Hipótese teológica sobre a TFP ser os "apóstolos dos últimos tempos", por Plinio Corrêa de Oliveira

Este artigo, para ser entendido, requer algumas leituras prévias:

A Teologia da História prova a vinda do Reino de Maria, por Plinio Corrêa de Oliveira em 1971

A vinda do Reino de Maria provada por Teologia da História, "segundo" o Pe. Antonio Vieira


S. Francisco de Paula prevê a vinda de novos apóstolos que acabarão com a seita maometana e restaurarão a Igreja

A Teologia da história prova a missão dos apóstolos dos últimos tempos no Reino de Maria, por Plinio Corrêa de Oliveira

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Extraído de: "O Príncipe dos Cruzados (Vol. I, parte I, 3a edição, Cap. III)".

Anterior deste capítulo: Texto da proclamação do dogma da mediação universal e da Co-Redenção de Nossa Senhora pelo Papa Santo. Hipótese Teológica

Subtítulos em negritos: nossos.
Divididas em quatro justificativas enumeradas.

1. Pela exegese da profecia dos "apóstolos dos últimos tempos" de São Luís Maria Grignion de Montfort: últimos tempos não quer dizer fim do mundo

"Eu gostaria de desfazer um equívoco, que eu não sei se eu tive tempo de desfazer diante de todos, a respeito da questão dos últimos tempos, no modo de nós vermos os últimos tempos. Houve tempo, que me parecia que quando São Luís Grignion falava dos últimos tempos, ele queria aludir ao tempo que representava o que estava nas imediações do fim do mundo, e seria, portanto, o período da História em que o mundo começasse a acabar, ou que o mundo estivesse tão próximo de seu fim, que seria o processo histórico da liquidação da humanidade e do encerramento da História. Era uma interpretação das palavras “últimos tempos”, uma interpretação literal e natural da expressão. Quer dizer, me parecia que os últimos tempos deveriam ser os tempos finais. Se a última etapa de uma viagem é a etapa final, também os últimos tempos da História deveriam ser esses tempos finais; e portanto, eu interpretava os últimos tempos como alusivos a esse período da História.

Então, quando eu falava dos Apóstolos dos Últimos Tempos, eu entendia os apóstolos que deveriam atuar e lutar, ou para preparar proximamente a reação católica nos últimos tempos, ou para fazer parte da reação católica no fim do mundo. Nessa perspectiva, como eu sempre sustentei que nós deveríamos ter a Bagarre, o Grand Retour e o Reino de Maria, nós não seríamos os apóstolos dos últimos tempos, porque os últimos tempos estariam no ocaso do Reino de Maria e a bem dizer, no fim do ocaso do Reino de Maria.

Acontece que depois, analisando melhor São Luis Grignion, eu compreendi que ele chama de últimos tempos a última Era da história, que é o Reino de Maria. Não é, portanto, o fim do Reino de Maria, mas é a última Era da história. Ele divide a história no reino do Padre Eterno, no reino do Filho, e no reino do Espírito Santo, e faz uma interpenetração do reino do Espírito Santo como o Reino de Maria. E quando a gente lê o livro dele, percebe que ele chama isto dos últimos tempos, na seguinte perspectiva histórica: em que sendo a última Era, embora era muito longa, compreendendo triunfos, etc, mas a última porque é a do Espírito Santo, é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, é de Maria, que representa a plenitude da efusão de todas as graças do Céu, que então, sendo assim, ele chama isto legitimamente de últimos tempos.

E então, Apóstolos dos Últimos Tempos seriam todos aqueles que trabalhariam pelo advento do Reino de Maria, que lutariam e que conheceriam a aurora, a plenitude e o declínio do Reino de Maria. Nesta concepção, nós então somos apóstolos dos últimos tempos. Somos os primeiros apóstolos dos últimos tempos, somos os pioneiros do Reino de Maria, os precursores do Reino de Maria. O Reino de Maria nasce em nós (...).

Uma pergunta é: os apóstolos dos últimos tempos não deveriam vir nos últimos tempos propriamente ditos ou seja no fim do mundo? Os últimos tempos propriamente ditos na nomenclatura de São Luís Grignion, que é a que nós usamos, ele entendia a última fase, o último reino da História, que é o reinado do Espírito Santo e de Nossa Senhora. Então, os apóstolos do últimos tempos seriam desta fase". 

