A vinda do Reino de Maria provada pelo livro do Apocalipse, baseada em parte nas indicações do Pe. Antônio Vieira

Nossa Senhora do Apocalipse, rogai por nós!

Para entender melhor o artigo, recomendamos:


A Teologia da História prova a vinda do Reino de Maria, por Plinio Corrêa de Oliveira em 1971.

A vinda do Reino de Maria provada pelos Salmos, baseada em parte nas indicações do Pe. Antônio Vieira

Sobre a condenação do Pe. Antônio Vieira, seus erros e as características do que ele chamou Quinto Império (similar ao Reino de Maria de S. Luís de Montfort)

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Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. IV)".

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A vinda do Reino de Maria provada pelos profetas do Antigo Testamento, baseada em parte nas indicações do Pe. Antônio Vieira


No capítulo II desta parte do volume 1, falamos do Pe. Vieira, sua condenação pela Santa Sé, sua absolvição, seus erros e acertos em matéria de profecia. Tratamos do que o grande jesuíta português chamava de "Quinto Império", e como se harmoniza, abstraindo os erros de sua época, com a noção de uma restauração da Civilização Cristã, mas não meramente política, e sim social, espiritual e política. A isso chamamos de Reino de Maria, seguindo a S. Luís Grignion de Montfort, que viveu após o padre jesuíta.

Portanto, todos os artigos deste volume sobre o pensamento do Pe. Vieira em temas de profecia são parte de um estudo só. Abaixo realçamos algumas de suas indicações de provas bíblicas da vinda do "Quinto Império". Aplicáveis a uma Civilização Cristã no auge, as indicações também valem ao Reino de Maria
.


Livro do Apocalipse
 

"Vi que o Cordeiro tinha aberto um dos sete selos, e ouvi que um dos quatro animais dizia, como em voz de trovão: Vem. Olhei e vi um cavalo branco. O que estava montado sobre ele tinha um arco; foi-lhe dada uma coroa, e saiu como vitorioso e para vencer.

Tendo aberto o segundo selo, ouvi o segundo animal, que dizia: Vem. Saiu outro cavalo vermelho. Ao que estava montado sobre ele foi dado o poder de tirar a paz da terra a fim de que os homens se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.

Tendo aberto o terceiro selo, ouvi um terceiro animal, que dizia: Vem. Olhei e vi um cavalo negro. O que estava montado sobre ele tinha na sua mão uma balança. Ouvi como que uma voz no meio dos quatro animais, que dizia: uma medida de trigo por um denário e três medidas de cevada por um denário, mas não causes dano ao vinho nem ao azeite.

Tendo aberto o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que dizia: Vem. Olhei e vi um cavalo pálido. O que estava montado sobre ele tinha por nome Morte e seguia-o Inferno. Foi-lhe dado poder sobre as quatro partes da terra, para matar à espada, à fome, com a peste e por meio das feras da terra" Ap VI, 1-8.

Pe. Antônio Vieira entende [1], junto com Cornelio A Lapide e outros autores, os cavalos como as principais seitas do mundo que são aniquiladas por Cristo vitorioso no primeiro cavalo. O cavalo pálido são os mouros e turcos pela coloração da pele, e que possuem todo o tipo de tirania e crueldade. Adicionamos: são os árabes do Islam, que se espalharam pelos quatro cantos do mundo atualmente, principalmente na Europa, não tendo o poder, mas tendo a influência sobre os governantes de esquerda que tem o poder na maior parte do ocidente e no oriente, os quais costumam se aliar a estes muçulmanos. É o quarto cavalo porque é na quarta Era Cristã, no começo do século VII, quando começa a abominável seita de Maomé.

