Historiador americano narra, com fartas fontes e citando este labor, o profetismo de Dr. Plinio no Concílio Vaticano II

"[N.E: A obra do Concílio] não pode estar inscrita,
enquanto efetivamente pastoral, nem na
História, nem no Livro da Vida." RCR, 1976.
Dr. Plinio e outros membros da TFP chegam para
o maior desastre da Igreja no século XX.

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Atuação da TFP e de Dr. Plinio no Concílio Vaticano II. Um profeta no Concílio

Resumo do profetismo de Plinio Corrêa de Oliveira na esfera temporal: ambientes, costumes e civilizações


Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte 2, 3a edição)".

Tal como os “Cedros do Líbano” mencionados pelo salmista, Plinio Corrêa de Oliveira elevou-se acima das árvores comuns de seu tempo dentro de sua esfera de atuação.

Incapazes de reconhecer humildemente a grandeza da gesta pliniana, são vários os que recusam lhe dar a justa honra, mitigando-a por diversos fatores, embora auxiliados pelo mau exemplo daqueles que alegavam continuar a posição de Plinio Corrêa de Oliveira (entre os quais, inclui-se este trabalho).

Assim, como é corriqueiro em um mundo revolucionário e eivado de inveja, Dr. Plinio não foi reconhecido desde o princípio, e mesmo em sua vida e até após a sua morte, comparavam-no a um dos falsa-direitas momentâneos e hoje já não tão lembrados, ou mesmo à religiosos sem constância que apareciam com soluções fáceis e mágicas para a crise na Igreja, como se esta, estendida por todos os cantos do globo, pudesse ser sanada somente por poucos bispos, e não por expressa vontade, graça e intervenção divina. Nada de novo debaixo do sol, pois também os pagãos filosofescos comparavam os santos padres da Igreja aos gregos Platão e Aristóteles, e os romanos pagãos criam, com o tempo, refrear o cristianismo pelo banho de sangue dos mártires.

À medida que o tempo foge, entretanto, a história emerge, pois o Juiz da História é o próprio Deus, principalmente no Juízo Final. Surgem intelectualmente honestos como o historiador americano Benjamin Cowan, que narra pormenorizadamente o profetismo de Dr. Plinio no Concílio Vaticano II, ainda que não o categorize assim, por ser revolucionário (há séculos um pré-requisito para ser reputado na academia).

É preciso notar que aquela obra do professor universitário americano citou este pobre labor, especialmente no que tange à atuação de Dr. Plinio naquela “hora quase tão triste quanto a morte de Nosso Senhor” (C. 1, p. 25, notas 35 e 38). Se queriam passar a mensagem de “estamos de olho”, é preciso notar que não somos nós, mas Deus quem atua na história. Isto explanou Gamaliel na Sinagoga aflita pela pregação apostólica: “Deixai-os! Se o seu projeto ou a sua obra provém de homens, por si mesma se destruirá; mas se provier de Deus, não podereis desfazê-la. Vós vos arriscaríeis a entrar em luta contra o próprio Deus”, Atos V.

Como infelizmente é praxe há anos, outra iniciativa (no caso, o Instituto Santo Atanásio) foi mais célere do que os discípulos de Plinio Corrêa de Oliveira para traduzir crucial artigo sobre o profetismo deste gigante da Fé.

Republicamos aqui só a parte referente ao “Concílio Vaticano II”*. O original é do Sr. Julio Loredo, da TFP italiana.

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“Benjamin A. Cowan publicou recentemente o livro Moral Majorities across the Americas. Brazil, the United States and the Creation of the Religious Right (University of North Carolina Press, 2021, 294 pp.). Formado em Harvard, o professor Cowan é docente de história na Universidade da Califórnia em San Diego.

O trabalho de pesquisa é substancial. Nada menos que 824 notas de rodapé atestam a riqueza de referências com as quais o autor quis enriquecer sua obra. Boa parte das fontes são inéditas: o arquivo pessoal de Monsenhor. Geraldo de Proença Sigaud; relatórios dos serviços de inteligência brasileiros; os documentos de Paul Weyrich da seção de manuscritos da Biblioteca do Congresso; os arquivos diocesanos de São Paulo e Diamantina; o arquivo do Itamaraty e assim por diante.

Como em qualquer trabalho de análise histórica, haveria distinções a serem feitas, principalmente por parte de pessoas, como eu, que participaram de alguns dos fatos narrados, ou que mantiveram contato íntimo com quem deles participou. Não obstante, é um trabalho substancial, destinado a direcionar a pesquisa acadêmica sobre o assunto (...).

O Concílio Vaticano II

O primeiro capítulo é dedicado ao Concílio Vaticano II.

Apesar da vasta bibliografia disponível sobre o Concílio, Cowan afirma que os estudiosos ainda não deram a devida importância à “ação decisiva de um grupo coeso de brasileiros que trabalhou durante e após o Concílio para conter a onda reformista. (...) A centralidade dos brasileiros [na reação tradicionalista] costuma estar envolta em sombras” [1]. Negligencia-se, por exemplo, as intervenções de Mons. José Maurício da Rocha, bispo de Bragança Paulista, “monarquista, ferozmente antimodernista, anticomunista e antiliberal”. Mais notada, mas ainda não bem estudada, é a ação de Dom Geraldo de Proença Sigaud, Arcebispo de Diamantina, e de Monsenhor Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos.