Objeção 1: os apóstolos são "sacerdotes", segundo S. Luís Grignion

Resp. 1: "Como resolver a dúvida que fica nas palavras de São Luís Grignion, que diz que os apóstolos dos últimos tempos seriam sacerdotes? (...) Agora, que nada leva a crer que nós sejamos sacerdotes, venhamos a ser sacerdotes, nada leva a crer. Nós devemos, portanto, ou admitir a possibilidade de aparecerem sacerdotes, mas parece que antes do Reino de Maria é muito pouco provável que novos sacerdotes apareçam na nossa causa. 

Ou nós devemos admitir que ele, e isso eu acho uma coisa francamente plausível, ele tenha tido uma comunicação de Nossa Senhora a esse respeito, e ele tenha interpretado como sendo sacerdotes por coisas da graça do Espírito Santo, por coisas que foram ditas a respeito desses homens, e que de fato, entretanto, não sejam sacerdotes, porque é uma coisa que não causa surpresa nenhuma em revelações particulares haver lapsos dessa natureza que vêm da parte de quem recebeu a revelação.

Há, por exemplo, uma coisa curiosa com a Irmã Lúcia, [ela] teve uma referência que disseram que a guerra começaria no pontificado de Pio XI, e entretanto começou no pontificado de Pio XII (...). E no entanto ela declarou que era no reinado de Pio XI, e depois ela deu uma confirmação. Agora, e depois sobretudo o que interessa é que isso é possível. Esse é que é o lado da coisa que interessa. De maneira que, sendo possível, aí sairia a explicação (...). 

[N. E: Comentando o fato de S.Luís ter profetizado os apóstolos para o seu tempo]. Mais ainda, o próprio São Luís Grignion alguma coisa parece que tinha nesse ponto, porque em certos momentos, nós comentamos isso, ele parecia esperar assistir ainda o Reino de Maria.

Se São Luís Grignion falando dos apóstolos dos últimos tempos nos tinha pessoalmente em vista? Eu acho que não há nada que permita afirmar isto. Eu não conheço mesmo nada que permita suspeitar disto. Eu acho que pode ser que ele tenha tido alguma comunicação até de que num continente novo haveria coisas assim, etc, isso é possível. Mas em alguma coisa que faça ver que ele tenha pensado em nosso Grupo como historicamente ele se configurou, eu não vejo nada, não me lembro de nada que dê fundamento a isto" [1].

2. Pelo entendimento de que por essa profecia os "apóstolos dos últimos tempos" são os destinados a implantar o Reino de Maria. Ora, só havia no mundo, dentre os tradicionalistas, os membros da TFP devotados a isso, além de todos serem todos escravos de Maria, como requer que sejam os "apóstolos", segundo outra profecia do mesmo santo.


Conforme Dr. Plinio elaborava em raciocínios anteriores: 
"Quando nós dizemos, portanto, que se nós estamos em ordem ao Reino de Maria nós dizemos uma coisa verdadeira, o que é muito importante para a conclusão que em outra conferência nós devemos tirar. É que nós somos os Apóstolos dos Últimos Tempos, destinados a implantar o Reinado de Maria. Porque se a ordem que vem é o Reinado de Maria, se o Reinado de Maria é idêntico aos Últimos Tempos, aqueles que trabalham para o implantar já estão colocados na série e na linha dos Apóstolos dos Últimos Tempos (...)" [2].

3. Pela sucessão das graças dada aos homens, as quais atingem o ápice com S. Elias, o qual combaterá o Anticristo que derrubará o Reino de Maria (levando em consideração que a destruição do ápice da glória da Igreja será sua obra maligna). Os "apóstolos" serão os "construtores" da civilização que S. Elias virá para vingar a queda. Ora, carmelita e eliáticamente mariano, dentre os tradicionalistas, só na TFP.

"É mesmo uma virtude essa do Reino de Maria, preparatória do Reino de Maria. Ela é uma virtude tão grande que admito o crescimento contínuo da virtude na Igreja, que é um princípio da História da Igreja inviolável. A Igreja nos seus elementos fiéis está continuamente crescendo e sua santidade vai crescendo até o fim do mundo. Apesar de todo os males que os homens façam, etc. Se isto que eu disse é verdade, isto é uma virtude tão grande, que ao cabo desse crescimento no Reino de Maria a gente só pode imaginar a fidelidade dos Últimos fiéis, que serão tão, tão fiéis que vão ser até, segundo muitos teólogos, dispensados da morte pelo extremo de sua fidelidade, e vão assistir vivos ao Juízo Final. Eles vão ser glorificados nesta vida porque eles só terão esta vida e a outra, como continuidade não passarão pela morte aos olhos de todos os homens. Quer dizer, a gente compreende então que há uma certa lógica, já não tão férrea, mas há uma certa lógica em dizer mais: é que depois disso só virá o Fim dos Tempos. 

