) muitos fatos de classificação, embriologia, morfologia, órgãos rudimentares, sucessão e distribuição geológica” [7].
Assim procedem com crença religiosa, incontestável, para justificar esta posição ateísta, porque ser católico e darwinista já mostramos ser impossível. Mas mais do que levar ao ateísmo, quer levar ao evolucionismo, que é gnóstico-panteísta, do qual falaremos agora.
Evolucionismo e a filosofia heráclitiana errada em que se apoia
À Heráclito, filósofo do quinto século A.C., é atribuído a idéia de que tudo está em mudança constante, e nada se mantêm. Como só fragmentos seus sobreviveram, talvez ele fosse mais bem um parodiador das idéias de fluxo, mas o importante é analisar a filosofia pela qual seu nome ficou atrelado.
Talvez Chesterton tenha sido primeiro a notar que a amplitude do evolucionismo engloba a negação do próprio ser com a idéia de fluxo total. A isso agregamos que se cai em um gnosticismo misturado com panteísmo, em que tudo é e não é, tudo se funde na natureza. Embora errando teologicamente ao alegar que Deus poderia ter feito o homem do macaco, o trecho merece ser citado:
"Se evolução simplesmente significa que algo positivo chamado macaco transformou-se lentamente em algo positivo chamado homem, então ela é inofensiva para o mais ortodoxo; pois um Deus pessoal poderia muito bem criar coisas de modo lento ou rápido, especialmente se, como no caso do Deus cristão, ele estivesse situado fora do tempo. Mas se evolução significa algo mais que isso, então quer dizer que não existe algo como o macaco para mudar, e não existe algo como o homem no qual ele possa se transformar. Significa que não existe algo como uma coisa. Na melhor das hipóteses, só existe uma coisa, que é um fluxo de tudo e qualquer coisa. Isso constitui um ataque não contra a fé, mas contra a mente humana; você não pode pensar se não existem coisas sobre as quais pensar" [8]. Plinio Corrêa de Oliveira também já intuía em 1988: "o evolucionismo no fundo é o relativismo. Se tudo evolui, tudo é relativo. Não tem por onde escapar" [9].
Neste contexto, o filósofo francês Étienne Gilson, em seu livro de 1971 "De Aristóteles a Darwin e vice-versa", após mostrar como Darwin não quis falar em evolução, um conceito que possuía outro significado na época, salienta o quanto o biólogo se esforçou em pulverizar, ou relativizar o significado de espécie, o que é notável para quem escreveu um livro chamado "A Origem das Espécies". Disse o inglês: "Considero que o termo espécie foi dado arbitrariamente, por motivos de conveniência, para reunir grupos de indivíduos que se assemelhem intimamente entre si (…) O termo variedade, por sua vez, em comparação com as meras diferenças individuais, também se aplica arbitrariamente por questão de conveniência" [10]. O Pe. Lavaud também percebeu essa recusa. Assim, estendendo esse pensamento à classificação animal e vegetal, a origem das espécies será meramente a origem de arbitrariedades escolhidas por conveniência.
Contradição da Teleologia anti-teleológica
Segundo Gilson, se na seleção sexual se escolhe o parceiro, como não é guiada? Como a seleção natural não possui finalidade, para além da natureza física, já que justamente visa selecionar os melhores? Tudo isso implica a existência de teleologia, isto é, que há finalidade nestas coisas. Ilustrando isto, Gilson em seu livro cita o filho do biólogo inglês, Francis, e o mais ardente então defensor da idéia, Thomas Huxley, louvando o reavivamento da teleologia na biologia pelas mãos de Darwin [11], o qual também é citado contraditoriamente agradecendo um amigo que o louva por isso, e ao mesmo tempo recusando que a existência das leis naturais pudesse implicar finalidade [12].
Essas contradições só se entendem quando se lê o que T. Huxley diz, isto é, a teleologia agora "toma a evolução por fundamento", mas isso nada explica, porque ainda fica a questão: como algo sem inteligência, isto é, a seleção natural, pode selecionar algo? É preciso uma explicação para a gênese da seleção natural. É a partir de exemplos como esses sobre a direcionalidade comum de coisas irracionais, que S. Tomás desenvolve a sua quinta via para a prova de Deus, que já salientamos no artigo anterior que é totalmente diferente do Design Inteligente.
