Santo Agostinho, rogai por nós! |
Doutrina católica sobre as revelações públicas e particulares (parte útil para a interpretação das mesmas)
Prática indispensável para a interpretação das profecias. Regras de interpretação de S. Agostinho e outros
A Escritura e os Doutores da Igreja dizem que Elias e Enoch virão no fim dos tempos na época do Anticristo //// (parte 2)
A Ordem Carmelita tem origem profética pré-cristã com Santo Elias. Provam isso os Santos, os Papas, historiadores e a Escritura
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Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. I)".
Anterior deste capítulo: Doutrina Católica sobre o milenarismo (crasso, mitigado, etc). Nossa posição
Temos dissertado muito sobre Teologia da História, Hipótese Teológica e interpretação das Sagradas Escrituras. Entretanto, falhamos ao achar que essa diferença estava explicada ao longo dos diversos artigos, ou sub-entendida pelos leitores. Assim, falhamos em não publicar algo específico que tratasse da diferença de cada uma dessas categorias. Por fim, e mais importante ainda, faltou ressaltar o nível de adesão católica que damos a cada uma.
Diferença entre Hipótese Teológica e Teologia da História
Façamos uma comparação exemplificativa:
Teologia: alguém que peca mortalmente, e não se arrepende, vai para o inferno.
Hipótese: a pessoa x não irá se arrepender.
Embora a teologia acima seja correta, a hipótese depende de inúmeras variáveis, como a graça Divina, a vontade da pessoa, etc. De modo análogo, podemos dizer que uma hipótese teológica ocorre quando todas as variáveis não são conhecidas. Apesar de uma hipótese se fundar em inúmeras variáveis, sejam teológicas, fáticas, etc, não deixa de ser hipótese porque todas as variáveis que podem afetar a hipótese não são conhecidas, tampouco o conhecimento teológico adjacente a cada uma destas variáveis.
Hipótese Teológica sobre eventos futuros, portanto, ocorre quando todas as variáveis que podem afetar a hipótese não são conhecidas, tampouco o conhecimento teológico adjacente a cada uma destas.
Já teologia da história, ou mais especificamente, Teologia da História sobre eventos futuros, conforme temos dissertado aqui, ocorre quando um raciocínio é empregado a uma determinada circunstância, dada certas noções prévias da Teologia da História. Assim, de modo análogo como ocorreu no passado, Deus ainda age com os povos segundo princípios que Ele seguia no passado, por exemplo:
"Os israelitas fizeram o mal aos olhos do Senhor, e o Senhor os entregou nas mãos dos madianitas durante sete anos." Juízes VI, 1
“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam” Salmos 126, 1
Não faz parte do escopo desse trabalho mostrar como esses versículos sagrados são válidos para nossos tempos. Pensar diferente equivale a cumprir a profecia de Ezequiel: "a terra transborda de sangue e a cidade está cheia de apostasia, porque dizem entre eles: o Senhor abandonou a terra. O Senhor não vê. Pois também o meu olho não poupará, nem terei compaixão alguma; sobre a sua cabeça farei recair as suas obras" Ez VIII, IX.
Pode um raciocínio de Teologia da História sobre eventos futuros estar errado? Sim, basta que as teses nas quais o raciocínio se apoia estejam equivocadas, mas diferentemente da conclusão do Teorema de Pitágoras, a qual podemos observar funcionando cada vez que a aplicamos para um dado triângulo, não podemos observar a validez de um raciocínio de Teologia da História aplicado ao futuro, somente quando esse futuro se confirma ou não. Assim, mesmo que um raciocínio de Teologia da História em relação a eventos futuros pareça perfeito, só pode ser confirmado pelo tempo.
Mas a incerteza sobre o futuro não faz o raciocínio de Teologia da História sobre eventos futuros se tornar uma Hipótese Teológica, como mostrado acima? Não, pois a hipótese acima referida trata de variáveis ainda não conhecidas, já esse tipo de Teologia da História trabalha com raciocínios a partir de teses.
Teologia da História sobre eventos futuros, portanto, ocorre quando um raciocínio teológico é empregado a partir de teses, ainda que não signifique certeza de evento futuro.
Interpretação das Sagradas Escrituras e de partes misteriosas das profecias
As interpretações que fizemos aqui, na maior partes das vezes, são hipóteses robustas, isto é, hipóteses fortalecidas por diversas profecias privadas, assim como por uma análise completa das profecias oficiais da Igreja, conforme disse S. Pedro: "atendendo antes de tudo a isso: que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular" II S. Pedro I, 20. Assim, a interpretação se torna uma hipótese robusta, embora não deixe de ser uma hipótese, por não poder levar em conta todas as variáveis, como falamos acima.
