Santos sobre "não sou eu quem vivo, é meu superior quem vive em mim". A obediência cega, de mesmo sentir e vontade do superior


Santo Inácio,
rogai por nós!
Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte 2, 3a edição)".

Poucos conhecem a doutrina sobre obediência aos superiores na Igreja Católica. Por isso, trazemos textos que explicitam o assunto.

Aos poucos esclarecidos da doutrina da obediência, ainda mais nesses tempos de orgulho e exaltação da vontade própria, frases destes textos isoladamente podem soar heterodoxas.

Exemplo disso foi o fato de um grupo de pessoas acusarem a frase de um ex-membro da TFP: "Eu já não vivo, é o sr. Dr. Plínio que vive em mim" como contrária ao ensinamento católico. Este membro, agora já totalmente fora dos ideais da TFP, referia-se aos votos feitos voluntariamente (não obrigatório aos membros) a Plinio Corrêa de Oliveira, fundador da TFP, em reunião privada para outros membros com os mesmos votos.


Convém ao conhecedor da matéria, quando interpelado por espíritos avessos a Plinio Corrêa de Oliveira, citar os textos sem mencionar os autores e, em seguida, pedir a opinião do acusador, para mostrar o quanto seu espírito é protestante, pois a frase é de um santo. Entretanto, fazê-lo sem sadismo, mas com espírito cristão.


Explicação dos votos na TFP: download do livro Servitudo ex Caritate - Átila Sinke Guimarães

Mesmo sem entender, deve-se obedecer cegamente, isto é, anular sua própria vontade

São Luis Maria Grignon de Montfort

Nas regras dos Missionários da Companhia de Maria, diz, ao n. 9 do tópico sobre a obediência: "poderão contudo declarar ingênua e simplesmente as razões que tem para deixar ou não de fazer o que se lhes manda. Mas, depois de declaradas se (...) não se tomam em conta suas razões, lhes será ordenado obedecer cega e prontamente, sem dizer por que nem como; e não somente com obediência de vontade, mas também de juízo e de entendimento, crendo, apesar de suas idéias particulares, que o que o superior proíbe ou ordena é absolutamente o melhor diante de Deus" [1]

São Francisco de Assis

"Há efetivamente muitos religiosos que, sob o pretexto de verem coisas preferíveis às que os seus superiores ordenam, olham para trás e voltam ao vômito de sua vontade própria (Lc. IX, 62 e Prov. XXVI, 11). Estes tais são homicidas e, pelos seus funestos exemplos, causam a perda de muitas almas". [2]

Ter mais fé na santidade e conhecimento do superior que se faz o voto que qualquer outro.

São Pedro Damião

Dizia o santo ao seu superior: "Olho-vos como a meu pai, como a meu dono, doutor e anjo tutelar, e tenho mais Fé em vossas luzes do que nas luzes de todos os doutores e anjos do céu" [3]

Esse superior basta que seja prudente, pacífico e experiente, não precisa ser superior de uma ordem, e pode te mandar para uma outra ordem.

São Nilo

"Quando se encontram tais mestres (homens experientes, prudentes e pacíficos), eles pedem discípulos que renunciem a si mesmos e a suas vontades próprias, e sejam sobretudo semelhantes a um cadáver, a fim de que, tal como a alma faz no corpo o que quer, sem resistência da parte deste, assim também o mestre possa pôr em ação sua ciência espiritual em seus discípulos maleáveis e obedientes" [4]

Santa Catarina de Siena

Lê-se na biografia de Santa Catarina de Siena, simples leiga, terceira dominicana, como seus discípulos, tanto mulheres como homens, fizeram votos de obediência à santa, a quem chamavam pelo doce nome de Mamma, e como ela fez uso dos poderes que lhe conferia esse voto para mandar "em nome da santa obediência", que cada qual abraçasse o estado de vida que ela ia indicando: assim, um deles (o bem-aventurado Estevão Marconi) se fez monge cartuxo, e chegou a ser Superior Geral de sua Ordem; outro se fez agostiniano. outros professaram na Ordem Dominicana, etc. [5]

Também não é necessário a aprovação da Igreja

Francisco Suárez, S.J., o Doutor Exímio (1548-1617)

"o voto de obediência (...) pode ser válido e honestamente feito a um homem bom e prudente, a quem se sujeite aquele que emite o voto, a fim de ser governado por ele; quer seja prometendo a Deus que obedecerá a tal homem, quer seja prometendo também a esse homem que o obedecerá em tudo que se refere ao bem da própria alma e ao serviço de Deus (...)"

