Resumo do profetismo de Plinio Corrêa de Oliveira na esfera temporal: ambientes, costumes e civilizações

Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!

Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte 2, 3a edição)".


Abundam, entre os falsa-direitas e ecumênicos, os estudiosos de estética e arte que rezam a cartilha não demasiadamente repulsiva ao mundo hodierno. Afinal, o apreciar certas artes não rechaça suas tendências profundas e, anestesiadas suas consciências, não precisam encarar o abismo aonde a humanidade caminha.

Se por um lado suas leituras os informam que o belo é o esplendor da verdade, por outro estão cegos para a ausência de beleza: na maneira como se vestem, vivem e falam (os seus costumes), nos lugares que frequentam, admiram e toleram (os seus ambientes), e no modo como se tratam, conversam e valorizam-se (as civilizações que preconizam).

Se realmente são de boa vontade e só vivem na ignorância, o futuro dirá.

O fato é que, para o desagrado dos invejosos cheios de si, quando os filhos de Israel romperam o pacto com Deus, mataram os seus profetas e destruíram os altares, eis que a Providência suscitou um novo Santo Elias: Plinio Corrêa de Oliveira,
o qual também sobrou só. Entretanto, este novo Elias não deixou Eliseu, nem os seus filhos increpam os sucessores de Jezabel, tampouco desafiam os profetas de Baal.

Plinio Corrêa de Oliveira, talvez prevendo-o, como profeta por sabedoria, deixou ampla obra pública e denunciadora da Revolução na esfera temporal: ao longo de meio-século, desde jovem, deixara os princípios contra-revolucionários não só esparsos em diversos escritos, como materialmente em diversos atos, como homem de gesta mais que palavras.

Ambientes, costumes e civilizações: meramente duas décadas de escritos


Um atraso deplorável, que tanto ajudou a popularização das concepções artísticas tendencialmente más da falsa-direita, finalmente se finda e vem à lume, em boa impressão e hábil projeto gráfico de Luis Guillermo Arroyave, toda a seção de "Ambientes, Costumes e Civilizações" daquela revista de 1951 a 1967 (e outros tardios escritos): mais de 400 páginas com fotos.

Nesta coletânea, e ainda em muitas outras reuniões que tivemos contato, se desfruta do que o autor, no âmbito dos ambientes,
comentou sobre os maiores em tamanho (arquitetura, decoração, e até veículos), sobre os menores (escultura, móveis e artesanato), e sobre a arte bidimensional (como pinturas, desenhos e até as iconografias nascentes dos anos 1950).

Já nos costumes, o insigne católico comentou sobre vestes (exercendo a função natural, a função social, e a função ornamental), analisou tipos humanos (mostrando virtudes, em contrastes, em atitudes), e ponderou o trato social (nas relações familiares, nas relações sociais, e nas relações hierárquicas).

No âmbito das Civilizações, comentou os hábitos dos povos (jogos e lazeres, eventos religiosos ou relacionados e eventos civis), examinou certas pedagogias (principalmente a presença do horrendo nos lazeres, na literatura infantil, e na educação religiosa e civil), e analisou a cultura (mais pormenorizadamente certas músicas, um pouco de cinema e Teatro, e algumas literaturas).

Uma análise sua raramente era desprovida de tom profético, como vimos neste capítulo, e sua atenção não se limitava a um lugar ou tema específico, pois voava de imagens européias para latino-americanas, estadunidenses e até orientais.

Sede do Reino de Maria

Porém, Dr. Plinio, não era um “ploc-ploc”, como o próprio apelida a quem se atém meramente a idéias e conjecturas. Sua ação se fazia visível. Exemplo claro é a aquisição, pela então TFP dos anos 70, do Casarão mais antigo de Higienópolis, São Paulo, em estilo alemanizado.

Se não fosse a displicência de alguns que ali sobraram para cuidar do Casarão e dos áudios que Dr. Plinio legara, os visitantes já poderiam ouvir, tal como se ouve nos castelos europeus, uma explicação de cada cômodo. No caso, ouvir o próprio decorador e planejador daquele imóvel (ainda que muito do interior antigo se tenha conservado) a explicar cada sala, detalhe e história dos objetos e decoração do local.

Eis algumas fotos de salas desta casa, dispostas no endereço desta série (www.oprincipedoscruzados.com.br).

Sala S. Luís Grignion de Montfort, foto do menu deste endereço.