Esse “grupo coeso de brasileiros” era formado pelos dois últimos Padres conciliares, animados e apoiados por membros da TFP, que na ocasião abriram dois escritórios na Cidade Eterna. O inspirador e a força motriz do grupo era, sem dúvida, o professor Plinio Corrêa de Oliveira.

Embora esse grupo “tenha desempenhado um papel importante, e em certo sentido pioneiro, na política do catolicismo tradicionalista, nacional e transnacional, durante e após o Concílio, Mayer, Sigaud e a conhecida TFP são muitas vezes deixados de fora da historiografia sobre a gênese da reação católica arqui-conservadora no mundo. (...) Os pesquisadores em grande parte têm ignorado essa contribuição brasileira. (...) Neste primeiro capítulo, gostaria de delinear esse ativismo dos conservadores brasileiros durante o Concílio Vaticano II como um elemento na construção e no desenvolvimento do tradicionalismo católico transnacional. (...) Os brasileiros foram, de algum modo, a principal - e até então negligenciada - força por trás da resistência conservadora no Vaticano II [2].

Obviamente, Cowan não afirma que esse foi o único componente da reação tradicionalista durante o Concílio. Ele apenas afirma que até agora não recebeu a devida atenção.

A ação antiprogressista de Plinio Corrêa de Oliveira, segundo Cowan, começa na década de 1930 com a constituição do Grupo Legionário, continua com sua oposição ao neomodernismo dentro da Ação Católica na década de 1940, e com a fundação do movimento Catolicismo nos anos cinquenta. Na virada da década de 1960, a obra antimodernista de Plínio “havia reverberado no Brasil [e também] teve repercussões internacionais significativas que ajudaram a moldar e sustentar a reação católica global à modernização e secularização” [3]. Quando o Dr. Plinio chegou a Roma em 1962, portanto, ele já tinha ideias muito claras e um plano de batalha perfeitamente traçado, ao contrário de muitos outros conservadores que “foram pegos de surpresa pela guinada progressista do Concílio” [4]. De fato, explica Cowan, “a TFP se antecipou à orientação do Concílio, e começou a se organizar antes mesmo dele começar” [5]. O arquivo privado de Monsenhor Sigaud contém o relato dos encontros com Plinio Corrêa de Oliveira para preparar o plano de oposição ao assalto progressista no Concílio, antes de partir para a Cidade Eterna.

Este plano consta do votum apresentado ao Concílio por Mons. Sigaud, mas inspirado, e talvez parcialmente escrito, por Plinio Corrêa de Oliveira: “A Igreja deve organizar, em escala mundial, a luta contra a Revolução” [6]. A visão realisticamente preocupada do Dr. Plínio contrastava notavelmente com o “júbilo” que não poucos conservadores sentiam pela convocação do Concílio, onde viam uma oportunidade de “renovação conservadora”, enquanto o líder brasileiro temia que se transformasse em uma debacle [7].

Durante o Concílio, os tradicionalistas se reuniram no Coetus Internationalis Patrum. Do arquivo de Mons. Sigaud emerge a centralidade dele na formação do Coetus, sempre encorajado por Plinio Corrêa de Oliveira. São seus, por exemplo, os manuscritos com “os esquemas para a estrutura, reunião, publicação, atividade e financiamento” do Coetus. Em carta ao chanceler brasileiro, pedindo-lhe apoio econômico, Mons. Sigaud escreve: “Não encontro [em Roma] colaboradores desinteressados e confiáveis. O ativismo brasileiro, ao contrário, trabalha mediante um senso de dedicação à nossa causa, com grande eficácia e discrição. (...) Eles são especialistas, cada um em um aspecto do Concílio. (...) A espinha dorsal da Coetus sempre foi, e deve continuar sendo, confiada a esses ativistas brasileiros” [8]. Cowan conclui: “O ativismo da TFP assumiu uma importância central na mobilização do bloco conservador”.

O próprio Monsenhor Marcel Lefebvre definiu a TFP como o “comitê diretivo” da Coetus [9]. Opinião compartilhada pelo historiador francês Henri Fesquet. Concluindo, Cowan afirma: “Como vimos, Marcel Lefebvre e seus sequazes estavam entre aqueles que consideravam os brasileiros os principais atores, até mesmo heróis, neste campo” [10].”

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* Link (visto em 18 de novembro de 2021): https://institutosantoatanasio.org/blog/item/429-estudo-o-resgate-da-tradicao-e-o-papel-de-plinio-correa-de-oliveira-na-constituicao-da-direita-religiosa-internacional. Originalmente publicado em italiano em: https://www.atfp.it/notizie/306-analisi/2018-studio-il-riscatto-della-tradizione-e-il-ruolo-di-plinio-correa-de-oliveira-nella-creazione-della-destra-religiosa-internazionale

[1] Benjamin A. Cowan, Moral Majorities across the Americas. Brazil, the United States and the Creation of the Religious Right, University of North Carolina Press, 2021, pp. 16-17.
[2] Ibid., pp. 17-19.
[3] Ibid., p. 18.
[4] Ibid., p. 25.
[5] Ibid., p. 25.
[6] Ibid., p. 230.
[7] Ibid., p. 234.
[8] Ibid., p. 23.
[9] Ibid., p. 24.
[10] Ibid., p. 59.