Por isso, causa polêmica na academia levantar questões teleológicas, como foi o caso do filósofo ateu Jerry Fodor, em 2007, no artigo "Por que porcos não tem asas", no qual diz que o exemplo de Darwin sobre a semelhança da seleção artificial de um agricultor e a seleção natural é inconsistente, já que a seleção não possui intenção, finalidade como a primeira [13], e outros exemplos em que se pressupõe uma mente consciente para uma seleção natural que não tem mente, nem é guiada por alguém. Enfim, é o tipo de questão que levantou Gilson.
Impossibilidade da macro-evolução metafisicamente
Antes, é preciso notar que há três vertentes sobre como se deu a evolução: a gradualista, a saltacionista, e a do Equilíbrio Pontuado, que é uma mistura das anteriores. Mas todas postulam que há macro-evolução, e só diferem sobre o modo como esta se dá.
A seguir há suficientes exemplos de como a metafísica tomista prova a impossibilidade da macro-evolução, tomando como apoio o estudo do Pe. Chad Ripperger, "The Metaphysics of Evolution", 2012, o qual compara o evolucionismo a diversos princípios metafísicos interligados.
Em geral o sacerdote nota o limite da capacidade de um ser, e como a existência de um ser não pode vir daquilo que lhe é inferior. Por exemplo, algo sem visão não pode engendrar algo com visão.
"Dado que a espécie/essência atua através de seus acidentes, os acidentes não podem causar uma mudança de uma ordem maior em uma outra coisa quando o agente causador é de ordem inferior. Em outras palavras, uma essência atuando através de seus acidentes não pode engendrar uma outra essência de uma ordem maior através destes acidentes" [14].
Ora, "o acidente pode variar debaixo de certas circunstância, isto é, um homem sai e fica no sol durante um longo período e sua pele muda de branca para bronzeada. Esse fato, observado na natureza, nos mostra que quando certos tipos de substâncias sofrem do exterior, o resulto pode ser uma variação nos acidentes. Notavelmente, isso acontece nas moscas da fruta. Isto indica que uma substância particular (essência) pode passar por mudança acidental dentro do contexto do que aquela substância é capaz de suportar de acordo com a sua natureza. Essa variação dentro da espécie é por vezes chamada de micro-evolução. Assim, vemos que a micro-evolução é possível, enquanto a macro-evolução não".
Isto é semelhante ao princípio da causalidade proporcional, em que o efeito não pode ser maior que a causa.
"De acordo com alguns evolucionistas, a mutação ocorre quando algum ser em particular sofre causas ou fatores externos e daí resulta em um ser diferente. A dificuldade está no fato de que nem o ser que é a causa primeira, nem as causas externas possuem uma perfeição que eles transmitiram para a coisa (efeito) (...) Duas ou mais causas que não contêm uma perfeição que é maior na ordem da existência não podem juntas produzir um efeito que é maior que todas elas" [15].
Prova universalmente aceita contra a geração espontânea ou abiogênese, requerida pelo evolucionismo
No final das contas, para ser um crente no darwinismo é preciso acreditar na abiogênese, isto é, que a vida pode vir da não-vida. Afinal, da onde vem o ancestral comum? Se se é adepto do evolucionismo filosófico, tudo evolui, e todas as coisas vieram de coisas cada vez mais inferiores na ordem do ser, e o nada é quem criou tudo, isto é, do nada veio tudo, já que Deus (que não existe nesse credo) não pode ter criado esse universo do nada.
A geração espontânea refutada por Francesco Redi, Pe. Spallanzani, Pasteur e outros abriu caminho para o que se conhece como lei da biogênese, que nada mais é do que a manifestação de um princípio metafísico multissecular: algo não pode dar o que não possui.
A mente humana não pode surgir pela evolução
Um triângulo pode ser visto na natureza, desenhado, ou mesmo alguém pode dizer que aparece a sua imagem na ressonância magnética do cérebro, entretanto, qualquer um desses triângulos será um triângulo determinado, uma matéria, e só pode ser entendido se referido ao conceito de triângulo, a forma, a qual não se encontra em lugar algum, ou seja, é imaterial.
Ora, só um modo de conhecimento que englobe o imaterial pode conhecer o imaterial. A abstração (bem entendido), portanto, torna impossível explicar sua origem através de um processo que se apresenta como natural e material como a evolução. Assim, a mente humana não pode ser fruto da evolução.
Darwinistas costumam comparar a abstração com experimentos com animais, mas esses não agem abstraindo, e sim por impulsos e processos naturais, como medo, tristeza, alegria, curiosidade, imitação, comparação, memória, desejo de procriação, de sobrevivência, etc. A fome, através do sistema de recompensa de comida, é talvez a mais usada nos experimentos que visam mais que tudo dar a impressão de semelhança entre animais e o homem.