Foram colocadas em um capítulo próprio não só porque fazem parte de uma categoria própria, isto é, da interpretação do Livro Sagrado, mas porque são, na maioria das vezes, hipóteses robustas. Também se enquadram nesta categoria as interpretações sobre temas misteriosos em diversas profecias.
Sobre Teorias
No capítulo III incluímos teorias, mas o que são? Pensamos ser unânime a noção de que a teoria existe para explicar algum comportamento ou fato que se repete em algum âmbito do conhecimento ao qual a teoria se aplica.
Qual deve ser o nível de adesão a cada um dos temas acima tratados?
O nível de adesão a cada tema deve ser sempre pautado pela doutrina tradicional da Igreja, definida pelo juízo da Santa Sé, a qual tem poder e jurisdição para julgar. Se Deus providenciou que no futuro a doutrina tradicional da Igreja rejeitará alguma hipótese, teologia da história, tese ou teoria que temos aderido aqui, desde já e categoricamente nos pomos ao lado da Santa Igreja.
Antes de passarmos a tratar do próximo sub-tema desse artigo, isto é, do nível de adesão para cada um dos temas que abordamos até aqui, deixamos claro que esse nível de adesão também é julgado pela Igreja Católica Apostólica Romana. Somente nos parece oportuno esclarecê-lo porque costuma ser esquecido, embora seja de senso comum.
Nível de adesão para cada um dos temas abordados resumidamente
Revelações privadas: como vimos nesse capítulo, conforme textos da tradição católica, ainda que se possa rejeitar uma ou outra profecia sem tornar-se herege, não é possível rejeitá-las em conjunto, porque equivale a rejeitar a ação do Espírito Santo na Igreja. Assim, se um conjunto de profecias convergem sobre "x", não é católico rejeitá-las, porque equivaleria a rejeitar a ação do Espírito Santo. Alguém poderia dizer que muitas profecias precisam ser adequadamente interpretadas, ou seja, podem parecer que convergem para "x", quando na verdade convergem para "y". Não se deve entrar em questões sobre se uma profecia confirma x ou y (ainda mais quando o outro tem má vontade). O tempo tem a palavra final. Enquanto isso, fará um caso mais forte aquele que, acumulando mais profecias, atender ao princípio do primeiro Papa: "que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular" II S. Pedro I, 20.
Mas qual é o número exato de profecias que formam um "conjunto de profecias"? A Santa Igreja definirá, mas por causa das três aparições da Virgem Santíssima mais recheadas de profecias sobre o futuro (Bom Sucesso, La Salette e Fátima), diríamos que esse é o melhor número.
Lembremos agora os conceitos já referidos acima, antes de tratar da adesão a cada um.
Hipótese Teológica sobre eventos futuros: ocorre quando todas as variáveis que podem afetar a hipótese não são conhecidas, tampouco o conhecimento teológico adjacente a cada uma dessas.
Teologia da História sobre eventos futuros: ocorre quando um raciocínio teológico é empregado a partir de teses, ainda que não signifique certeza de evento futuro.
Assim, sintetizamos o nível de adesão católica da seguinte maneira:
Hipótese Teológica, robusta ou não, sobre eventos futuros: não requer adesão católica, pois não implica certeza de futuro. Afinal, nem todas as variáveis que podem afetar a hipótese são conhecidas, tampouco o conhecimento teológico adjacente a cada uma dessas.
Teologia da História sobre eventos futuros: argumento mais forte que todas as outras categorias, porque origina de teses. Entretanto, não exige adesão católica. Afinal, como dito, não significa certeza de futuro como o "voltará para julgar os vivos e os mortos" presente no Credo Católico. Pode ser refutado pelo tempo, ou por raciocínios.
Teorias: como visam explicar acontecimentos recorrentes em determinada esfera do conhecimento, não requerem adesão católica, porque podem ser falseados por acontecimentos futuros.
Então, qual é a razão de compilar todas essas categorias de "futurologia" e profecias em uma coisa só, se nada certamente ocorrerá? Deus, quando viu todas as coisas que tinha feito, "viu que eram muito boas". Aqui, a reunião de todas estas coisas é o que vale mais.
Por fim, lembramos que todas essas categorias e suas respectivas adesões, aqui esboçadas, estão sujeitas à autoridade doutrinal, disciplinar e moral da Santa Igreja.
Próximo deste capítulo: Sobre a influência de fatores sociais e psicológicos em interpretações sobre o futuro e profecias. Estamos isentos disso?