O cavalo negro são os gentios, cuja cor "ou é ou se inclina para negro, como os da África, Ásia e América" [2]. Adicionamos: muitos foram cristianizados, mas originalmente era assim, e cultos anímicos pagãos como macumba, candomblé, e uso de entorpecentes para contato com os espíritos da floresta vieram dos homens que possuíam essa coloração. Os pagãos da Ásia, que são brancos, normalmente possuem um traço negro característico, que é a coloração fortemente negra do cabelo. Pe. Antônio diz que a "balança" significa o comércio que os católicos tinham com estes orientais. Isto vale para hoje também por duas razões: as nações pagãs atuais possuem grande participação no comércio, assim como a maioria dos produtos de tecnologia que são feitos no oriente, em países como China, Tailândia, Taiwan, etc. Ora, o mundo atual vive imerso no neo-paganismo, que tem o comércio, ou a esfera econômica, como sentido da vida. Representa o terceiro cavalo porque a catequização deste povo começou fortemente a partir da terceira Era cristã. Como exemplo, destacamos a conversão ao cristianismo do Império de Axum, que chegou a conquistar grande parte da África habitada.

O cavalo ruivo são os hereges, cor mais própria da gente do Norte e Setentrionais, onde reina a heresia (tanto na época do Pe. Vieira, como atualmente). O poder que lhe é dado se enquadra nessa interpretação, pois este cavalo foi origem de tantas guerras, por isso, tem uma grande espada, isto é, um grande poder, que é o poder ideológico nessas regiões. Adicionamos: representa o segundo cavalo porque as heresias várias só começam depois que o judaísmo termina definitivamente com a destruição do templo, quando começa a segunda Era. Antes disso, eram alguns judeus os que fomentavam as heresias, e por causa destes é que se convoca o Concílio de Jerusalém, nos Atos dos Apóstolos. As primeiras heresias cristológicas e gnósticas apareceram neste tempo. É bom notar que a destruição do templo simboliza a ruptura entre aqueles que tinham a fé verdadeira, os judeus que se tornaram cristãos, e os que traíram a sua fé: os judeus que recusaram Cristo.

Os quatro animais representam os quatro evangelhos, segundo o Venerável Holzhauser e outros, embora esse padre tenha uma interpretação diferente da nossa. De fato, cada Evangelho tinha um público específico, isto é, era direcionada seja aos judeus, seja aos pagãos, seja aos hereges (aqueles que têm objeções várias), seja aos árabes (não os muçulmanos, pois estes são hereges também). Acreditamos que respectivamente correspondem ao Evangelho de S. João, de S. Marcos, de S. Mateus e de S. Lucas. O primeiro porque é a "voz de trovão" do "filho do trovão", o filho de Zebedeu, irmão de S. Tiago Maior. O segundo porque S. Marcos estava junto a S. Pedro na Roma pagã e escrevia àquele povo. O terceiro porque S. Mateus era cobrador de impostos, profissão considerada de homens pecadores, ou seja, o equivalente ao herege, mas não que o santo tenha sido um, mas sua posição antes de ser apóstolo indica uma missão apostólica em relação aos hereges. E o quarto, tanto porque sobra, quanto porque possui uma sublime mariologia, pois
fala de mistérios que sempre atraíram os orientais, conta a aparição do Anjo Gabriel, que os muçulmanos atribuem falsamente também a Maomé.

Assim, a ordem em que aparecem os cavalos é, nessa divisão dos Evangelistas, não por acaso, a ordem inversa em que aparecem os Evangelhos na Sagrada Escritura, indicando que os cavalos eram signos opostos ao Espírito de Cristo.

Se o cavalo branco, o da raça judaica, não tem um dominador ruim característico, como vimos com os outros cavalos, representantes das outras três das quatro raças principais do mundo (a do norte, ruiva, a do sul, negra, a do oriente, pálida), é porque a raça judia se mistura em todas as raças, sem um espírito específico para dominá-la, porque não a domina o Salvador. Então, a raça judaica fica suscetível de ser dominada por qualquer um dos dominadores dos outros cavalos do momento, como a maçonaria, que tem o espírito contrário a Nosso Senhor Jesus Cristo e se estende pelas nações. Por isso, observa-se estreita relação entre o espírito maçônico e o judeu de sangue (que rejeita o Salvador). Um dos motivos pelos quais em todas as revoluções viu-se judeus entre os comandantes.