"Também da parte da pessoa a quem é prometido a obediência, não é necessário especial aprovação ou mandato da Igreja , para que possa lícita e validamente aceitar a sujeição e obediência de outrem. (...) Para aceitar semelhante voto ou promessa não é necessário um poder especial conferido por Deus, mas basta que ponderando reta e prudentemente, se julgue que o ato é honesto e agradável a Deus; isso, com efeito, é suficiente para que se entenda que Deus aceita aquilo que um homem, escolhido para representá-lo, aceita com o fim de o servir. E não é necessário que esse representante de Deus seja um ministro público com reputação da Igreja para o exercício dessa função. mas basta que seja voluntária e prudentemente escolhido por quem emite um voto." [6]

Em resumo: mesma vontade, sentir e entendimento do superior. "Não sou eu quem vivo, é meu superior quem vive em mim".

Santo Inácio de Loyola

"Também desejo que se fixe muito em vossas almas ser muito baixo o primeiro grau da obediência, que consiste na execução do que é mandado, e que não merece o nome (de obediência), por não atingir valor desta virtude, se não se sobe ao segundo grau, que consiste em fazer sua a vontade do superior. De maneira que não somente haja execuçao no efeito, mas conformidade no afeto com um mesmo querer e não querer. Por isso diz a Escritura que: 'é melhor a obediência do que os sacrifícios' (1 Re. XV, 22), porque segundo São Gregório: 'Por outros sacrifícios mata-se carne alheia, mas pela obediência sacrifica-se a vontade própria' (Morales, C. 14, n.28, PL LXXVI, 765). (...)

"De maneira que, concluo, a este segundo grau de obediência, que é (além da execução) fazer sua a vontade do superior, isto é, despojar-se da sua e vestir-se da divina por ele interpretada, é necessário que suba aquele que à virtude da obediência queira subir.

Mas quem pretenda fazer inteira e perfeita oblação de si mesmo, ademais da vontade é mister que ofereça o entendimento (que é outro grau, e supremo, de obediência), não somente tendo um mesmo querer, mas tendo um mesmo sentir com o superior, sujeitando o próprio juízo ao seu, na medida em que a devota vontade pode inclinar o entendimento.

Pois, ainda que este não tenha a liberdade que tem a vontade, e naturalmente dá seu consentimento àquilo que se lhe apresenta como verdadeiro, todavia, em muitas coisas em que não lhe força a evidência da verdade conhecida, pode, com a vontade, inclinar-se mais a uma parte do que a outra, e nestas todo o obediente verdadeiro deve inclinar-se a sentir o que seu superior sente.

É certo, pois, que a obediência é um holocausto, no qual o homem todo, sem dividir nada de si, se oferece no fogo da caridade a seu Criador e Senhor pela mão de seus ministros; e pois é uma resignação inteira de si mesmo, pela qual se despoja de tudo, para ser possuído e governado pela Divina Providência, por meio do Superior (...)" [7]

Vidas de Santos: davam bênçãos mesmo sendo leigos, as pessoas ajoelhavam-se diante deles e osculavam-lhes os pés

Vidas de Santos: Louvavam os que os honravam, e até distribuíam relíquias de si

Santos que eram chamados de: "guia de sua época", "árbitro da cristandade", "alma da Igreja", "suporte do Papado"

Vida de Santos: Declaravam a sua missão como santa ou profética, ou mesmo se diziam predestinados

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Fontes:
Servitudo ex Caritate, Resposta a uma investida Fustra, Átila Sinke Guimarães, parecer do Pe. Antonio Lobo, O.P.
[1] Obras Completas, BAC, Madrid, 1954, p.615
[2] Os opúsculos de São Francisco de Assis, 2a. ed., Ed. Vozes, 1943, p.79
[3] EDELVIVES, El Superior Perfecto, p.25
[4] De Monast. exercit. c. XLI, in P. SEJOURNÉ , Dic. Théol. Cath., t.XV, col.3260
[5] Johannes JOERGENSEN, Santa Catarina de Siena, Ed. Vozes, Petrópolis, 1944, pp.391-392
[6] De religione, Tr. VII, lib. II, cap. XV, no 7-8, vol XV, Ed. Vivès, Paris, p.194
[7] Obras Completas, BAC, 1952, pp. 836-838