Então nós temos em consideração que está na linha então desta ultimíssima santidade, desta santidade final em que, vamos dizer, a Igreja como que se esgota a si mesma, a volta à Terra daquele homem privilegiado entre milhões, que é o profeta Elias. Um santo marcado ainda na penumbra do Antigo Testamento, ao qual foi dado, junto com Henoc, tão misterioso que dele quase não se sabe dizer nada, foi dado a ele esse dom, de ser o precursor dos devotos de Maria, e, portanto, dos Apóstolos dos Últimos Tempos em pleno Antigo Testamento (...).

Nós temos, então, uma idéia de que a graça que nós recebemos de querer implantar o Reinado de Maria é uma continuação dessas graças e que ela tem no seu nascedouro Santo Elias, como ela vai ter, se realmente Santo Elias for o santo que vai derrotar o Anticristo é certo, quer o Anticristo venha agora, quer venha mais tarde, mas digamos de qualquer maneira, na suprema batalha vai ser ele também que vai conduzir a luta e é sempre a luta por Ela. Ele está no começo, ele está no fim, aqui está a enorme grandeza dele. E esta enorme grandeza dele nos atesta uma espécie de movimento que volta à sua origem. Ele é a origem e depois o movimento culmina nele de novo, e é uma origem de graças sucessivas, contínuas, crescentes a partir de Deus, que são as graças da Mariologia, dando nas aparições e as aparições dando na formação dos Apóstolos dos Últimos Tempos que preparam o Reinado de Maria. Os apóstolos exatamente previstos por São Luís Grignion (...).

Pelos argumentos que eu dei, ao menos no meu espírito, isto fica na linha de uma hipótese sumamente provável, cuja veracidade se demonstra desse lado, e que negá-la a gente vê que seria absurdo. Porque depois que a hipótese se levantou como hipótese, porque esses argumentos têm algo de uma hipótese muito bem feita, de uma hipótese muito bem construída, muito convidativa, muito próxima da verdade, mas é uma hipótese, não posso dizer que há uma prova, mas a partir do momento em que a hipótese se levantou, a gente olhando tudo o mais quanto a gente sabe do assunto, a gente percebe que seria um absurdo que não fosse isto e então, deste lado, é que a certeza da hipótese se faz. É assim que a argumentação se faz" [3].

4. Prova-se pela prefigura de Elias que foi o prof. Plinio: ambos precedem um grande acontecimento, ambos sobram como único profeta de seu tempo (esta prova está desenvolvida na parte 2 deste volume), ambos tinham discípulos carmelitas, e um lutou contra o ápice da Revolução no seu tempo, assim como S. Elias virá para lutar contra o Anticristo, o cúmulo de toda Revolução.

"É uma coisa que a gente pode se perguntar, mas pode perguntar com importantes visos de admitir que seja verdade (...). Não caberia um de um de nós ser, a seu modo, também uma prefigura de Santo Elias, é uma pergunta que se pode fazer, porque quem fizesse para o mal aquilo que nós fazemos para o bem, seria uma verdadeira figura do anticristo, uma verdadeira prefigura!

Se isto é verdade, então é lógico, apesar de nossa vacuidade, apesar de tudo, é logico admitir que haja um chamado, pelo menos, para a prefiguração de Santo Elias. E é o normal que aquele que deva fundar os Apóstolos dos Últimos Tempos, já meio fundados pelo fato de ter sido escrito o livro de São Luís Grignion, e os apóstolos que com ele façam um, sejam prefiguras de Santo Elias e os que com Santo Elias vão lutar contra o anticristo. Da mesma maneira pela qual esta Revolução é uma prefigura evidente dos estertores últimos da Humanidade" [4].

Próximo deste capítulo: Hipótese teológica sobre o aparecimento da Arca da Aliança segundo as profecias

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[1] Reunião de Sábado à Tarde, 29 de Abril de 1967, Sábado.
[2] Simpósio, 26 de Fevereiro de 1966, Sábado, Fazenda Morro Alto.
[3] Idem.
[4] Simpósio, 27 de Fevereiro de 1966, Domingo, Fazenda Nossa Senhora do Amparo.