Esta analogia das quatro raças esclarece porque Nosso Senhor tinha um arco na mão: Ele representava estas três outras direções, e é por isso que vieram os três Reis Magos adorar o menino Jesus, já que o outro canto do mundo era representado por São José, varão de estirpe real, e a Virgem Maria representava o centro do mundo, de onde veio o Salvador. Esses dois eventos são interligados e mostram que desses quatro cantos, Cristo é o vencedor, Ele dominará não só o que veio dominar, como dominará os outros três cantos significado pelo seu arco. Será servido pelos outros três cantos significados pelos três Reis Magos. Ele, dentre três cavalos, "saiu como vitorioso", porque já tinha cumprido sua missão salvífica, "e para vencer", porque irá conquistar os quatro cantos da terra. Que ele já tinha aberto as sete Eras Cristãs, conforme divisão do capítulo III, com a remissão dos pecados no Calvário mostra o capítulo cinco do mesmo livro Sagrado, onde o Cordeiro imolado é aquele digno de abrir o livro e romper os seus selos.

"Depois disto, vi uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, os quais estavam em pé diante do trono e diante do Cordeiro revestidos de vestiduras brancas e com palmas nas suas mãos. Clamavam em voz alta, dizendo: a salvação ao nosso Deus, que está sentado sobre o trono, e ao Cordeiro. Todos os anjos estavam de pé em volta do trono, dos anciãos e dos quatro animais, e prostraram-se sobre os seus rostos, ante o trono, e adoraram a Deus, dizendo: Amén. Bênção, claridade, sabedoria, ação de graças, honra, virtude e fortaleza, ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amén (...). E ele disse-me: Estes são aqueles que vieram da grande tribulação, lavaram os seus vestidos e os embranqueceram no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trino de Deus e o servem de dia e de noite no seu templo; e o que está sentado sobre o trono os abrigará sob o seu tabernáculo; não terão mais fome nem sede, nem cairá sobre eles o sol, ou calor algum" Ap VII, 9-12 e 14-16.

Esta parte vem após a abertura do sexto selo, representante da sexta Era cristã, o Reino de Maria, e por isso simboliza o Quinto Império, segundo o Pe. Antônio Vieira. É interessante notar que isso acontece depois de um grande castigo na terra, depois de assinalados nas frontes os "que vieram da grande tribulação", quando "os reis da terra, os príncipes e os tribunos, os ricos e poderosos, todo o servo e livre, se esconderam nas e cavernas e entre os penhascos dos montes", porque tiveram medo de tudo aquilo, que era o Castigo Mundial, que chamamos de Bagarre ao longo de todos os capítulos até aqui.

"Vi descer do céu um anjo que tinha na sua mão a chave do abismo e uma grande corrente. Prendeu o dragão, a serpente antiga, que é o demônio e satanás, e amarrou-o por mil anos; meteu-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não seduza mais as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, deve ser solto por um pouco de tempo" Ap XX, 1-3.

O Pe. Antônio Vieira entende os "mil anos" por um largo espaço de tempo, e não estritamente mil anos [3]. E relaciona os homens que viveram com Cristo durante mil anos com os habitantes do Quinto Império. Essa visão está correta em sua dimensão de interpretação, pois a Escritura pode comportar outros sentidos contanto que não sejam contraditórios, como falamos no capítulo I. Esses mil anos não foram os da Idade Média, a maior glória da Igreja na esfera temporal até hoje. Isto porque sabemos que os martírios, e o poder das nações, só cessam de dominar lá pelo século VIII-IX, e começam a voltar, no sentido de que Satanás voltou a seduzir as nações, no começo século XIV (Adendo da 3a edição: na edição passada escrevemos que nenhum historiador é da opinião de que a Idade Média durou mil anos. Obviamente, isso é improvável. No lugar disso, ressaltamos que os tempos históricos não estão escritos nas estrelas. Cada historiador defende uma posição). De qualquer forma, este tempo não cumpriu outras características do Reino de Maria que se aplicam à noção de Quinto Império do eminente jesuíta. Também sabemos que depois da Idade Média, as heresias, o prestígio da Igreja, os cismas e tudo o mais só aumentaram, e na esfera temporal a Doutrina da Igreja foi sendo cada vez mais desobedecida.