Sala da Tradição (foto do “quem somos” deste endereço)



Sala do Reino de Maria (estilizada, é a foto de capa deste endereço)
 
Em outros ângulos.


Sala dos Alardos, onde o Leão do Brasão da TFP se faz visível no chão, mediante trabalho de madeira e machetaria (até mesmo com pau-Brasil).

Dizia Dr. Plinio que não era esbanjamento de quem tem dinheiro, pois:

“A maior parte dos móveis que há aqui são propriedade pessoal dos sócios da TFP e emprestados. Muitas vezes são móveis de nossas famílias que foram postos fora de uso pela modernização das habitações deles, e que obtivemos que dessem para a TFP. Muitos desses móveis são antigos e rejeitados.” (Entrevista ao Jornal Globo, 11/04/1986).

A foto a seguir o prova: a imagem de Nossa Senhora do Carmo na Sala da Tradição. Ela tinha sido resgatada de algum fim trágico que o “aggionarmento” (atualização) dos ares pós-conciliares mundiais a tinha destinado:
 

Influência em outros ambientes


Se sua filosofia de vida era materializada pelos ambientes onde andava, por outro lado tal influência não se verificava só onde trabalhava. É notório o modo como dispunha auditórios e sedes, as quais mais ou menos seguiam a linha que ele preconizava.

A seguir, duas fotos: uma do auditório S. Miguel, Virgem Maria acima, capa que estilizou destacada, e outra mostrando o ambiente que desejava, isto é, estandartes e símbolos da tradição católica que marcaram os séculos de peleja heróica figuravam ao redor da sala. A intenção era clara: induzir a um espírito combativo.

Até mesmo igrejas, como a Padre David Francisquini em Cardoso Moreira, na região de Campos, RJ, foram mais ou menos influenciadas por tal gesta (vide o leão rompante estilizado "a la TFP" no canto inferior direito).

Coletado de uma rede social da Igreja: https://www.facebook.com/imaculadocormaria/photos/3284832054954857

A arquitetura condiz com o sacerdote, pois além de ter sido ordenado no seminário de D. Geraldo de Proença Sigaud, em Jacarezinho, atualmente é o único sacerdote a ter testemunhado e sobrevivido ao tufão socialista e progressista dos anos 60, ficando fiel à tradição e à contra-revolução que aprendera no seminário, diferente daquele bispo, que no final de 60 já tomara outros rumos. Sua santa intransigência litúrgica o levou a celebrar em garagens após ter sido desintegrado de posse como se fosse um ladrão, apesar de só querer roubar almas do inferno. No entanto, a Virgem Maria, terrível como exército em ordem de Batalha, favoreceu tal atitude e hoje o sacerdote não só é notório autor de obras importantes para o católico militante, como mantém sua posição tradicionalista em comunhão com Roma (Para um breve relato disso: http://infoimaccoracaodemaria.blogspot.com/2015/09/gloriosissimo-principe-dos-exercitos.html).


Brasão, Estandarte, Capa e Hábito da TFP

Outra nítida mão sua está na idealização do brasão, estandarte e capa da TFP. Posteriormente, idealizou Dr. Plinio um hábito aos moldes das roupas de homens de cavalaria.

Do brasão, dizia:

“O brasão é uma coisa que existe, tem a existência em si mesmo, mas a existência do brasão não tem outra razão de ser senão significar uma coisa que não é ele, e que é a sua história, a sua grandeza, sobretudo a sua luz primordial, e com a realização de Deus com sua luz primordial,
de maneira que o brasão tendo a existência em si mesmo como o objeto material, entretanto, pode-se dizer que ele é uma mera aparência, não no sentido próprio do termo, mas no sentido de dizer que ele não existe senão para deixar apenas luzir uma coisa mais alta do que ele” (Reunião de 7 de Maio de 1966, grifo nosso). 

Do estandarte, disse:
A pedra de escândalo para a divisão dos homens, na Bagarre [N.E: Castigo Mundial largamente analisado no volume I, parte 1 desta série], será o nosso estandarte com o leão rompante tão tremendamente anti-igualitário” (EVP 10.09.72).”

Estandarte como disposto na lateral do endereço eletrônico desta série:[N.E: falando a um membro da TFP] no primeiro flash, no flash do Estandarte, o que acabou tocando o senhor, foi o senhor perceber, por cima da descrição do Estandarte, a descrição da minha alma e da TFP” (EVP 10.09.72).