Prova do comportamento humano anti-evolutivo
Que a mente humana abstrai os conceitos e se move por eles, na maior parte das vezes, e os animais não, é algo que o filósofo ateu australiano, David Stove, explicou com grande destreza como mais uma deficiência da aplicação evolucionista ao homem:
"Se a Teoria de Darwin fosse verdadeira, não haveria em todas as espécies uma constante e implacável competição para sobreviver; uma competição na qual só alguns poucos em algumas gerações seriam vencedores. Mas é perfeitamente óbvio que a vida humana não é assim, seja lá como for com as outras espécies" [16].
Em seguida, ele cita Darwin para mais uma prova de que a Teoria dele não serve aos homens, logo, é falsa por se pretender universal:
"nós podemos dizer com certeza que qualquer variação prejudicial no menor grau seria rigidamente destruída [pela seleção natural]", Darwin, The Origin of Species.
"Você percebe, leitor, que você é um erro de hereditariedade, um erro biológico? (...). Um erro biológico, um erro de hereditariedade, é um organismo que não tem tantos descendentes como deveria ter, ou a característica de um organismo que previne ter tantos descendentes quanto de outro modo poderia ter.
Dentre as plantas não há erro biológico nenhum, e na maioria das espécies de animais não há nenhum digno de nota. Uma barata, um peixe, uma cobra, dificilmente tem menos descendentes quanto poderiam. Eles não perdem seu tempo ou sua saúde em biologia, filosofia, religião, arte, reformas sociais, ou qualquer uma destas brincadeiras. Eles não fumam, bebem, apostam, não praticam contracepção, ou se preocupam com superpopulação ou o ambiente. Eles concentram todos seus esforços, o mais cedo possível, em ter o máximo de descendentes possível (...).
Na nossa espécie, pelo contrário, o erro biológico, em larga escala também, é absolutamente abundante. E o resultado, claro, é que dificilmente os membros de nossa espécie terão qualquer coisa como o máximo de descendentes que podem ter (...)
Mas se o amor à música é um erro entranhado nos membros da nossa espécie, o que dizer da homossexualidade? É uma antiguidade imemorial, global, e segundo as aparências, absolutamente incorrigível. Qual erro biológico poderia ser mais gritante que a homossexualidade?" [17].
CLIQUE: Defesa da Tradição Católica contra Falsas ciências ou superstições
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[1] Revolução e Contra-Revolução, Plinio Corrêa de Oliveira, 1959, Parte I, Cap. III, 3.
[2] Conway Zirkle, Evolution, Marxian Biology, and the Social Scene, Philadelphia, University of Pennsylvania Press, 1959, Pg. 86
[3] Darwin, Marx y las dedicatorias de El Capital, Salvador López Arnal, El Viejo Topo, julio-agosto de 2009. Link: http://www.rebelion.org/noticia.php?id=95700
[4] Darwin, C. R. 1872. The origin of species by means of natural selection, or the preservation of favoured races in the struggle for life. London: John Murray. 6th edition; with additions and corrections. Eleventh thousand, Pg. 488 Conclusion, Chap. XIV
[5] “Changing Man”, Science, Vol. 155, 27 de enero de 1967
[6] Réfutation abrégée et méthodique du transformisme et du darwinisme, Lavaud de Lestrade, 1885, II parte, Cap.I, Art. IV, I, Pg. 119-120
[7] Carta de Darwin descoberta no British Museum (1861, A DD, Ms 37725, f. 6, pelo Dr. Maurice Vernet, publicada no seu livro "L'évolution du monde vivant", Plon (présence) Paris, 1950. Citado por Etienne Gilson, "De Aristóteles a Darwin..", Ed.Pamplona, pg. 223
[8] G.K. Chesterton,"Ortodoxia", 1908, Ed. Mundo Cristão, III.O suicídio do pensamento
[9] Reunião Comissão Médica, 17-4-88
[10] Citado por Gilson, Op.Cit., Apêndice II, pg.315
[11] Op.Cit., Pg.197
[12] Op.Cit, Pg.195 e Pg.199
[13] "Why Pigs Don’t Have Wings: The Case against Natural Selection", LRB 18 October 2007. Link: https://www.lrb.co.uk/v29/n20/jerry-fodor/why-pigs-dont-have-wings
[14] Op.Cit. Pg.37
[15] Pg.41 e 40, respectivamente
[16] David Stove, "Darwinian Fairytales", 1995, Cap.I
[17] Idem. Cap XI