O anjo coloca um selo sobre o abismo para que quando for aberto, o demônio saia de lá. É um dos sete selos que S. João menciona. Parece-nos ser o sétimo, pois o tempo em que o inimigo não vai seduzir as nações é o tempo do Reino de Maria, e seu fim será marcado pelo advento do Anticristo, o fim do mundo. Por isso, "por um pouco tempo", pois o Anticristo fará muito em pouco tempo, destruirá muito em pouco tempo, ultrapassando tudo que de mau já foi feito.

"Vi tronos e (vários personagens) que se sentaram sobre eles e lhes foi dado o poder de julgar; vi também as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e por causa da palavra de Deus, e aqueles que não adoraram a besta nem a sua imagem, nem receberam o seu caráter sobre a fronte ou sobre as suas mãos e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os outros mortos não tornaram à vida até se completarem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; a segunda morte não tem poder sobre estes, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele durante mil anos" Ap XX, 4-6.

Os tronos e personagens são, segundo o Padre, os inúmeros tronos que farão a glória do império consumado de Cristo na terra. Eles não adoraram a besta porque não tomaram seu partido, e os que não receberam o seu caráter na fronte e na mão são os que não adoraram, mas se colocaram em uma posição confortável. Aqueles homens marcados na fronte não são os marcados pelo sinal da Cruz, que é de martírio, mas pelo sinal da perdição. Os que têm a marca na mão são aqueles que movem a mão para o mal, mas dizem fazer o bem, ou seja, aquele que aceitam a besta na prática. Por isso, S. João começa esse trecho sagrado contrastando com estes, ao mencionar os que morreram pelo testemunho e pelas palavras, isto é, os que tiveram martírio físico e moral.
 

"Os outros mortos" são os mortos em outras Eras, e são também os mortos de verdade da Era, quer dizer, não pelo martírio espiritual. Por isso, só voltarão depois do fim do mundo, depois de aberto o último selo, como já dito aqui, e solto satanás do abismo.

"Essa é a primeira ressurreição": a restauração da Igreja, quando esta parecer morta. Por isso,
"bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição", pois foi escolhido para não se perder como os que não passaram deste tempo: "a segunda morte não tem poder sobre estes": a morte espiritual, a morte da alma pelo pecado, já não tem poder sobre estes, isto é, o Reino de Maria começou e os homens agora não se perdem como outrora, pois são servidores de Deus, "serão sacerdotes de Deus e de Cristo", isto é, sacerdotes no duplo aspecto, porque o Apóstolo quer deixar claro quem não é sacerdote, oferecendo o sacrifício de si mesmo a Deus, e quem é sacerdote, oferecendo o Santo Sacrifício da Missa e o de si mesmo.

Após essa visão, o Santo Apóstolo conta como Satanás sai do abismo depois destes mil anos, seduz as nações, cerca a cidade querida (o templo de Deus), mas Deus manda fogo do céu e o coloca no inferno junto com o falso-profeta. Então, aparecem os mortos, grandes e pequenos de pé, diante do trono de Cristo, e o livro da vida é aberto, ou seja, tudo isso representa o juízo final e a vinda do Anticristo, segundo pensamos, de acordo com o Pe.Vieira [4].


Próximo deste capítulo:
A vinda do Reino de Maria provada pelo Novo Testamento e nas orações da Igreja, baseada em parte nas indicações do Pe. Antônio Vieira
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[1] Defesa Perante o Tribunal do Santo Ofício, tomo II, repr.2, q.14, n.197. Ed. Progresso
[2] Idem.
[3] Idem pg.221-222, no.513-514.
[4] Idem, pg.233-235 no.531-532.