“Eu recebi pedidos durante o estrondo I [N.E: estrondo publicitário para minar a influência da entidade que fazia propaganda contra-revolucionária] que insinuavam isso: Quer parar o estrondo? Desista da Capa e do Estandarte...
E eu pensava de mim para comigo: Segurança e tranqüilidade, a boca amarrada, mais vale a pena morrer do que viver numa terra devastada e sem honra. Arrisque a TFP, mas nenhum símbolo seja por nós renegado
” (SD 15.8.81, grifo nosso).

 
Já a influência da capa vem da roupa de uma imagem do lado de fora da Catedral de Notre Dame: Nossa Senhora defende o monge Teófilo do acordo que este tinha feito com o demônio.


Da capa, dizia:

“A TFP tem um dom por onde a alguns ela faz cessar o encanto da moda. A TFP se apresenta com um charme grandioso vindo da eternidade, e que faz ver a inanidade do “encanto da moda”. Propriamente, a TFP exorciza a moda de seu prurido primeiro. Mas o sujeito, se está viciado em moda, procura criar a moda dentro da TFP, por não saber viver sem moda. Então ele não compreende que a temperança e a eternidade, coisas muito conexas, são a “moda” invariável da TFP.
Ele não compreende isso e vai atrás do mito do progresso, etc. Então cria-se um “pátio” na TFP. O pátio é, propriamente, a sincronização dos viciados em moda. Criam uma moda que obedece, sempre, ao mesmo ritmo. Quer pôr, na fronte da Contra-Revolução, uma “arma postiça” à maneira do chifre do demônio, para navegar nas asas da moda. Ora, nós devemos fazer o contrário, dizer: “eu estou fora da moda…” Uma prova, provada, de como as nossas coisas não comportam moda é que, nunca, nenhum dos senhores me propôs alterar a capa ou o estandarte. (Até o fim do mundo não se pode discutir.) Até o fim do mundo..., não tem moda de dizer que usa não sei o quê, porque é aquilo: a capa é a capa. Mas nunca ninguém me propôs: “Dr. Plínio, se se pusesse uma dragona, se se pusesse...” Sabe que nunca ninguém propôs” (MNF – 29.6.79, grifo nosso)
.



Do hábito, Dr. Plinio disse:

“Nos tempos modernos começou uma campanha de que resultaria afinal, o século XVIII, o fechamento da Companhia de Jesus, o fechamento que foi provisório. Foi fechada a Companhia de Jesus pelo Papa Clemente XIV. Um antecedente, ou o próprio Clemente XIV, não me lembro, mandou dizer ao Geral da Companhia de Jesus o seguinte: Olhe, vós sois muito atacados e a razão do ataque está nos estatutos de vossa Ordem. Se alterar o estatuto de vossa Ordem, não sereis perseguidos. Oferecei uma alteração que eu aprovo. E o Geral mandou uma resposta de concisão latina e jesuítica: Sint aut sunt aut non sint. Seja como são ou deixe de existir. Nós podemos dizer isso de nosso Hábito. Seja como é ou deixe de existir. É bem verdade. Os senhores compreendem muito bem, nessas condições, tudo quanto o Hábito representa. Sabendo bem como interpretar o Hábito, sabendo bem interpretar a capa, sabendo bem interpretar o nosso leão, os senhores medem as pulsações do Reino de Maria [N.E: Civilização que emergirá após o Castigo Mundial, e durará até a vinda do Anticristo. Tudo isso foi largamente analisado no volume I, parte 1 desta série]” (Santo do Dia – 15.8.81).

Hábito na capa do livro de defesa da TFP contra acusações fantasiosas dos anos 80:


 

Conclusão

Eis um brevíssimo resumo do profetismo de Dr. Plinio na esfera temporal, a qual não se confunde, em nossa concepção, com a esfera política, tampouco com a espiritual. O estado mais puro da esfera temporal se encontra na análise dos Ambientes, Costumes e Civilizações, principalmente em “Civilizações”. Não parece ser outra a razão pela qual Dr. Plinio compilou e comentou as alocuções de Pio XII à Nobreza e às Elites Tradicionais Análogas como sua derradeira obra, que por sinal é também uma obra de arte e de compilação sociológica de bom quilate.

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Todos os grifos são nossos.